Edição nº 1366, Ano XXXI, 10 de maio de 1974 |
Preço avulso: 10$00 | Angola; 17$50 | Moçambique: 20$00
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Não nos compete, a nós, individualmente, dizer quem fica ou não na História. Nem muito menos é essa a missão do nosso blogue. Não somos hstoriadores.
Em todo o caso, devemos cobrir, sobretudo com os testemunhos, os escritos e as fotos, dos antigos combatentes, todo o período que abarca a guerra colonial (de 1961 a 1974, e que vai até para lá do 25 de Abril: até 1975 ainda hão de morrer, infelizmente, camaradas nossos, nos três teatros de operações).
De qualquer modo, o português Mário Soares, então exilado (tal como Álvaro Cunhal) foi capa de revista, no semanário "Flama", na sua cobertura noticiosa (tardia) dos acontecimentos que marcaram o fim do regime do Estado Novo e do princípio do fim da guerra do ultramar / guerra colonial. Foram dois líderes (vocábulo que não estava ainda grafado nos nossos dicionários, em 1974 usava-se o anglicismo "leaders"...) que marcaram fortemente a cena política do pós-25 de abril.
Tínhamos prometido voltar a essa edição (histórica) da "Flama" (1937-1983) (**), que começou por ser um quinzenário, órgão oficial da JEC-Juventude Escolar Católica, nos primeiros anos, e que soube conquistar um espaço, talvez único, no segmento dos semanários, no final dos anos 60 e princípiso de 70. Era uma revista que alguns de nós cebiam e liam na Guiné, juntamente com outras revistas como a "Vida Mundial" e o "Século Ilustrado", a brasileira "Cruzeiro", a francesa "Paris-Match" ou a norte-americana "Play Boy", a par dos jornais diários, de Lisboa e Porto, e pouco mais... (Alguns, mais politizados, assinavam a "Seara Nova", o "Comércio do Funchal", o "Notícias da Amadora", o "Jornal do Fundão"...).
A "Flama" era então já uma das revistas mais antigas no panorama da imprensa escrita portugues, chegando a ter uma tiragem de 30 mil exemplares.
De qualquer modo, o português Mário Soares, então exilado (tal como Álvaro Cunhal) foi capa de revista, no semanário "Flama", na sua cobertura noticiosa (tardia) dos acontecimentos que marcaram o fim do regime do Estado Novo e do princípio do fim da guerra do ultramar / guerra colonial. Foram dois líderes (vocábulo que não estava ainda grafado nos nossos dicionários, em 1974 usava-se o anglicismo "leaders"...) que marcaram fortemente a cena política do pós-25 de abril.
Tínhamos prometido voltar a essa edição (histórica) da "Flama" (1937-1983) (**), que começou por ser um quinzenário, órgão oficial da JEC-Juventude Escolar Católica, nos primeiros anos, e que soube conquistar um espaço, talvez único, no segmento dos semanários, no final dos anos 60 e princípiso de 70. Era uma revista que alguns de nós cebiam e liam na Guiné, juntamente com outras revistas como a "Vida Mundial" e o "Século Ilustrado", a brasileira "Cruzeiro", a francesa "Paris-Match" ou a norte-americana "Play Boy", a par dos jornais diários, de Lisboa e Porto, e pouco mais... (Alguns, mais politizados, assinavam a "Seara Nova", o "Comércio do Funchal", o "Notícias da Amadora", o "Jornal do Fundão"...).
A "Flama" era então já uma das revistas mais antigas no panorama da imprensa escrita portugues, chegando a ter uma tiragem de 30 mil exemplares.
Já demos destaque ao seu nº 1000 (edição de 5 de maio de 1967). Era uma raridade ver, na imprensa portuguesa da época, o aparecimento de fotos, com algum dramatismo, de militares portugueses em pleno teatro de operações da Guiné, já então o mais duro das "três frentes" (**).
Nesse número especial (que, num total de 116 páginas, dedicava 16 ao cinquentenário de Fátima, na véspera da visita do Papa Paulo VI), era um "privilégio" ter 2 páginas com enfoque, essencialmente fotojornalístico, na guerra da Guiné (mesmo que as fotos fossem de... fotocines do exército!).
Nesse número especial (que, num total de 116 páginas, dedicava 16 ao cinquentenário de Fátima, na véspera da visita do Papa Paulo VI), era um "privilégio" ter 2 páginas com enfoque, essencialmente fotojornalístico, na guerra da Guiné (mesmo que as fotos fossem de... fotocines do exército!).
Enfim, era a "reportagem possível" de uma revista, respeitável, e até "arejada", originalmente ligada à Igreja Católica, mas que soube conquistar outras franjas do púbico leito. Para além dos assinantes, tinha uma boa fonte de receita na publicidade (muita dela já virada, nos anos 60/70, para um "público feminino" com poder de compra, com maior escolaridade e em ascensão social, ocupando no mercado de trabalho os lugres deixados vagos pelos homens chamados para a guerra).
