segunda-feira, 20 de março de 2017

Guiné 61/74 - P17162: Boatos e mentiras que correm o risco de entrar para a história (2): De 1 a 10 - Parte II: 4/5. Guileje cercado e conquistado pelo PAIGC; 6. Áreas libertadas; 7. MiG e carros de combate; 8. FAP sem voar; 9. Guerra perdida; 10. Isto não interessa a ninguém... (António Matins de Matos, ten gen pilav ref)


Guiné > Região do Boé > Madina do Boé > CCAÇ 1589 (1966/68) > O "menino-soldado"... a fingir. Uma das melhores fotos do álbum do Manuel Coelho, o fotógrafo de Madina do Boé... As NT retiraram deste aquartelamento em 6/2/1969.

Foto: © Manuel Caldeira Coelho (2014). Todos os direitos reservados [ Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


A. Continuação da publicação da mensagem do António Martins de Matos (ex-Ten Pilav, BA 12, Bissalanca, 1972/74), com data de 3 do corrente:

(...) Relembrando o que nos uniu, talvez pudéssemos passar a uma nova fase, organizar umas “mesas redondas”, “quadradas”, “tertúlias” ou algo parecido, com algum pessoal a participar, moderador, um secretário e um “historiador de serviço”, discussão construtiva sobre um determinado tema, com conclusões fundamentadas e aceites pela maioria. Depois era só enviar o papel a quem de direito.

Há um grande número de assuntos com interesse a que correspondem um número infindável de postes e que poderiam dar lugar a um texto devidamente “certificado”…

Que acham?.. Entretanto e para (re)animar a malta juntei alguns assuntos que já foram discutidos e discutidos mas que nunca obtiveram um consenso alargado.

Deixo-vos com 10 temas, ideias que tenho defendido e que, se o entenderem, poderemos abordar durante o nosso almoço anual, talvez ao lanche [, dia 29 de abril de 2017, em Monte Real], entre um croquete e uma imperial. (...)  (*)



P'ra a mentira ser segura
e atingir profundidade,

tem de trazer à mistura

qualquer coisa de verdade.

(António Aleixo)


4. O Guileje esteve cercado
Os últmos inquilinos  de Guileje:
a CCAV 8350


Não é verdade.

A unidade que esteve cercada foi o Guidaje. Se o Guileje tivesse sido cercado não poderiam ter de lá saído cerca de 600 alminhas, todas em bicha de pirilau, bagagem à cabeça e armas a tiracolo (conforme fotos esclarecedoras)

5. A conquista do Guileje pelo PAIGC  

Não é verdade.

Guileje foi abandonado, depois apareceu a curiosidade, vamos lá ver o que ficou. Comeram bem e melhor beberam, carregaram uns recuerdos e … foram-se embora.


6. As áreas libertadas 

Não é verdade.

Havia áreas sem qualquer população (região do Boé), outras em que as NT evitavam hostilizar as populações (Ilha do Como, Morés, Cantanhez)… Spínola não autorizava que se tocasse na Ilha do Como, em finais de 1972 foram corridos da “área libertada” do Cantanhez.  Pelo sim pelo não,  a sua declaração de independência em 1973 e numa suposta área libertada,  foi… em território da Guiné Conacri, “à cause des mouches” [literamente: por causa das moscas...]


7. Os MiG e os Carros de Combate 

Não é verdade.

Nunca ninguém os viu


8. A FAP sem voar 

Não é verdade.

Em 1973,  e já depois do aparecimento do Strela, a FAP voou muito mais que em períodos anteriores, basta ler os relatórios oficiais.


O temível MiG 17 russo...
que nunca ninguém viu
9. A guerra perdida

Não é verdade.

A guerra estava e continuaria empatada até que um dos contendores se cansasse. Dizer que a guerra estava perdida é passar um atestado de incompetência aos 30.000 homens que por lá andavam e que lutavam contra 5.000 guerrilheiros.


10. Estes assuntos não interessam a ninguém

Não é verdade.

Na nossa geração praticamente todas as famílias tiveram alguém a combater em África e os vindouros, netos, bisnetos, querem saber por onde andaram os seus familiares.
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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 14 de março de  2017 >  Guiné 61/74 - P17138: Boatos e mentiras que correm o risco de entrar para a história (1): De 1 a 10 - Parte I: 1. O território guineense do tamanho do Alentejo; 2. O Strela, a arma que revolucionou a guerra; 3. A FAP perdeu a supremacia aérea (António Matins de Matos, ten gen pilav ref)

Guiné 61/74 - P17161: Agenda cultural (548): Lançamento do 6.º Volume - Aspectos da Actividade Operacional, Tomo II - Guiné, Livros I, II e III da obra "Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África", a ter lugar no próximo dia 18 de Abril de 2017, pelas 15h30, no Aquartelamento da Amadora da Academia Militar

CONVITE PARA O LANÇAMENTO DO 6.º VOLUME - ASPECTOS DA ACTIVIDADE OPERACIONAL, TOMO II - GUINÉ, LIVROS I, II E II DA OBRA "RESENHA HISTÓRICO-MILITAR DAS CAMPANHAS DE ÁFRICA



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Nota do editor

Último poste da série de 19 de março de 2017 > Guiné 61/74 - P17157: Agenda cultural (547): Comemoração do Dia da Poesia, com o lançamento de 28.º livro Fim do Império, "Caminhos... dos Valores, da Guerra e da Paz", e apresentação de "Força Restante", da autoria de General Joaquim Chito Rodrigues, Livraria-Galeria Municipal Verney/Colecção Neves e Sousa, Oeiras, dia 21 de Março de 2017, às 15 horas (Manuel Barão da Cunha)

Guiné 61/74 - P17160: (De) Caras (61): Os camaradas Miguel e Giselda Pessoa, "o casal mais 'strelado' do mundo" (LG)... Nos EUA teriam feito um filme e ganho uns milhões; na Suécia, teriam feito um grande documentário televisivo com debate público... E no nosso querido Portugal ? (José Belo, Suécia/EUA)


Guiné > Bissalanca > BA12 > 1974 > 26 de março de 1973 > O então ten pilav Miguel Pessoa na pista do aeroporto, em maca, ... À esquerda, a 2.ª srgt enfermeira paraquedista Giselda Antunes (mais tarde, Pessoa). No dia anterior, domingo, 25, e em pleno dia, o aquartelamento de Guileje fora duramente atacado durante cerca de hora e meia. Foram usados foguetões 122 mm. A parelha de Fiat G-91 (Miguel Pessoa e António Martins de Matos) que estava de alerta em Bissalanca, nesse dia e hora, veio em apoio de fogo. A aeronave do Miguel Pessoa, que vinha à frente, foi atingida por um Strela, sob os céus de Guileje... Foi o primeiro Fiat G-91, na história da guerra da Guiné, a ser abatido pela nova arma, fornecida pelos soviéticos ao PAIGC, o míssil terra-ar SAM-7 Strela (de resto, já usada e testada na guerra do Vietname)... O ten pilav  Miguel Pessoa conseguiu, felizmente, ejectar-se. E a sua posição foi sinalizada pelo seu asa... Vinte quatro horas depois, era resgatado, são e salvo, pelo grupo de operações especiais do Marcelino da Mata e por forças da CCP 123, comandadas pelo malogrado cap paraquedista João Cordeiro).

