quarta-feira, 31 de julho de 2024

Guiné 61/74 - P25796: Lições de artilharia para os infantes (12): Recordo que nas primeiras regulações de tiro “acertávamos “ ao 2° e 3° tiro (Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7 / GA 7, Bissau, 1969/71; ex-cmdt 22º Pel Art, Fulacunda, 1969/70)


Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7 / GA 7, Bissau, 1969/71; foi comandante do 22º Pel Art, em Fulacunda (1969/70); nasceu em Castelo Branco, trabalhou na Lisnave, vive em Almada; tem cerca de 3 dezenas de referências no nosso blogue.



1. Comentário. de 27 de julho de 2024, 15;09,  de Dominmgos Robalo, publicado nossa página do Facebook, e relativo ao poste P25781 (*):

Caro camarada e amigo Tabanca Grande Luís Graça, caro Coronel, Sr. Morais Silva. Desculpem-me a informalidade.

É sempre interessante acompanhar matérias que fizeram parte do nosso quotidiano da “guerra do ultramar “. Pessoalmente, sou sempre um entusiasta na matéria. Com a idade as memórias mais remotas vão ficando mais presentes.

Li o escrito pelo Sr. Coronel e não podia deixar de concordar em absoluto. Provavelmente ter- nos-emos cruzado em algum momento numa destas ocasiões; Mansabá/1970, onde fui fazer uma “carta de tiro” com o então Capitão Fradique, por pertencermos, no CTIG, à BAC1/GAC7/GA7, comandada, na época, pelo Capitão José Augusto Moura Soares, na BAC1, ou na última sessão de tiro na Bataria da AC, no Forte da Raposa/Fonte da Telha. 

No CTIG , fiz cartas de tiro para muitos dos PEL ART distribuídos pelo TO. A maioria dessa cartas de tiro foram precedidas de “regulação de tiro” com observação aérea. A maioria delas, efetuadas com o então Capitão Viriato Osório e outras acompanhando os Capitães Fradique, Pereira Rodrigues e até pelo meu Comandante Moura Soares. 

Já depois da passagem de Bataria para Grupo, acompanhei uma vez o novo Comandante, Tenente Coronel, Ferreira da Silva, que tinha sido 2° Comandante do RALIS, no período em que estive nesta Unidade, 10 meses, antes de ser mobilizado para o CTIG.

Nas regulações de tiro efetuadas fomos confirmando que, regularmente, o tiro tinha um alcance superior em cerca de 10%, face às distâncias indicadas nas tabelas de tiro de cada um dos obuses; 8,8cm; 10,5cm; 14cm e peça 11,4cm.

Fazíamos fé na cartografia a 1:50000, muitas vezes por nós confirmadas. Recordo que nas primeiras regulações de tiro “acertávamos “ ao 2° e 3° tiro. Com acertos e correções que íamos fazendo; temperatura atmosférica, humidade, vento e condições das cargas de cordite os tiros acertavam à primeira. 

No tempo das chuvas, tínhamos o cuidado de preparar cargas mais secas. Aliás, recordo de um dia ter sido mandado a um PEL ART, porque uma granada do 10,5cm ficou “presa” no tubo. Uma carga sete e uma corda com 15 ou 20 metros , protegido por uma árvore resolveu o assunto. Não utilizãmos a peça de madeira que se ajustava geometricamente à espoleta, por receio do percutor ter sido armado durante a curta rotação que a granada fez no tubo durante o disparo falhado.

De realçar o cuidado na preparação do tiro, não só no registo do elementos retirados da carta, como também na introdução desses elementos para a pontaria com o goniómetro bússola. A propósito disto, o Coronel Ferreira da Silva teve um problema numa regularização de tiro, sem acompanhamento aéreo, tendo vindo a cair uma granada numa Tabanca próxima do alvo, causando mortos. Coisas causadas pelos efeitos colaterais

Por hoje é tudo,

Desculpem o tempo que vos “ roubei”.

Um abraço ao amigo Luís, com desejo de saúde,
O meu Cumprimento ao sr. Coronel Morais Silva
Domingos Robalo, combatente
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2 comentários:

Valdemar Silva disse...

Regulação de tiro é designação correcta ao que chamei elaboração de "mapa de tiro" noutro comentário, sobre o que aconteceu com os dois 10,5 instalados em Paunca.

Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Estas armas de artilharia, de que aqui falamos, obus 8.8., 10.5, 14 e peça 11.4, já estão reformadíssimas, tal como nós, figurando agora no museu... Mas nós ainda por cá continuamos a falar delas, e a partilhar conhecimentos, memórias, experiências e até emoções...

Obrigado, Robalo, pela sua oportuna intervenção. Como "infante", estou sempre pronto a aprender com os artilheiros... Bom agosto, Luís