Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) > "Porto fluvial", no Rio Fulacunda > Montagem de segurança > Um obus 14, rebocado por uma Berliet (que se tornou no auge da guerra a principal viatura pesada das Forças Armadas Portuguesas: em 10 anos, de 1964 a 1974, a Berliet Tramagal produziu mais de 3500 viaturas Berliet).
Foto (e legenda): © Jorge Pinto (2014). Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Guiné > Região de Gabu > Canquelifá > CCAV 2748 (1970/72) > O Unimog 411 ("burrinho do mato"), depois da explosão de mina A/C em 16 de Abril de 1972.
Foto (e legenda): © Francisco Palma (2017) Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Contabane > Quirafo > Feverereiro de 2005 > Restos, descobertos mais de 30 anos depois, da fatídica GMC (sigla de General Motors Corporation) que serviu de caixão a muita gente, entre civos e militares, no trágico dia 17 de Abril de 1972, na picada de Quirafo (entre o Saltinho, Contabane e Dulombi).
Foto (e legendagem(: © João Santiago / Paulo Santigao (2006).Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Guiné > Região de Bafatá > Xitole > 1970 > Uma coluna logística, vinda de Bambadinca, passa pela Ponte dos Fulas, sobre o Rio Pulom, a caminho do Xitole (CART 2716, 1970/72).. Era habitual viaturas civis, alugadas pelas autoridades de Bambadinca, sede do setor L1 (neste caso, o BART 2917), integrarem essas colunas, por falta de veículos de transporte pesados.
Guiné > Região do Cacheu > Teixeira Pinto > Pel Rec Daimler 3089 (Teixeria Pinto, 1971/73) > Janeiro de 1972 > A “oficina” do Pelotão Daimler, É visível o 1º cabo mecânico David Miranda que fazia o "milagre" de manter as viaturas sempre operacionais. Chegámos a ter duas ou três Daimlers, vindas da sucata de Bissau, para "canibalizar". Ao trabalho do Miranda muito ficou a dever o sucesso do Pelotão.
1. Caro/a leitor/a: sabia que...
(i) nos anos 60 do século passado, e para satisfazer as necessidades logísticas da guerra do ultramar / guerra de África / guerra colonial, nos teatros de operações de Angola, Guiné e Moçambique, o Exército Português teve de fazer aquisições de armamento e viaturas, no valor de 6 mil e 294 milhões de contos, o que, convertida a valores de hoje, equivaleria a mais de 2 mil e 300 milhões de euros (, o equivalente ao orçamento da defesa nacional previsto para 2022);
(ii) no que diz respeito às viaturas militares, durante os anos em que se fez a sua renovação, as despesas anuais, a preços de hoje, foram da ordem dos 200 milhões de euros: aquisição de viaturas novas como o jipes Willys, a vaitura média Unimog e a viatura pesada Berliet;
(iii) é em 1962 que aparecem os Unimog, de fabrico alemão: o Unimog 3/4 t Diesel (, o famoso "Burrinho do Mato", o Unimog 411; e o Unimog 4 de 1,5 t, o Unimog 404, mais versáteis, e com ómelhor capacidade de adaptação ao terreno, em substituição das viaturas norte-americanas (jipões 3/4 t, GMC, Bedford, Chevrolet, etc.) (a razão, para lá da versatibilidade e o consuno, tinha a ver com o facto de os norte-americanos terem passado a cumprir a resolução da ONU de boicote de equipamento militar a Portugal, fora do âmbito da NATO);
(iv) em 1965, o Exército português já dispunha no ultramar de 2 mil Unimog... mas as dificuldades burcoráticas atrasavam a entrega de viaturas novas e de sobresselentes: por exemplo, em Angola, em 1967, o número de viaturas (ligeiras, médias e pesadas) inoperacionais era das ordem dos 60% (!);
(v) o Unimog (acrónimo do alemão UNiversal -MOtor - Gerät) era produzido pela Mercedes Benz, tendo-se tornado na viatura média mais usada na guerra do ultramar; O 411 gastava 12 litros de gasóleo aos 100, e atingia a velocidade máxima de 53 km; o 404 ia aos 20 litros de gasolina aos 100, e atingis os 95 km /hora;- 774 jipes (49% inoperacionais);
- 704 Unimog 404 (39,5% );
- 438 Unimog 411 (26%);
- 255 GMC (48,5%);
- 119 Mercedes 322 (63%);
- 98 Berliet (38,5%).
- 16 Panhard (25% inoperacionais);
- 10 Fox (60%);
- 108 Daimler (75%).
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Último poste da série > 16 de novembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22722: A nossa erra em números (5): o Vera Cruz, o Niassa e o Uíge foram, de um frota de 15 navios, requisitados à marinha mercante, os que asseguraram o transporte de 3/4, da tropa mobilizada para o Ultramar
5 comentários:
Olá Camaradas
Este texto confirma algo de que todos tínhamos uma ideia.
As viaturas que se avariassem eram dificilmente reparáveis e as que e inutilizassem devido ao combate ou acidente apodreciam nas unidades. Em 1968 ainda foi possível recuperar na unidade dois Unimog 404 aos quais faltavam os motores.
As duas Berliet que accionaram minas em 1972/73 nunca foram substituídas, o mesmo tendo sucedido ao Unimog 411 que ardeu, em parte numa emboscada...
Isto é apenas um exemplo.
Um Ab.
António J. P. Costa
Já aqui se relataram histórias de "canibalização" de viaturas. Tiravam-se "órgãos" (peças) as que estavam no "cemitério" para prolongar a vida de outras...Seria interessante termos as listas das viaturas (e seu estado) que passavam para a outra companhia que nos ia render. Em muitos casos seria
... só sucata. Faltam-Nos depoimentos do pessoal da "ferrugem". Apareçam, camaradas.
Numa guerra (ou qualquer outra ação humana organizada, de grande escala), a logística é sempre um problema. A grande distância, ainda pior. Para mais, em três teatros de operações com um superfície mais de 20 vezes maior do que o Portugal europeu. No caso do "mato" da Guiné, o hipermercado mais próximo era em Bissau e a central de compras em Lisboa, com os principais fornecedores ainda mais longe, em França e na Alemanha!...
"Beber vinho é dar de comer a um milhão de portugueses"
"A guerra na Guiné é dar a ganhar milhões à Tramagal & arredores"
Há quem diga que aquela do vinho não quer dizer concretamente o consumo mas sim a riqueza gerada na produção de vinho, já a das viaturas da Tramagal é que não quer dizer outra coisa.
Nos anos de 1961 a 1973 as despesas em Defesa foi em média de 34% do Orçamento do Estado, atingindo em 1969 cerca de 39%. (...e 8.830 mortos e 15.500 deficientes)
E continuavam em 1970: 30% de analfabetos, 36% sem electricidade, 42% sem esgotos e 53% sem água canalizada, e um milhão e trezentos mil de emigrantes à procura de melhor condições de vida.
Abraços e saúde
Valdemar Queiroz
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