Uma das plantas para o futuro edifício do BNU Bissau, concebida pelo arquiteto Fernando Schiappa de Campos em Março de 1973 mas que não chegou a ser construído.
1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 7 de Novembro de 2017:
Queridos amigos,
Estamos no auge da guerra, convém não esquecer, é compreensível que os relatos insistam nos entraves económicos postos pelos ingleses às colónias francesas, pontualmente território inimigo dos britânicos.
O gerente de Bissau não perde oportunidade para expender os seus pontos de vista sobre as potencialidades agrícolas da colónia, deplora a falta de arroz e as importações de milho, tudo produto da desorganização de uma terra tão rica.
Está a chegar muito ouro à Guiné graças aos negócios com estes territórios da África Ocidental francesa de resto a vida da praça não sai da rotina, veja-se a informação sobre o comércio local: "Abriram dois pequenos estabelecimentos de quinquilharias sem valor que mereça especial referência. Um do empregado da Casa Gouveia e outro de Carlos Machado, comerciante de pouco valor que se transferiu de Bolama para aqui".
É por esta altura que se dá uma importante migração de Balantas para a região de Catió, vão para a cultura do arroz. Foram e ficaram, laboriosos, estes Balantas contribuíram para mudar o rosto do Sul da colónia.
Um abraço do
Mário
Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (27)
Beja Santos
São merecedores da melhor atenção todos estes relatórios elaborados em plena Segunda Guerra Mundial, todos juntos dão-nos um quadro da vida económica social e financeira da colónia. Logo o relatório da agência de Bissau de 1942, no seu primeiro semestre, começa por dizer que a situação da praça é pouco mais ou menos a que já se registava no fim do último semestre de 1941. Há especulação:
“O comércio nacional tem mostrado uma actividade interessante, animado, talvez, pelos preços exorbitantes que está conseguindo mercê de uma acção fiscalizadora de fraca intensidade, por parte do competente organismo regulador de preços. Daqui resulta o registo de um aumento de custo de vida pouco compatível com os vencimentos do funcionalismo e da classe comercial”.
Aborda o comércio sírio:
“Pela natureza especial dos seus componentes e até pela sua localização por essa colónia toda, são os comerciantes sírios quem está em condições de melhor trabalhar às claras ou em regime de contrabando com as vizinhas colónias francesas”.
Estas vendas de mercadorias feitas pelos comerciantes portugueses e sírios saldam-se em bom dinheiro, o relatório refere quase 9 mil contos em entradas de euro. E deixa uma observação: “Atingiria este comércio proporções dignas de registo não fora o entrave feroz que lhe opõe o consulado inglês. O comerciante português ou sírio que viva apenas da compra dentro da colónia e não importe directamente, não era até há pouco grandemente afectado pelas acções dos ingleses. Porém, a rede de espionagem destes é grande em toda a colónia e vai apanhando todos os que vendem para o chão francês e apanhados ficam pouco menos que liquidados pois que é imposta ao comerciante grande fornecedor daquele, que não lhe forneça mais e este, seja português ou sírio, tem que se subordinar prontamente. Não se subordinando, nem obtém licenças de importação nem de exportação e vê os seus negócios locais paralisarem também, visto que os outros comerciantes querem fugir à mesma direcção do consulado britânico contra si. E se algum dos renitentes precisa de embarcar para fora da colónia, mesmo que seja português e mesmo que tenha todas as licenças do nosso governo para embarque, este é terminantemente proibido pelo consulado britânico”.
O relatório aponta agora, e uma vez mais, para os problemas da agricultura, o gerente não escusa as suas considerações pessoais:
“Como sempre, a colónia vive da sua agricultura. Mas vive da colheita do que o indígena semeia e não da cultura que resulta de trabalho de europeus, nem da orientação que estes dêem àquele. Assim, o indígena vai suprindo com o viático que lhe fornece a experiência e a rotina aquilo que o europeu não lhe fornece em ciência, e este vai-se limitando à função única de comprador do que aquele lhe vende. Cultura organizada é coisa que não existe na colónia. Em nosso modesto entender, esta falta pode resultar, talvez e pelo menos pelos seguintes factores:
- Nada há estudado sobre climas e sobre terra para melhor se ver o que mais convém aos produtos e aos sistemas de produção e mesmo quando a defesa das culturas contra os seus principais inimigos. Se há, não conhecemos, nem vemos que se pratica;
- Não há mão-de-obra fácil, na educação do preto, por meio de uma sábia política indígena, para este a fornecer no sentido de uma maior valorização económica da colónia que automaticamente lhe traria a ele próprio um enriquecimento de que poderia resultar até, como consequência imediata, a elevação do seu nível de vida;
- Não aparece capital a fomentar qualquer empreendimento que surja, já pelas duas razões atrás indicadas, já pelos insucessos de experiências anteriores em que o arrojo sobrelevou as outras características desses insucessos.
Remediando-se este males, e não vemos que seja impossível dar-lhe remédio, tanto mais que, o maior deles, em nosso modesto entender, é o disciplinar o indígena quanto a sistema de trabalho orientado por europeus, e o indígena é o factor supremo, poderia Guiné vir a ser uma das mais ricas colónias de Portugal.
Fala-se em civilizar o indígena e está bem. Mas civilizá-lo fora do seu conceito de civilização sem lhe dar a necessária riqueza e esta só ele a poder tirar do seu trabalho, não será apenas uma ideia vaga, imprecisa de que não resultarão finalidades práticas?
Não carecemos exemplos de ninguém. Não nos precisa interessar o sistema inglês de passagem da função colonizadora à função administrativa dos povos que submeteu.
Menos nos pode interessar o sistema alemão que faz arrancar em poucos anos 5 mil toneladas de cacau aos Camarões ou 20 mil toneladas de fibras ao Este Africano (é provável que o relator estivesse a pensar no império alemão da África Oriental constituído pelo Tanganica, Ruanda e Burundi, que se extinguiu com o Tratado de Versalhes).
Temos os nossos próprios métodos que servem de sobejo para o caso em questão e temos aqui ao lado uma colónia onde se morre de fome de vez em quando e cujo excesso populacional talvez visse até com agrado a sua transferência para aqui, onde a terra lhe daria tudo e onde eles criariam riqueza que não existem agora (…)
Temos tido sempre em mira o fito de criar riquezas melhorando a condição de tantos milhares de homens que nos estão sujeitos, livrando-os daquela inferioridade económica que fatalmente arrasta a inferioridade moral.
Com esta autoridade, que é preciso reforçar na Guiné, trabalhando mais e melhor, temos fé em merecer o respeito alheio, no apuro final a que vai dar lugar o fim da guerra quando chegar”.
E postas estas cogitações sobre o modelo de colonização que se deve instituir na Guiné, o relator passa aos aspetos práticos:
“A cultura do arroz, intensificada, é certo de alguns anos a esta parte, mostrou-se este ano insuficiente e Bissau tem assistido ao espectáculo degradante de ver massas de indígenas, até de baixo de chuvas torrenciais, dias e dias à espera de comprarem um quilo de arroz, base essencial da sua alimentação. E, a maior parte, não o obtém.
Registou-se fome. Teve de se recorrer a Angola para mandar milho que cobrisse um pouco esta miséria.
Dois factos positivamente anormais e filhos de uma desorganização de coisas que se repetirá todos os anos se não se lhe acudir.
A falta de arroz atribui-se à falta de chuvas. Mas atribui-se sem elementos sérios.
Diz-se que foi falta de chuvas e tudo fica bem.
Mas, porque não se diz que não se semeou mais para mais se colher?
Mas, porque não se diz que há terrenos e terrenos bons para a cultura do arroz e não são encaminhadas para eles as populações indígenas que os podem cultivar?
Vir milho de Angola para a Guiné!!!
Outra irrisão. A Guiné pode dar todo o milho que se queira. Quando se reconheceu que viria a haver fome por falta de arroz, era altura boa de se fazer semear milho.
Porque assim não se fez?
Porque não se cultiva a mandioca em larga escala se ela fornece uma excelente alimentação ao indígena e pode ser, devidamente seca, um produto importante de exportação?
Tudo interrogações sem fácil resposta e que deixam de estar em equação no dia em que, na colónia, apareçam homens cujo valor real, zelo, senso e boa vontade ofereçam as suas aptidões para a realização que urge fazer da valorização económica da colónia.
Existem serviços agrícolas, dir-se-á.
Existem mas é preciso reorganiza-los para lhes dar eficiência precisa para valorizarem a colónia”.
Retirado do livro “Bijagós: Património Arquitetónico”, por Duarte Pape e Rodrigo Rebelo de Andrade, Tinta-da-China, 2016, com a devida vénia
Esta imagem situada na ilha de Canhabaque, foi retirada do livro “Bijagós: Património Arquitetónico”, por Duarte Pape e Rodrigo Rebelo de Andrade, Tinta-da-China, 2016, com a devida vénia
No relatório completo de 1942 retomam-se matérias do primeiro semestre e adiantam-se novas informações.