Foto: © Miguel Pessoa (2009). Todos os direitos reservados, (Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné)

Nota do  MP: "Caro Luís: Olhando para as fotos que acabei de te enviar, lembrei-me que não te expliquei a razão de eu segurar uma garrafa de espumante na mão, enquanto era transportado na maca... Não, não fazia parte do meu kit de sobrevivência! E eu também não estava a soro! Na minha transição do local da evacuação para o hospital, o heli aterrou primeiro no aquartelamento do Guileje, onde alguém resolveu presentear-me com a referida garrafa. Devo dizer que nunca cheguei a bebê-la pois, tendo sido mais tarde evacuado para Lisboa, resolvi deixá-la à guarda das nossas enfermeiras pára-quedistas, as quais confirmaram a boa qualidade do produto e o gosto requintado do pessoal do Guileje. Um abraço, Miguel Pessoa". 


1. Mensagem do José Belo, com data de 18 do corrente  10:44  

[ foto atual à direita: José Belo, ex-alf mil inf, CCAÇ 2381 (Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70); atualmente é cap inf ref e vive na Suécia há quase 40 anos; no outono / inverno, costuma "emigrar" para Key West, Florida, EUA, onde a família tem negócios; foi autor da série "Da Suécia com saudade" de que se publicaram 55 postes (*); vai mantendo troca de emails, intermitente, com o nosso editor LG]

Assunto - E mais uma vez, esquecidos por näo referidos ao grande público nacional

Nos Estados Unidos teriam feito um filme sobre a história (única!) do casal e... ganho uns bons milhöes de dólares!

Na Suécia (mais fria e analítica) teriam criado interessante documentário sobre o assunto; bem enquadrado em referências históricas, políticas e sociais; apresentado em hora e dia favoráveis a um grande número de espectadores.

Também (tradicionalmente) seria seguido de alargado debate com a participação de vasto público.

Mas, no nosso querido Portugal, quantos (fora dos antigos combatentes da Guiné) terão conhecimento desta histórica única (!) relacionada com o casal dos militares Giselda e Miguel Pessoa?

Para mais... ambos com contactos pessoais com os mísseis "Strela"!

Parece incrível, mas os meios de comunicação lusitanos não se têm interessado, ou terão conhecimento, de tal história.
Haverá por aí alguém com "conhecimentos" nos meios de comunicação?

(O assunto está hoje publicado na Tabanca do Centro)

Um abraço,
José Belo


2. Tabanca do Centro > 18 de março de 2017 > P893: Uma análise do nosso camarigo José Belo > Inesperadamente, a minha profunda inveja do amigo e camarada Miguel Pessoa

[Reproduzido com a devida vénia ao autor, José Belo, e ao editor, Miguel Pessoa, da Tabanca do Centro]

Hoje, ao começar o dia trocando alguns e-mails com o "Herr Överste" (Senhor Coronel em sueco) Miguel Pessoa, surgiu bruscamente no meu pensamento algo que até agora não tinha considerado com a devida atenção.

Nas conversas com antigos combatentes, sejam eles portugueses ou norte-americanos (também por lá vivo!), surge sempre a referência às frustrações sentidas quando se procura descrever aos familiares, amigos, ou simples conhecidos, as experiências e sentimentos de cada um aquando da passagem por teatros de guerra.

Sente-se sempre que este tipo de comunicação, na procura de explicações, sejam elas geográficas, sociais ou outras, é extremamente difícil de ser apreendido em todas as suas "variantes" por quem nos escuta.

Muitas vezes sente-se que não escutam... aparentam escutar! Isto sem se entrar em referências a situações concretas de combate, estas ultrapassam totalmente quem as não viveu.

Se a "comunicação" é difícil em Portugal, em famílias portuguesas, os que formam família no estrangeiro, com filhos quase automaticamente estrangeiros e com netos ainda mais estrangeiros que estes, torna as referências a uma guerra colonial como algo de pré-histórico... no melhor dos casos!

É sempre necessária infindável introdução quanto aos enquadramentos históricos e sociais, ao significado dos 400 anos de colonialismos vários, as consequências do longo período da ditadura no tipo muito específico de formação que, aos nascidos e educados nesses tempos, acabou por ser imbuída muito mais profundamente do que muitos hoje gostam de reconhecer.

MAS... no caso do Miguel Pessoa tudo é... diferente! Casado com uma nossa Camarada de armas.

Alguém que com ele COMPARTILHOU, no conjunto de difíceis situações de guerra, certamente inesquecíveis, mas (e principalmente!)... sem necessitarem das tais infindáveis explicações quanto a factos, quando, porquê e quem!

Confesso, mais uma vez, nunca ter pensado neste pequeno-grande "detalhe", em relação aos outros ex-combatentes.

Hoje em Portugal, em situação muito diferente quanto à paz e tipo de serviço militar, casamentos entre camaradas de armas não serão invulgares.

Mas... compartilhando o pior teatro de guerra das guerras de África, como o era a Guiné... ao mesmo tempo... nos mesmos locais... e em algumas situações incríveis... não haverá muitos... se alguns houver!

Será que em relação aos outros (a nós), tanto a Giselda como o Miguel terão consciência do privilégio que é esta não necessidade das tais tão limitativas "explicações"?

Um grande abraço do
José Belo


Guiné > Bissalanca > BA 12 > 1972 > A Giselda (à direita), com um militar do Exército e a enfermeira Rosa Mota (Mendes pelo casamento).

Foto (e legenda): © Giselda Pessoa (2009). Todos os direitos reservados.(Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné)


3. Comentário do editor LG:

Zé Belo, querido amigo e camarada da diáspora, és sempre bem-vindo, a qualquer hora do dia, da semana, do mês ou do ano... Levantas a eterna questão da (in)comunicação humana, que já de si não é complexa, e ainda mais quando envolve combatentes e não-combatentes de uma guerra...

Será que o casal Miguel & Giselda por serem camaradas de armas, do tempo da guerra de África, tem esse problema "simplificado" ou "resolvido"?

Só eles, enquanto casal, poderão responder te, a ti e a nós... Mas, à partida, há questões sobre as quais estarão melhor sintonizados do que nós e as nossas caras-metade... ou nós e os nossos filhos, ou nós e os nossos amigos que não foram à guerra...

Quanto à sua história de amor e guerra, estamos de acordo: dava um grande filme, um grande documentário, um grande debate, um grande livro...

