Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > Outubro de 2015 > A nossa amiga e grã-tabanqueira Adelaide Barata Carrêlo com o João Dinis, empresário, antigo militar português, da CART 496 (Cacine e Cameconde, 1963/65), integrada no BCAÇ 513 (com sede em Buba). Vivia na Guiné desde 1963. Natural de Alvorninha, Caldas da Rainha (conterrâneo do cardeal José Policarpo, 1936-2014), casou em janeiro de 1972, aos 31 anos, com a Célia, de 18 anos de idade. O casal teve 3 filhos (um rapaz, falecido aos 25 anos, e duas raparigas mais velhas a viver em Portugal).
Foto (e legenda): © Adelaide Carrêlo (2016). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 15 de dezembro de 2009 > 15h13 > O João Graça, médico e músico, fotografado com a Célia Dinis e o filho, Bruno, no seu estabelecimento, o restaurante "Ponto de Encontro". O filho, que vivia com o casal, viria a morrer, prematuramente, aos 25 anos, por volta de 2013, vítima de acidente. Morreu no avião que o transportava para Portugal para receber tratamento. Ironicamente, o João Dinis more em Bissau por falta de recursos hospitalares para tratar a Covid-19.
Foto (e legenda): © João Graça (2009). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > Agosto de 2016 > O casal Célia e João Dinis, portugueses das Caldas da Rainha e proprietários do restaurante “Ponte de Encontro”,num almoço em que participou o Patrício Ribeiro, cliente frequente da casa. Aliás, os principais clientes eram portugueses e outros estrangeiros ligados à ONG ou empresas com proprojectos na
Gurine Bissau. Era uma figura muito popular. Tinha umais sacola de condução automóvel em Bafatá desde 1968.
Foto (e legenda): © Patrício Ribeiro (2016). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 4 de abril de 2017 > Os camaradas Monteiro e Cancela, com o casal Célia e João Dinis, portugueses das Caldas da Rainha e proprietários do restaurante “Ponte de Encontro”, onde almoçámos.
Foto (e legenda): © A. Acílio Azevedo (2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > Fevereiro de 2017 > O casal João & Célia Dinis. Fotogramas do vídeo "O que é feito da Guiné-Bissau ?", que passou na TVI, mo Jornal das 8, em 25 e 26 de fevereiro de 2017.( Reproduzido com a devida vénia. )
1. Mensagem do Patrício Ribeiro (português, natural de Águeda (1947), criado e casado em Nova Lisboa (hoje Huambo), Angola, ex-fuzileiro em Angola durante a guerra colonial, a viver na Guiné-Bissau desde meados dos anos 80 do séc. XX, fundador, sócio-gerente e director técnico da firma Impar, Lda; membro da nossa Tabanca Grande, com mais de uma centena de referências no blogue):
Date: terça, 10/08/2021 à(s) 19:05
Subject: Dinis, morador em Bafatá, já foi.
Luís,
O Dinis de Bafatá, (residente em Bafatá há muitas décadas) faleceu hoje no hospital Simão Mendes em Bissau (Hospital Central), com Covid-19. (*)
Vai ser transladado para o Cemitério de Bafatá.
Existem diversas referências a ele, no blogue. (**)
Natural de perto das Caldas da Rainha, foi para a Guiné como militar e por lá ficou até hoje. Estava na casa dos 80 anos. Estive há pouco mais de 2 semanas com ele em Bafatá. Almoçamos e jantamos juntos durante 3 dias.
Tinha fugido da pandemia em Portugal para a Guiné, há poucos meses, onde tinha estado algum tempo em exames médicos. Como em Portugal não tinha recursos financeiros, dizia que nunca recebeu um cêntimo do Estado Português. Diziam-lhe, na Segurança Social que, como era residente na Guiné, não tinha direito, nem ele nem sua mulher.
Voltou para a sua escola de condução e o seu pequeno restaurante em Bafatá, gerido pela sua mulher, Célia.
