terça-feira, 28 de abril de 2015

Guiné 63/74 - P14535: História do BART 3873 (Bambadinca, 1972/74) (António Duarte): Parte XXIII: dezembro de 1973: flagelação do Xime, com foguetões 122 mm: sete mortos civis



Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Xime > c. 1970 Vista área de parte da tabanca do Xime.

Foto: ©   Humberto Reis (2005). Todos os direitos reservados.




1. Continuação da publicação da História do BART 3873 (que esteve colocado na zona leste, no Setor L1, Bambadinca, 1972/74), a partir de cópia digitalizada da História da Unidade, em formato pdf, gentilmente disponibilizada pelo António Duarte (*)

[António Duarte, ex-fur mil da CART 3493, a Companhia do BART 3873, que esteve em Mansambo, Fá Mandinga, Cobumba e Bissau, 1972-1974; foi transferido para a CCAC 12 (em novembro de 1972, e não como voluntário, como por lapso incialmente indicámos); economista, bancário reformado, formador, com larga experiência em Angola; foto atual à esquerda].

O destaque do mês de dezembro de 1973 (pp. 78/80) vai para:

(i) Flagelação do Xime, em 1 de dezembro, às 22h15,  durante 25 minutos, com utilização de artilharia (armas pesadas e foguetões 122 mm), de que resultou a morte de 7 civis; (há um ano, na mesma data, o PAIGC tinha feito uma violenta emboscada em Ponti Coli) (**);

(ii) Transferência (ou deportação ?), por parte do PAIGC;  de população da Ponta Varela / Poindom para o sul, alegadamente por falta de confiança na sua lealdade, e sua substituição por outra, oriunda do chão nalu (Cantanhez);

(iii) Briga entre mandingas e balantas de Gussará / Fá Balanta leva a intervenção das NT, como "mediadoras" do conflito (que ficou sanado);

(iv) Continuação das colunas de reabastecimento a Mansambo, Xitole e Saltinho;

(iv) Abatido pelas NT (CCAÇ 12 e CCAÇ 21) um elemento da população, intimado a parar e que se pôs em fuga; o objetivo era pô-lo a servir de guia para se chegar à Ponta Luís Dias (Op "Pró Ronco");

(v) Operação a Madina / Belel / Cherel, a norte do Rio Geba, com apoio aéreo e um forte dispositivo de tropas apeadas CART 3493, CCAÇ 3518, CCAÇ 12, CCAÇ 21, GEMIL 309 e 310; capturada uma espingarda semiautomática Simonov; o IN teve 6 baixas;

(vi) Op Tudo Verde, na mítica  área de Mina / Fiofioli:  as NT (CART 3493, CART 3494, CCAÇ 3518, CCAÇ 12 e a CCAÇ 21) destruiram 3 moranças e 4 toneladas de arroz;

(vii) O Com-chefe e governador geral visita Bambadinca, encerrando o 5º curso de milícias;

 (viii) prosseguiu o programa de melhoramentos (Mansambo, Bambadincazinho, Mero), "não obstante a escassez de meios" ao dispor das Forças Armadas, pagou-se o 13º mês e festejou-se a quadra natalícia, tendo havido no dia de natal espetáculo de varieddaes em Bambadinca, em Mansambo e no Xitole.

(ix) A CART 3493 regressou ao setor L1, vindo de Cobumba para Fá Mandinga;











História da Unidade - BART 3873 (Bambadinca, 1972/74) - Cap II, pp. 78/80


2.  Comentário do editor:

Há quem ponha em dúvida a esta versão (oficial) no que diz respeito à flagelação do Xime, em 1/12/1973, de que resultou a destruição total de uma morança e a morte de 7 civis, uma família inteira... Estas mortes já tinham confirmadas há largos anos pelo nosso "menino do Xime", o agora eng silv José Carlos Mussá Biai (***)...

Já ouvi outra versão (, de alguém, um graduado, metropolitano,  pertencente à CCAÇ 12, que na altura era a unidade de quadrícula do Xime): podia ter sido "fogo amigo", neste caso o obus 14 de Gampará, do outro lado do rio Corubal... A distância, em linha, entre Gampará e o Xime devia ser de 13/15 km (no máximo), ou  seja, dentro do alcance do obus 14 ... O Xime só tinha o obus 10,5 cm (que não chegava à Foz do Corubal e à Ponta do Inglês)...