Recorde-se que a "Flama" tinha nascido em 1937, da iniciativa de um grupo da JEC - Juventude Escolar Católica, com a benção de Salazar e do Cardeal Cerejeira. Era então marcadamente "masculina", e de teor "confessional". Começou a redefinir-se a partir de 1944... Em 1967, apresentava-se como "semanário de atualidades de inspiração cristã" (sic)... Em 1974 era simplesmente uma "revista semanal de atualidades"...
Recorde-se que a "Flama" tinha nascido em 1937, da iniciativa de um grupo da JEC - Juventude Escolar Católica, com a benção de Salazar e do Cardeal Cerejeira. Era então marcadamente "masculina", e de teor "confessional". Começou a redefinir-se a partir de 1944... Em 1967, apresentava-se como "semanário de atualidades de inspiração cristã" (sic)... Em 1974 era simplesmente uma "revista semanal de atualidades"...
E hoje é considerada um marco importante na história do jornalismo português, um marco nomeadamente do jornalismo feito por mulheres e para as mulheres. Talvez mesmo uma escola. Por ela passaram mulheres, jornalistas e escritoras, como Maria Teresa Horta, Regina Louro, Edite Soeiro...mas também j0rnalistas de referência como o Afonso Cautela, o Cáceres Monteiro, o Joaquim Letria, o Cesário Borga, e outr0s.
Foi diretor (e muito influente) do semanário, entre 1964 e 1976, o dr. António dos Reis Rodrigues (1918-2009), nomeado em 1966 bispo auxiliar de Lisboa, sob o título de bispo de Madarsuma, e depois com as funções de capelão-mor das Forças Armadas (1967-1975)... Alguns capelões mais contestatários chamavam-lhe, nas costas, o "bispo de Merdassuma"... Mas teve a coragem de ir dizer missa, ao ar livre, a Gandembel em 1968!
Foi também o António dos Reis, enquanto diretor da "Flama", quem "virou" e "fez virar" a página da revista (seguramente com a pressão dos seus jornalistas que, em 17 de maio de 1974, elegeram, "democraticamente" e "por voto secreto" um "conselho de redação")... Eis a seguir um excerto do que ele escreveu na edição de 10 de maio de 1974, duas semanas depois do 25 de Abril:
Em próximo poste selecionaremos algumas fotos da separata da "Flama", sobre o 25 de Abril. Cortesia da Hemeroteca Digital / Câmara Municipal de Lisboa, que conseguiu "salvar" 3 edições históricas da revista, desse ano de 1974 (as de 3, 10 e 17 de maio).
Foi também o António dos Reis, enquanto diretor da "Flama", quem "virou" e "fez virar" a página da revista (seguramente com a pressão dos seus jornalistas que, em 17 de maio de 1974, elegeram, "democraticamente" e "por voto secreto" um "conselho de redação")... Eis a seguir um excerto do que ele escreveu na edição de 10 de maio de 1974, duas semanas depois do 25 de Abril:
Edição nº 1366, Ano XXXI, 10 de maio de 1974 (excerto, pág. 3)
Edição nº 1367, Ano XXXI, 17 de maio d 1974 (excerto, pág. 3)
Em próximo poste selecionaremos algumas fotos da separata da "Flama", sobre o 25 de Abril. Cortesia da Hemeroteca Digital / Câmara Municipal de Lisboa, que conseguiu "salvar" 3 edições históricas da revista, desse ano de 1974 (as de 3, 10 e 17 de maio).
(Continua)
(**) 2 de maio de 2024 > Guiné 61/74 - P25469: Os 50 anos do 25 de Abril (16): O fotornalismo da guerra, que os senhores do lápis azul deixavam passar, às vezes, em revistas como a "Flama", órgão oficial da JEC-Juventude Escolar Católica (1937-1983)
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Nota do editor:
Nota do editor:
3 comentários:
Muita gente virou a página, isto é, a casaca, não foi só o bispo de Madarsuma e diretor da "Flama"... Vemos isso em todas as "revoluções"...
Nos anos 80's a "Flama" teve um director oficial militar reformado, como aconteceu com várias empresas para o seus sectores de Recursos Humanos.
Valdemar Queiroz
Valdemar, nos anos 70 ainda estava na moda as nossas empresas empregarem "sargentos" e "majores" da tropa como "chefes da secção de pessoal"...Como os tempos mudam!... Agora, há pomposamente, um departamento de gestão de recursos humanos!... DE preferência, em "americano", "Human Rources Management"... E à frente, um gajo ou uma gaja que vem da Católica, ou dos States, com um diploma de MBA...
Agora, a coisa pia mais fino, Valdemar. Com 11 anos eras paquete e levavas um piparote no cu, se mijasses fora do penico!... Conheci bem esta fauna...LG
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