Há tempos uma das nossas estações televisivas interessou-se pelo seu "caso". Tanto quanto me lembro, era um daqueles programas, em direto, para o "grande público", de manhã ou de tarde, tendencialmente a puxar para o "popularucho", com conversas da treta, abordando problemas, alguns sérios, na verdade, mas de maneira ligeira, sem contextualização, explorando por vezes o sensacionalismo, quiçá o anedótico, o "voyeurismo" e até a lágrima fácil. Os convidados correm o risco de, expondo-se e expondo a sua vida íntima, fazerem o papel de "macaquinhos do circo"... Em suma, não devia ser para um trabalho sério de jornalismo de investigação, como estás a habituado a ver na Suécia, na terra dos teus filhos...

Contactaram-me, já não me lembro se foi no dia dos namorados... Conhecendo o Miguel como eu o conheço, ainda lhe telefonei a medo... Ia apanhando com um "Fiat G-91" na cabeça... Nem sequer sondei a Giselda...

Apesar de serem o "casal mais 'strelado' do mundo" (, como a gente lhes chama carinhosamente) (**), são o casal militar mais discreto e avesso à fama que eu conheço... Aliás, não conheço mais nenhum casal militar do nosso tempo, se bem que haja mais algumas enfermeiras paraquedistas casadas com camaradas de armas...

Enfim, são seguramente dois camaradas com um grande sentido de dignidade e querem respeitar (e fazer respeitar) a sua privacidade... Ambos têm partilhado, nas redes sociais, aquilo que entendem pertencer à história e ao "domínio público"... Mas não mais do que isso.


4. Comentário do José Belo, com data de 18 do corrente:

Desconhecia ter sido o Miguel Pessoa já anteriormente abordado pela TV quanto a um programa sobre eles, e que o mesmo se recusou a participar por razões, quanto a mim, bem justificáveis.

Daí que o meu E-mail anterior sobre o assunto só deverá ter um azimute que é o... TRASH (lixo)!


5. Resposta do editor LG:


José: Não concordo contigo quanto ao destino a dar à tua mensagem. Já expliquei no ponto 3 que o convite do programa televisivo não era aceitável pelo Miguel & Giselda,

Se não te importas, deixas-me fazer um poste (já estava feito na manhã do dia 18...) com a tua mensagem para mim, o texto publicado na Tabanca do Centro e a um comentário... Continuo a pensar que o Miguel e a Gisela mereciam/merecem muito mais e melhor... Este país, esta "nossa gente", tem que aprender ser grata e reconhecer o valor dos seus compatriotas, que se destacam, seja em que domínio for, incluindo na guerra e na paz. É preciso muitas vezes que esse reconhecimento venha "de fora", da "estranja"...

Até novas ordens, o poste (que estava feito, à espera de  publicado) não vai para a "pubela", como diziam os nossos beirões, alentejanos ou transmontanos dos anos 60 nos "bidonvilles" de Paris...

Vamos esperar também, o OK dos visados... Se eles disserem SIM, tu por certo dirás YES... Penso que é essa a tua vontade, afinal, porque muito os estimas e admiras.

Vistos de fora, os nossos camaradas, que são um casal, são dois heróis... Dentro da parvónia, limitaram-se a cumprir o seu dever... A história deles tem de merecer um outro olhar: tem de ser vista de cima, do Olimpo!... Que raio, com tantos comendadores da treta, não há guardião das comendas que diga: "Eh!, aquela homem e aquela mulher, aquele piloto aviador e aquela enfermeira paraquedista honraram a nossa Pátria, e têm em comum uma história bonita de coragem e de amor que deve servir de inspiração aos nossos filhos e netos"...

Acho que a questão que tu, Zé, pões, é muito interessante, a da (in)comunicação dos combatentes, vista de longe, vista da Tabancas da Lapónia e da Flórida. Os nossos queridos camaradas Miguel e Giselda não têm que responder ou acrescentar nada, já fizeram o que tinham a fazer, sem alardes... Quero/queremos que eles entendem isto como uma simples homenagem... e uma demonstração de carinho, tua e de todos nós. 


6. Comentário do Miguel, com data de ontem:

Caro Luís; se foi publicado na Tabanca do Centro, naturalmente poderá sair igualmente na Tabanca Grande... De resto, a abordagem do Zé Belo pareceu-me bastante interessante.

Aliás, de há muito que tenho um acordo com o Carlos Vinhal para reproduzirem os textos que vos possam interessar, sem mais burocracia.

Eu e a Giselda temos por hábito aceitar participar em programas (preferencialmente gravados) em que nos seja proposto falar das nossas experiências no Teatro de Operações da Guiné, fugindo a programas de entretenimento, em directo, que roçam o popularucho. E, como dizes, sou (somos) um bocado avesso(s) a dar nas vistas...(***)

Abraço.
Miguel
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Notas do editor:


(...) Aqui fica uma nova versão, por ordem alfabética. Está longe de estar completa... É apenas o embrião do proverbiário ds Tabanca Gramde... É uma recolha, onde todos/as podem colaborar... Cultivamos o humor e o humor (ainda) não paga imposto (...)

(...) Mais morto de alma do que vivo de corpo.
Mais vale um camarada vivo do que um herói...morto!
Miguel & Giselda, o casal mais 'strelado' do mundo
Muita saúde e longa vida, porque tu mereces tudo (...)

(***)  Último poste da série > 9 de março de  2017 > Guiné 61/74 - P17119: (De) Caras (68): Buruntuma, 1961: o enfermeiro Cirilo e o professor primário Timóteo Costa... (Jorge Ferreira / Mário Magalhães)

Guiné 61/74 - P17159: Notas de leitura (939): "Irmãos de Armas", por António Brito, Clube de Autor, 2016 (Mário Beja Santos)



Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 15 de Março de 2017:

Queridos amigos,
António Brito é um dos nomes consagrados da literatura da guerra colonial, devemos-lhe uma obra-prima titulada Olhos de Caçador, seguramente associado à sua experiência de paraquedista, foi combatente em Moçambique e participou em algumas das mais importantes operações em território moçambicano.
Para quem duvida que esta literatura já disse o que tinha a dizer, "Irmãos de Armas" irá surpreender os mais exigentes e os mais céticos, é um notabilíssimo romance, os Rolling Stones vão ser conhecidos desde as suas infâncias duríssimas, vamos acompanhá-los em operações arriscadíssimas e assistir ao seu triunfo, e depois o definhamento no regresso.
Como se escreve na capa do livro, a guerra transformou-os em matilha de caçadores, ninguém os treinou para viver em paz.
Que grande romance!

Um abraço do
Mário


"Irmãos de armas", por António Brito: 
Um notabilíssimo romance sobre a guerra colonial, do antes ao depois

Beja Santos

“Irmãos de Armas”, por António Brito, Clube de Autor, 2016, é um romance assombroso, daqueles que vai constar no conjunto das obras incontornáveis da literatura da guerra colonial. Devemos a António Brito uma obra-prima, um dos seis mais de sempre, "Olhos de Caçador", um herói paraquedista em Moçambique. Em Irmãos de Armas voltamos a Moçambique, vamos acompanhar a ascensão e a queda dos seis Rolling Stones, as pedras rolantes com quem se podia contar para as operações mais temíveis. Iremos à infância dura de todos estes futuros paraquedistas, no final seremos convocados para ajuizar a sua hecatombe e a homenagem que lhes prestam as mulheres amadas, mas nem sempre consideradas.