Não se esquecem os entraves postos pelas autoridades consulares inglesas e dá-se um esclarecimento:
“Todos os que trabalham com o Senegal estão na lista negra inglesa porque os agentes consulares britânicos enquanto não entraram as tropas americanas no continente africano tinham a convicção – não sabemos se com fundamento ou sem ele – de que alguma parte dos nossos tecidos ia beneficiar as tropas germano-italianas. Mas se não era assim, iam com certeza beneficiar as colónias francesas, ao tempo em regime de franca hostilidade aos ingleses e esta agravada depois do ataque a Dakar.
Apesar de tudo isto, o negócio não parou.
Directa ou indirectamente, o ex-guarda-livros da Sociedade Comercial Ultramarina, Henrique de Oliveira, a quem a inclusão na lista negra não produziu abalo nenhum, passou a ser como que o agente directo dos negócios para o território francês, ganhando, ao que se diz, uns 3 a 4 mil contos, em comissões, transportes, etc.
Presentemente, o governo francês deve ao comércio local cerca de 18 mil contos e procura fazer o pagamento em francos, por nosso intermédio, o que não temos aceitado por ser inconveniente aos nossos interesses, aos interesses dos comerciantes e aos da própria colónia”.
Relata que está a entrar muito ouro em barra, argolas e mesmo em pó. “Particularmente, sabemos que algum desse ouro em pó já foi vendido em Lisboa a cerca de 30 escudos por grama de ouro bruto. Se o ouro que temos comprado por peso de ouro fino, a preço até mais baixo que a cotação que a sede nos dá, pudesse ver vendido àquele preço e por peso bruto, importantíssimo seria o lucro que esta filial teria obtido a favor dos interesses gerais do banco”.
(Continua)
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Notas do editor
Poste anterior de 16 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18423: Notas de leitura (1049): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (26) (Mário Beja Santos)
Último poste da série de 19 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18434: Notas de leitura (1050): “Guiné-Bolama, História e Memórias”, por Fernando Tabanez Ribeiro; Âncora Editora, 2018 (1) (Mário Beja Santos)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
sexta-feira, 23 de março de 2018
Guiné 61/74 - P18451: Notas de leitura (1051): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (27) (Mário Beja Santos)
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Guiné 61/74 - P18450: O nosso blogue em números (52): 90 mil visualizações de página / visitas nos últimos 30 dias, 3 mil por dia...
Às 21h50 de ontem, o Blogger, o nosso servidor, dava-nos esta informação (estatística) sobre o movimento do blogue, nos últimos 30 dias (de 21/2/2018 a 22/3/2018:
(i) tivemos um total de 90158 visualizações / visitas (o que dá uma média diária de 3 mil);
(ii) os valores diários variaram, nesse período, entre 2222 (mínimo), em 3 de março, e 5379 (máximo), em 21 de março de 2018;
(iii) 72,5% das visualizações vieram de 5 países: Portugal (28,3%), Reino Unido (16,5%), França (15,2) e EUA (12,5%);
(iv) atingimos ontem os 8,5 milhões de visualizações de página, de acordo com o contador do Blogger (que está ativo desde julho de 2010);
(v) a este valor temos que acrescentar o "saldo histórico" de 1,8 milhões de visualizações, registadas outro contador (entre abril de 2004, início do blogue, e julho de 2010);
(vi) o total de visualizações de página é, pois, de 10,3 milhões, desde o início do blogue;
(vii) com um total de 269 postes publicados, desde o início do ano de 2018 até hoje, a média diária é de 3,3 postes;
(viii) desde o início deste ano, foram feitos cerca de 1150 comentários, o que dá uma média 4,4 comentários por poste... Total (histórico) de comentários: 71 843;
(ix) temos 609 seguidores do nosso blogue;
(x) o número total de membros registados na Tabanca Grande, aqui no blogue, é de 766 (dos quais 61 já faleceram).
Recorde-se que temos um "livro de estilo", um conjunto de regras que não se aplicam ao Facebook. Ser "amigo do Facebook" não significa ser membro, automaticamente, da Tabanca Grande.
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Nota do editor:
Último poste da série > 18 de fevereiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18328: O nosso blogue em números (51): atingimos a cifra dos 10,2 milhões de visualizações de página, com uma média díária de mais de 2,6 mil, nos últimos 30 dias (Jorge Araújo)
Nota do editor:
Último poste da série > 18 de fevereiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18328: O nosso blogue em números (51): atingimos a cifra dos 10,2 milhões de visualizações de página, com uma média díária de mais de 2,6 mil, nos últimos 30 dias (Jorge Araújo)
Guiné 61/74 - P18449: Os nossos seres, saberes e lazeres (258): Uma viagem a Veneza (Francisco Baptista, ex-Alf Mil Inf)
1. Em mensagem do dia 19 de Março de 2018, o nosso camarada Francisco Baptista (ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2616/BCAÇ 2892 (Buba, 1970/71) e CART 2732 (Mansabá, 1971/72), enviou-nos um relato da sua viagem à Veneza.
VIAGEM A VENEZA
As grandes cidades com as suas paisagens arquitectónicas grandiosas formadas por praças, ruas, avenidas e ruelas típicas, os seus monumentos, jardins, palácios e igrejas catedrais, provocam-me uma grande emoção estética sobretudo ao primeiro impacto. Era ainda adolescente, um dia em que percorri a Baixa do Porto pela primeira vez, e senti uma exaltação, a par de um grande entusiasmo, que nunca esqueci.
Foi assim em Veneza, essa cidade monumental italiana, cidade anfíbia que parece ter nascido das águas do Adriático. Saímos cedo, eram sete horas, da estação central de Munique, manhã muito nublada, algo fria, com chuva intermitente, aborrecida, esparsa que nos irá acompanhar em toda a viagem de comboio, pela Baviera, Áustria e Itália para desembarcarmos, cerca das 14 horas, na estação de caminhos de ferro de Santa Lúcia em Veneza. Estamos em Itália, terra de muita música popular e clássica, de muitas canções que alegram o espírito, tal como a canção napolitana que parece ecoar nos meus ouvidos por ter o mesmo nome desta Estação de Comboios.
A poucos metros da estação, entramos num cais para apanhar um barco no Grande Canal, dessa grande baía do mar Adriático povoada de pequenas ilhas percorridas por muitos canais, onde foi construída esta cidade fluída, ao nível do mar e que com ele se mistura, se confunde e nele se reflecte. Depois de algumas paragens, desembarcamos no cais da Praça de S.Marcos, no centro histórico da cidade. Durante três dias iremos percorrer e admirar, já com bastante sol, estas ruas de água que ondulam suavemente, ruas e vielas de pedra dura perdidas numa emaranhado de pontes e canais. E a música de Vivaldi, que cai do céu como neve branca e suave ou nasce do bailar das águas inunda de luz a Praça de S. Marcos, a Basílica e o Palácio dos Doges. Hoje ao recordar essa viagem quase irreal, eu que amo a literatura e a música, mais do que as outras artes, sinto o "Adágio" in G Minor de Albinoni entrar-me nos ouvidos em toadas lentas, tal como alguns acordes das "Quatro Estações" de Vivaldi, um e outro compositores da cidade, ao ritmo das pequenas ondas que as marés criam nos canais de Veneza enquanto a nostalgia se instala no meu espírito com a melancolia deste dia húmido e nublado. A melancolia que se deixa misturar com sentimentos, memórias, sensações, é um estado de alma a que nos habituamos, que nos deixa suspensos entre a felicidade e a tristeza.
A Praça de S.Marcos é enorme e ampla, ladeada por edifícios nobres e clássicos onde se distingue pela beleza e elegância da sua arquitectura e escultura a Basílica de S. Marcos que tem algumas semelhanças com outras igrejas da antiga cidade de Constantinopla hoje Istambul. Toda a arquitectura da cidade parece sofrer duma forte influência do Levante que aliás lhe dá outra graça e leveza.
No Palácio dos Doges, o outro grande monumento que encima a Praça de S. Marcos, está personificado todo o poder e riqueza dessa República de comerciantes nobres e burgueses, que abre o seu interior em grandes salas que deslumbram o viajante pela beleza das suas tapeçarias, esculturas e pinturas. Nas salas, salões e gabinetes do Palácio dos Doges, estava concentrado todo o poder executivo, legislativo, judicial e não faltava sequer uma cadeia que funcionava na cave.