Estava cheio de projetos: pertencia à direção da Associação dos Antigos Combatentes Portugueses da Guiné, que continuam a lutar por aquilo que acham que têm direito. Recebeu um abraço do Marcelo em Maio último, quando da sua visita a Bissau.
Como militar, esteve muito tempo na zona de Cacine, pois era condutor e andava com o seu Unimog e com o guincho, rebocando as árvores da estrada, que os outros cortavam durante a noite, na estrada de Cacine para Guiledje.
Falei com eles, assim como com outros, por todo o lado, que havia Covid que deviam usar máscara e distanciamento, mas parecia que eu andava a pregar para as matas de cajueiros que não nos ouvem.
P.S. Neste ano de pandemia, é o quinto português antigo e amigos, dos residentes na Guiné que lá ficam.
Um abraço á família
Patrício Ribeiro
impar_bissau@hotmail.com
Subject: Dinis, morador em Bafatá, já foi.
Luís,
O Dinis de Bafatá, (residente em Bafatá há muitas décadas) faleceu hoje no hospital Simão Mendes em Bissau (Hospital Central), com Covid-19. (*)
Vai ser transladado para o Cemitério de Bafatá.
Existem diversas referências a ele, no blogue. (**)
Natural de perto das Caldas da Rainha, foi para a Guiné como militar e por lá ficou até hoje. Estava na casa dos 80 anos. Estive há pouco mais de 2 semanas com ele em Bafatá. Almoçamos e jantamos juntos durante 3 dias.
Tinha fugido da pandemia em Portugal para a Guiné, há poucos meses, onde tinha estado algum tempo em exames médicos. Como em Portugal não tinha recursos financeiros, dizia que nunca recebeu um cêntimo do Estado Português. Diziam-lhe, na Segurança Social que, como era residente na Guiné, não tinha direito, nem ele nem sua mulher.
Voltou para a sua escola de condução e o seu pequeno restaurante em Bafatá, gerido pela sua mulher, Célia.
Estava cheio de projetos: pertencia à direção da Associação dos Antigos Combatentes Portugueses da Guiné, que continuam a lutar por aquilo que acham que têm direito. Recebeu um abraço do Marcelo em Maio último, quando da sua visita a Bissau.
Como militar, esteve muito tempo na zona de Cacine, pois era condutor e andava com o seu Unimog e com o guincho, rebocando as árvores da estrada, que os outros cortavam durante a noite, na estrada de Cacine para Guiledje.
Falei com eles, assim como com outros, por todo o lado, que havia Covid que deviam usar máscara e distanciamento, mas parecia que eu andava a pregar para as matas de cajueiros que não nos ouvem.
P.S. Neste ano de pandemia, é o quinto português antigo e amigos, dos residentes na Guiné que lá ficam.
Um abraço á família
Patrício Ribeiro
impar_bissau@hotmail.com
Ficamos sempre sem palavras quando morre alguém nosso conhecido, amigo e/ou camarada. Foi, de resto,o que escrevi no poste P16428, de 28 de agosto de 2016, quando apresentou o João e a Célia Dinis à Tabanca Grande:
(...) Ficamos sem palavras... A milhares de quilómetros de Portugal, essa é seguramente uma "casa portuguesa"... E de repente salta-nos à mente a letra e a música da Amália, tão "maltratadas" antes do 25 de abril... No fundo, podia parecer que esse famoso fado, da Amália, era o elogio, miserabilista, da pobreza honrada associada ideologicamente ao Estado Novo...
Camarada e amigo Patrício Ribeiro, diz ao nosso camarada João Dinis e à sua companheira Célia que eles já ganharam o direito de figurar, a partir de hoje, e com todo o mérito, no quadro de honra da Tabanca Grande, passando a ser os grã-tabanqueiros nºs 724 e 725.