O narrador é Alex Baldaia, o alferes que comandou esta unidade combatente que percorreu os territórios mais arriscados de Moçambique, para destroçar operações da FRELIMO, arruinar-lhes equipamento de vária ordem ou laquear-lhes as redes de abastecimento. Alex vai remexer na cinza fria ao escrever o seu caderno de memórias em que um punhado de heróis condecorados, ao regressar, se tornou numa lista de pobres diabos dispersos na multidão, alucinados, traumatizados, desencontrados, delituosos.

Tudo vai começar no Dondo, Moçambique, em Setembro de 1970. A unidade dos Rolling Stones vai viver experiências emocionantes. Logo no Planalto dos Macondes, é aí que vão conhecer Filipe Maltês, Milhafre de seu nome de guerra, um piloto de helicóptero que será o companheiro de todas as sagas. Vão resgatar um desertor da FRELIMO, traz no alforge segredos comprometedores para a guerrilha. Logo o leitor irá mergulhar no horror da guerra, e arrepiar-se com as consequências na morte de um gato. Os nomes dos Rolling Stones só terão importância para lhes conhecermos as vicissitudes da vida civil, no antes e depois. No horror da guerra eles dão pelo nome de Jonas, Marradas, Cochise, Lince, Príncipe, movem-se com metralhadoras, bazucas e granadas diversas. A narrativa é compulsiva, uma autêntica montanha russa entre jovens que fogem da miséria, que emigram para os locais mais inacreditáveis mas também os mais acreditáveis, desde a América dos Peles Vermelhas até ao Barreiro. Transformaram-se em máquinas de guerra, toda esta narrativa buliçosa, explosiva, todo este linguajar de caserna socorre-se de prosopopeia, parágrafos rápidos, secos e disparados para meter o leitor no âmago das andanças, verdadeiras correrias na caça ao homem. Vamos conhecendo-lhes o passado, entremeado por cartas ou diários de mulheres influentes que quebram na trama narrativa o choque dos combates, das perseguições, das matanças. Os Rolling Stones devem ser tidos em alto conceito pelos comandos das forças armadas, dão-lhes as missões mais arriscadas, pelo caminho destroem tudo e põem as colunas guerrilheiras viradas do avesso.

Príncipe é um alferes paraquedista culto, medularmente líder, de instinto felino, um verdadeiro irmão mais velho desta pequena fraternidade. Movem-se como enguias, estes Rolling Stones, desembaraçados e expeditos, percebemos melhor a naturalidade do seu heroísmo quanto mais lemos sobre o que passaram na infância, como se endureceu o coiro e se fez um saber de experiência feito. É essa uma das notabilidades da narrativa de António Brito, não há tempo a adormecer ou esfriar a leitura, ou estamos nas profundezas de um Portugal paupérrimo ou saltamos de helicóptero para entrar na mata na caça ao homem ou resgatar algum dos nossos, que até pode ser piloto de helicóptero ou de T6. Liquida-se um grupo na Tanzânia e destrói-se todo o armamento, a escrita é envolvente e ribombante:
“Um vómito de terra e árvores jorrou do solo e elevou-se no ar. O chão fendeu-se em rasgões bárbaros, os túneis romperam-se como tripas podres cheias de peidos, vomitando gases, golfadas de trotil e ferro. Toneladas de morte destinada aos portugueses fundiram-se num pulsar da retina. Um eco de catástrofes espalhou-se pelas encostas, atordoando o vale. Reverberou mesmo depois de o solo em ruínas ter morrido desfigurado.
Da arriba nada restou. A aba encostada às cabanas ruiu como um bano falido. Naquele sítio a geografia mudara de lugar. Os mapas terão de ser refeitos.
Espalhados pela encosta, em cima das árvores, distinguimos restos de empenagens de rockets, aletas de granadas de morteiro, ferragens de metralhadora, motores de propulsão dos Strela.
Saímos dali com o coração num alvoroço.
Tínhamos aniquilado a morte”.

Este grupo de mosqueteiros audazes aproveita as pausas para frequentar bordéis, beber cervejolas, comer do bom e do melhor. Assiste ao desenvolvimento da guerra, a FRELIMO já não está só no Norte, avança para o Sul e Oeste de Moçambique, mais uma razão para os Rolling Stones destruírem corredores de abastecimento e pôr os guerrilheiros em fuga. Há quem já esteja a fazer segundas comissões, caso do sargento Sorraia, um homem da lezíria que não se ajeitou à vida de casado na Ribeira de Santarém, gosta de espalhar a sua adrenalina, não teme as balas nem a sede nem os reencontros com os frelimos.

Findo o heroísmo, em Fevereiro de 1972, regressam e a paz foi para todos eles uma tragédia. “Juntos sobrevivemos a mortes e desvarios, realizámos façanhas de epopeia que nos transfiguraram para sempre. Sabíamos que se fôssemos vivos, estivéssemos perto ou longe, não íamos faltar à chamada. Nisso podemos estar seguros, promessa feita a um camarada que combateu ao nosso lado, nos remendou as feridas do corpo e nos carregou às costas, dura mais que um talho rasgado na pedra bruta”. Alex fará a demanda de todos os seus camaradas. E no fim, para pasmo do leitor, serão as mulheres dos Rolling Stones que se encontram para os lembrar. O país de onde partiram ignora-os.

António Brito com Irmãos de Armas vem recordar-nos que a literatura da guerra colonial ainda está de muitíssimo boa saúde.
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Nota do editor

Último poste da série de 17 de março de 2017 > Guiné 63/74 - P17151: Notas de leitura (938): (D)o outro lado do combate: memórias de médicos cubanos (1966-1969) - Parte XIII: O caso do médico militar, especialista em cirurgia cardiovascular, Virgílio Camacho Duverger [IV]: o fim de uma odisseia

domingo, 19 de março de 2017

Guiné 61/74 - P17158: Blogpoesia (499): "Oração ao sol..."; "Viver é arte..." e "O camião do lixo...", poemas de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

Com a devida vénia a BE Castanheira de Pera


1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) três belíssimos poemas, da sua autoria, enviados entre outros durante a semana ao nosso blogue, que publicamos com prazer:


Viver é Arte…

Sem a chama acesa,
Na arte de viver
A rotina.
O dia-a-dia.
Chega o desânimo.
Tudo escurece.

O sabor se perde.
O ter de ser.
Depois a inércia.

Uma só saída:
Estacar a marcha
E mudar de carruagem.
Outros rumos.

Subir ao monte,
Até suar.
Descer ravinas.
Fugir dos vales.

Arrostar o mar,
Saborear-lhe a brisa,
Olhar ao longe.
Esquecer o mundo.
Suas loucuras.