É sabido que Veneza dominou durante séculos o comércio entre o Oriente e o Ocidente e o seu poder e riqueza tiveram essa origem. Só os Portugueses a partir dos séculos XV e XVI com a descoberta do caminho marítimo para a Índia por Vasco da Gama, conseguiram alterar essa rota comercial para Lisboa, tendo Portugal beneficiado de algumas décadas de riqueza enquanto a República de Veneza definhava. Os Venezianos ao tempo chegaram a armar uma esquadra do mameluco do Egipto para combater a esquadra de Afonso de Albuquerque na Índia. Nessa batalha Afonso de Albuquerque derrotou os egípcios. O comércio com a Arábia, a Mongólia, China e a Índia, antes das grandes navegações era feito por terra, seguindo a rota da seda nas suas variantes, e o escritor, comerciante e aventureiro veneziano Marco Polo, dos séculos XIII e XIV, que durante longos anos por lá andou descreveu essas rotas e esse intercâmbio nas suas Viagens, num livro que teve um enorme êxito em toda a Europa. Os Portugueses ao dobrarem o Cabo da Boa Esperança, encurtaram as distâncias entre esses mundos e ajudaram a aproximar os continentes. Antes da exploração do espaço no século anterior pelos americanos e russos, os grandes exploradores da Terra foram eles, os nossos antepassados.
No Palácio dos Doges tivemos oportunidade de apreciar uma grande exposição de jóias e pedras preciosas raras, de uma beleza límpida e cintilante "Tesouros dos Mongóis e dos Marajás", que nos transportava ao tempo em que a cidade comerciava com esses nababos do Oriente.
Em terra firme, onde não há trânsito automóvel, nem de motociclos se bem me lembro, as ruas no geral são pouco largas, predominando as ruas estreitas, as vielas e chega a haver ruelas onde dois homens dificilmente se podem cruzar. Em certas zonas forma-se um tal labirinto de ruas, ruelas, canais e pontes que o viajante se sente perdido se não tiver como nós uma guia e interprete para nos levar a todas as partes com os seus conhecimentos e com a ajuda dos astros.
De cima do Campanário de S. Marcos, toda a cidade se mostra, plana, ao nível do mar, os edifícios no geral têm uma altura modesta de cidade antiga, com um ar decadente também pela acção erosiva da brisa marítima, onde se multiplicam e sobressaem pela sua altura os campanários e torres das igrejas. É uma visão magnífica e repousante que a cidade nos oferece para todos os horizontes e nos leva a reflectir sobre a beleza do seu conjunto e sobre os seus mais de mil anos de História.
Nós como os milhares de turistas que diariamente a visitam, fomos lá chamados pela fama dessa beleza única, porque Veneza encerrada na neblina do mar, na neblina da História e dos seus mitos, só revela a sua magia quando navegamos as suas águas e percorremos as suas calçadas.
Há as gondolas que singram pelos canais com a elegância de aves marítimas que dão um toque romântico a essa terra onde nasceu e se criou, talvez o homem mais romântico e amado pelas mulheres. Giacomo Casanova, o autor da "História da Minha Vida", escritor, aventureiro, libertino, culto, matemático, ficou sobretudo conhecido em toda a Europa como um grande sedutor, maior do que todas os D. Juans de que fala a literatura, que não existiram pois foram criados pela imaginação de escritores.
Foi um homem que no seu tempo, pela sua presença, pelas suas palavras e pelas suas qualidades intelectuais, exerceu uma grande atracção sobre as damas nobres e outras mais pobres de Veneza e outras cidades. Poderia ser padre, ainda andou a estudar para tal mas descobriu que a sua vocação era outra. Dizem, ele escreveu, que terá sido intimo de muitas mulheres e que terá sido fiel a todas pois nunca terá feito promessas que não pudesse cumprir.
Por causa das suas aventuras, a Sereníssima República de Veneza terá tido alguns tempos agitados. A sua vida. sem lei nem regras, de jogo, e de conquistas, perturbava os nobres e cardeais da cidade pelo que acabou por ser julgado e preso nos calabouços do Palácio dos Doges, donde conseguiu fugir, tendo ido para Paris, onde viveu alguns anos e também noutras cidades da Europa.
Os grandes sedutores, poucos e raros, são homens que apreciam muito as mulheres, as conhecem, adivinham os seus desejos e conhecem as leis do amor. As mulheres gostam deles mesmo quando os recusam porque elas sabem que não há outro homem que lhes dê tanto valor, que saiba olhar para elas com discrição, respeito e admiração e que lhes saiba falar mesmo sem falar de amor.
Veneza na nossa imaginação está também associada ao Carnaval e aos seus cortejos com trajes e máscaras elegantes que procuram retratar as festas carnavalescas da sua a nobreza antiga e rica. Há muitas lojas na cidade a vender esses adereços que fazem parte da indústria turística.
Por toda a Terra é quase inevitável que os portugueses em turismo ou trabalho se cruzem com outros e quando isso acontece há sempre alguma conversa em que identificamos as origens e quando nos despedimos e já com emoção e saudades da Pátria. Portugueses eram dois, uma jovem senhora e um homem ainda mais jovem, técnicos dum serviço social, ao serviço da Comunidade Europeia, jantavam com dois jovens, ele italiano e ela polaca, do mesmo serviço. Sentamo-nos, por acaso, em mesas contíguas e nós ou eles ouvimos falar a nossa língua e estabeleceu-se logo um diálogo animado que terá durado quase uma hora.
Como bons portugueses, sentimentais, o adeus foi com beijos e abraços.
Procuro partilhar convosco meus amigos mais uma viagem da minha vida que me despertou os sentidos e as melhores emoções e ficará no álbum das minhas recordações para sempre.
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Notas do editor
Último poste de Francisco Baptista de 7 de fevereiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18294: Brunhoso há 50 anos (13): Viagens de comboio ao Porto (Francisco Baptista, ex-Alf Mil da CCAÇ 2616 e CART 2732)
Último poste da série de 17 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18428: Os nossos seres, saberes e lazeres (257): Em Bruxelas, para comemorar 40 anos de uma amizade (7) (Mário Beja Santos)
quinta-feira, 22 de março de 2018
Guiné 61/74 - P18448: (D)outro lado do combate (23): "Plano de operações na Frente Sul" (Out-dez 1969) > Ataque a Bolama em 3 de novembro de 1969 - II (e última) Parte (Jorge Araújo)
PAIGC - Combatentes cambando um rio, de canoa
Citação: (1963-1973), "[dez?] Combatentes do PAIGC atravessando um rio de canoa", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_44127 (2018-3-10), com a devida vénia.
Jorge Alves Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger, CART 3494
(Xime-Mansambo, 1972/1974); coeditor do blogue desde março de 2018
GUINÉ: (D)O OUTRO LADO DO COMBATE >"PLANO DE OPERAÇÕES NA FRENTE SUL" [OUT-DEZ 1969] - ATAQUE A BOLAMA EM 3 DE NOVEMBRO DE 1969 (AO TEMPO DA CCAÇ 13 E CCAÇ 14)
(II e última parte)
1. INTRODUÇÃO
Com este segundo e último fragmento relacionado com o ataque a Bolama, em 3 de Novembro de 1969, 2.ª feira, damos por concluída a análise à terceira missão do "plano de acções militares", de um conjunto de nove flagelações a diferentes aquartelamentos das NT, situados nas regiões de Quinara e de Tombali, todas agendadas para o último trimestre desse ano.
No caso particular da flagelação à cidade de Bolama, as forças mobilizadas pelo PAIGC eram constituídas por cerca de cento e vinte elementos, correspondentes a um grupo de artilharia com duas peças "GRAD", cada uma delas preparada para projectar dois foguetes de 122 mm, e três bigrupos de infantaria, para segurança aos artilheiros, todos agindo sob as ordens do comandante Umaru Djaló (1940-2014) que, como foi referido na parte I deste trabalho [P18439], viria a morrer a 29 de Maio de 2014, no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, com 74 anos.
Este efectivo mais reduzido, quando comparado com os anteriores, é justificado pelos seus objectivos específicos e, também, pelo facto de estarem programados outros ataques para os dias imediatos, como eram os casos de Cacine e Cabedú, por esta ordem, conforme pode ser confirmado no quadro abaixo.
Para a concretização desta missão, os efectivos referidos tiveram que percorrer a pé cerca de setenta quilómetros, correspondente à distância entre a base de saída [Botché Chance] e o local escolhido para a posição de fogo [Ponta Bambaiã]. Este percurso demorou cinco dias, com a partida a acontecer às 17 horas do dia 29 de Outubro, 4.ª feira, e a chegada à Ponta Bambaiã às 16 horas do dia 3 de Novembro de 1969, 2.ª feira, o que equivale a uma caminhada média/dia de quinze quilómetros.
O percurso foi o seguinte: saída de Botché Chance pelas 17 horas do dia 29 de Outubro de 1969, 4.ª feira. Cambança do rio em Botché Col até às imediações de Gândua (dia 30). Nova cambança do rio Tombali em Iangue com chegada à Bolanha Longe (dia 1). Travessia de novo plano de água até atingir Paiunco de manhã (dia 3), com chegada a Ponta Bambaiã pelas 16 horas, onde iniciaram os preparativos do ataque.
Cumpridos os objectivos da missão, que durou dez minutos, os elementos desta força regressaram às suas origens, utilizando o mesmo itinerário mas, agora, em sentido inverso.
