domingo, 7 de maio de 2023

Guiné 61/74 - P24293: História de vida (52): O Baú (Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 / BCAÇ 1887, Canquelifá e Bigene, 1966/68)

O BAÚ

ADÃO CRUZ
Nossa avó materna, Raquel, na foto, natural de Vieira do Minho, foi para o Brasil, Rio de Janeiro, ainda adolescente. Meu avô materno, Virgolino, na foto, natural de Vale de Cambra, já se encontrava no Brasil. Conheceram-se, tinha ela dezasseis anos, ele raptou-a e casaram. Tiveram quatro filhos, os dois mais velhos, Mário e Maria, na foto, um terceiro que morreu e nossa mãe, a mais nova, nesta altura da foto ainda não nascida.

Nossa mãe nasceu há cento e dezasseis anos, e nossa avó morreu no parto. Pai e filhos regressaram a Portugal quando nossa mãe tinha poucos meses, trazendo todos os seus haveres nesta mala (baú), na outra foto. Nosso avô foi posteriormente para Rio de Frades, Arouca, como capataz das minas de volfrâmio, exploradas por alemães. Os seus haveres foram dentro deste baú.

Toda a família directa de nossa mãe morreu com a Pneumónica. O pai, a madrasta e os irmãos. Ficou apenas a nossa mãe, com dez anos de idade. Sobreviveu também o baú, que por sinuosos caminhos chegou à nossa infância e se manteve fiel a nós toda a vida. Está em casa de minha irmã, e sempre que nele pousam alguns momentos do meu olhar, “fósforos riscados ao vento”, ouço dentro de mim uma melodiosa canção de Grieg, e penso que a poesia, seja ela o que for, felicidade ou drama, reside mais na vida do que no poema.

adão cruz

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Nota do editor

Último poste da série de 14 DE DEZEMBRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23879: História de vida (51): sinto-me muito realizada e feliz por ter sido uma simples enfermeira e, durante a guerra, enfermeira paraquedista (Rosa Serra) - IV (e última): A última comissão, Moçambique, 1973: "Bem-vindos a Mueda, terra da guerra, aqui vive-se, trabalha-se e morre-se"

sábado, 6 de maio de 2023

Guiné 61/74 - P24292: Os nossos seres, saberes e lazeres (571): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (101): Veloso Salgado no MNAC – Museu do Chiado: O maravilhamento de obras desconhecidas de amigos franceses (3) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 4 de Abril de 2023:

Queridos amigos,
Esta exposição de Veloso Salgado tem o mérito de nos revelar que não há biografia definitiva sobre quem quer que seja, pensava-se ter um conhecimento mais ou menos aprofundado sobre o currículo de Veloso Salgado, eis que a neta doa um acervo de centenas de peças ao MNAC - Museu do Chiado, entre elas a correspondência deste talentoso pintor e vem-se a saber que estabeleceram ao longo da vida uma relação afetuosa com um conjunto de pintores franceses e que fora profundamente marcado por ter pertencido ao grupo da Escola de Wissant, no norte da França, isto além dessa mesma correspondência revelar as amizades do pintor por outros bolseiros portugueses, caso de Teixeira Lopes e Ventura Terra. É o aturado trabalho de Maria de Aires Silveira que levou a esta portentosa exposição. E aproveitou-se a oportunidade para dar notícia de duas outras exposições, uma sobre a arte e literacia em saúde e a outra para homenagear um grande artista recentemente desaparecido, Nikias Skapinakis.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (101):
Veloso Salgado no MNAC – Museu do Chiado, notícias sobre outras exposições (3)