Fixar o céu.
O seu azul.
A vastidão.
Tão pequeninos.
Nosso segredo.
Somos alguém.
Temos um dom
Saber esquecer. Capaz de amar…

Sete Momentos, Mafra, 14 de Março de 2017,
9h32m
Jlmg

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Oração ao sol...

Sol, cálido, terno e reluzente,
A emergir das copas tristes,
Eu te esperava,
Te saúdo veemente,
Sôfrego do teu calor.

Ascende e reina.
Em abundância.
Faz da terra teu trono em glória.
Jorrem as cores e a vida
‘Inda em semente.

Brotem flores de frutos
Por esses campos.
Se vistam as encostas e as ladeiras
Com o verde vinho a fermentar.

Haja alegria e festa,
Em toda a parte.
Pelas praias e pelas ermidas,
Em devotas orações.

Jorre a paz em cachoeiras.
Pelos povos e pelos lares…

Mafra, 15 DE Março de 2017
8h25m
Dia de sol
Jlmg

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O camião do lixo…

Vou longe e volto.
Aqui permaneço por uns três meses.
À mesma hora,
Sensívelmente,
A mata em frente,
O sol nascendo,
Frente à janela,
Ele ali passa,
Lesto, longo e recatado,
Guindaste às costas
E, nas ilhargas traseiras,
Os dois “capangas” feros,
De serviço ao lixo.

Se concentra à frente.
Acelera o motor.
O guindaste sobe.
Um cabo de aço desce
E saca do chão
Um caixotão gigante.

Um dia inteirinho,
Levou no ventre,
Sem deitar cheiro
Nem deixar rasto…

Que bom serviço!

Mafra, 17 de Março de 2017
8h01m
Jlmg
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Nota do editor

Último poste da série de 12 de março de 2017 > Guiné 61/74 - P17129: Blogpoesia (498): "Nomes e verbos..."; "Cabeleira farta de prata..." e "Nem a carvão... nem a gasolina...", poemas de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

Guiné 61/74 - P17157: Agenda cultural (547): Comemoração do Dia da Poesia, com o lançamento de 28.º livro Fim do Império, "Caminhos... dos Valores, da Guerra e da Paz", e apresentação de "Força Restante", da autoria de General Joaquim Chito Rodrigues, Livraria-Galeria Municipal Verney/Colecção Neves e Sousa, Oeiras, dia 21 de Março de 2017, às 15 horas (Manuel Barão da Cunha)



1. Mensagem do nosso camarada Manuel Barão da Cunha, Coronel de Cav Ref, que foi CMDT da CCAV 704/BCAV 705, Guiné, 1964/66, com data de hoje, 19 de Março de 2017:

Bom dia caro camarada Carlos Vinhal, 
Teremos depois de amanhã a nossa 166.ª Tertúlia, Oeiras, 28.º livro, Gen Chito Rodrigues, e dia 29, Lisboa, dois livros de Dr. Manuel Fialho, de Moura, Alf. Mil. na Guiné (anexos). 

Fique bem, abraço de 
MBC


17.º CICLO DE TERTÚLIAS DO PROGRAMA FIM DO IMPÉRIO OEIRAS

166.ª Tertúlia

Livraria-Galeria Municipal Verney/Colecção Neves e Sousa, Oeiras

Dia 21 de Março de 2017 (terça-feira), às 15 horas

Comemoração do Dia da Poesia, com lançamento de 28.º livro Fim do Império, "Caminhos... dos Valores, da Guerra e da Paz", e apresentação de "Força Restante", ambos de Âncora Editora e da autoria de General Joaquim Chito Rodrigues, com autor, editor e General Carlos António Corbal Hernandez Jerónimo.


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Nota do editor

Último poste da série de 14 de março de 2017 > Guiné 61/74 - P17139: Agenda cultural (546): Apresentação do livro de fotografia, "Buruntuma", do nosso camarada Jorge Ferreira, em Oeiras, no passado sábado, dia 4 (Parte II) - Fotos de tocadores de korá e atuação do mestre Braima Galissá

Guiné 61/74 - P17156: Convívios (787): XIX Encontro do pessoal da CCAV 2748, dia 3 de Junho de 2017, em Almeirim (Francisco Palma, ex-Soldado Condutor Auto Rodas)




1. Em mensagem do dia 14 de Março de 2017, o nosso camarada Francisco Palma (ex-Soldado Condutor Auto Rodas da CCAV 2748 / BCAV 2922, Canquelifá, 1970/72), pede-nos a divulgação do XIX Encontro do pessoal da sua CCAV, a levar a efeito no próximo dia 3 de Junho de 2017, em Almeirim.



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Nota do editor

Último poste da série de 17 de março de 2017 > Guiné 61/74 - P17152: Convívios (786): XI Encontro dos Combatentes do Ultramar do Concelho de Matosinhos, levado a efeito no passado dia 11 de Março de 2017, em Leça da Palmeira

Guiné 61/74 - P17155: Historiografia da presença portuguesa em África (72): Subsecretário de Estado das Colónias em visita triunfal à Guiné, de 27/1 a 24/2/1947 - Parte I: A consagração do governador geral, o comandante Sarmento Rodrigues, como homem reformador e empreendedor (Reportagem de Norberto Lopes, "Diário de Lisboa", 27/1/1947)


Guiné > Bissau > Julho de 1971 > Praça do Império: o monumento ao "esforço da raça"


Guiné > Bissau > julho de 1971 > O palácio do Governador (Gabinete de Urbanização Colonial / Arquitetos João António Aguiar e José Manuel Galardo Zilhão, 1945)

Fotos: © Benjamim Durães (2011). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complemntar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


















Recorte do Diário de Lisboa (diretor: Joaquim Manso), nº 8681, segunda feira, 27 de janeiro de 1947, pp. 1 e 2 .

Cortesia de portal Casa Comum > Fundação Mário Soares > Arquivos > Diário de Lisboa  / Ruella Ramos > Pasta: 05780.044.11032

Citação:
(1947), "Diário de Lisboa", nº 8681, Ano 26, Segunda, 27 de Janeiro de 1947, CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_22267 (2017-3-18)


1. Foi uma longa visita à Guiné, a do subsecretário de Estado das Colónias (sic), o engº Rui de Sá Carneiro, de 27 de janeiro de 1947 (chegada a Bissau, no navio "Guiné") a  24 de  fevereiro desse ano.

Era então governador-geral Manuel Sarmento Rodrigues (1945-1949) [, foto à esquerda, cortesia da Revista Militar]. A importância política desta visita era tanto para o governo de Salazar, na conjuntura do pós-guerra e no início do movimento de descolonização, como para o governador geral Sarmento Rodrigues, um prestigiado oficial da marinha, considerado com um "conservador liberal", com "ligações à Maçonaria" e que apoiava o Estado Novo... Tinha fama de se situar "à esquerda" do regime, com afinidades com o Marcelo Caetano, que é então o ministro das Colónias. Será o preferido de Salazar para o lugar de Ministro das Colónias, em 1950, e depois do Ultramar, em 1951 até 1949...