Referimos, uma vez mais, que para a elaboração desta narrativa, como para todas as outras que fazem parte deste dossiê específico, já publicadas ou a publicar, foi utilizado o relatório "das operações militares na Frente Sul" [http://hdl.handle.net/11002/fms _dc_40082 (2018-1-20)], documento dactilografado em formato A/4, sem capa e sem referência ao seu autor, localizado no Arquivo Amílcar Cabral, existente na Casa Comum – Fundação Mário Soares.
O percurso foi o seguinte: saída de Botché Chance pelas 17 horas do dia 29 de Outubro de 1969, 4.ª feira. Cambança do rio em Botché Col até às imediações de Gândua (dia 30). Nova cambança do rio Tombali em Iangue com chegada à Bolanha Longe (dia 1). Travessia de novo plano de água até atingir Paiunco de manhã (dia 3), com chegada a Ponta Bambaiã pelas 16 horas, onde iniciaram os preparativos do ataque.
Cumpridos os objectivos da missão, que durou dez minutos, os elementos desta força regressaram às suas origens, utilizando o mesmo itinerário mas, agora, em sentido inverso.
Referimos, uma vez mais, que para a elaboração desta narrativa, como para todas as outras que fazem parte deste dossiê específico, já publicadas ou a publicar, foi utilizado o relatório "das operações militares na Frente Sul" [http://hdl.handle.net/11002/fms _dc_40082 (2018-1-20)], documento dactilografado em formato A/4, sem capa e sem referência ao seu autor, localizado no Arquivo Amílcar Cabral, existente na Casa Comum – Fundação Mário Soares.
Recordam-se, com vista aérea de Bolama e respectiva legenda, os espaços mais frequentados pelos militares durante a sua premanência naquela cidade. Imagem postada pelo camarada grã-tabanqueiro ex-Alf Mil Rui G. Santos, Bedanda e Bolama da 4.ª CCAÇ (1963/1965) – in: http://riodosbonssinais.blogspot.pt/search/label/bolama ou "Bolama… no meu tempo – Guerra do Ultramar", com a devida vénia.
No CIM (Centro de Instrução Militar) de Bolama, em finais de Outubro de 1969, estavam em fase de conclusão de instrução/formação mais duas Companhias de Caçadores designadas por CCAÇ 13 e CCAÇ 14, saídas da união entre praças africanas do Recrutamento Local e oficiais, sargentos e praças especialistas oriundos da Metrópole. Os quadros metropolitanos destas novas Unidades Independentes, mobilizados pelo Regimento de Infantaria 16, de Portalegre, pretenciam à CCAÇ 2591, que deu origem à CCAÇ 13, e a CCAÇ 2592 à CCAÇ 14, respectivamente.
No caso deste ataque a Bolama, ele foi presenciado pelos colectivos das duas Unidades acima, uma vez que se encontravam no cais da cidade preparando-se para o embarque em LDG, rumo a Bissorã e a Cuntima, locais onde passariam a desempenhar as suas missões operacionais.
No CIM (Centro de Instrução Militar) de Bolama, em finais de Outubro de 1969, estavam em fase de conclusão de instrução/formação mais duas Companhias de Caçadores designadas por CCAÇ 13 e CCAÇ 14, saídas da união entre praças africanas do Recrutamento Local e oficiais, sargentos e praças especialistas oriundos da Metrópole. Os quadros metropolitanos destas novas Unidades Independentes, mobilizados pelo Regimento de Infantaria 16, de Portalegre, pretenciam à CCAÇ 2591, que deu origem à CCAÇ 13, e a CCAÇ 2592 à CCAÇ 14, respectivamente.
No caso deste ataque a Bolama, ele foi presenciado pelos colectivos das duas Unidades acima, uma vez que se encontravam no cais da cidade preparando-se para o embarque em LDG, rumo a Bissorã e a Cuntima, locais onde passariam a desempenhar as suas missões operacionais.
De entre aqueles que viveram a emoção/tensão de ouvirem e sentirem o rebentamento dos foguetes 122 mm, recupero os testemunhos dos camaradas ex-furriéis Carlos Fortunato (CCAÇ 13/CCAÇ 2591) e Eduardo Estrela (CCAÇ 14/CCAÇ 2592), ambos membros da nossa «Tabanca».
Carlos Fortunato refere que "no dia 3/11/1969 quando a CCAÇ 13 [CCAÇ 2591 - "Os Leões Negros"] estava no cais de Bolama, preparando-se para embarcar numa LDG [rumo a BISSORÃ], ouviu-se um longínquo 'pof' vindo da parte continental (zona de Tite). Um dos africanos disse 'saída' sorrindo, mas logo a seguir passaram sobre as nossas cabeças 3 [no relatório constam quatro] foguetões de 122 mm. Um acertou numa das pequenas vivendas que corriam ao lado da rua principal [imagem abaixo], que ligava o porto ao largo principal da cidade, apenas a uns escassos 30m do local onde estávamos. Outro caiu no largo principal um pouco mais acima, e o terceiro mais longe, já fora da zona habitacional. Corremos de imediato para o local dos impactos para prestar assistência às eventuais vítimas, mas felizmente apenas houve ferimentos muito ligeiros entre a população". […] "Os morteiros 107 mm existentes no quartel de Bolama responderam ao fogo". […] [sítio: CCAÇ 13 – Os leões Negros: Memórias da Guerra na Guiné (1969/71)]. [P9337].
Guiné > Arquipélago dos Bijagós > Bolama > Rua principal de Bolama, onde caiu o primeiro foguete 122 mm. Imagem postada pelo camarada grã-tabanqueiro ex-Alf Mil Rui G. Santos, Bedanda e Bolama da 4.ª CCAÇ (1963/65) – in "Bolama… no meu tempo – Guerra do Ultramar", com a devida vénia.
Por outro lado, Eduardo Estrela, da CCAÇ 14 [CCAÇ 2592], acrescenta que "partimos em 3 de Novembro de 1969 para a zona operacional que nos tinha sido destinada, CUNTIMA, junto à linha de fronteira do Senegal. Ainda em Bolama (…) sofremos, à hora da saída da LDG, um ataque onde o PAIGC utilizou pela primeira vez foguetões terra-terra. Ninguém sabia que tipo de armamento o PAIGC utilizara e só em Bissau, no dia seguinte, nos foi comunicado o tipo de arma". [P11365].
Guiné > Região do Óio > Cuntima (1970) – 4.º Pelotão da CCAÇ 14, do ex-fur António Bartolomeu, o 1.º da direita. [P9456], com a devida vénia.
Para concluir esta narrativa histórica resta-nos referir, no ponto seguinte, alguns aspectos técnicos relacionados com o uso da peça "GRAD", arma utilizada neste ataque a Bolama, assim como dos resultados obtidos que constam no relatório.
Encerraremos o trabalho apresentando os quadros das baixas [mortes] de cada uma das Unidades, desde a sua criação [1969] até ao final do conflito [1974].
Encerraremos o trabalho apresentando os quadros das baixas [mortes] de cada uma das Unidades, desde a sua criação [1969] até ao final do conflito [1974].
3. O ATAQUE A BOLAMA EM 3NOV1969… COM FOGUETES 122 MM "GRAD" LANÇADOS DA PONTA BAMBAIÃ
Objectivos da acção:
O objectivo definido para esta acção previa o bombardeamento de Bolama, através da utilização de quatro foguetes 122 mm lançados de duas peças "GRAD" colocadas na orla costeira da zona sudoeste da região de Quinara, mais precisamente na Ponta Bambaiã [ver imagem de satélite abaixo].
Porém, a escolha deste local está ligado a muitos outros antecedentes históricos. O primeiro de todos, a 23 de Janeiro de 1963, teve por cenário o ataque ao quartel de Tite, aquele que ficaria gravado como o do início do conflito armado, e que faz parte da mesma região, Quinara.
De acordo com a obra do historiador africano Leopoldo [Victor
Teixeira] Amado, nascido em Catió em 1960, e que em 2010 concluiu o seu doutoramento em História Contemporânea pela Universidade de Lisboa [, e j+a na altura membro da nossa Tabanac Grande], nela é referido que "a partir do dia 12 de Março de 1963 o PAIGC aumentou substancialmente a sua actividade. Assim, destruíram vários pontões nas áreas de Tite e de Buba; flagelaram Dar-es-Salam, na península de Empada; cortaram as estradas de acesso a esta povoação e os locais de embarque para Bolama; incendiaram o barco a motor da carreira Bolama-Ponta Bambaiã; impediram o carregamento de mancarra e arroz num barco atracado em Dana, a nordeste de Fulacunda, no rio Corubal; atacaram a tabanca fula de Priame, junto a Catió; flagelaram Cufar e Fulacunda… […] Finalmente, em 25 [Março'63], capturaram no porto de Cafine (rio Cumbijã) os barcos a motor «Mirandela», da Casa Gouveia, e «Arouca», da Casa Brandão, tendo-os levado para a República da Guiné-Conacri com a conivência de parte da tripulação". In: "Guineidade & Africanidade: Estudos, Crónicas, Ensaios e Outros Textos", Lisboa, Edições Vieira da Silva, 2013, pp 117-118.