Mário Beja Santos

Esta exposição alusiva a Veloso Salgado espraia-se por todo o seu processo artístico e a sua formação, este homem de origem galega formou-se em Lisboa foi professor na Escola de Belas Artes, teve intervenção em grandes espaços decorativos, caso do Palácio da Bolsa, da Escola de Medicina do Porto, da Assembleia da República. Este acervo vem na continuidade da exposição apresentada no Museu de Boulogne-sur-Mer, que revelou detalhes até agora desconhecidos do percurso artístico de Veloso Salgado. A exposição do MNAC foca-se sobre os estudos e a carreira artística de Veloso Salgado em França enquanto bolseiro, entre 1888 e 1895, nela se expõe obras inéditas desse período. Segundo a documentação que o MNAC distribui, a exposição acolhe 70 obras, põe enfoque no seu itinerário francês (Paris, Bretanha e Wissant), desvela a ligação de uma amizade com os artistas Virginie Demont-Breton e Adrien Demont e a Escola de Wissant. É a primeira vez que se dá a público este diálogo de Veloso Salgado com os seus pares franceses.
Da exposição deu-se referência em dois textos anteriores, faz-se agora exclusiva menção de um quadro intitulado “Terra prometida” de um desses amigos franceses de Veloso Salgado, que também teve em exposição em 2022 no Museu Boulogne-sur-Mer.

“A terra prometida”, Adrien Demont, 1895

Decorreu até 20 de abril uma exposição intitulada “A literacia faz bem à saúde”, organizada pela Sociedade Portuguesa de Literacia em Saúde. O desafio foi “numa perspetiva construtiva de solução, sob o ponto de vista do artista, trabalhar temas subjacentes à literacia em saúde que se focam na comunicação terapêutica, no desenvolvimento de competências, na relação em saúde, na compreensão e na falta dela, na união de esforços e parcerias”.
Cada artista explorou individualmente possibilidades criativas e interpretativas que, no seu conjunto, permitem repensar as fronteiras entre profissionais, doentes e artistas de um modo simultaneamente íntimo, pessoal e coletivo e afirmar o poder da expressão artística no diálogo e no envolvimento das instituições, dos criadores e das pessoas em geral.

Fui imediatamente atraído por esta obra, tê-la-ei conhecido na década de 1980, quando fui designado pelo Ministério do Ambiente como representante no Conselho de Prevenção do Tabagismo, poderei estar enganado, mas esta peça fazia parte das exposições itinerantes sobre prevenção tabágica do Instituto Nacional de Cardiologia Preventiva, então dirigido pelo professor Fernando Pádua, circulou por inúmeros estabelecimentos de ensino, é uma peça didaticamente forte, tem poder chocante, não podemos desviar o olhar, não passa de modo algum despercebido o nefasto poder do fumo nos pulmões e nas vias respiratórias, o fumo é um dos fautores do cancros do pulmão.
No verso, imagens poderosas dos tempos em que fumar se inseria em todos os protocolos da vida social, era normal publicitar o tabaco, até o ator canastrão e futuro presidente dos EUA, Ronald Reagan parecia feliz da vida em enviar aos amigos cigarros Chesterfield. Hoje sorrimos e perguntamos como foi possível ter vivido séculos a fio nesta normalidade social tabágica. Parece que foi necessário ter de esperar pelos estudos dos cancerólogos para saber que a adição tabágica é o mal mais evitável que há.
Medicamentos do passado, quase um quadro de botica, advertências de que havia remédio multiusos para a fraqueza orgânica, convalescenças, neurastenia e anemia… Sou do tempo destes fortificantes e lembro-me perfeitamente destes frascos de dimensões enormes com ofídios em formol, também apareciam nas aulas de Ciências Naturais.
Obra de Diogo Gomes, “Lancem ideias àqueles que criticam ou a literacia na era da pós-verdade”, técnica mista, 2022.

Diogo Gomes recorre à pintura e à assemblage para convocar a discussão sobre o questionamento da clarividência científica e sobre a formação de uma ideia de pós-verdade, determinada pela proliferação de desinformação, pelo imediatismo e pela apropriação destas narrativas por parte dos populismos ideológicos neototalitários.
Nikias Skapinakis, “Retrato de Natália Correia”, 1959
Nikias Skapinakis, “Mulher leopardo”, 1968