Por outro lado, antigos guerrilheiros do PAIGC com quem falei em março de 2008, no Cantanhez e em Bissau, e que tinham estado, por volta de 1972, na região compreendida pelo triângulo Bambadinca - Xime - Xitole, disseram-me que terá havido, possivelmente no 1º trimestre de  1973, após o assassinato de Amílcar Cabral,  deslocação de forças para reforçar a frente sul... O que também explica a relativa fraca resistência com que as NT, em finais de 1973,  encontravam em áreas de difícil acesso como Mina/Fiofioli... (LG)

_______________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 26 de fevereiro de 2015  > Guiné 63/74 - P14300: História do BART 3873 (Bambadinca, 1972/74) (António Duarte): Parte XXII: novembro de 1973: crescente africanização da guerra de contraguerrilha no setor L1: são a CCAÇ 12 e a CCAÇ 21, constituídas por militares do recrutamento local, quem se arrisca a ir à sempre temida região do Poindom / Ponta do Inglês

(**) Vd. poste de  24 de setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13645: História do BART 3873 (Bambadinca, 1972/74) (António Duarte): Parte XI: dezembro de 1972: (i) talvez a primeira quadra festiva do Natal e Ano Novo passada, no setor L1, sem ataques nem flagelações do IN; (ii) por outro lado, o comandante 'Nino' Vieira vem pessoalmente à frente Bafatá-Xitole para censurar e punir maus tratos infligidos às populações locais pelos seus guerrilheiros

(***)  Vd. poste de 10 de maio de  2005 > Guiné 63/74 - P16: No Xime também havia crianças felizes (2) (Luís Graça)

(...) Acabei de falar com o José Carlos Mussá Biai: nasceu em 1963, no Xime, e era menino no tempo em que por lá passaram a CART 2715 e a CART 3494. Era menino no tempo em que eu estive no Setor L1 da Zona leste, correspondente ao triângulo Xime-Bambadinca-Xitole.

Sei que, até ao fim da guerra, ele, a família e os vizinhos da sua tabanca sofreram muitos ataques. Uma família inteira, perto da sua morança, morreu. A sua infância não foi fácil. A vida também não foi fácil para a população civil, de etnia mandinga, que ficou no Xime.

(...) Em contrapartida, também houve algumas coisas boas. Por exemplo, o furriel miliciano enfermeiro José Carlos José Luís Carvalhido da Ponte, natural de Viana do Castelo, foi alguém especial na sua vida e na vida dos outros meninos do Xime. Foi seu professor primário na única escola que lá havia, o PEM (Posto Escolar Militar) nº 14. O Mussá Biai também teve como professor, depois da CART 3494 ter ido para Mansambo, o furriel Osório, da CCAÇ 12, que dava aulas no Posto Escolar Militar nº 14, juntamente com a esposa. (,,.)

20 comentários:

Luís Graça disse...

Já apelei aos nossos camaradas artilheiros, bem como aso que passaram pelo Xime em 1973/74 (CART 3494, CCAÇ 12) e ainda ao nosso amigo José Carlos Mussá Biai, enviando-lhes a seguinte mensagem:

Podia ser "fogo amigo" e não foguetões 122 mm ? Uma questão delicada...

Há 2 versões... Será que o obus 14 de Gampará (na margem esquerda do Rio Corubal) chegava ao Xime ?...

Peço a vossa opinião qualificada, artilheiros e malta que esteve no Xime... Vejam este poste...

Ab. Luis

Anónimo disse...

Camarada Luís,

Ao presente apelo, eis o meu contributo:

Tomei conhecimento deste ataque ao Xime, ocorrido em 01DEC1973, somente depois de ter regressado ao Destacamento da Ponte do Rio Udunduma, uma vez que nessa data encontrava-me em Bissau, por via de ter sido convocado pelo Tribunal Militar Territorial para participar no julgamento do processo do Naufrágio do Rio Geba [10AGO1972].

Quando dele tive conhecimento, apenas de contava uma versão, aquela que consta na História da Unidade - BART 3873.

Entretanto, corolário dos vários encontros entre camaradas que estiveram na Zona nessa época, também já ouvi a segunda versão.

Mas, porque não estava/estive presente, não posso opinar sobre a verdade dos factos.

O que posso dizer é que a ser verdade a primeira versão -ataque de foguetões de 122 mm - não foi a primeira vez que tal aconteceu. Durante o período de permanência da CART 3494 no Xime [28JAN1972 - 5MAR1973], pelo menos uma vez esse equipamento foi utilizado [creio que em 29JAN1973], tendo provocado uma cratera na bolanha junto ao Cais do Xime, onde cabia uma GMC.

Um abraço,
Jorge Araújo.

https://cart3494guine.blogspot.com/ disse...