Camarada e amigo Patrício Ribeiro, diz ao nosso camarada João Dinis e à sua companheira Célia que eles já ganharam o direito de figurar, a partir de hoje, e com todo o mérito, no quadro de honra da Tabanca Grande, passando a ser os grã-tabanqueiros nºs 724 e 725.
Diz-lhes que é a nossa singela homenagem, a do blogue do Luís Graça & Camaradas da Guiné, não só ao seu portuguesismo como também à sua grande capacidade de trilhar as duras picadas da vida, e de sobreviver as todas as minas e armadilhas. O seu exemplo comove-nos e honra-nos...
Um abraço fraterno para todos os demais "tugas" de Bafatá. Um xicoração para ti, que és o "pai dos tugas" da Guiné-Bissau" (...)
Para a Célia, filhas e demais família do nosso camarada João Dinis vai um grande abraço solidário nesta hora difícil. O João e a Célia eram um caso extraordinário de resiliência e de amor à Guiné-Bissau, terra que fizeram sua.
3. Os "últimos tugas" de Bafatá > João e Célia Dinis: “Portugal era um atraso de vida em comparação com a Guiné” (Excerto do "Público", de 13/4/2013)
(...) Na casa de João e de Célia nunca faltava fruta enlatada, vinho Casal Garcia e pelo menos dez garrafas de whisky “do bom” para receber as visitas. Durante anos, puderam ter na Guiné-Bissau uma série de luxos que na chamada "metrópole" eram ainda uma miragem. Esses foram outros tempos. Hoje todos os gastos são controlados. Bebem vinho do mais barato e só comem bacalhau ou queijo quando algum amigo os visita. A vida obrigou-os a uma cambalhota do 80 para o oito, mas nem por isso deixam de falar com alegria, com um brilho nos olhos e esperança no futuro. A bola é para chutar para a frente e apesar de Célia ter 58 anos e João 71, não duvidam que ainda vão conseguir marcar golo.
João e Célia Dinis são dos portugueses que há mais tempo vivem na Guiné, chegaram numa altura em que “tudo era bonito, não havia falta de trabalho e tinham uma vida mais que boa”. João foi o primeiro. Chegou em 1963 como militar. Gostou tanto que ficou e já como funcionário da administração do porto de Bissau acenou aos colegas da Companhia [de Artilharia] 496 [Cacine e Cameconde, 1963/65] , Batalhão [de Caçadores] 513, que viu partir num navio . “Não troque os números, são muito importantes para se algum amigo dessa altura me quiser telefonar”, pede ao PÚBLICO.
3. Os "últimos tugas" de Bafatá > João e Célia Dinis: “Portugal era um atraso de vida em comparação com a Guiné” (Excerto do "Público", de 13/4/2013)
(...) Na casa de João e de Célia nunca faltava fruta enlatada, vinho Casal Garcia e pelo menos dez garrafas de whisky “do bom” para receber as visitas. Durante anos, puderam ter na Guiné-Bissau uma série de luxos que na chamada "metrópole" eram ainda uma miragem. Esses foram outros tempos. Hoje todos os gastos são controlados. Bebem vinho do mais barato e só comem bacalhau ou queijo quando algum amigo os visita. A vida obrigou-os a uma cambalhota do 80 para o oito, mas nem por isso deixam de falar com alegria, com um brilho nos olhos e esperança no futuro. A bola é para chutar para a frente e apesar de Célia ter 58 anos e João 71, não duvidam que ainda vão conseguir marcar golo.
João e Célia Dinis são dos portugueses que há mais tempo vivem na Guiné, chegaram numa altura em que “tudo era bonito, não havia falta de trabalho e tinham uma vida mais que boa”. João foi o primeiro. Chegou em 1963 como militar. Gostou tanto que ficou e já como funcionário da administração do porto de Bissau acenou aos colegas da Companhia [de Artilharia] 496 [Cacine e Cameconde, 1963/65] , Batalhão [de Caçadores] 513, que viu partir num navio . “Não troque os números, são muito importantes para se algum amigo dessa altura me quiser telefonar”, pede ao PÚBLICO.