Entre a exposição Veloso Salgado e a “Literacia faz bem à saúde”, na chamada Sala dos Fornos no Museu do Chiado expõem-se obras de Nikias Skapinakis, falecido em 2020, admiro muito o seu talento, guardo memória dos seus quintais e das suas divagações de Pop Art, que o visitante do Museu do Chiado não perca a oportunidade de conhecer as sucessivas fases de experimentação deste grande pintor.
Cabeça de preto, Soares dos Reis (1873)

Estou de saída, é sempre impressionante descer a escadaria do Museu do Chiado, ter tempo para conversar com esculturas que adornam estes espaços de passagem e o átrio. Esta “Cabeça de preto” é impressionante no equilíbrio das formas. Quem cuida da decoração do MNAC não esquece mestres do naturalismo à atualidade, é possível ver em diálogo Rodin e Alberto Carneiro, já pronto a sair olho para o alto e despeço-me deste esplêndido gesso de Canto da Maia intitulado “Desespero da dúvida”, vem bem a propósito, não propriamente desespero, mas esta salutar dúvida que qualquer obra de arte nos levanta, faz parte integrante do nosso olhar sobre a vida e sobre o mundo.
Mais uma razão para vir até ao Museu do Chiado.

“Desespero da dúvida”, Canto da Maia, 1915
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Nota do editor

Último poste da série de 29 DE ABRIL DE 2023 > Guiné 61/74 - P24266: Os nossos seres, saberes e lazeres (570): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (100): Veloso Salgado no MNAC – Museu do Chiado: O maravilhamento de obras desconhecidas de amigos franceses (2) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P24291: A língua que nos une: alguns dados (segundo o Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, I.P. ): (i) quarta mais falada no mundo como língua materna; (ii) a quinta mais utilizada na Internet; (iii) a terceira ou a quarta mais usada no Facebook...


Fonte: CPLP  -Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (2023) (com a devida vénia)

1. Dados sobre a Língua Portuguesa, segundo o Camões, IP:

(i) É uma língua falada por mais de 260 milhões de pessoas nos cinco continentes, em 2050 serão quase 400 milhões e em 2100 serão mais de 500 milhões, segundo estimativas das Nações Unidas;

(ii)  As projeções para o final do século apontam que será no continente africano que se registará o maior aumento do número de falantes. Estima-se que Angola tenha uma população superior a 170 milhões de pessoas e Moçambique uma população superior a 130 milhões de pessoas; 

(iii) É a língua mais falada no hemisfério sul; 

(iv) 3,7% da população mundial fala português; 

(v) É a quarta língua mais falada no mundo como língua materna, a seguir ao mandarim, inglês e espanhol (observatório da língua portuguesa). 

(vi) O português é a língua oficial dos 9 países membros da CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa – e em Macau. As 9 economias da CPLP, em conjunto, valem cerca de 2,7 biliões de euros, o que faria deste grupo a sexta maior economia do mundo, se se tratasse de um país (FMI); 

(vii) Os países de língua portuguesa representam 3,6% da riqueza total do mundo, 5,48% do global das plataformas marítimas, 16,3% de disponibilidade global de reservas de água doce, 10,8 milhões de km2; 

(viii)  A Língua Portuguesa é língua oficial e/ou de trabalho em 32 organizações internacionais (...):

(ix) Há 56 universidades na República Popular da China que ensinam o português como língua estrangeira e aproximadamente 5000 alunos que frequentam esses cursos; 

(x) O português é a quinta língua mais utilizada na internet, teve uma taxa de crescimento de quase 2000 % entre 2000 e 2017, é a terceira ou a quarta mais utilizada no Facebook

(xi) Na área da ciência, embora o inglês seja a língua dominante, a língua portuguesa tem conseguido criar os seus espaços próprios de comunicação e publicação científica.

 O Brasil criou a Scientific Eletronic Library Online, amplamente participada por países de língua portuguesa e espanhola. 

As revistas e cientistas de língua portuguesa também vão tendo presença crescente em outras bases de revistas científicas de alcance global, como a SCOPUS e a Web of Science. 

Há também vários repositórios académicos e portais de conhecimento de acesso aberto online, designadamente no Brasil, Cabo Verde e Portugal...

