Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Xime > c. 1970 Vista área de parte da tabanca do Xime.
Foto: © Humberto Reis (2005). Todos os direitos reservados.
1. Continuação da publicação da História do BART 3873 (que esteve colocado na zona leste, no Setor L1, Bambadinca, 1972/74), a partir de cópia digitalizada da História da Unidade, em formato pdf, gentilmente disponibilizada pelo António Duarte (*)
[António Duarte, ex-fur mil da CART 3493, a Companhia do BART 3873, que esteve em Mansambo, Fá Mandinga, Cobumba e Bissau, 1972-1974; foi transferido para a CCAC 12 (em novembro de 1972, e não como voluntário, como por lapso incialmente indicámos); economista, bancário reformado, formador, com larga experiência em Angola; foto atual à esquerda].
O destaque do mês de dezembro de 1973 (pp. 78/80) vai para:
(i) Flagelação do Xime, em 1 de dezembro, às 22h15, durante 25 minutos, com utilização de artilharia (armas pesadas e foguetões 122 mm), de que resultou a morte de 7 civis; (há um ano, na mesma data, o PAIGC tinha feito uma violenta emboscada em Ponti Coli) (**);
(ii) Transferência (ou deportação ?), por parte do PAIGC; de população da Ponta Varela / Poindom para o sul, alegadamente por falta de confiança na sua lealdade, e sua substituição por outra, oriunda do chão nalu (Cantanhez);
(viii) prosseguiu o programa de melhoramentos (Mansambo, Bambadincazinho, Mero), "não obstante a escassez de meios" ao dispor das Forças Armadas, pagou-se o 13º mês e festejou-se a quadra natalícia, tendo havido no dia de natal espetáculo de varieddaes em Bambadinca, em Mansambo e no Xitole.
(ix) A CART 3493 regressou ao setor L1, vindo de Cobumba para Fá Mandinga;
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[António Duarte, ex-fur mil da CART 3493, a Companhia do BART 3873, que esteve em Mansambo, Fá Mandinga, Cobumba e Bissau, 1972-1974; foi transferido para a CCAC 12 (em novembro de 1972, e não como voluntário, como por lapso incialmente indicámos); economista, bancário reformado, formador, com larga experiência em Angola; foto atual à esquerda].
O destaque do mês de dezembro de 1973 (pp. 78/80) vai para:
(i) Flagelação do Xime, em 1 de dezembro, às 22h15, durante 25 minutos, com utilização de artilharia (armas pesadas e foguetões 122 mm), de que resultou a morte de 7 civis; (há um ano, na mesma data, o PAIGC tinha feito uma violenta emboscada em Ponti Coli) (**);
(ii) Transferência (ou deportação ?), por parte do PAIGC; de população da Ponta Varela / Poindom para o sul, alegadamente por falta de confiança na sua lealdade, e sua substituição por outra, oriunda do chão nalu (Cantanhez);
(iii) Briga entre mandingas e balantas de Gussará / Fá Balanta leva a intervenção das NT, como "mediadoras" do conflito (que ficou sanado);
(iv) Continuação das colunas de reabastecimento a Mansambo, Xitole e Saltinho;
(iv) Abatido pelas NT (CCAÇ 12 e CCAÇ 21) um elemento da população, intimado a parar e que se pôs em fuga; o objetivo era pô-lo a servir de guia para se chegar à Ponta Luís Dias (Op "Pró Ronco");
(v) Operação a Madina / Belel / Cherel, a norte do Rio Geba, com apoio aéreo e um forte dispositivo de tropas apeadas CART 3493, CCAÇ 3518, CCAÇ 12, CCAÇ 21, GEMIL 309 e 310; capturada uma espingarda semiautomática Simonov; o IN teve 6 baixas;
(vi) Op Tudo Verde, na mítica área de Mina / Fiofioli: as NT (CART 3493, CART 3494, CCAÇ 3518, CCAÇ 12 e a CCAÇ 21) destruiram 3 moranças e 4 toneladas de arroz;
(vii) O Com-chefe e governador geral visita Bambadinca, encerrando o 5º curso de milícias;
(viii) prosseguiu o programa de melhoramentos (Mansambo, Bambadincazinho, Mero), "não obstante a escassez de meios" ao dispor das Forças Armadas, pagou-se o 13º mês e festejou-se a quadra natalícia, tendo havido no dia de natal espetáculo de varieddaes em Bambadinca, em Mansambo e no Xitole.
(ix) A CART 3493 regressou ao setor L1, vindo de Cobumba para Fá Mandinga;
História da Unidade - BART 3873 (Bambadinca, 1972/74) - Cap II, pp. 78/80
2. Comentário do editor:
Há quem ponha em dúvida a esta versão (oficial) no que diz respeito à flagelação do Xime, em 1/12/1973, de que resultou a destruição total de uma morança e a morte de 7 civis, uma família inteira... Estas mortes já tinham confirmadas há largos anos pelo nosso "menino do Xime", o agora eng silv José Carlos Mussá Biai (***)...