Só voltaria a Portugal em Setembro de 1971. “Estava há nove anos sozinho e ia com o objectivo de casar, mas não podia ficar muito tempo. Tinha de resolver o problema rapidamente e graças a Deus consegui”. Conheceu Célia num baile e meteu logo conversa. “Ó menina, não se importa que a gente vá bailar um bocadinho? Mas olhe que eu vivo em África há muitos anos, já não sei bem dançar as músicas de cá...”, perguntou-lhe. A resposta foi afirmativa. Casaram no dia 9 de Janeiro [de 1972] e dia 20 vieram juntos para a Guiné. Célia tinha 18 anos e Dinis 31.
Nessa altura, tudo lhes corria bem. Dinis era dono de duas escolas de condução e, alguns anos mais tarde, Célia decidiu abrir o restaurante Ponto de Encontro, que mantém até hoje em Bafatá (no centro-norte do país). “Era uma cidade espectacular, estava tudo pintadinho, arranjadinho. Se vissem esta avenida e aquela ali em baixo. Lindas, lindas. As pessoas juntavam-se para fazer piqueniques, remo, ir ao cinema. E as lojas? Tinhas de entrar só para ver, mesmo que não comprasses. Era uma coisa que atraía. Portugal era um atraso de vida em comparação com a Guiné”, descreve Célia.
O Ponto de Encontro servia mais de 70 almoços por dia e Célia chegou a ter de pedir aos tropas para tomarem conta da filha enquanto despachava o mais depressa possível os almoços. Não tinha mãos a medir. Agora há dias em que não faz cinco mil francos CFA (7,50 euros). De 17 empregados passou para dois e mesmo assim queixa-se que a receita não cobre as despesas. Podiam-se ter ido embora depois do 25 de Abril de 1974. Chegaram a vender tudo, mas os guineenses não os deixaram partir: "Não, não se vão embora porque ninguém vos vai fazer mal. Vocês também não fizeram mal a ninguém.”
“Se eu tenho ido depois da independência, era um senhor em Portugal. O meu cunhado ainda me disse para montarmos uma escola de condução, se eu o tenho ouvido... Teria muito mais dinheiro, mas não tinha esta terra”, projecta Dinis. É um apaixonado pela Guiné. Quando ia a Portugal de férias, não queria ficar mais de 15 dias, “chegava para ver a família”. “Só desejava voltar àquelas pessoas que me conheciam e, do mais pequeno ao maior, me chamavam pelo nome. Nem sequer consigo dizer o que menos gosto neste país porque gosto de tudo. Até das faltas, fomo-nos habituando a elas”.
Foi depois de 1974 que tudo piorou. Durante dez anos ainda viveram bem mas, pouco a pouco, as coisas começaram a escassear. Primeiro faltaram o queijo, as batatas e os chocolates. Até que acabou tudo. “Foi um processo: apetecia-me beber uma garrafa de vinho Casal Garcia e não havia, mas ainda se podia comprar Dão. Quando o Dão acabou, tínhamos o Pias...”, recorda Dinis.
Às vezes perguntam-lhe como consegue viver assim. Ri-se e responde: “Tu também cá estarias se tivesses vivido o que eu vivi. Tínhamos uma vida mesmo bonita. Luz 24 horas por dia, boas estradas, tudo limpo. Onde é que os portugueses comiam pêra enlatada? A nossa bebida era whisky com água das pedras, a cerveja era só para acompanhar as ostras e os camarões”.
A Guerra Civil, em 1998, foi o golpe fatal para a Guiné: “Foi desde aí que deixámos de viver como portugueses na Guiné e passámos a ter condições de vida semelhantes à de um guineense: a ter de carregar água, andar a pé...”, conta Célia.