Fonte: Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, I.P. (Camões, I.P), Dia Mundial da Língua Portuguesa, 5 de Maio de 2023

Guiné 61/74 - P24290: Efemérides (393): 5 de Maio, Dia Mundial da Língua Portuguesa, a sexta mais falada do mundo, depois do mandarim, espanhol, inglês, árabe, hindi e bengalês, à frente do russo, japonês e punjábi... É a língua mais falada no hemisfério sul...


Infografia: UNESCO (2023), com devida vénia

1. Comemorou-se ontem o Dia Mundial da Língua Portugesa, língua oficial de 9 países que formam a CPLP.

"A data de 5 de Maio foi oficialmente estabelecida em 2009 pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) - uma organização intergovernamental, parceira oficial da UNESCO desde 2000, que reúne os povos que têm a língua portuguesa como um dos fundamentos da sua identidade específica - para celebrar a língua portuguesa e as culturas lusófonas. Em 2019, a 40ª sessão da Conferência Geral da UNESCO decidiu proclamar o dia 5 de Maio de cada ano como "Dia Mundial da Língua Portuguesa".

A língua portuguesa é não só uma das línguas mais difundidas no mundo, com mais de 265 milhões de falantes espalhados por todos os continentes, como é também a língua mais falada no hemisfério sul.

O português continua a ser, hoje, uma das principais línguas de comunicação internacional, e uma língua com uma forte extensão geográfica, destinada a aumentar.

Os Dias consagrados às línguas faladas em todo o mundo celebram anualmente o multilinguismo e a diversidade cultural, e constituem uma oportunidade para sensibilizar a comunidade internacional para a história, a cultura e a utilização de cada uma destas línguas. O multilinguismo, um valor central das Nações Unidas e uma área de importância estratégica para a UNESCO, é um fator essencial para uma comunicação harmoniosa entre os povos, promovendo a unidade na diversidade, a compreensão internacional, a tolerância e o diálogo."


Fonte: UNESCO (2023)

2. Vd. aqui a mensagem do secretário-geral das Nacóes Unidas, António Guterres, em que assinala o Dia Mundial da Língua Portuguesa:

Para o primeiro secretário-geral de língua portuguesa na ONU, "a língua é, muitas vezes, o refúgio e a esperança dos mais vulneráveis - a esperança de serem ouvidos, de que as suas vozes contem, de não serem `deixados para trás`. A língua portuguesa é, também nisso, um bom exemplo, sendo partilhada e construída por populações em todos os continentes" (...)

(...) "Para os mais de 260 milhões de falantes nos países da CPLP e nas suas diásporas, a língua portuguesa continua a ser uma língua de mobilização em favor de uma renovada urgência na implementação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Precisamos de reafirmar esse empenho e essa esperança, em todas as línguas - e precisamos de passar das palavras aos atos".

Cerca de 260 milhões de pessoas falam hoje português nos cinco continentes e em 2100, esta língua vai unir mais de 500 milhões, segundo uma estimativa das Nações Unidas.

Guiné 61/74 - P24289: Recordando o Amadu Bailo Djaló (Bafatá, 1940 - Lisboa, 2015), um luso-guineense com duas pátrias amadas, um valoroso combatente, um homem sábio, um bom muçulmano - Parte XXV: Premonição da morte do cap graduado 'cmd' João Bacar Jaló


Guiné > Região de Quínara > Tite > s/d > Aquartelamento de Tite


Guiné > Bissau> Cupilão  pou Pilão >  Bairro > 

Fotos publicadas no livro do Amadu Djaló: cortesia do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2010)


1. Continuação da publicação das memórias do Amadu Djaló (Bafatá, 1940-Lisboa, 2015), a partir do manuscrito, digital, do seu livro "Guineense, Comando, Português: I Volume: Comandos Africanos, 1964 - 1974" (Lisboa, Associação de Comandos, 2010, 229 pp, + fotos, edição esgotada) (*).

