Guiné > Região do Boé > Madina do Boé > CCAÇ 1589 (1966/68) > O "menino-soldado"... a fingir. Uma das melhores fotos do álbum do Manuel Coelho, o fotógrafo de Madina do Boé... As NT retiraram deste aquartelamento em 6/2/1969.
Foto: © Manuel Caldeira Coelho (2014). Todos os direitos reservados [ Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
A. Continuação da publicação da mensagem do António Martins de Matos (ex-Ten Pilav, BA 12, Bissalanca, 1972/74), com data de 3 do corrente:
(...) Relembrando o que nos uniu, talvez pudéssemos passar a uma nova fase, organizar umas “mesas redondas”, “quadradas”, “tertúlias” ou algo parecido, com algum pessoal a participar, moderador, um secretário e um “historiador de serviço”, discussão construtiva sobre um determinado tema, com conclusões fundamentadas e aceites pela maioria. Depois era só enviar o papel a quem de direito.
Há um grande número de assuntos com interesse a que correspondem um número infindável de postes e que poderiam dar lugar a um texto devidamente “certificado”…
Que acham?.. Entretanto e para (re)animar a malta juntei alguns assuntos que já foram discutidos e discutidos mas que nunca obtiveram um consenso alargado.
Deixo-vos com 10 temas, ideias que tenho defendido e que, se o entenderem, poderemos abordar durante o nosso almoço anual, talvez ao lanche [, dia 29 de abril de 2017, em Monte Real], entre um croquete e uma imperial. (...) (*)
P'ra a mentira ser segura
e atingir profundidade,
tem de trazer à mistura
qualquer coisa de verdade.
(António Aleixo)
4. O Guileje esteve cercado
Os últmos inquilinos de Guileje: a CCAV 8350 |
Não é verdade.
A unidade que esteve cercada foi o Guidaje. Se o Guileje tivesse sido cercado não poderiam ter de lá saído cerca de 600 alminhas, todas em bicha de pirilau, bagagem à cabeça e armas a tiracolo (conforme fotos esclarecedoras)
5. A conquista do Guileje pelo PAIGC
Não é verdade.
Guileje foi abandonado, depois apareceu a curiosidade, vamos lá ver o que ficou. Comeram bem e melhor beberam, carregaram uns recuerdos e … foram-se embora.
Não é verdade.
Havia áreas sem qualquer população (região do Boé), outras em que as NT evitavam hostilizar as populações (Ilha do Como, Morés, Cantanhez)… Spínola não autorizava que se tocasse na Ilha do Como, em finais de 1972 foram corridos da “área libertada” do Cantanhez. Pelo sim pelo não, a sua declaração de independência em 1973 e numa suposta área libertada, foi… em território da Guiné Conacri, “à cause des mouches” [literamente: por causa das moscas...]
7. Os MiG e os Carros de Combate
Não é verdade.
Nunca ninguém os viu
8. A FAP sem voar
Não é verdade.
Em 1973, e já depois do aparecimento do Strela, a FAP voou muito mais que em períodos anteriores, basta ler os relatórios oficiais.
O temível MiG 17 russo... que nunca ninguém viu |
Não é verdade.
A guerra estava e continuaria empatada até que um dos contendores se cansasse. Dizer que a guerra estava perdida é passar um atestado de incompetência aos 30.000 homens que por lá andavam e que lutavam contra 5.000 guerrilheiros.
10. Estes assuntos não interessam a ninguém
Não é verdade.
Na nossa geração praticamente todas as famílias tiveram alguém a combater em África e os vindouros, netos, bisnetos, querem saber por onde andaram os seus familiares.
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Nota do editor:
(*) Último poste da série > 14 de março de 2017 > Guiné 61/74 - P17138: Boatos e mentiras que correm o risco de entrar para a história (1): De 1 a 10 - Parte I: 1. O território guineense do tamanho do Alentejo; 2. O Strela, a arma que revolucionou a guerra; 3. A FAP perdeu a supremacia aérea (António Matins de Matos, ten gen pilav ref)