sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

Guiné 61/74 - P26292: As nossas geografias emocionais (35): Helsínquia, Finlândia (António Graça de Abreu)








Finlândia > Helsinquia > 2023

Fotos (e legenda): © António Graça de Abreu (2023). Todos os direitos reservados [Edição e lendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




1. O escritor, sinólogo, tradutor e "globe-trotter" António Graça de Abreu, com a esposa, médica, Hai Yuan, nosso amigo e camarada (ex-alf mil, CAOP1, Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74): mandou-nos, em 20 do passado mês de novembro, para publicação, mais um "postal ilustrado",  ainda na sequência de mais um cruzeiro que efetuou, em agosto de 2023, desta vez à Gronelândia e à Islândia (*):


Helsínquia, Finlândia

por António Graça de Abreu

Os dias em Helsínquia.

A cidade implantada em cima do mar, o meu leve esbracejar no centro do burgo, debruçado sobre o Báltico. Quilos e quilos de morangos, frescos, perfumados, à venda no mercado do peixe, monumentos e igrejas, o palácio branco do Senado, a catedral ao lado.

Este país sobre o qual quase nada sei. A promessa de tentar entender. Falam línguas próprias, arrevesadas e estranhas, o fino-húngaro, aparentado com o estoniano com raízes no idioma da Hungria. Os finlandeses são um dos povos mais civilizados e educados da Europa, têm, por bandeira uma cruz azul cravada sobre um fundo branco, igualzinha ao que foi, há mil anos atrás, o estandarte, a bandeira de D. Afonso Henriques legitimando a existência de Portugal.

A serena Finlândia dos mil lagos. Levam-me para os arredores de Helsínquia, dão-me um almoço de salmão fresco enrolado em cremes de nata e legumes. A terra plana e verdejante, pequenos canais, casinhas alindadas, barcos robustos de madeira ancorados na margem solitária da laguna triste, prometendo silenciosas viagens. 

Jean Sibelius (1865-1957), o homem da música, no seu jardim de Helsínquia, as rochas, o seu rosto modelado em figuras de aço, uma lágrima humedecendo o fluir dos anos, as suas sinfonias, a Finlândia crescendo entre salgueiros verdejantes, na nobreza das águas azuis dos lagos. (**)

© António Graça de Abreu (2023)
(**) Último poste da série > 14 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26152: As nossas geografias emocionais (34): Alguns dos principais topónimos do território, segundo um mapa de 1951...

6 comentários:

Antº Rosinha disse...

Os finlandeses são um dos povos mais civilizados e educados da Europa,
Duvido que um turista visitando hoje a baixa de Lisboa diga tal coisa de portugueses.
Já não entro em Lisboa vai para 6 anos.
Aprecio as viagens de Graça de Abreu, principalmente da Europa, eu que aproveito, pois para lá de Badajoz e V ilar Formoso, nicles.

Valdemar Silva disse...

Graça de Abreu, também gostava de ter conhecido Helsínquia, e esteve quase, agora é-me
impossível.
Não se poderá dizer que a bandeira da Finlândia seja "igualzinha ao que foi, há mil anos atrás, o estandarte, a bandeira de D. Afonso Henriques", é semelhante.
A bandeira de D, Afonso Henriques era branca com uma cruz central de cor azul, a bandeira da Finlândia é branca com uma cruz ao alto de cor azul quando está colocada em forma de estandarte que fica sobre o lado esquerdo quando na forma de bandeira.
Boas Festas e saúde da boa
Valdemar Queiroz

Valdemar Silva disse...

ahahah, Antº. Rosinha
Já não entras em Lisboa vai para 6 anos, então nem sabes se os habitantes que vez são
portugueses ou turistas, só se distinguem pelo que quer dar indicações em inglêsiu.
Agora, já acabaram as sapatarias e as agências bancárias, o que está a dar são esplanadas, lojas de souvenires achinesados e os carrinhos de visitas.
Boas Festas e saúde da boa
Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Conheci Turku e Helsínquia no princípio da década de 1990, quando a Finlândia conheceu uma grave crise económica e social, na sequência da dissolução da União Soviética. Não gostei de Helsínquia.

A economia finlandesa estava muito dependente dos soviéticos. O emprego disparou para cs 25%, houve grave crise bancária, falência de empresas, etc. Os finlandeses deram a volta, com forte aposta na saúde e na educação... Admiro os finlandeses, acossados historicamennte por dois ursos, os suecos e os russos... Deram uma coça aos soviéticos na chamada Guerra de Inverno, de 1939/40. Sózinhos!

Ver aqui: Resumo dos Principais Fatos Históricos da Finlândia

JB disse...

A Finländia foi uma colónia sueca por mais de seiscentos anos.
A separacäo oficial deu-se em 1809.
Existem vestígios da utilizacäo da língua sueca desde1100,sendo hoje o finlandës e o sueco as línguas oficiais.
As ruas das cidades finlandesas e as placas rodoviárias apreentam as denominacöes em ambas as línguas.
Em estatísticas de 2024 referem como sendo cerca de 5,2% da populacäo que usa o sueco como língua familiar,o que é significativo numa populacäo de cerca de 5,5 milhöes.
A influência económica e cultural sueca faz-se sentir na forma de um muito abastado grupo social,principalmente na zona da capital,nas áreas bancárias,industriais e do grande comércio urbano.
A coragem e espírito de sacrifício acima do normal tem sido bem demonstrado nas guerras dos tempos modernos com o inimigo histórico (tanto finlandës como sueco) que é a Rússia.
Ainda hoje,alguns finlandëses com humor irónico em relacäo à colonial Suécia ,dizem aos estrangeiros interessados na actual problemática militar russa:

Quando os russos atacarem (e repare-se que dizem *quando* em vez de *se*) os suecos väo defender-se até ao......último finlandës!

Um abraco do J.Belo

Tabanca Grande Luís Graça disse...

God jul och gott nytt år!... Que bom ver-te por cã, Zé Belo, no nosso "presépio". Acredita que já tínhamos saudades tuas. Haveremos de publicar o teu "cartanito" de Boas Festas... Mas vejo que te tornaste ainda mais sábio nos States, agora entregue a uma perigosa parelha.... a do mata-e-esfola.

Como escreveste no passado dia 3: "Caro Luís: Como se diz nos States…No News is Good News!... Com o centro de gravidade cada vez mais situado no extremo sul dos Estados Unidos, outras prioridades vão-se esbatendo. Para verdadeiramente se ler *O Livro* há que voltar as páginas e, não menos, encerrarem-se capítulos." (...)

Uma lição de vida, camarada (e bom amigo). Luís