A 30 de Março de 1963, cinco dias depois desta ocorência, Amílcar Cabral (1924-1973) dirige uma carta a "Nino" Vieira [MARGA, pseudónimo de guerra] elogiando o seu desempenho na captura dos barcos, nos seguintes termos:
"Em particular quero felicitar-te pela operação que terminou pelo envio para aqui dos motores «Mirandela» e «Arouca». Esta operação, pela sua importância no quadro da nossa luta, do género de luta que o nosso Partido adoptou, pelo sucesso total de que foi coroado, vem provar-nos que somos capazes de realizar tudo o que o nosso Partido projectou fazer para a conquista da liberdade, e para a construção da felicidade do nosso povo". […]
O objectivo definido para esta acção previa o bombardeamento de Bolama, através da utilização de quatro foguetes 122 mm lançados de duas peças "GRAD" colocadas na orla costeira da zona sudoeste da região de Quinara, mais precisamente na Ponta Bambaiã [ver imagem de satélite abaixo].
Porém, a escolha deste local está ligado a muitos outros antecedentes históricos. O primeiro de todos, a 23 de Janeiro de 1963, teve por cenário o ataque ao quartel de Tite, aquele que ficaria gravado como o do início do conflito armado, e que faz parte da mesma região, Quinara.
De acordo com a obra do historiador africano Leopoldo [Victor
Teixeira] Amado, nascido em Catió em 1960, e que em 2010 concluiu o seu doutoramento em História Contemporânea pela Universidade de Lisboa [, e j+a na altura membro da nossa Tabanac Grande], nela é referido que "a partir do dia 12 de Março de 1963 o PAIGC aumentou substancialmente a sua actividade. Assim, destruíram vários pontões nas áreas de Tite e de Buba; flagelaram Dar-es-Salam, na península de Empada; cortaram as estradas de acesso a esta povoação e os locais de embarque para Bolama; incendiaram o barco a motor da carreira Bolama-Ponta Bambaiã; impediram o carregamento de mancarra e arroz num barco atracado em Dana, a nordeste de Fulacunda, no rio Corubal; atacaram a tabanca fula de Priame, junto a Catió; flagelaram Cufar e Fulacunda… […] Finalmente, em 25 [Março'63], capturaram no porto de Cafine (rio Cumbijã) os barcos a motor «Mirandela», da Casa Gouveia, e «Arouca», da Casa Brandão, tendo-os levado para a República da Guiné-Conacri com a conivência de parte da tripulação". In: "Guineidade & Africanidade: Estudos, Crónicas, Ensaios e Outros Textos", Lisboa, Edições Vieira da Silva, 2013, pp 117-118.
A 30 de Março de 1963, cinco dias depois desta ocorência, Amílcar Cabral (1924-1973) dirige uma carta a "Nino" Vieira [MARGA, pseudónimo de guerra] elogiando o seu desempenho na captura dos barcos, nos seguintes termos:
"Em particular quero felicitar-te pela operação que terminou pelo envio para aqui dos motores «Mirandela» e «Arouca». Esta operação, pela sua importância no quadro da nossa luta, do género de luta que o nosso Partido adoptou, pelo sucesso total de que foi coroado, vem provar-nos que somos capazes de realizar tudo o que o nosso Partido projectou fazer para a conquista da liberdade, e para a construção da felicidade do nosso povo". […]
Citação: (1963), Sem Título, CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/ 11002/fms_dc_36648 (2018-3-10)
1. Localização exacta da posição de fogo no mapa.
2. Medição, pelo mapa, da distância entre a posição de fogo e o centro da cidade – 9.800 metros.
3. Localização no terreno e no mapa de um ponto de referência bem determinado (observatório do porto de Bolama).
4. Medição, pelo mapa, do desvio angular entre a direcção do ponto de referência escolhido e a direcção de fogo – o-35, à esquerda.
5. Determinação aproximada das correcções a introduzir em virtude da pressão atmosférica e temperatura – (-100 metros).
6. Determinação da alça pela tabela de tiro.
7. Determinação da deriva a partir do ponto de referência. Como há que introduzir sempre uma correcção de (0-35, à direita) resultou que a deriva foi de 30-00 apontando para o ponto de referência.
8. Instalação das peças, introdução dos dados obtidos e fogo.
Reacção das tropas colonialistas que abriram fogo de várias armas – metralhadoras, morteiros, canhões (de barco), sem no entanto terem localizado o local donde tinham partido os foguetes.
Retirada sem problemas pelo mesmo itinerário do acesso ao lugar.
Resultados
Segundo informações [pouco ou nada] fidedignas, na manhã do dia 4 de Novembro, 3.ª feira, ainda havia incêndio em Bolama. Todos os obuses caíram dentro da cidade e provocaram grandes destruições.
Na impossibilidade da elaboração de uma infogravura referente ao itinerário percorrido pelas forças mobilizadas para este ataque, já referido na introdução, optei por utilizar a imagem de satélite abaixo, indicando a vermelho a Ponta Bambaiã, local escolhido para o disparo dos foguetes 122 mm sobre Bolama.
4. BAIXAS
- CCAÇ 13 (ex-CCAÇ 2591)
Desde a sua criação [Nov'1969], a CCAÇ 13 contabilizou 9 (nove) baixas, sendo 2 (duas) do Contigente Metropolitano e 7 (sete) do Recrutamento Local.
Desde a sua criação [Nov'1969], a CCAÇ 14 contabilizou 8 (oito) baixas, sendo 2 (duas) do Contigente Metropolitano e 6 (seis) do Recrutamento Local.
Continua…
Obrigado pela atenção.
Com forte abraço de amizade,
Jorge Araújo.
21MAR2018.
________________
Nota do editor:
Ultimo poste da série > 20 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18439: (D)outro lado do combate (22): "Plano de operações na Frente Sul" (Out-dez 1969) > Ataque a Bolama em 3 de novembro de 1969 - Parte I (Jorge Araújo)
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Guiné 61/74 - P18447: Convívios (845): 68.º Encontro da Tabanca do Centro: Monte Real, 4 de abril... Inscrições até ao dia 30 de março, às 12h00
Tabanca do Centro, Monte Real, Leiria
1. Notícias dos amigos e camaradas da Tabanca do Centro:
Estão abertas as inscrições para o 68º encontro da Tabanca do Centro, a realizar no próximo dia 4 de Abril.
Como habitualmente, o almoço-convívio terá lugar no salão de festas anexo à Igreja de Monte Real, amavelmente disponibilizado pela respectiva paróquia.
Tendo em conta que a última quarta-feira de Março coincide com o período da Semana Santa e considerando ainda que no mês de Abril não vai ser realizado o habitual convívio da Tabanca do Centro dada a sua proximidade com o Encontro Nacional da Tabanca Grande, optou-se por adiar a realização do nosso 68º encontro, passando-o para a quarta-feira seguinte, 4 de Abril.
O que até poderá proporcionar uma comemoração extra, pois temos dois habituais participantes que festejam o seu aniversário nessa data. Assim possam e queiram estar presentes…
Têm até às 12h00 da sexta-feira anterior (30 de Março) para efectuarem a vossa inscrição.
Como temos referido anteriormente, esta é a única oportunidade que a D. Preciosa tem de fornecer aos seus clientes habituais o cozido à portuguesa, por não dispor dessa capacidade nas suas instalações habituais, necessitando por isso de um prazo um pouco mais alargado para planear (e divulgar) a sua disponibilidade para servir outros clientes na capacidade sobrante.
O preço da refeição mantém-se nos 10 euros por pessoa. E a ementa é o prato de referência da casa - o Cozido à Portuguesa.
Como habitualmente o almoço é antecedido de uma concentração do pessoal no Café Central a partir das 12H30, estando a ida para o almoço programada para as 13H30.
Se pretenderem trazer crianças não se esqueçam de o referir – mesmo não pagando, os pequeninos continuam a precisar de um lugar reservado à mesa…
2. LISTA (PROVISÓRIA) DE INSCRIÇÕES (n=28)
Agostinho Gaspar, Isabel Gaspar e Miguel Gaspar
António Sousa
Benjamim Mira Dinis
Carlos Augusto Pinheiro
Carlos Manata
Carlos Prata
Diamantino Ferreira e Emília Ferreira
Joaquim Mexia Alves
José Eduardo Oliveira (JERO)
José Luís Rodrigues
Manuel Augusto Reis
Manuel Frazão Vieira
Manuel Lopes e Hortense Mateus
Manuel Mendes e Lina Mendes
Miguel Pessoa e Giselda Pessoa
Paulo Moreno
Silvério Lobo, Linda Lobo, Lobinho e Joaquim Silva
Silvino Correia d’Oliveira
Vitor Caseiro
____________
Nota do editor:
Último poste da série > 21 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18444: Convívios (844): Magnífica Tabanca da Linha > Operação Cabrito-Pé-de-Rocha > Serão 64 os bravos convivas sentados à mesa do restaurante "Caravela de Ouro", Algés, 5ª feira, dia 22, às 13h00
Como habitualmente, o almoço-convívio terá lugar no salão de festas anexo à Igreja de Monte Real, amavelmente disponibilizado pela respectiva paróquia.
