Eduardo Estrela (ex-fur mil at inf, CCAÇ 2592/CCAÇ 14, Cuntima e Farim, 1969/71; vive em Cacela Velha, Vila Real de Santo António; membro da Tabanca Grande desde 29/2/2012 (foto à direita);
1. Comentário de Eduardo Estrela ao poste P26238 (*)
O nosso querido amigo Carlos Fortunato talvez não saiba mas o Dudu veio para Portugal, ou na sequência dos ferimentos recebidos em combate e/ou após a sua recuperação. Tinha uma placa metálica a reforçar a zona craniana a qual lhe alterava ligeiramente a face.
Tive o privilégio de privar com ele e o Ampanoa na Guiné pois foram connosco, Ccaç 14, para a zona operacional de Cuntima. Posteriormente foram para o chão Felipe.
Com o Dudu, que vivia na zona de Torres Vedras, ainda estive em vários almoços.
Conseguiu a nacionalidade portuguesa e tinha uma pensão de pouco mais de mil euros resultante das sequelas que transportava.
Eram muito boa gente.
Pódiamos ter escrito uma brilhante história de humanismo.
(ii) Luís Graça:
Eduardo, é caso para dizer... o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca é... Grande!
Pois é, Eduardo, já me esquecia que vocês, CCAÇ 2592 (eu, CCAÇ 2590, o Carlos, CCAÇ 2591 e tu, CCÇ 2592, e mais 1700 e tal somos no T/T Niassa para a Guiné em 24/5/1969), tinham pessoal natural das etnias Mandinga e Manjaca e ainda um pelotão da etnia Felupe (a que pertenciam o Dudu e o Ampanoa).
A 2ª fase da instrução de formação foi no CIM de Bolama, mas o pelotão Mandinga foi no CIM de Contubooel, juntamente com os soldados das futuras CART 11 e CCAÇ 12 (a minha CCAÇ 2590)...
Eduardo, é caso para dizer... o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca é... Grande!
Pois é, Eduardo, já me esquecia que vocês, CCAÇ 2592 (eu, CCAÇ 2590, o Carlos, CCAÇ 2591 e tu, CCÇ 2592, e mais 1700 e tal somos no T/T Niassa para a Guiné em 24/5/1969), tinham pessoal natural das etnias Mandinga e Manjaca e ainda um pelotão da etnia Felupe (a que pertenciam o Dudu e o Ampanoa).
A 2ª fase da instrução de formação foi no CIM de Bolama, mas o pelotão Mandinga foi no CIM de Contubooel, juntamente com os soldados das futuras CART 11 e CCAÇ 12 (a minha CCAÇ 2590)...
Lembro-me do nosso camarada António Bartolomeu, furriel, de resto nosso grão-tabanqueiro. Nunca percebi por que é que houve esta segregação étnica, manjacos e felupes para um lado (Bolama), mandingas para outro (Contuboel)...
Os mandingas eram do Leste, ficavam mais ao pé de casa, foi isso ?!
6 de dezembro de 2024 às 17:51
6 de dezembro de 2024 às 17:51
(iii) Eduardo Estrela:
Tudo gento boa, Luís!
Tudo gento boa, Luís!
Algarvios, beirões, alentejanos, fulas, mandingas, manjacos, transmontanos, felupes, gente doutra cultura costumes e forma de comunicar.
Amigos!
Com eles aprendemos coisas que nos prendem à vida. Com eles aprendemos o respeito no mundo e na sociedade mas mentes obtusas aniquilaram
A guerra, para quê?
Puta que pariu a guerra!
Pódiamos ter escrito uma brilhante história de humanismo.
___________
Nota do editor:
4 comentários:
Os nossos camaradas guineenses não eram cidadãos portugueses, como nós. Essa foi uma ficção que lhes venderam, a eles e a nós. Eram "guinéus", como o Spínola os chamava. No final da guerra, seriam, entre milícias e militares, c. de 13 a 15 mil...
O felupe Dudu, dentro do drama da guerra e dos graves ferimentos que sofreu, teve a "sorte"... de ter sido evacuado para Portugal, e ter sido tratado no HMP, como presumo, reconstituindo o seu percurso.
Obter a nacionalidade portuguesa e uma pensão de mil euros (?) (que deve ser de DFA. Deficiente das Forças Armadas) era um "privilégio"... Privilégio não é direito.
Outros, que não pagaram o "imposto de sangue", mesmo tendo obtido a nacionalidade portuguesa, e tendo trabalhado em Portugal e descontado para a Segurança Social (mas não o número de anos suficientes...), uma vez desempregados, tiveram que voltar para a Guiné, para não morrerem de fome. Lá pelo menos sempre tinham uma família solidária...
Foi o caso, por exemplo, do fula António Baldé, o pai da Alicinha do Cantanhez, que eu e a minha mulher acompanhámos de perto... e com quem ainda hoje mantemos contacto telefónico....Foi 1º cabo, ex-1º cabo , CIM Bolama (1966/69), Pel Caç Nat 56 (São João, 1969/70), e CART 11 (Paunca, 1970/71)... E tinha um sonho, que realizou no fim da vida: ser apicultor em Caboxanque (e formador em Bissau)...
Foi ainda o caso do "puto" Umaru Baldé (da CCAÇ 12)... Foi o caso do Amadu Baio Jaló, do Batalhão de Comandos da Guiné e da CCAÇ 21... E de tantos outros, que foram nossos camaradas de armas.
Em suma, parece ter havido dois pesos, duas medidas...
Inicialmente, a Ccaç 14 tinha 2 grupos de combate da etnia mandinga, 1 grupo da etnia manjaca e um outro de felupes.
Um grupo foi para Contuboel após a recruta. Era o grupo do qual fazia parte o Bartolomeu. Mais tarde os felupes e os manjacos foram para o seu chão e a companhia ficou toda com mandingas.
O meu grupo sempre foi composto por mandingas.
Abraço
Eduardo Estrela
Mas continuaram a ser a CCAÇ 2592 (mais tarde CCAÇ 14) ?...Sabes para onde foram os manjacos ? E os felupes ?
Os felupes foram para a zona de Susana eventualmente a constituírem um pelotão independente independente. Os manjacos integraram ou a Ccaç 15 ou 16 e foram para a então denominada Teixeira Pinto.
A Ccaç 2592 só se passou a designar Ccaç 14 no início de 1970.
Abraço
Eduardo Estrela
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