Apesar do Ponto de Encontro estar quase sempre vazio e dos poucos alunos da escola de condução demorarem mais de dois anos a pagar (a carta custa menos de 150 euros), apesar de dizer que agora já estava na altura de voltar a Portugal, não é isso que Dinis sente. Quando fala das suas dezenas de projectos, quando diz que as coisas vão melhorar – e di-lo muitas vezes como se a sua vida pudesse durar o dobro da do comum dos mortais –, a Guiné é sempre o palco principal da sua felicidade.
As saudades das duas filhas são mesmo o que mais pesa a Célia e Dinis. Há oito anos que não as vêem e há netos que ainda nem conhecem. Mas já lá vai o tempo em que uma viagem a Portugal custava cinco mil francos CFA e a família se juntava toda para passar as férias grandes.
Custas-lhes terem trabalhado a vida toda e não terem nada. “Nem cá nem lá”. Entregaram-se à Guiné e é a ela que pertencem. Por isso, sempre que pensam regressar perguntam “para fazer o quê". “Tenho direito à reforma porque fui militar e funcionário público de Bissau, mas na altura que a porta estava aberta não pude ir a Lisboa e agora está fechada a cadeado. Lá as pessoas vivem lado a lado, mas não se conhecem. Aqui sou o professor, dou cartas de condução desde 1968, ensinei pessoas que já morreram”, gaba-se Dinis.
Célia também tem medo do regresso mas confessa já estar cansada de levar a casa e o restaurante às costas. “Dizem que Portugal está mau mas para nós é um mundo de rosas. Não há dinheiro, é verdade, mas aqui também não há. Lá não se compra mais, compra-se menos, mas não sentes saudades de comer. Abres a torneira e tomas banho de chuveiro. E aquelas auto-estradas todas direitinhas? É uma alegria”, diz num português que já mistura com sotaque crioulo.
Por agora, só têm uma solução: aguentar. “Ando há muitos anos com a palavra esperança na ponta da língua mas ainda não a encontrei. Penso vir a ter uma vida boa na Guiné. Hoje não temos, não saímos de Bafatá há anos. Mas se calhar ainda vamos conseguir ter um carrinho melhor para ir a Bissau dar o nosso passeio. Dançamos, ao toque da música. Se a música saltar, também saltamos. E bem alto”, deseja Dinis. (...)
Fonte: Sofia da Palma Rodrigues > Guiné: entre o paraíso e as saudades de Portugal > Público, 13/04/2013 - 08:02 (Excerto reproduzido com a devida vénia)
__________
Notas do editor:
(*) Último poste da série > 3 de agosto de 2021 > Guiné 61/74 - P22429: In Memoriam (402): 1.º Cabo Miliciano Fernando Pacheco dos Santos, da CART 2673, caído em combate, em Empada, no dia 7 de Julho de 1970 (Juvenal Danado, ex-Fur Mil Sapador Inf)
(**) Vd. postes sobre o João & Célia Dinis (Bafatá):
5 de janeiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14120: Manuscrito(s) (Luís Graça) (43): Notas à margem do documentário de Silas Tiny, "Bafatá Filme Clube", com direção de fotografia da Marta Pessoa (Portugal e Guiné-Bissau, 2012, 78')
30 de agosto de 2016 > Guiné 63/74 - P16431: Álbum fotográfico de Adelaide Barata Carrêlo, a filha do ten SGE Barata (CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71): um regresso emocionado - Parte VIII: Bafatá, o restaurante "Ponto de Encontro", da Célia e do João Dinis, os nossos mais recentes grã-tabanqueiros
10 comentários:
Patricio Ribeiro
11 agosto 2021 10:30
Luís,
É muito triste a sua morte, como também a situação deles.
O telefone da Célia (com bateria 00 245 9558 42478) ) está agora no caminho para Bafatá, no funeral...
Das filhas em Portugal, só mais tarde o vamos conseguir.