Tendo em conta que a última quarta-feira de Março coincide com o período da Semana Santa e considerando ainda que no mês de Abril não vai ser realizado o habitual convívio da Tabanca do Centro dada a sua proximidade com o Encontro Nacional da Tabanca Grande, optou-se por adiar a realização do nosso 68º encontro, passando-o para a quarta-feira seguinte, 4 de Abril.
O que até poderá proporcionar uma comemoração extra, pois temos dois habituais participantes que festejam o seu aniversário nessa data. Assim possam e queiram estar presentes…
Têm até às 12h00 da sexta-feira anterior (30 de Março) para efectuarem a vossa inscrição.
Como temos referido anteriormente, esta é a única oportunidade que a D. Preciosa tem de fornecer aos seus clientes habituais o cozido à portuguesa, por não dispor dessa capacidade nas suas instalações habituais, necessitando por isso de um prazo um pouco mais alargado para planear (e divulgar) a sua disponibilidade para servir outros clientes na capacidade sobrante.
O preço da refeição mantém-se nos 10 euros por pessoa. E a ementa é o prato de referência da casa - o Cozido à Portuguesa.
Como habitualmente o almoço é antecedido de uma concentração do pessoal no Café Central a partir das 12H30, estando a ida para o almoço programada para as 13H30.
Se pretenderem trazer crianças não se esqueçam de o referir – mesmo não pagando, os pequeninos continuam a precisar de um lugar reservado à mesa…
2. LISTA (PROVISÓRIA) DE INSCRIÇÕES (n=28)
Agostinho Gaspar, Isabel Gaspar e Miguel Gaspar
António Sousa
Benjamim Mira Dinis
Carlos Augusto Pinheiro
Carlos Manata
Carlos Prata
Diamantino Ferreira e Emília Ferreira
Joaquim Mexia Alves
José Eduardo Oliveira (JERO)
José Luís Rodrigues
Manuel Augusto Reis
Manuel Frazão Vieira
Manuel Lopes e Hortense Mateus
Manuel Mendes e Lina Mendes
Miguel Pessoa e Giselda Pessoa
Paulo Moreno
Silvério Lobo, Linda Lobo, Lobinho e Joaquim Silva
Silvino Correia d’Oliveira
Vitor Caseiro
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Nota do editor:
Último poste da série > 21 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18444: Convívios (844): Magnífica Tabanca da Linha > Operação Cabrito-Pé-de-Rocha > Serão 64 os bravos convivas sentados à mesa do restaurante "Caravela de Ouro", Algés, 5ª feira, dia 22, às 13h00
Guiné 61/74 - P18446: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (54): A "mindjer grandi" Maria da Graça de Pina Monteiro, nascida em 1900, e que viveu em Bafatá e depois em Bissau... Conhecida pela Mariquinha, era casada com um chefe de posto português, sr. Eiras (Vieira), e tinha 3 filhas, e entre elas a Judite e a Linda Vieira... "Meus amigos da Tabanca Garandi, alguém por acaso chegou de conhecer algum membro dessa família?" (Ludmila Ferreira)
Foto nº 1 > A Mariquinha (Maria da Graça de Pina Monteiro, nascida em 1900, em Cabo Verde, e que terá morrido nos anos 70, em Bissau, tal como o segundo marido, o português Vieira.
Foto nº 2 > A Mariquinha teve, do seu segundo casamento com um português, de apelido Vieira, chefe de posto, pelo menos duas filhas, Judite e Linda Vieira, aqui na foto. A família Vieira terá vivido na Guiné-Bissau até ao golpe de Estado de 1980.
Fotos (e legendas): © Ludmila Ferreira (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].
Ludmila A. Ferreira |
Data: 22 de março de 2018 às 06:04
Bom dia
Nossa, hoje o meu bom dia vem com muita alegria, depois de meses de procura consegui, através da Fernanda Alves (1932-), filha de um português, ex-tenente em Bolama, em 1927, Alberto Alves, descobrir quase tudo da família que procurava.
A Maria da Graça era conhecida pela Mariquinha e era casada com um chefe de posto português conhecido por Eiras (Vieira), em Bissau, viviam em Achada, perto da casa mortuária, e tinha três filhas:
(i) a Judite trabalhava na farmácia do hospital Simão Mendes;
(ii) a Maria Luísa era enfermeira parteira, trabalhava em Farim (e depois foi transferida para Bissau, o marido dela era um português e tinham 2 filhos. Também tinham um restaurante que ficava no caminho de Aeroporto, a Dona Fernanda disse que os tropas comiam sempre nesse restaurante):
(iii) a Maria Augusta, que nunca se casou.
A Maria Luísa e os filhos ainda vivem em Portugal. O Sr Eiras (Vieira) e a Mariquinha já faleceram nos anos 70.
Meus amigos da Tabanca Garandi, alguém por acaso chegou de conhecer algum membro dessa família?
Agradeceria qualquer informação. (**)
Mantenhas
Ludmila Ferreira
milaue@hotmail.com
_________________
Notas do editor:
(*) Vd. postes de:
5 de fevereiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18288: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (48): pedido de ajuda aos antigos antigos e atuais moradores de Lisboa: quem se lembra dos prédios dos nºs 36 da Rua de Santa Marta, e 50 da Rua Rodrigo da Fonseca, as duas últimas morada da "mindjer grandi" Maria Graça de Pina (Ludmila A. Ferreira, Cabo Verde)
13 de setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17764: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (47): A "mindjer grandi" Maria da Graça de Pina Monteiro, nascida em 1900, e que viveu em Bissau e em Bafatá... Notícias de Edmond Malaval, empregado da "Maison Garnier", em Bafatá, c. 1918, e de sua filha Ana Malaval (Ludmila Ferreira, Cabo Verde)
11 de setembro de 2017 | Guiné 61/74 - P17755: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (46): A "mindjer grandi" Maria da Graça de Pina Monteiro, nascida em 1900, e que viveu em Bissau e em Bafatá (Ludmila Ferreira, Cabo Verde)
7 de setembro de2017 > Guiné 61/74 - P17739: Em busca de... (278): informação sobre uma senhora cabo-verdiana, Maria da Graça de Pina Monteiro, nascida em 1900, e que teve 3 filhas: (i) Ana Gracia Malaval, nascida em 1918, em Bafatá, de uma união com o sr. Edmond Malaval; e (ii) Judite e Linda Vieira, em Bissau, de uma outra união com um sr. português ou cabo-verdiano, de apelido Vieira (Ludmila A. Ferreira)
(...) Maria da Graça de Pina Monteiro (sozinha na foto nº1), nascida no ano de 1900, é uma senhora cabo-verdiana que "casou" com um senhor cujo apelido era Vieira, em Bissau. Achamos que esse Vieira era um português ou cabo-verdiano e não um guineense. Teve duas filhas com um esse senhor: Judite e Linda Vieira [foto nº 2].
Por isso agradeceria caso souberem de alguma informação sobre algum português ou cabo-verdiano com esse apelido.
Mas antes de ter essas filhas com o Vieira, essa senhora, a Maria da Graça de Pina Monteiro, viveu antes em Bafatá e teve uma filha com um senhor que se chamava Edmond Malaval, da Maison Gurnier. Essa filha se chamava Ana Gracia Malaval (nascida em 2/4/1918).
Portanto: o que eu queria saber é quem era o Vieira que se casou e teve filhas com Maria da Graça de Pina Monteiro. E se por acaso já ouviu falar das duas filhas, Judite e Linda Vieira. (...)
Guiné 61/74 - P18445: Parabéns a você (1406): José Lino Oliveira, ex-Fur Mil Amanuense do BCAÇ 4612/74 (Guiné, 1974)
____________
Nota do editor
Último poste da série de 17 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18427: Parabéns a você (1405):José Armando F. Almeida, ex-Fur Mil TRMS do BART 2917 (Guiné, 1970/72)
Nota do editor
Último poste da série de 17 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18427: Parabéns a você (1405):José Armando F. Almeida, ex-Fur Mil TRMS do BART 2917 (Guiné, 1970/72)
quarta-feira, 21 de março de 2018
Guiné 61/74 - P18444: Convívios (844): Magnífica Tabanca da Linha > Operação Cabrito-Pé-de-Rocha > Serão 64 os bravos convivas sentados à mesa do restaurante "Caravela de Ouro", Algés, 5ª feira, dia 22, às 13h00
Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2018)
Lista dos inscritos, num total de 64. Há alguns inscritos, sem indicação da localidade de residência... Podes-se acrescentar: o casal Pinto Carvalho, Joaquim e Maria do Céu, vêm do Cadaval (, embora também tenham residência em Carnaxide / Oeiras).
Falta saber o local de residência de: (i) Henrique Leite; (ii) João Rebelo; e (iii) José Mendonça.