Já ouvi outra versão (, de alguém, um graduado, metropolitano, pertencente à CCAÇ 12, que na altura era a unidade de quadrícula do Xime): podia ter sido "fogo amigo", neste caso o obus 14 de Gampará, do outro lado do rio Corubal... A distância, em linha, entre Gampará e o Xime devia ser de 13/15 km (no máximo), ou seja, dentro do alcance do obus 14 ... O Xime só tinha o obus 10,5 cm (que não chegava à Foz do Corubal e à Ponta do Inglês)...
Por outro lado, antigos guerrilheiros do PAIGC com quem falei em março de 2008, no Cantanhez e em Bissau, e que tinham estado, por volta de 1972, na região compreendida pelo triângulo Bambadinca - Xime - Xitole, disseram-me que terá havido, possivelmente no 1º trimestre de 1973, após o assassinato de Amílcar Cabral, deslocação de forças para reforçar a frente sul... O que também explica a relativa fraca resistência com que as NT, em finais de 1973, encontravam em áreas de difícil acesso como Mina/Fiofioli... (LG)
Já ouvi outra versão (, de alguém, um graduado, metropolitano, pertencente à CCAÇ 12, que na altura era a unidade de quadrícula do Xime): podia ter sido "fogo amigo", neste caso o obus 14 de Gampará, do outro lado do rio Corubal... A distância, em linha, entre Gampará e o Xime devia ser de 13/15 km (no máximo), ou seja, dentro do alcance do obus 14 ... O Xime só tinha o obus 10,5 cm (que não chegava à Foz do Corubal e à Ponta do Inglês)...
Por outro lado, antigos guerrilheiros do PAIGC com quem falei em março de 2008, no Cantanhez e em Bissau, e que tinham estado, por volta de 1972, na região compreendida pelo triângulo Bambadinca - Xime - Xitole, disseram-me que terá havido, possivelmente no 1º trimestre de 1973, após o assassinato de Amílcar Cabral, deslocação de forças para reforçar a frente sul... O que também explica a relativa fraca resistência com que as NT, em finais de 1973, encontravam em áreas de difícil acesso como Mina/Fiofioli... (LG)
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Notas do editor:
(*) Último poste da série > 26 de fevereiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14300: História do BART 3873 (Bambadinca, 1972/74) (António Duarte): Parte XXII: novembro de 1973: crescente africanização da guerra de contraguerrilha no setor L1: são a CCAÇ 12 e a CCAÇ 21, constituídas por militares do recrutamento local, quem se arrisca a ir à sempre temida região do Poindom / Ponta do Inglês
(**) Vd. poste de 24 de setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13645: História do BART 3873 (Bambadinca, 1972/74) (António Duarte): Parte XI: dezembro de 1972: (i) talvez a primeira quadra festiva do Natal e Ano Novo passada, no setor L1, sem ataques nem flagelações do IN; (ii) por outro lado, o comandante 'Nino' Vieira vem pessoalmente à frente Bafatá-Xitole para censurar e punir maus tratos infligidos às populações locais pelos seus guerrilheiros
(***) Vd. poste de 10 de maio de 2005 > Guiné 63/74 - P16: No Xime também havia crianças felizes (2) (Luís Graça)
(*) Último poste da série > 26 de fevereiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14300: História do BART 3873 (Bambadinca, 1972/74) (António Duarte): Parte XXII: novembro de 1973: crescente africanização da guerra de contraguerrilha no setor L1: são a CCAÇ 12 e a CCAÇ 21, constituídas por militares do recrutamento local, quem se arrisca a ir à sempre temida região do Poindom / Ponta do Inglês
(**) Vd. poste de 24 de setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13645: História do BART 3873 (Bambadinca, 1972/74) (António Duarte): Parte XI: dezembro de 1972: (i) talvez a primeira quadra festiva do Natal e Ano Novo passada, no setor L1, sem ataques nem flagelações do IN; (ii) por outro lado, o comandante 'Nino' Vieira vem pessoalmente à frente Bafatá-Xitole para censurar e punir maus tratos infligidos às populações locais pelos seus guerrilheiros
(***) Vd. poste de 10 de maio de 2005 > Guiné 63/74 - P16: No Xime também havia crianças felizes (2) (Luís Graça)
Sei que, até ao fim da guerra, ele, a família e os vizinhos da sua tabanca sofreram muitos ataques. Uma família inteira, perto da sua morança, morreu. A sua infância não foi fácil. A vida também não foi fácil para a população civil, de etnia mandinga, que ficou no Xime.
(...) Em contrapartida, também houve algumas coisas boas. Por exemplo, o furriel miliciano enfermeiro José Carlos José Luís Carvalhido da Ponte, natural de Viana do Castelo, foi alguém especial na sua vida e na vida dos outros meninos do Xime. Foi seu professor primário na única escola que lá havia, o PEM (Posto Escolar Militar) nº 14. O Mussá Biai também teve como professor, depois da CART 3494 ter ido para Mansambo, o furriel Osório, da CCAÇ 12, que dava aulas no Posto Escolar Militar nº 14, juntamente com a esposa. (,,.)