Recordo-me que sempre que Gampará era flagelado era a artilharia do Xime que prestava apoio de fogo através do OBUS 10,5. Não quer dizer que tenha de ter alcançe até Gampará, tem a ver sim, com as coordenadas que eram fornecidas para prestar esse mesmo apoio, Recordo-me também aquando do ataque ao enxalé em 19JUL72 onde tivemos 1 milícia morto e dois feridos milícias e capturado 1 soldado in, nesse mesmo dia tivemos de apoiar o Enxalé e também Gampará quase ao mesmo tempo.
Nota: São memórias e apontamentos pessoais. Na história do BART 3873 aponta para; 04 mortos, 07 feridos e 01 capturado IN. Vd.: post do ex. Fur. Milº Luciano de Jesus protagonista nesse ataque

http://cart3494guine.blogspot.pt/2014/12/p224-actividade-operacional-da-cart.html

https://cart3494guine.blogspot.com/ disse...

Também nos meus apontamentos da época, registei: Em 04MAR73 ataque ao Xime com 5 foguetões e canhoadas sem problemas.
Foi a única vez que a CART 3494 no Xime foi flagelada com foguetóes.
A. Castro

https://cart3494guine.blogspot.com/ disse...

Camaradas, devo dizer que os meus apontamentos se devem a conversas entre TRMS não tem nada a ver com os relatórios enviados para o comando.

A. Castro

Anónimo disse...

José Carlos Mussá Biai

28 abr 2015 16:35

Olá Viva Luís,

Relativamente ao tema em referência, conforme já tinha dito, naquela época a versão que corria na população era de que os tiros tinham vindo de Gampará.
Quanto as movimentações a que o Luís refere, realmente, que eu me lembre, houve um ataque do PAIGC com mísseis, mas estes não acertaram nem no quartel nem na povoação. Um ou dois mísseis cairam no cais de Xime, destruindo por completo uma "casinha" que lá estava e a outra abriu uma grande cratera no asfalto. Um terceiro míssil caiu na bolanha perto de Ponte Coli.

Um abraço amigo,

José C. Mussá Biai

Anónimo disse...

Antonio Duarte
28 abr 2015 18:41

Boa tarde Camaradas

Já lá vão quase 42 anos e incomoda-me falar no tema.

Eu deixo a versão dos acontecimentos, tal como está no livro do BART 3873 e não alimento a discussão, pois pode magoar vivos sem qualquer ganho e não trás de volta os que infelizmente faleceram.

Abraços
António Duarte

Luís Graça disse...

Temos dificuldade em abordar o tema do "fogo amigo"... Não direi que seja tabu no nosso blogue, mas é delicado e difícil...

Não é só a artilharia que pode estar em causa numa guerra como a aquela que tivemos de travar... A marinha e a aviação também faziam fogo de apoio...

E na história da guerra terá havido, por certo, "acidentes ou "quase acidentes" deste género...

Atenção: não me refiro ao caso do Xime, aqui falado... Não estava lá, nada sei, a não ser uma versão "off record" que não ficará para a história... Mas a nossa conduta bloguística continua a pautar-se pela busca do rigor e da verdade... Sabemos que nem sempre os nossos relatórios se pautavam por estes critérios...

O nosso camarada da FAP, o António Martins de Matos, já aqui escreveu um texto de antologia sobre a angústia do "Blue on Blue"...

3 DE FEVEREIRO DE 2015

Guiné 63/74 - P14215: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (30): "Blue on Blue" - Querem ver que acertei nos nossos? (António Marins de Matos, TGen Pilav Ref)

http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2015/02/guine-6374-p14215-gloriosos-malucos-das.html

Luís Graça disse...

Veja-se também um poste, j+á antigo, do Joaquim Luís Mendes Gomes, o nosso peota e Palmeirim de Catió:

8 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1502: Crónica de um Palmeirim de Catió (Mendes Gomes, CCAÇ 728) (8): Com Bacar Jaló, no Cantanhez, a apanhar com o fogo da Marinha

http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2007/02/guin-6374-p1502-crnica-de-um-palmeirim.html


(...) Quando pegávamos no primeiro sono, profundo, reparando o cansaço de uma noite por dormir, em caminhada longa, de muitas léguas, uma chuva de fogachos tracejantes começou a varrer, alta, as copas das matas medonhas, pensávamos nós, para nosso bem… Vinha das corvetas do rio, por cima de nós. Lentamente, o fogo foi baixando, ameaçador. Não queríamos acreditar.