O seu editor literário, ou "copydesk", o seu camarada e amigo Virgínio Briote, facultou-nos uma cópia digital; o Amadu, membro da Tabanca Grande, desde 2010, tem 94 referências no nosso blogue

[Foto à esquerda > O autor, em Bafatá, sua terra natal, por volta de meados de 1966. (Foto reproduzida no seu livro, na pág. 149) ]

Síntese das partes anteriores:

(i) o autor, nascido em Bafatá, de pais oriundos da Guiné Conacri, começou a recruta, como voluntário, em 4 de janeiro de 1962, no Centro de Instrução Militar (CIM) de Bolama;

(ii) esteve depois no CICA/BAC, em Bissau, onde tirou a especialidade de soldado condutor autorrodas;

(iii) passou por Bedanda, 4ª CCaç (futura CCAÇ 6), e depois Farim, 1ª CCAÇ (futura CCAÇ 3), como sold cond auto;

(iv) regressou entretanto à CCS/QG, e alistou-se no Gr Cmds "Os Fantasmas", comandado pelo alf mil 'cmd' Maurício Saraiva, de outubro de 1964 a maio de 1965;

(v) em junho de 1965, fez a escola de cabos em Bissau, foi promovido a 1º cabo condutor, em 2 de janeiro de 1966;

(vi) voltou aos Comandos do CTIG, integrando-se desta vez no Gr Cmds "Os Centuriões", do alf mil 'cmd' Luís Rainha e do 1º cabo 'cmd' Júlio Costa Abreu (que vive atualmente em Amesterdão);

(vii) depois da última saída do Grupo, Op Virgínia, 24/25 de abril de 1966, na fronteira do Senegal, Amadu foi transferido, a seu pedido, por razões familitares, para Bafatá, sua terra natal, para o BCAV 757;

(viii) ficou em Bafatá até final de 1969, altura em que foi selecionado para integrar a 1ª CCmds Africanos, que será comandada pelo seu amigo João Bacar Djaló;

(ix) depois da formação da companhia (que terminou em meados de 1970), o Amadu Djaló, com 30 anos, integra uma das unidades de elite do CTIG; a 1ª CCmds Africanos, em julho, vai para a região de Gabu, Bajocunda e Pirada, fazendo incursões no Senegal e em setembro anda por Paunca: aqui ouve as previsões agoirentas de um adivinho;

(x) em finais de outubro de 1970, começam os preparativos da invasão anfíbia de Conacri (Op Mar Verde, 22 de novembro de 1970), na qual vai participar (**):

(xi) a narrativa é retomada depois do regresso, por pouco tempo9,  a Fá Mandinga, em dezembro de 1970; a companhia é destacada para Cacine  [3 pelotões para reforço temporário das guarnições de Gandembel e Guileje, entre dez 1970 e jan 1971], Amadu Djaló estava de licença de  casamento (15 dias), para logo a seguir ser ferido em Jababá Biafada, sector de Tite, em fevereiro de 1971; supersticioso, ouve a profecia do velho adivinho que tem "um recado Deus(...) para dar ao capitão João Bacar Jaló".



Capa do livro do Amadu Bailo Djaló, "Guineense, Comando, Português: I Volume: Comandos Africanos, 1964 - 1974", Lisboa, Associação de Comandos, 2010, 229 pp, + fotos, edição esgotada.


Recordando o Amadu Bailo Djaló (Bafatá, 1940 - Lisboa, 2015), um luso-guineense com duas pátrias amadas, um valoroso combatente, um homem sábio, um bom muçulmano - Parte XXV:

Depois do regresso da Op Mar Verde, Fá Mandinga andam 
nas bocas do mundo | Premonição da morte 
do cap graduado 'cmd' João Bacar Jaló


A nossa Companhia não podia continuar em Fá Mandinga. A operação “Mar Verde” (**), a Conakry, para libertar os nossos prisioneiros, estava a ser falada em todo o lado e Fá passou a ser um alvo para a imprensa de todo o mundo.

Depois do nosso regresso em De
zembro [de 1970], ficámos a descansar uns dias. Tempos depois, a nossa companhia foi destacada para Cacine[1]. Eu não fui, estava a gozar os quinze dias de férias do meu casamento. Acabadas as férias desloquei-me para Bissau, para arranjar transporte para Cacine.