Abraço
Lamento muito o desaparecimento do
Sr. Diniz.Como foi referido,almocei no seu restaurante
em 2017,com outros amigos.....Teve de ser por encomenda
pois o restaurante só foncionava assim,falta de clientes....Que descanse em páz.Os meus sentimentos á D. Célia.....
Que descanse em PAZ.
Foi através da sua Escola de Condução, que tirei a Carta de Ligeiros, e fiz exame em Bafatá, no longínquo ano de 1970.
Ele tinha uma Delegação em Nova Lamego, onde um senhor da zona das Caldas, salvo erro da terra do Cândido Cunha, ( BENEDITA ?) dava as aulas, quando a malta estava de descanso.
Mas tenho a dizer-vos, que , passei por muitas e variadas situações, ao longo dos meus 22 meses de exílio, mas a minha ida a exame em Bafatá, quando estava em Pirada, e a história, da ida para Bafatá... eu e o falecido Capitão Analido Aniceto Pinto, o diálogo, para o convencer, a deixar-me ir, a minha sorte foi que apareceu uma DO, com o Comdate. do COP de Bafatá, e convenci o Capitão a pedir ao Coronel boleia para Bafatá. e assim aconteceu, fiz o exame, e o ponto de embraiagem, em plena subida,quem vem da zona do Porto de Bafatá.
Desculpem o desabafo e a recordação. Abraço a todos.
Abílio Duarte
Caros amigos
Sabemos que o nosso fim comum é como o do Dinis.
Aliás é tudo o que temos de mais certo.
Por isso não nos devíamos impressionar por estas nefastas notícias.
Mas, na verdade, sempre que tomamos conhecimento destes casos, a tristeza invade-nos.
E cada vez somos menos os contemporâneos das nossa "comissões"....
Que descanse em paz.
Hélder Sousa
Fernando Gouveia (by email)
11 agosto 2021 16:01
Conheci muito bem o Dinis. Há 50 anos deu-me boleia de Bambadinca para Batata e há 11 anos almocei no seu restaurante.
Abraços
Fernando Gouveia
Sr. Dinis sonha voltar para Portugal depois de 57 anos na Guiné-Bissau
Lusa
07 de dezembro de 2019
Revista "Sábado"
https://www.sabado.pt/vida/detalhe/sr-dinis-sonha-voltar-para-portugal-depois-de-57-anos-na-guine-bissau
Alguns excertos, com a devdia vénia:
(..:) Chegou em 1963 para combater na guerra colonial e nunca mais voltou. Hoje diz que quer regressar a Portugal, mas com o coração dividido porque "57 anos de Guiné não se esquecem com facilidade".
(...) Este português, prestes a fazer 78 anos, recebe a Lusa no seu restaurante, numa das principais avenidas de Bafatá, na zona leste da Guiné-Bissau, a cerca de 140 quilómetros da capital, e para onde mudou o negócio há dez anos.
O 'Sr. Dinis', como é conhecido, não apenas em Bafatá, mas também em Bissau, justifica a mudança com a necessidade de dinamizar o negócio porque a zona onde tinha o restaurante "começou a ficar degradada", "sem movimento" e "ninguém lá ia".
Com uma vida dedicada aos negócios, João Dinis explica que começou por comprar uma escola de condução em Bafatá, no início de 1968.
Antes, trabalhou em Bissau, primeiro como funcionário da Administração do Porto e depois como instrutor de condução. (...)
(...) João Dinis e a mulher tiveram um outro restaurante em Gabu, a 190 quilómetros de Bissau, onde viveram entre 1972 e 1976.
Agora em Bafatá, são "os petiscos", que incluem pratos guineenses como a galinha cafriela, que atraem os clientes, sobretudo estrangeiros "que trabalham em projetos ou em ONG [organizações não-governamentais]", a maioria portugueses e franceses.
"Cá não é fácil aparecer uma pessoa da Guiné que venha almoçar ou jantar com a família", lamenta.