(...) "Membro de uma tendência conservadora liberal e maçónica que apoiou o Estado Novo, foi considerado um homem de 'esquerda' dentro do regime, que o levou a ser proposto por Marcelo Caetano para o cargo de Governador da Guiné, que exerceu entre 1945 e 1949. Aqui desenvolveu extenso trabalho na organização do território, e paralelamente impulsionou os estudos relacionados com a Guiné e a África Ocidental, criando, a colaboração de Avelino Teixeira da Mota, o Centro de Estudos da Guiné.(...)

É nessa altura que o palácio do governador, "a nova residência", segundo o enviado especial do "Diário de Lisboa", o Norberto Lopes, fica pronto, a escassos meses da visita. O edifício, que remonta aos anos 30, conheceu muitas vicissitudes e contrariedades. O projeto definitivo foi (re)desenhado em 1945 (, já que havia uma pré-existência), pelo Gabinete de Urbanização Colonial (GUC), pelos arquitetos João António Aguiar e e João Manuel Galhardo Zilhão. (O GUC tinha sido criado em finais de 1944, em Lisboa, dependente do Ministério das Colónias, cuja titular era então Marcelo Caetano.)

O palácio vai ficar pronto em 1946, por ocasião do 5º centenário do desembarque de Nuno Tristão no território, graças a um nova intervenção da brigada de Paulo Cunha. E fazia parte de um vasto conjunto de obras públicas, indelevelmente associado ao mandato do governador Sarmento Rodrigues (1945-1949) (**), o homem que é também um hábil político.

(…) “Manuel Maria Sarmento Rodrigues, oficial da Marinha portuguesa, é destacado por Marcelo Caetano para governador da Guiné, antes ainda do final da Segunda Guerra, num tempo muito próximo à formação do GUC. Durante o seu governo, a província conhece uma época de desenvolvimento, servindo de 'campo de ensaio' aos 'novos rumos da política colonial portuguesa.'(…). Este período progressista tem a sua expressão mais emblemática na revogação do 'Diploma dos Assimilados'  que valerá a Sarmento Rodrigues ser visto como tendo responsabilidades na formação de uma 'nova escola de política ultramarina' "(…). (***)

Nesta visita do engº Rui Sá Carneiro, integram-se jornalistas, um dos quais é o Norberto Lopes (1900-1989), jornalista e escritor, enviado especial do "Diário de Lisboa" que vai fazer m conjunto notável de reportagens sobre a Guiné, reportagens essas que merecem ser conhecidas dos nossos leitores: são cerca 15. Virá a  diretor do "Diário de Lisboa" entre 1956 e 1967.  Recorde-se que o "Diário de Lisboa", vespertino, publicou-se entre 1921 e 1989, e durante o Estado Novo foi sendo conotado como um jornal de referência, da "oposição democrática", O último diretor foi Ruella Ramos. 

O pretexto da visita também foi o encerramento as comemorações do descobrimento da Guiné, em 1946 (uma data, de resto, polémica, para os historiadores, a da pretensa chegada de Nuno Tristão ao território). A iniciativa era do comandante Sarmento Rodrigues,  que pôde contar com o entusiasmo e a criatividade de uma  equipe dinâmica, apostada em  conhecer, desenvolver e modernizar a Guiné, e afirmar a presença portuguesa no território, na nova conjuntura geopolítica do pós-guerra  em que os impérios coloniais se começam a desmoronar. Destaque para Avelino Teixeira da Mota, então 2º tenente, responsável pelo "Boletim Cultural da Guiné" Portuguesa" (que irá dedicar um nº especial, em outubro de 1947, a esta efeméride, o V Centenário).

Na metrópole também houve, em maio de 1946, a celebração do V Centenário do Descobrimento da Guiné. A organização da efeméride coube à Sociedade de Geografia de Lisboa, por decisão do próprio ministro das Colónias. (****).
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Notas do editor:


(**) Vd. poste de 25 de abril de 2014 >  Guiné 63/74 - P13042: Manuscrito(s) (Luís Graça (26): Revisitar Bissau, cidade da I República, pela mão de Ana Vaz Milheiro, especialista em arquitetura e urbanismo da época colonial (Parte III): Sarmento Rodrigues, o seu palácio e a sua praça do império (fotos de Benjamim Durães, julho de 1971)

(***)  Milheiro, Ana Vaz, e Dias, Eduardo Costa - A Arquitectura em Bissau e os Gabinetes de Urbanização colonial (1944-1974). usjt - arq urb , nº 2, 2009 (2º semestre), pp.80-114 [Disponível aqui em pdf ]

(****) Vd. Maria Isabel da Conceição João - Memória e Império; Comemorações em Portugal (1880-1960) - I Volume. Dissertação de doutoramento em História, Lisboa: Universidade Aberta, 1999 (Disponível aqui em pdf: https://repositorioaberto.uab.pt/bitstream/10400.2/2466/4/TD_Isabel%20João.pdf )

sábado, 18 de março de 2017

Guiné 61/74 - P17154: O Ten Cor Cav António Valadares Correia de Campos que eu conheci (3): Carlos Vinhal, ex-Fur Mil Art, MA, CART 2732, Mansabá, 1970/72, nosso coeditor


Guine > Região do Óio> Mansabá > CART 2732 (1970/72> 28 de novembro de 1971 > Interior do quartel: O Carlos Vinhal (à direita) com o o Dias, Fur Mil Mec Auto.

Foto (e legenda): © Carlos Vinhal  (2014). Todos os direitos reservados. (Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné)


Guiné > Região do Oio > Mapa de Farim (1954) >  Escala 1/50 mil > Detalhe: Posição relativa de Mansabá e Manhau... A norte fica Farim.

Infogravura: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2017)


1. Texto, recebido a  3 de novembro de 2006, há mais de 10 anos, da autoria de Carlos Vinhal,  ex-fur mil art, Minas e Armadilhas,  CART 2732, Mansabá (1970/72), nosso coeditor, e publicado sob o poste P1325 (*)

(...) Sobre nosso Coronel de Cavalaria António Valadares Correia de Campos (**), vou contar um episódio onde eu e ele fomos intervenientes.

Em 10 de Agosto de 1971 chegou a Mansabá a CART 3417, companhia independente como a nossa, para fazer o seu IAO connosco. Faziam alguma instrução no quartel e acções de patrulhamento e emboscadas no mato. A princípio integrados em pelotões da CART2732, em fase mais adiantada, sozinhos.


O Major Cav Correia de Campos, 
Comandante do COP 6

O Comandante desta Companhia [CART 3417] era um capitão muito jovem, daqueles que a determinada altura começaram a proliferar pela Guiné em virtude do desgaste dos capitães mais velhos e com algumas comissões de serviço em teatro de guerra.

No dia 28 de Agosto de 1971, pela manhã, saíram para o mato acompanhados por alguns elementos do Pelotão de Milícias 253, para uma zona não muito distante, mais propriamente para a zona da Bolanha de Manhau, a leste de Mansabá.