Quando cheguei a Bissau, ouvi uns rumores de que a 1ª CCmds tinha ido para Tite, no dia anterior[2]. Fiquei satisfeito, já não ia para Cacine. Dias depois, desloquei-me com a minha mulher para Tite e dois dias depois de ter chegado, saímos para Ajufa. Uma saída sem qualquer contacto com o IN. Voltámos a sair mais uma e outra vez, sempre com o mesmo resultado.

A terceira saída foi para a zona de Jabadá Biafada. Quando a companhia estava a progredir em direcção de um acampamento do PAIGC,  apanhámos um homem, Ansumane, que estava a regressar ao acampamento onde vivia com a sua família. João Bacar perguntou-lhe onde era o acampamento dos combatentes.

- Não é aqui, onde vocês se estão a dirigir é um acampamento da população, respondeu o homem. E acrescentou:

- A minha mulher e os meus filhos vivem neste acampamento. Eu levo-vos lá, mas por favor não façam fogo.

O grupo de que eu fazia parte, o do Alferes Tomás Camará, ia à frente e nesta missão coube à minha equipa seguir à cabeça da companhia. Caminhava à minha frente um soldado e à medida que nos aproximávamos íamos ouvindo barulhos vindos do acampamento. De vez em quando João Bacar mandava passar palavra para ninguém abrir fogo.

Já muito perto do acampamento, a cerca de meia dúzia de metros,  ouvimos vozes. Eram de um guerrilheiro, sentado num tronco de palmeira, a comer, estava a chamar duas pessoas para comerem também. Vi-as chegar, fardadas, e apercebi-me de que tinham encostado qualquer coisa que traziam que não descobri o que era. Reparei melhor no que estava sentado, tinha uma Kalash no colo, dependurada pela bandoleira.

Fiz um sinal com a minha arma para trás, que estava ali gente armada. De um momento para outro o furriel Lalo Baio chegou-se à frente e disparou uma rajada. Tivemos que entrar logo, já não havia mais nada a fazer. Dois RPG estavam ali à mão, um dos guerrilheiros já estava morto e outros em fuga, a dispararem para trás. Perseguimo-los e logo à frente demos com o acampamento da guerrilha. Já tinham fugido todos e enquanto procurávamos mais material,  a zona do acampamento ficou debaixo de fogo de morteiro. Foi nessa ocasião que fui atingido por um estilhaço de uma dessas granadas no tornozelo do pé esquerdo.

O capitão João Bacar queria evacuar-me para Tite, mas achei que não valia a pena, não sentia grandes dores. Mas, depois de um dia inteiro a andar, a perna inchou até ao joelho. Fiquei arrependido de não ter sido evacuado, mas agora tinha que aguentar até chegar a Tite.

 Aqui, fui para a enfermaria e o médico, depois de me observar, disse que era melhor ser evacuado para o Hospital Militar de Bissau, porque em Tite não tinha meios para me tratar.

No dia seguinte, eu, a minha esposa e a esposa do João Bacar, partimos para Bissau e, no dia a seguir fui ao Hospital Militar.

Guiné > Bissau > Hospital Militar 241 >   Foto: cortesia do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.

Fui atendido por um médico que mandou tirar radiografias. Depois de as ter observado concluiu que os estilhaços estavam muitos fundos e que, talvez mais tarde fosse mais fácil tirá-los. Deu-me alta e saí dali com a ideia de regressar a Tite no dia seguinte.

Quando cheguei a casa, encontrei lá o Capitão João Bacar Jaló, que tinha acabado de chegar de Tite. E quando o informei da minha intenção de regressar no dia seguinte, ele disse para eu esperar, que ia quando ele fosse.

Dias depois, encontrei em casa de um amigo do capitão, chamado Sabana, o tal Homem Grande que tínhamos conhecido em Bambadinca, o Mamadu Candé, conhecido como um grande adivinho.