Os clientes que tem "vão dando para as despesas", mas, queixa-se, só de eletricidade paga 130.000 francos CFA (quase 200 euros) por mês. "É muito caro, mas é preciso manter o negócio", diz.
Sobre quantos portugueses vivem em Bafatá, diz que "não são mais dos que quatro ou cinco" mesmo a morar ali. Os outros, vão "trabalhar nos projetos e depois vão". (...)
(...)Quem entra no restaurante do 'Sr. Dinis' facilmente percebe a ligação a Portugal, porque basta chegar ao balcão para ver a bandeira, pendurada no centro da parede.
Dos tempos passados na Guiné-Bissau, o que recorda com mais tristeza é a morte do filho, aos 25 anos, por falta de assistência médica adequada. Foi há seis anos e a morte aconteceu na viagem de avião quando o filho estava a ser transferido para receber tratamento em Portugal.
Depois deste episódio, lembra, as outras duas filhas, mais velhas e a residirem em Portugal, garantiram-lhe que nunca mais voltam "a meter os pés na Guiné-Bissau".
João Dinis percebe, mas mostra-se triste por não ter ninguém que dê continuidade aos negócios que tem há décadas na Guiné-Bissau.
Sobre o seu regresso ao país onde nasceu, hesita, ri-se, mas responde: "É o meu sonho".
"É certo que ainda estou um bocadinho preso à Guiné, atendendo ao negócio que tenho cá", diz, para logo depois dar conta do sentimento de coração dividido entre os dois países: "São 57 anos de Guiné, que não se esquecem com facilidade". (...)
Não tenho ideia de ter conhecido esta família nem muito menos o seu restaurante na parte velha de Bafatá (entretanto degradada depois da independência).
No meu tempo (junho 69 / março 71), quando íamos a Bafatá, almoçávamos sempre no restaurante Transmontana. E havia muitos mais portugueses e libaneses a viver e a trabalhar na vila (e depois cidade).
O meu abraço solidário também ao Patrício Ribeiro que era amigo da família. Luís Graça
Um enormissimo abraço a Bafatá, que vai sentir a falta do Sr Joao Dinis, um homem de mão cheia sempre pronto para ajudar quem se cruzasse no seu caminho.
À Dona Célia um beijinho grande
IC
Estive de passagem por Bafatá nos finais de 1970 no posto de rádio do STM, já que ia substituir um operador no STM de Nova Lamego (Gabu) e aí cumprir o maior tempo da minha comissão.
Voltando a Bafatá, enquanto lá estive talvez uns dois ou três meses fui almoçar a esse restaurante Ponto de Encontro algumas vezes e numa delas, tirei uma fotografia com uma das filhas do malogrado Sr. Dinis ao colo que se estava sempre a rir. Penso que devia ter mais ou menos nos finais de 1970, um anito de idade.
Não me recordo se eles ficaram com uma fotografia igual, no caso de não a ter, eu posso envia-la para a família para memoria futura.
Entretanto Paz á alma do Sr. Dinis. Campelo de Sousa,
Fui três ou quatro vezes almoçar a um restaurante em Bafatá, julgo que seria à entrada antes da descida para o centro. Não me recordo do nome do restaurante.
Sei que era servido o bife com batatas fritas e bacalhau da metrópole, não sei precisar se seria o Restaurante do Sr. Dinis.
O sr. Dinis apanhou o bichinho de viver em África, dizem que é viciante, e por lá morreu. Com aquele clima e sem médico de família para consultas de vez em quando chegou aos oitenta anos. Havemo-nos de nos encontrar.
Então, Campelo de Sousa em Nova Lamego em 1970. Por esse tempo eu estava no Quartel de Baixo na CART.11 "Os Lacraus", provavelmente encontramo-nos alguma vez. Bons tempos tínhamos vinte e poucos anos.
Abraços
Valdemar Queiroz
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