Por volta das 13 horas dirigia-me eu à messe para almoçar, quando o então Comandante1 do COP 6, Major Correia de Campos, encontrando-me na parada, me ordenou para eu avisar o oficial de piquete de que era preciso organizar imediatamente uma coluna auto para ir a Manhau e que o furriel de Minas e Armadilhas deveria ir também.


O Comandante da CART 3417, vítima de uma mina A/P 

na bolanha de Manhau, em 28 de Agosto de 1971

O Major Correia de Campos acrescentou que o comandante da CART 3417 tinha pisado uma mina antipessoal, precisando de evacuação urgente e que havia mais minas detectadas, pelo que era preciso neutralizá-las. Informei-o que era o meu pelotão que estava de piquete e que eu mesmo era o furriel de Minas e Armadilhas. Disse-lhe também que iria providenciar no sentido de que as suas ordens fossem cumpridas imediatamente.

Organizada a coluna, prontamente ele subiu para a viatura da frente. De pé, ao lado do condutor, com uniforme não camuflado e com os galões nos ombros, viajou até ao local para recolhermos o ferido e para eu me inteirar da quantidade de minas a neutralizar. O dia estava cinzento, caía uma chuva miudinha incessante e o percurso foi feito em picada por zonas de alto risco de contacto com o IN e de alta probabilidade de aparecimento de minas anticarro. Nem mesmo assim ele se protegeu da intempérie e das possíveis vistas do IN.

Chegados, deparámos com o capitão já assistido pelos enfermeiros da sua companhia. Tinha já a perna garrotada e estava a soro. Vociferava contra a sua falta de sorte e estava visivelmente nervoso. O caso não era para menos. Era muito novo e tinha sido ferido logo na sua primeira comissão de serviço no Ultramar.

Como se pode depreender, o moral das tropas estava muito em baixo. Foram sujeitos à mais dura provação. O seu comandante tinha sido, cedo de mais, vítima da guerra. Não estavam em condições de continuar a instrução daquele dia pelo que iriam regressar connosco.

Organizou-se a coluna de regresso ao quartel. O nosso Major e o sinistrado vieram na minha viatura. O percurso foi feito devagar para evitar solavancos exagerados.

O capitão recolheu à enfermaria para ser devidamente tratado e esperar por um heli para o evacuar para o HM 241. Eu fui aprontar o meu equipamento para voltar a Manhau, a  fim de rebentar as minas detectadas e trazer de volta os militares da CART 3417. A chuva continuava e a fome apertava, mas o dever obrigava.

Em Manhau rebentei três minas antipessoais e regressámos trazendo connosco o pessoal da 3417. Cerca das 15h00 pude comer qualquer coisa, requentada, só para não ficar em branco.


Uma coluna auto até ao HM241, em Bissau e, regresso a Mansabá: um pesadelo de 200 quilómetros

Cerca das 17h00 veio a ordem do nosso Major Correia de Campos para evacuar o comandante da CART 3417, em coluna auto, uma vez que a chuva não abrandava e os helicópteros não tinham condições para levantar.

O melhor que puderam, os enfermeiros acondicionaram o capitão numa das viaturas, para que a viagem de quase cem quilómetros até Bissau (!), debaixo de chuva intensa, se tornasse para o ferido o menos penosa possível. Só pedíamos a Deus que não tivéssemos nenhum contacto com o IN até Mansoa, porque então seria o bom e o bonito. Já bastava a chuva para complicar. O estado geral do sinistrado não era o melhor, porque já tinha passado bastante tempo desde a triste ocorrência. As horas de sofrimento físico e psicológico somavam-se.

Lá nos pusemos a caminho em marcha moderada, convencidos de que só iríamos até Mansoa. O normal seria as tropas dali continuarem até Bissau, mas não. Constatámos que não estava prevista nenhuma coluna, pelo que com muita resignação, espírito de sacrifício e altruísmo, continuámos nós a viagem até ao HM 241 onde chegámos cerca das 18h30. A viagem não se pôde fazer em velocidade elevada para não fazer sofrer ainda mais o ferido.

Voltámos tão rápido quanto possível, porque a noite já ia alta. A chuva que nos tinha acompanhado até Bissau, continuou até Mansabá.

Voltando ao senhor Coronel Correia de Campos, quem sou eu para enaltecer a sua figura? Sei apenas que era chamado para as situações mais complicadas no CTIG. A determinada altura deixou o comando do COP 6 [, em Mansabá,]  para assumir o comando noutra zona complicada da Guiné onde a sua presença era mais necessária.

Carlos Esteves Vinhal
Ex-Fur Mil Art Minas e Armadilhas
CART 2732
Mansabá, 1970/72
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 29 de novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1325: Memórias de Mansabá (7): O Comandante do COP6, Correia de Campos, e as Minas na Bolanha de Manhau (Carlos Vinhal)

Guiné 61/74 - P17153: O ten cor cav António Valadares Correia de Campos que eu conheci (2): A. Marques Lopes, cor DAF ref, ex-alf mil, CCAç 3 (Barro, 1968)


Título de caixa alta do jornal Público, "O inferno de Guidje", 5 de Novembro de 1995. Texto de Francisco de Vasconcelos; fotos da  Lusa. (Acima, à esquerda, o cor cav ref António Valadares Correia de Campos, um dos bravos de Guidaje).


Coronel de cavalaria reformado António Valadares Correia de Campos, em 1995. Foto da Lusa. Aos 50 anos, era o comandante do COP 3 e foi um dos bravos de Guidage (maio/junho de 1973. Natural de Viseu (n. cerca 1923),  faleceu em Lisboa em 2006. Vai-lhe ser prestada homenagem, em documentário televisivo, assinado pelo realizador António Pedro de Vasconcelos, pelo seu papel no 25 de Abril.

O A. Marques Lopes, com um dos seus "jagudis", da CCAÇ 3.
Foto de arquivo.
Texto enviado em 22 de outubro de 2006, por A. Marques Lopes, coronel DFA, na reforma, ex-alf mil, CART 1690, Geba,  e CCAÇ 3, Barro (1967/68), na altura  membro da direcção da delegação Norte da A25A - Associação 25 de Abril, e já publicado, no nosso blogue, há mais de 10 anos (*)

A propósito de Guidaje (...),  deixem-me aqui recordar um homem por quem fiquei com muita admiração desde a primeira vez que o conheci.

Eu conheci o tenente-coronel António Correia de Campos num dia de 1968, quando eu estava com a CCAÇ3,  de Barro, durante uma operação realizada no corredor de Sambuiá e por ele comandada (foi nessa altura também o comandante do COP 3).

No meio do fogachal de uma emboscada,  vi a sua figura insólita, para as circunstâncias, de pingalim de cavaleiro, pistola e coldre à cowboy, seguros com um fio à volta da coxa direita, sempre em pé e gritando: 
− O morteiro está à direita, uma bazucada para lá!... Fogo intenso para o lado esquerdo, é lá que está o RPG!...