Por instinto, toda a gente saltou para o lado contrário dos muretes de lama que dividiam a bolanha, virados para a mata. Em boa hora o fizémos. O fogo destroçar-nos-ia, a todos, impiedoso.As balas explosivas rebentavam surdas nos muretes à nossa frente, terrificados, encharcando-nos de lama. De vez em quando eu dava uma mirada sobre o meu corpo a ver se ainda estava inteiro…

Um soldado, mais incrédulo ou apenas dorminhoco do sono profundo, não quis fazer o mesmo e foi, irremediavelmente, despedaçado ao meio da cintura…

O capitão Silva agarrou-se ao rádio, vociferando, desta vez com justiça, todos os impropérios que ele sabia e não sabia, a tentar avisar a marinha, assassina, de que éramos nós… a companhia 728, que ali estava. Em vão. A ordem era para desfazer todo o ser vivo que mexesse.

Um grande equívoco que poderia ter custado vidas sem conta. Para esquecer. Ninguém mais pregou olho nessa noite, inesquecível, até ao romper da manhã, a mais longa de sempre. (...)

Anónimo disse...

Antonio Duarte

28 abril 2015 19:27

Boa tarde José Carlos

Andava para te escrever, mas tenho adiado.

Agora a propósito desta discussão levantada pelo Luís Graça, vejo referência ao teu nome, pelo que opto por te escrever este email.

Quero dizer-te que estive na CCAÇ 12, em 1973 no Xime e como dormia no mesmo quarto do teu professor, Fur Enfermeiro da Ccaç 12 de nome Osório, recordo-me bem de ti, ainda pequenito ires espreitar à janela para o chamares.

O curioso era o facto de tu seres o único menino no Xime que tinha nome cristão, razão pela qual é fácil recordar-me, apesar dos já 42 anos de distância e dos meus 64 longos anos de idade.

Fico extremamente feliz por constatar que hoje és um homem de vida organizada e de bem com o mundo.

Abraço de fraternidade e tudo de bom para Ti e para os Teus,

António Duarte

Luís Graça disse...

Era importante ouvir a opinião dos nossos artilheiros...

Se o Xime não estiver ao alcance do obus 14 de Gampará, dissipam-se todas as dúvidas sobre um eventual caso de "Blue on Blue" (fogo amigo) em 1/12/1973...

E nesse caso o odioso da morte dos vizinhos do José Carlos Mussá Biai (sete elementos) vai para o PAIGC e os seus foguetões 122 mm (uma arma, de resto, muito imprecisa, mas que fazia muito estardalhaço; meter um "foguetão" 122 mm (o "jacto do povo" ou graad) na tabanca do Xime não era para todos os artilheiros do PAIGC...

No 2º semestre de 1972, entre agosto e dezembro, o 1º cabo comando Amílcar Mendes, da valorosa 38ª CCnmds, e nosso grã-tabanqueiro, esteve em Gampará...

Há uma foto, tirada por ele, com a seguinte legenda;

Guiné > Zona Leste > COP7 > Margem esquerda do RCorubal > Gampará > 1972 > Monumento da CART 3417 (Magalas de Gampará), "assinalando a passagem da minha Companhia" por Gampará (AM). Vê-se que por ali também passaram, ao servlço do COP (Bafatá), vários DFE - Destacamentos de Fuzileiros Especiais (4, 8, 13, 21, 22), a CCP 121/BCP 12, a 2ª CCA - Companhia de Comandos Africanos, o Pel Art 29 e o Pel Mil 331.

http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2007/07/guin-6374-p1955-dirios-de-um-comando.html

Qual seria o Pel Art que estava em Gampará em dezembro de 1973 ?

Anónimo disse...


vasco pires
28 abril 2015 18:51

Boa tarde Luis,
Cordiais saudações.

Opinar sobre uma região que desconheço, não o farei; contudo, reparo que as poucas referências à Artilharia da Guiné, por vezes, aproveitam para resvalar no folclore.
Éramos (somos) poucos e quase esquecidos, vamos parar à História, como um bando de trapalhões? Tem um ditado de um político Mineiro (Minas Gerais) que reza que o importante é a versão, não o facto.
Num comentário ao livro Guerra na Bolanha, anotei que os dois Artilheiros que o autor conheceu, um era relapso o outro trapalhão, até aí experiências são o que são.
Aproveitando o "embalo", o autor abre o capítulo: "Quase varridos pelos "nossos" tiros de obus" (página 137, em negrito no original), mais adiante "...agora, sim, éramos literalmente carne para canhão, leia-se, para os nossos canhões. ", e para fechar o capítulo, "E lá fazer muitos cálculos fazia, sim, senhor. Foi isso que tinha aprendido em Vendas Novas".
Como disse no comentário, também aprendemos outras coisas, que não enumero, para não advogar em causa própria (da Artilharia).
Forte abraço a todos.
VP

Luís Graça disse...

