Queridos amigos,
De Yorkshire viaja-se agora para Derbyshire, pernoita-se num albergue da juventude, que foi outrora uma imponente mansão vitoriana num local muito aprazível com floresta e riachos, chama-se Ilam Hall, a igreja da Santa Cruz é uma joia, e ali perto temos Dove Dale, um território de passeios pedestres, aliás à saída de Ilam Hall, na receção, deram-me um flyer, chamando-me à atenção para o equipamento e o kit que eu devia transportar, o passeio recomendado pelo rio e os vales era de qualquer coisa como de 23 km com várias colinas, agradeci muito a gentileza de todas as explicações, estou pouco interessado em escavacar o que me resta da saúde da coluna e das cartilagens dos joelhos, estas bom trabalho me dão com o sulfato de glucosamina. Dove Dale é um recanto paradisíaco, embora tenhamos entre nós coisas similares ou melhores, sem desfazer do programa do passeio. E seguimos para Ashbourne, não me importaria de passar aqui pelo menos 2 dias a olhar banzado para tão bela arquitetura georgiana e vitoriana. .Com o tempo contado, fui apreciar o museu da terra e parti para a igreja paroquial de Sto. Osvaldo, uma joinha de que vos irei falar em breve.
Um abraço do
Mário
Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (184):
From Southeast to the North of England; and back to London – 4
Mário Beja Santos
Mudei de rumo, esta região chama-se Derbyshire, East Midlands, pouso em Ilam Hall, bem perto de Dove Dale e não distante de Ashbourne, uma espetacular localidade onde prima o estilo georgiano. Quem vê a imagem desta imponente casa tem tudo a ganhar em conhecer o seu passado, em frente está a Igreja da Santa Cruz que vem dos tempos Saxões. A quinta de Ilam é uma propriedade dada à abadia Burton em 1004, manteve-se na abadia até à dissolução dos mosteiros no reinado de Henrique VIII. Veio viver em Ilam Hall a família Port, uma mansão muito mais modesta que o edifício que ali está. Três notáveis da terra financiaram as obras da igreja, em 1618. Depois a família Port, em 1809, vendeu toda esta quinta a Jess Russell, foi esta que refez completamente a casa, tornou-a magnificente, fez uma intervenção na aldeia mandando construir casas em estilo alpino. Pelo adiante a família de Jess Russell vendeu a propriedade depois da sua morte a um poderoso industrial, Robert Harpury, este faleceu em 1903, nova venda, desta vez a Robert McDougal, não terá podido aguentar com a despesa e deu a propriedade ao National Trust, e foi assim que apareceu um albergue da juventude em 1935. Uma boa parte da mansão foi demolida e a quinta está dividida em frações. É patente o estilo neogótico do que resta da opulência mandada fazer pela Jess Russell.
A Igreja da Santa Cruz, a despeito de diferentes intervenções, guarda sinais da sua antiguidade, logo este batistério normando (século XII), as figuras que podemos ver refletem o patrono, a vida de S. Bertram.
São variados os vitrais que embelezam a igreja, datam sobretudo do século XIX, é o caso desta apresentação do menino no templo e S. João consolando a Virgem, arte tipicamente neogótica com laivos pré-rafaelitas
É patente uma série de intervenções ao longo dos séculos, o estilo dominante é o gótico, as remodelações introduzidas no século XIX estão mais associadas ao interior, é o caso do mobiliário e as alfais agrícolas do altar e do púlpito, as janelas, mas também há túmulos do século XVII. Os cinco sinos foram restaurados em 1990.
O órgão é relativamente recente
À saída da igreja depara-se-nos esta bela atmosfera campestre, bem questionei que esta árvore é uma faia local, um ulmeiro ou um freixo, não obtive uma resposta cabal, não obstante é uma árvores impressionante, marca a paisagem, ainda por cima com o bucolismo das ovelhas em pastoreioA escassos quilómetros de Ilam, esta região do Peak District é muito procurada pelas suas colinas e irregularidades do terreno que permitem belos passeios pedestres. Em Ilam Hall deram-me um mapa como se eu tivesse ar de aguentar uma caminhada de 23 km, subindo e descendo colinas de quase 600 metros. Limitei-me a por ali cirandar, saltitei por estas pedras de um lado para o outro, fiz duas milhas para lá e duas milhas para cá e senti-me regalado com estes vales pedregosos que me lembram a região de Reguengo Grande, no limite da Lourinhã, onde tenho um casebre.
Duas perspetivas de Dove Dale
De Dove Dale encaminhamo-nos para Ashbourne, é um local encantador onde prima a arquitetura georgiana e vitoriana. Pus-me diante desta casa tão harmoniosa e não hesitei em fotografar S. Jorge e o Dragão, um dos ícones britânicos, com caráter religioso, como se compreende.Mesmo à entrada do posto de turismo onde funciona o museu municipal chamou-me à atenção esta curiosidade de um velho marco indicando as milhas não só para Londres e Manchester, em baixo temos as milhas que separam Ashbourne de Buxton e Derby.
O respeito pelo antigo combatente e o preito de memória são uma constante da cultura britânica, aqui está uma homenagem a um jovem marinheiro morto em combate.
The Clayrooms é um belo trabalho artístico de miniaturização da antiguíssima Ashbourne, está patente no edifício da Câmara Municipal
Igreja de Santo Osvaldo, Ashbourne. Igreja do século XIII, foi consagrada em 1241 pelo bispo de Coventry e Lichfield, a gente rica da terra, mercadores de lã muito contribuíram para pôr este imponente templo gótico de pé. Iremos falar dele mais adiante.
(continua)
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Nota do editor
Último post da série de 14 de dezembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26265: Os nossos seres, saberes e lazeres (658): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (183): From Southeast to the North of England; and back to London (3) (Mário Beja Santos)
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