O adjunto Manuel Resende do régulo Jorge Rosales escreveu ontem às 16h00 na página do Facebook da Magnífica Tabanca da Linha o seguinte;
(...) Caros amigos e camaradas, creio que já posso publicar a lista final dos 64 convivas que irão estar presentes no nosso 36º Convívio.
Claro que ninguém será excluído, mesmo que se apresente no último minuto. Temos dois camaradas que não alinham no cabrito, se mais alguém quiser outro prato deverá pedir na altura.O prato pedido foi "cabrito" e não borrego. Espero que desta vez seja a contento de todos." (...)
_______________
Nota do editor:
Último poste da série > 17 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18429: Convívios (843): 36º almoço-convívio da Magnífica Tabanca da Linha, 5ª feira, dia 22... Há já 42 inscrições, o prazo termina 3ª feira, 20, de manhã... Recorda-se a ementa: cabrito (, certificado...não, não é o "cabrito-pé-rocha" dos tascos do Pilão!)
_______________
Nota do editor:
Último poste da série > 17 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18429: Convívios (843): 36º almoço-convívio da Magnífica Tabanca da Linha, 5ª feira, dia 22... Há já 42 inscrições, o prazo termina 3ª feira, 20, de manhã... Recorda-se a ementa: cabrito (, certificado...não, não é o "cabrito-pé-rocha" dos tascos do Pilão!)
Guiné 61/74 - P18443: XIII Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 5 de Maio de 2018 (1): Primeiras informações e abertura das inscrições (A Comissão Organizadora)
Monte Real - Palace Hotel - XII Encontro Nacional da Tabanca Grande de 2017
Foto © Abel Santos / J. Casimiro Carvalho (2017)
XIII ENCONTRO ANUAL DA TERTÚLIA DA TABANCA GRANDE
DIA 05 DE MAIO DE 2018
PALACE HOTEL DE MONTE REAL
Camaradas e Amigos Grã-Tabanqueiros:
Chegou a hora de começarmos a dar estampa ao nosso Encontro de 2018.
Escolhida a data, o local e a ementa do almoço e lanche, faltam as inscrições.
Assim, proclamamos abertas oficialmente as mesmas, que decorrerão durante todo o mês de Abril, encerrando a 30.
O nosso amigo e camarada Joaquim Mexia Alves, que tem a incumbência de no terreno preparar tudo de modo a que nada falhe, enviou-nos já a ementa do almoço e lanche, que publicamos a seguir.
Mantêm-se os preços do ano passado pelo que aqui os lembramos:
Preço do almoço e lanche - 35,00€ (adultos)
Crianças até aos 12 anos - 18,00€
Para quem quiser pernoitar no Palace Hotel:
Alojamento single - 50,00€
Alojamento duplo - 60,00€
********************
Como já vem sendo habitual, pelas 11h30, na Igreja Matriz de Monte Real, haverá Missa de Sufrágio pelos nossos camaradas e amigos caídos em campanha e pelos que ao longo do tempo nos foram deixando (no caso da Tabanca Grande, são já 61 os amigos e camaradas que nos deixaram, num total de 766 membros, registados).
********************
CRACHÁS
É costume cada um de nós levar ao peito um crachá para que possa ser identificado mais facilmente.
De há dois anos para cá o modelo é vitalício pelo que quem o guardou, deverá usá-lo.
Acontece porém que, sabe-se lá porquê, às vezes perdemos o tino às coisas... Nada de aflições, na altura da inscrição digam que precisam de um crachá de substituição que o nosso camarada Miguel Pessoa fará o favor de enviar novo ficheiro para imprimirem em casa.
Quem se inscrever pela primeira vez não terá que pedir já que será enviado um personalizado.
********************
Simbolicamente aqui ficam as primeiras inscrições:
Carlos Vinhal e Maria Leopoldina (Dina) - Leça da Palmeira / Matosinhos
Joaquim Mexia Alves - Monte Real / Leiria
José Saúde - Beja
Luís Graça e Alice Carneiro - Lourinhã
Luís Paulino e Maria da Cruz - Algés / Oeiras
Miguel e Giselda Pessoa - Lisboa
********************
A Comissão Organizadora
Carlos Vinhal (email: carlos.vinhal@gmail.com )
Joaquim Mexia Alves
Luís Graça (email: luis.graca.prof@gmail.com)
Miguel Pessoa
____________
Guiné 61/74 - P18442: (In)citações (118): sociocoreografia de um batuque (Cherno Baldé / Valdemar Queiroz)
Foto nº 56 |
Há uma energia telúrica nas danças africanas, bem captada pelo nosso fotógrafo...
Qualquer pretexto (, incluindo o "render da guarda" de um administrador de concelho...) servia para uma bela batucada...
Obrigado ao "fotógrafo que estava lá"!... LG
Cherno Baldé
Filme das imagens de 52 a 58 > Imagens 52 –53–54 :
O ambiente está propicio para iniciar a dançaa, o uso de tambores, de origem mandinga, foi adoptada pela maioria das etnias da Senegambia.
Qualquer pretexto (, incluindo o "render da guarda" de um administrador de concelho...) servia para uma bela batucada...
Obrigado ao "fotógrafo que estava lá"!... LG
Cherno Baldé
Filme das imagens de 52 a 58 > Imagens 52 –53–54 :
O ambiente está propicio para iniciar a dançaa, o uso de tambores, de origem mandinga, foi adoptada pela maioria das etnias da Senegambia.
Foto nº 52 |
Nas imagens ve-se uma mulher a quem alguém encarregou de fazer a psicosocial (a politica), entregando-lhe uma bandeira portuguesa.
De seguida (53) tenta convencer a mulher dançarina (mestre de danças) para empunhar a bandeira enquanto dança mas parece que esta declina a proposta e prefere empunhar um simples pau de palmeira que combina melhor com os movimentos da dançaa mandinga; ao seu lado está a animadora da festa (animadora cultural) com um tecido de renda branca a volta do pescoço.
Foto nº 53 |
Imagens 56 –57-58 :
Após a abertura feita pela mestre de danças, lá vem uma pretendente mostrar o seu valor artístico e recebe muitos aplausos da assistência com a animadora cultural por perto (lado direito). Depois desta, lá vem em passos miudinhos, bem pausados, de acordo com a sua idade, a mulher grande que recebe o encorajamento de toda assistência.
Foto nº 54 |
O alferes Virgílio, esse está a ajudar a animar a dança da mulher grande. A bajuda ofendida não deixa passar impune o gesto e mostra as suas garras, gesticulando para o rapaz branco atrás de si e, muito provavelmente, acompanhado de palavrões no seu dialecto. Um cenario tipico de uma festa de batuque na tabanca nos anos 60/70 com a presença de jovens militares metropolitanos.
Cá temos o Cherno Baldé, qual Pedro Homem de Melo da Guiné, a explicar as danças e todo o seu ambiente numa povoação daquelas terras.
Cherno, deves compreender que nestes ajuntamentos de festas, em que entram rapazes e raparigas, a rapaziada aproveita-se para um 'encostãozinho' na rapariga que lhe aparece à frente, até parece que existe um íman. Ás vezes as coisas não correm lá muito bem, num ambiente da festa da mulheres e raparigas.
Mas, Cherno, lembro-me que em Nova Lamego, já contei aqui no blogue, estava a assistir a uma festa parecida com esta, se calhar com outros motivos, também com muita rapaziada e bajudas e grande batucada. Já era de noite, e todo entusiasmado com a inebriante dança das bajudas, quando fui eu que levei um 'encostãozinho' com apalpanço e tudo, e lá fui atrás da Maria/Fátima até nos encontrarmos longe da festa e das luzes da via pública. E ficamos juntos, na sua casa, até ao sol aparecer. (Se calhar por ser Embaló.)
A propósito do 'encostãozinho', assisti várias vezes na baixa de Lisboa ao lamúrio dum pedinte: Nem que seja só um tostãozinho... nem que seja só um tostãozinho... nem que seja só um tostãozinho. Mas quando passava uma rapariga jeitosa o lamurio mudava: Nem que seja só um tostãozinho... nem que seja só um encostãozinho.. nem que seja só um encostãozinho.
Pois... Abraço, Valdemar Queiroz Embaló
Cherno Baldé
Foto nº 58 |
Nem imaginas o estado em que fiquei de tanto rir. Claro que eu compreendo e esperava, precisamente, uma reacção contrária a demonstrar que toda aquela birra da bajuda era para homem grande ver, porque aquele rapazola branco podia atrai-la como a um íman, como tu dizes. Mas eu vou pela primeira hipótese de ser ele o provocador, isto para defender a honra das minhas irmãs cá do sitio, na verdade, podia ser tudo ao contrário da cena que eu insinuei e, se fosse na escuridão, ai Jesus, Maria!!!
Às vezes eu chego a pensar que aqueles que têm a pretensão de ajudar as "pobres" mulheres, mal sabem que, no fundo, elas são as donas de isso tudo.
Um abraço para ti, Cherno.