Compulsando as cartas de Fulacunda e do Xime, e medindo bem a distância em centímetros, a coisa dá um pouco de 12 centímetros em linha reta, entre o Xime e Gampará... 12 cm são 12 km... OP obus 14 ia aos 13 e tal/16 km, conforme a granada... Mas espero a douta opinião dos nossos artilheiros... O infante Henriques...

Anónimo disse...

Então aqui vai

O Obus 14 tinha um alcance máximo de 16km.

Não sei em que condições foi feito fogo,se alguém estava a regular o tiro..etc.

O "grade" julgo que tinha um alcance de 12 km e era extremamente impreciso.
O seu efeito explosivo era basicamente de sopro e normalmente a parte traseira onde se encontrava a carga propulsora ficava intacta.

o artilheiro

C.Martins

PS
Era boa pratica fazer um tiro com uma certa segurança e depois quem estava de observador ir regulando.
Como não assisti aos acontecimentos relatados não me pronuncio.

Vasco Pires disse...

...ainda o "fogo amigo ".
Desde que o homem "aprendeu" a arremessar projéteis além do campo de visão, o perigo existe. Virou "folclore " das guerra: abata-se tudo o que mexe!!!
Mas vamos à "nossa guerra ", eu mesmo já fiz disparos para apoiar tropa debaixo de fogo IN,fiz até, em situação extrema, tiro direto para impedir suposta invasão do aquartelamento. Sei da tensão do Artilheiro nessas condições; todos conhecemos a precariedade das cartas que usávamos,a dificuldade de se encontrar referências num cenário completamente diferente daquele donde tínhamos vindo,sabemos todos também o estado emocional de alguém debaixo debaixo de intenso fogo IN.
A Artilharia na Guiné, teve até 32 Pelotões espalhados no TO, acredito, sem falsa modéstia, que foi exemplar o desempenho do Grupo de Artilharia , nas adversas condições em que operava.
E siga a Artilharia (que na Guiné estava parada)
Forte abraço a todos.
Vasco Pires
Ex-soldado de Artilharia

Anónimo disse...

jose nascimento
28 abr 2015 22:19

Olá Luís Graça,

Sei que o alcance do obus 10,5 é de pouco mais de 10 Kms e até dizia-se que uma granada atirada do Xime chegaria à pista de Bambadinca.
Quanto ao alcance do obus 14 e pelo que pesquisei é de 15 Kms.

Surpreende-me o facto de ser atirado um a granada de obus de Gampará para o Xime, nem por engano o nosso furriel Osório, o faria.

Um grande abraço

José Nascimento

Anónimo disse...

Convém esclarecer que a distância introduzida no aparelho de pontaria nos obuses 10.5 e 14 e já agora no 8,8 e peça 11,4 era em jardas e tinha que se converter para sistema métrico.
O Intervalo de distância mínima que se podia introduzir era de 100 jardas=90m.

Como diz o camarada Vasco Pires imaginem o artilheiro debaixo de fogo,sereno firme e hirto, a fazer contas de cabeça--Calcular a densidade do ar a percentagem de humidade..bem às cinco da matina com o cacimbo era 90%...hoje até as granadas têm gps...modernices.

Para quem não sabe os suecos paladinos da paz no mundo´..são o 4.º maior produtor de material de guerra no mundo..tem um obus 15,5 todo informatizado e automático e é só operado por dois tripulantes, entra em posição e dispara em 2 minutos..e adios ...sim porque hoje tem que ser assim..mobilidade...mobilidade...senão os artilheiros são transformados e m carne picada.

Anónimo disse...

ps
o comentário anterior é da minha autoria.
C.Martins

Vasco Pires disse...

Esclarecimento:
No comentário que fiz acima imagino o estado emocional de quem pede apoio, debaixo de fogo IN, num cenário que nada tem a ver com as referencias adquiridas numa vivência anterior (européia),com as cartas com a precisão que todos conhecemos.
Podemos avaliar o grau de incerteza do Artilheiro em relação às coordenadas que recebia em tais condições.
Lembremos também que o Artilheiro no comando, estava exercendo uma função de Capitão, com dois Sargentos e por vezes com somente um Cabo apontador da guarnição local, e além de Comandante da Bateria era chefe do posto de comando de tiro.
Simples assim!!!
E siga a Artilharia (que na Guiné estava parada)
Forte abraço a todos.
Vasco Pires
Ex-soldado de Artilharia

António Duarte disse...

Boa noite Luís
Peço que confiras as contas. Se a escala é 1/50000, 12 cm, não serão 6 kms?
Abraços
António Duarte
Cart 3493 e CCAÇ 12