Disseram-me, depois, que o Correia de Campos era mesmo assim, uma coragem e calma impressionantes. Numa outra operação na mesma zona [vd. carta de Bigene], já nos finais de 1968, também comandada por ele, o meu grupo, quando foi dada ordem de retirar, atrasou-se, porque levava um morto com o pescoço aberto por um estilhaço de rocket, e um guerrilheiro, ferido com uma rajada na barriga e deixado pelo IN, ia apoiado nos ombros de dois soldados meus (**)

Quando tivemos que atravessar uma bolanha com água muito alta (foi em plena época das chuvas) disse aos meus [soldados guineenses] para fazerem uma maca de ramos para o deitar e levá-la pela bolanha. Fizeram a maca, sim senhor, mas não quizeram pegar nela:
− É turra, deixa ficar, vem jagudi e come ele...

Pegámos nela, eu e um furriel branco. O nosso morto foi às costas de um do grupo. Só quando íamos a meio da bolanha, com água pelo peito, é que apareceram dois, muito enfiados, a oferecerem-se para levar a maca. Chegámos depois à base de operações, onde estava já o tenente-coronel Correia de Campos, um helicóptero e uma enfermeira paraquedista. Mandei formar o grupo, mesmo em frente do tenente-coronel, e dei-lhes uma piçada, chamei-lhes todos os nomes... e que nem eram bons para os gajos da raça deles... e coisas que me vieram à cabeça por estar muito lixado. Diz-me o tenente-coronel Correia de Campos, que me ouvira serenamente: −EH, pá, não te chateies, as coisas são mesmo assim... manda-os pó caralho e paga-lhes umas cervejas... Mas,  olha, a enfermeira diz que o homem já morreu, não aguentou.

Era também comandante do COP 3 [, com sede em Bigene, ] durante o cerco de Guidaje, para onde foi assim que o cerco começou (esteve lá desde 10 de Maio). No Público Magazine, de 5 de Novembro de 1995, escreveu o jornalista Francisco de Vasconcelos:

(...) “Sobre a acção de Correia de Campos no cerco (que é também destacada por Ayala Boto), um dos oficiais das forças especiais ali enviadas foi peremptório: Guidage, no fundo, não há dúvida, aguentou-se devido a ele. Foi um esforço brutal pedido a um homem de 50 anos. Uma vez terminado o cerco, Correia de Campos  − hoje reformado em coronel − esteve alguns dias preso em Bissau, devido a uma infracção cometida em época anterior por um oficial sob o seu comando...

“No meio do inferno de Guidage, o governador Spínola foi ali de helicóptero para visitar a guarnição, dirigir um apelo à coragem e patriotismo dos oficiais e anunciar-lhes que iria enviar para a região o Batalhão de Comandos Africanos. Recorda Ayala Boto, que acompanhava Spínola como ajudante de campo: À chegada, a primeira imagem que surgiu foi a de uma povoação abandonada e com um único habitante que se dirigia para o heli como se estivesse a passear na Baixa de Lisboa. Era Correia de Campos.

"Após a partida do governador, gerou-se um movimento de abandono do quartel por parte de muitos militares, que queriam ir-se embora, tendo sido impedidos de o fazer por Correia de Campos, que, lembra o próprio, se postou de sentinela, à saída do aquartelamento" (...).


Lembro que ele foi um homem do 25 de Abril: às 10 horas do dia 25 foi ele que foi enviado pelo Comando da Pontinha para ali coordenar as operações. Foi ele, mais o Jaime Neves, que entrou, a seguir, no Ministério do Exército e aí prendeu diversos oficiais superiores, incluindo o coronel Álvaro Fontoura, chefe do gabinete do ministro do Exército (este já tinha fugido).

Após o 25 de Abril foi comandante do Regimento de Lanceiros 2 até ao 25 de Novembro de 1975.

Foi um bravo e nobre militar, injustiçado depois como muitos militares de Abril. (**)

A. Marques Lopes
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 2 de novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1235: Coronel Correia de Campos: um homem de grande coragem em Sambuiá e Guidaje (A. Marques Lopes)

sexta-feira, 17 de março de 2017

Guiné 61/74 - P17152: Convívios (786): XI Encontro dos Combatentes do Ultramar do Concelho de Matosinhos, levado a efeito no passado dia 11 de Março de 2017, em Leça da Palmeira



XI ENCONTRO DOS COMBATENTES DO ULTRAMAR DO CONCELHO DE MATOSINHOS

11MAR2017

A convite da Comissão Organizadora daquele Encontro, o Núcleo esteve representado pelo seu Presidente, tendo-se realizado pelas 11h00 uma missa de sufrágio na Capela do Ruas, em Leça da Palmeira, pelos combatentes mortos em campanha e pelos que entretanto foram falecendo, e que foi presidida pelo Padre Marcelino da Capela do Sagrado Coração de Jesus de Leça da Palmeira. 


O senhor Pe. Marcelino durante a homilia

De seguida, foi tirada a foto de família na área exterior do Tryp Expo Hotel, na Rotunda da Exponor em Leça da Palmeira, sendo que pelas 12h45 se iniciou o almoço/convívio naquela unidade hoteleira. 

Da direita para a esquerda: Combatentes José Oliveira, Abel Santos, Ribeiro Agostinho e Carlos Vinhal, que compõem a Comissão organizadora do Encontro, acompanhados pelo TCor Armando Costa, um dos Convidados de Honra.

No decorrer do almoço, usaram da palavra o combatente e sócio da Liga, Ribeiro Agostinho, pela Comissão Organizadora, o Presidente do Núcleo Tenente Coronel Armando Costa, e o Presidente da Câmara de Matosinhos, Dr. Eduardo Pinheiro. 

Um aspecto da sala. Na foto a D. Edite Buínhas, nascida na Ilha das Galinhas, acompanhada pelo marido António Ferreira, combatente em Angola.

 Ribeiro Agostinho dirigindo-se às tropas em Parada

O senhor Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, Dr. Eduardo Pinheiro, já um amigo dos velhos Combatentes do Concelho, quando se dirigia aos presentes.

Entre os cerca de 120 participantes encontravam-se alguns elementos pertencentes ao Grupo Coral do Núcleo, que interpretaram alguns temas populares e o hino da Liga dos Combatentes que foi acompanhado por todos os presentes.

Mais uma apresentação do Grupo Coral do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes, que actuou mesmo sem o seu Maestro.

O bolo comemorativo do XI Convívio dos Combatentes do Ultramar do Concelho de Matosinhos

Texto e fotos: © Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes
Fixação do texto, edição e legendagem das fotos: Carlos Vinhal
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Nota do editor

Último poste da série de 16 de março de 2017 > Guiné 61/74 - P17148: Convívios (785): Magnífica Tabanca da Linha, hoje, em Cascais, Alvide, a 30ª edição (Manuel Resende)