sábado, 14 de dezembro de 2024

Guiné 61/74 - P26264: Bom dia desde Bissau (Patrício Ribeiro) (50): A velha fortaleza do Cacheu, com os seus inúteis canhões de bronze, e o triste Diogo Gomes lá aprisionado, a ver o pintor de canoas nhomincas...

Foto nº 13


Foto nº 14A


Foto nº 14

Foto nº 15

Foto nº 16A


Foto nº 16


Foto nº 17


Foto nº 17A


Foto nº 2 

Guiné-Bissau > Região do Cacheu > Cacheu >  4 e 5 de dezembro de 2024 >  

Fotos (e legendas): © Patrício Ribeiro (2024). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1.  Aqui vai o resto das fotos da  última viagem ao Cacheu, em 4 e 5 do corrente,  partilhadas pelo  Patrício Ribeiro, nosso amigo e camarada, histórico membro da Tabanca Grande, nosso "embaixador em Bissau",  cicerone, autor da série "Bom dia desde Bissau" (*)...

Legendas:

Foto nº 13 > Ele, o Diogo Gomes, lá dentro, fechado, a assistir às pinturas das canoa nhomincas 

Foto nº 14 >   Os canhóes apontados para o rio

Foto nº 15 > O portrão da fortaleza

Foto nº 16 > Lateral oeste da fortaleza

Foto nº 17 > Igreja de Cacheu (ou de Nossa Senhora da Natividade)  

Foto nº 2 > Canoas nhomincas, com pinturas originais, no porto de manutenção, na margem esquerda do rio Cacheu

Sobre a foto nº 17, o fotógrafo escreveu, já com data de 8 do corrente:


"Hoje está a decorrer a peregrinação anual entre Canchugo e Cacheu.

"A peregrinação é a pé. Normalmente, é nesta altura de Dezembro, com o tempo frio, em que alguns milhares de pessoas percorrem a estrada durante a noite, onde o capim tem cerca três metros de altura e o cheiro da palha anima os corações dos fiéis crentes. As pessoas, durante a maior parte do tempo vão a cantar cânticos religiosos. No percurso passam em cima da ponte metálica antes do Bachil, e da mítica floresta de Cobina [ou Caboiana, segundo a nossa antiga carta militar de 1953],  local onde os Manjacos fazem as cerimónias ao irã ."


Igreja do Cacheu. Fonte: HIPP

2. Comentário do edit0r LG:

Sobre esta igreja, lê-se no portal HIPP - Património de Influência Portuguesa, este apontamento de Manuel Teixeira:

"Historicamente, constitui a primeira igreja portuguesa erigida na costa ocidental africana, padroeira da urbe. Em 1680 ruiu, devido a uma inundação do Rio Cacheu, sendo mandada reconstruir pouco depois pelo bispo de Cabo Verde, D. António de São Dionísio. Encontra‐se hoje relativamente bem preservada".



Guiné > Bissau > Região de Cacheu > Forte de Cacheu (séc- XVIII) > Restos da estátua de Diogo Gomes, que até à Independência, estava em Bissau, frente à ponte cais de Bissau...


Foto (e legenda): © Patrício Ribeiro (2022). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




(...) "Edificado à beira‐rio, em 1641‐1647, é de pequena dimensão, consistindo num quadrado de cerca de vinte metros de lado, defendido nos cantos por pequenos bastiões, e uma muralha com quatro ou cinco metros de altura. 

"Em 1822 há notícia da sua existência, com estrutura de paredes em adobe. 


Forte do Cacheu (séc. XVII).
 Fonte: HIPP
"Em 1988 foi assinado um protocolo de geminação com Viana do Castelo, que contribui para diversos melhoramentos da vila, nomeadamente a recuperação do forte e o restauro da Capela de Nossa Senhora da Natividade. Mais recentemente, por iniciativa da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa e da Câmara Municipal de Lisboa, procedeu‐se a nova reabilitação do forte. A reabilitação incluiu o interior e as muralhas exteriores, danificadas pelo tempo e pelas correntes do Rio Cacheu, que em alguns pontos lhe corroeram os alicerces. 

"A zona adjacente ao forte é o local onde as autoridades da Guiné‐Bissau, após a independência, vieram depositar as estátuas ligadas ao período colonial. Estão há trinta anos no meio da vegetação, desmontadas, à beira do forte."



Guiné > Região de Cacheu > Carta de Cacheu / São Domingos (1953) > Escala 1/50 mil > Pormenor dos rios Cacheu e seus afluentes: Pequeno de São Domingos (margem norte); Caboi, Caboiana e Churro (margem sul), a montante da vila de Cacheu.


Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2015).

5 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Ó Patrício, este é um raio de um topónimo que dá para todas as variações: os manjacos dizem "Cobina", a malta da tropa do nosso tempo diziam "Cóboi...ana" e eu sigo os nossos velhos cartógrafos militares... "Caboiana". Mas o povo é quem mais orden(h)a... Bom dia, desde a Lourinhã (ou Lori..nhêm, como diziam os meus antepassados).

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Atão, os felupes e os manjacos hoje não "guerrêem" ? E como é que o animismo e o cristianismo juntam as mãos ? Primeiro reza-se na igreja da N. Sra. da Natividade e depois vai-se a pé até ao mato de "Cobina", para pedir as boas graças do Irã...

Pobre de nós, humanos, que temos de pedir a Deus, a Alá, a Nossa Senhora, a todos os santos e ainda aos bons irãs para termos a sorte de ser ouvidos...

Anónimo disse...

Boa reportagem caro Patrício.
Eu lá estive algumas vezes e não fiz estas maravilhosas fotos relíquias!
O Pequena Rio de São Domingos, onde embarcava no SINTEX rumo ao Rio Cacheu e depois a Vila de CACHEU. Saudades sem fim! (dos meus 24,25,26 anos)
Grande pena ver o nosso Legado assim abandonado!
O nosso Estado Português não poderia dar uma ajudinha ao povo da Guiné,
mandando reparar os males praticados pelos novos senhores da guerra.?
Cortavam os apoios aqueles que andam por aí e gastava na nossa história.
Quantos países colonizadores têm o seu património assim ao abandono?

Abraço
VT.


Patricio Ribeiro disse...

Luís,
não é que levei algumas amigas "tugas" lá ao iran de Cobiana.
elas queria arranjar homem para casar ...e arranjaram e estão casadas.
..mas ĥá outras com outras histórias, que não devo contar.
Estou a escrever nos 35o de temperatura.. estou de baixo de painéis solares em vez de estar a almoçar.
Abraço

Valdemar Silva disse...

E ainda lá estão os canhões de bronze certamente.
Calhando, teria acontecido o mesmo como os canhões do Forte da Ínsua, em Caminha, os ladrões não tinha força para os roubar. Mas parece que não aconteceu o mesmo com a estátua de Ulisses Grant em Bolama.
A pequena igreja também lá está com imagem da santa que ninguém rouba, foi pena não a terem pintado de branco.
Valdemar Queiroz