PS: Aquela noite de Gabu você a mereceu e ainda bem que, ao menos, tem uma historia bonita e singular para contar para alem das minas... armadilhas...fornilhos da guerra colonial. (**)
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Fotos acima > Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > CCS/BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) >Janeiro de 1969 > Festa em honra do novo administrador.
Fotos )e legendas): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Ediçãor: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
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Notas do editor:
Um abraço para ti, Cherno.
PS: Aquela noite de Gabu você a mereceu e ainda bem que, ao menos, tem uma historia bonita e singular para contar para alem das minas... armadilhas...fornilhos da guerra colonial. (**)
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Fotos acima > Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > CCS/BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) >Janeiro de 1969 > Festa em honra do novo administrador.
Fotos )e legendas): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Ediçãor: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
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Notas do editor:
(*) Vd. poste de 20 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18438: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XXIV: Roncos e batuques em São Domingos, janeiro de 1969 (ii): festejos da tomada de posse do novo administrador, guineense, da circunscrição local
(**) Último poste da série > 6 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18384: (In)citações (117): Devaneios com sustentação na História (Manuel Luís Lomba, ex-Fur Mil da CCAV 703)
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Guiné 61/74 - P18441: Bibliografia de uma guerra (86): “África, Quatro Ases e uma Dama”, por Fernando Farinha, Daniel Gouveia, Conde Falcão, Pedro Cunha e Maria Morais; Programa Fim do Império, Âncora Editora, 2017 (Mário Beja Santos)
1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 22 de Dezembro de 2017:
Queridos amigos,
Projeto bem esgalhado, este, imagens da guerra e da paz, da extrema tensão e violência à transbordante atitude do cuidado e registo da ternura. É só de lamentar não aparecerem imagens da guerra e da paz na Guiné onde se combateu, o mais surpreendente é que imagens não faltam. E o projeto é bem coroado com aquela dama que nos explica o porquê de uma escultura em pedra para homenagear que lá longe combateu, e que podemos venerar em Oeiras.
Um acervo de imagens onde há relicários como as fotografias de Fernando Farinha ou o constante olhar deslumbrado de Daniel Gouveia.
Um livro que vale muitíssimo a pena por isso.
Um abraço do
Mário
África, quatro ases e uma dama
Beja Santos
O título do livro, tratando-se de uma coleção que se prende com testemunhos da presença portuguesa no espaço imperial português, não deixa de ser intrigante. No introito, é referido que dos quatro ases de um baralho de cartas, dois são negros, cor fria (ou ausência de cor), “espadas” e “paus”, e podem ser relacionados com violência, guerra; os outros dois são vermelhos, cor quente, “copas” e “ouros”, podendo lembrar afetos e riqueza. Terá havido de tudo isto nessa errância portuguesa; e quando à dama, acolhe-se o testemunho de uma escultora que talhou na pedra uma homenagem ao militar português. É um livro de imagens selecionadas de diferentes títulos. Logo o ás de espadas, a figura central é o grande repórter de guerra Fernando Farinha, um nome obrigatório da guerra de Angola.
Fernando Farinha, ex-sargento miliciano do Grupo de Dragões de Angola, foi jornalista e fotojornalista em Angola e Lisboa. O ás de ouros cabe por inteiro a Daniel Gouveia, que foi alferes miliciano no Norte de Angola e que publicou nesta mesma coleção dois livros primorosos, um dos quais integra um cd com 198 fotografias. Não se admirará o leitor de ver nestas imagens o feitiço africano, a comoção muitas vezes contida no encontro de culturas, no registo da solicitude ou pelo deslumbramento da natureza. O ás de paus coube ao Coronel de Cavalaria Conde Falcão, deixa-nos fundamentalmente lembranças de Nancatári, Norte de Moçambique, com ligações a Mueda e Montepuez. E se até agora tínhamos o registo da guerra, o ás de copas é atribuído a Pedro Cunha que fotografou em Moçambique e Guiné, afetos e valores no pós-guerra, são imagens que devemos associar a países independentes. A dama de copas é a escultora Maria Morais que nos irá falar e mostrar um conjunto escultórico que homenageia os combatentes que morreram em África e fala-nos demoradamente do embondeiro.
É este, em síntese, o aliciante de “África, Quatro Ases e uma Dama”, por Fernando Farinha, Daniel Gouveia, Conde Falcão, Pedro Cunha e Maria Morais, Programa Fim do Império, Âncora Editora, 2017.
O acervo de Fernando Farinha, insista-se, fala do vendaval angolano, logo uma fotografia no rio Lifune, cenário de dramática jornada integrada na operação Viriato, da reconquista de Nambuangongo, assistimos igualmente a trabalhadores bailundos a abandonarem fazendas, registos épicos das tropas a retomar posições quando a guerrilha debandou, os grupos especiais preparados para o combate, e também os Dragões de Angola e os seus cavalos.
Daniel Gouveia tem outro registo. Aliás, basta ler o que aqui escreve a preludiar as suas sugestivas imagens: “Ideias estereotipadas eram destruídas num simples relance. Por exemplo, que os nativos eram pouco asseados. Mentira. A dada altura, transplantou-se uma população de 700 almas que estava sendo incomodada pelos grupos independentistas e forçada a apoiá-los em logística e recrutamento de jovens para futuros guerrilheiros. Foram trazidos para junto do nosso quartel, até aí deserto de população civil. As instalações militares situavam-se no alto de uma colina. No fundo do vale, 200 metros abaixo, passava um ribeiro. Pois as mulheres, todas as manhãs, faziam essa viagem de ida e volta duas vezes. A primeira, para trazer água para dar banho às crianças. Só depois disso voltavam, para ir buscar água para a comida”.
Conde Falcão entremeia viaturas nas picadas, cenas de aldeamento, somos confrontados com uma árvore enorme envolvida por planta parasita, muitas crianças. Com Pedro Cunha temos testemunhos do quotidiano, é de uma enorme beleza a imagem que nos deixa de pescadores no rio Cacheu.
Monumento 'Presença do Soldado Português em África' - inaugurado em 21 de Junho de 1997 . Localizado no Jardim do Ultramar, em Oeiras.
Foto: Com a devida vénia a Maria MoraisE chegamos a Maria Morais que nos conta com enorme delicadeza a evolução do seu projeto, a sua matéria-prima foram três grandes blocos de pedra semi-rijo que vieram de uma pedreira de Porto Mós. Trabalho de fôlego, como ela descreve: “O material eleito foi a pedra; cinzelar a pedra requer, para além de força de braços, a utilização de máquinas rebarbadoras pesadas, martelos pneumáticos, retificadoras, freses diamantadas, escopros e macetas, um local sujeito ao ruído provado pelo rasgo desferido na pedra pelo movimento mecânico, assim como requeria igualmente um local arejado que permitisse evacuar as constantes de nuvens de pó que me cobriram”.
E quanto ao resultado, a escultura que hoje podemos contemplar em Oeiras, dá uma explicação: “Procurei transmutar para a escultura em pedra as memórias de África, através das minhas memórias. No fundo, este conjunto escultórico é uma colagem tridimensional dessas memórias perpetuadas naquele material nobre – a pedra. O embondeiro aparece numa atitude tutelar, pela sua grandeza, magnificência. As pedras verticais e oblíquas representam capim, tantas vezes trilhado pelos nossos homens e quem sabe se, por entre esse capim, não terá ficado para sempre o murmúrio do adeus sem regresso de muitos deles”.
Espraia-se pelo assombro com que olha o embondeiro, conhecido pelos nomes de adansónia, calabaceira, bombácea, imbondeiro e mais, e dá-nos informações úteis, vale a pena registar algumas: “Dependendo da sua idade, esta árvore pode atingir entre 5 a 25/30 metros de altura; o seu diâmetro pode alcançar até 7/11 metros. No Zimbabué existe um embondeiro cujo diâmetro corresponde ao abraço estendido de 30 homens. O tronco é oco e resistente ao fogo. Nos meses de maior pluviosidade serve de reservatório de água. Algumas espécies podem armazenar até 120 mil litros de água, constituindo assim uma fonte de subsistência rural para as povoações limítrofes. Abriga inúmeros seres vivos nos buracos dos seus longos e esguios troncos, mas é o morcego que poliniza a sua única flor anual. Uma flor de rara beleza formal, grande e pesada, com vistosos pedúnculos, pétalas brancas sedosas e com estames aglomerados esfericamente, que nas extremidades terminam num pompom de cor púrpura”.
Grupos especiais em operação
O engenho das crianças não tem limites
Netinha conduzindo a sua avó cega
O Programa Fim do Império foi coordenado até há pouco tempo pelo Coronel Manuel Barão da Cunha e teve a ele associado a Liga dos Combatentes, a Comissão Portuguesa de História Militar e a Câmara Municipal de Oeiras.
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Nota do editor
Último poste da série de 31 de janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18271: Bibliografia de uma guerra (85): “O céu não pode esperar”, por António Brito; Sextante Editora, 2009 (Mário Beja Santos)
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