O Mamadu Candé foi o tal de que falei atrás, que um dia, em fins de Outubro de 1970, quando estava em Paunca, me mandou chamar por um homem, chamado Sore Bombeiro. Na altura ele pediu-me para eu dar um recado ao capitão João Bacar:

 – Tu, Amadu, vais dizer ao capitão, para não aceitar transferência para qualquer local que fique na direcção do pôr-do-sol.

Fiquei a olhar para ele.

 – Se vocês continuarem cá, no leste, terão muita fama e serão invencíveis. Se forem para oeste, serão vencidos e terão muitas baixas.

E disse mais. Que nós, nos finais de Outubro, iríamos fazer uma operação a uma grande cidade e que iríamos para lá de barco. E que após essa operação iríamos sofrer até ao fim da guerra.

Nessa altura, lembro-me de lhe ter perguntado de que cidade se tratava, se era na Europa ou em África e ele respondeu que não sabia. Recomendou-me para não me esquecer de dar esta mensagem ao João Bacar, mas o capitão quando ouviu esta previsão não lhe deu qualquer valor.

Só sei que, em princípios de Novembro, o capitão entrou em férias por um mês e, a seguir recolhemos todos a Fá Mandinga, donde partimos para a operação “Mar Verde”.

Vou agora, então, retomar a história do encontro com o Mamadu Candé em Bissau, em casa de um amigo do João Bacar. Isto estava a passar-se em Abril de 1971, no Cupilão, em Bissau.

Eu ia para casa do capitão e encontrei o Mamadu Candé sentado, na rua onde morava o capitão. Quando ia a passar, reconheci-o e fui ter com ele. Depois de nos abraçarmos, disse-me que andava há três dias à nossa procura porque tinha uma mensagem para transmitir ao capitão. Respondi-lhe que viesse comigo porque eu ia precisamente a casa do capitão João Bacar.

Mas, como não o encontrámos em casa, levei-o para a minha casa, almoçámos e passou a tarde comigo. Antes ainda de chegar a noite, voltámos novamente a casa do capitão mas ainda não tinha chegado.

 – Custa-me dormir cá, mas não regresso sem lhe transmitir esta mensagem que recebi directamente de Deus.

Voltámos outra vez a casa do capitão e, desta vez, tivemos melhor sorte, encontrámo-lo em casa. Estava em orações e ficámos a aguardar. Depois de as ter terminado e dos cumprimentos que se seguiram, o velhote voltou-se para mim e disse:

 – Amadu, eu venho aqui para transmitir um recado que Deus me deu para dar ao capitão.

O João Bacar, depois de o ouvir, disse:

 – Muito bem, amanhã vamos para Tite, vens connosco, lá divertimo-nos à vontade e lá posso dar-te algo que valha alguma coisa, porque aqui tenho muito pouco para dar. 

O velhote respondeu:

 – Amadu, eu não vou para Tite e o João Bacar também não deve ir. Lá é só escuridão para toda a vida. João Bacar que vá para a cama, que diga que está doente, que não quer ir para Tite. E a sua companhia vem ter com ele a Bissau.

O capitão sorriu, disse que não podia ser assim. Morrer em Tite ou em Bissau, era Deus que destinava. Pegou em 100 escudos e deu-lhos, pedindo desculpa porque aqui em Bissau não tinha mais para dar.

O velhote não queria aceitar, fui eu que peguei na nota e lha meti no bolso. Mamadu Candé despediu-se do capitão e, quando chegámos à rua, disse-me que ia devolver o dinheiro. Eu disse-lhe que não fizesse isso, que o capitão ia ficar aborrecido. Mas o velhote insistiu, que lhe ia devolver a nota e João Bacar não ia saber.

No dia seguinte, quando nos encontrámos, o capitão desabafou comigo:

 – A morte é o destino de todos. Quando chegar o dia é infalível, e eu, portanto, vou para Tite. Não posso abandonar a minha companhia, por medo da morte. Regresso a Tite amanhã e tu não vais, Amadu.

 – Como não vou, meu capitão? Tenho coisas levantadas na arrecadação, como é que vou entregá-las?

O capitão respondeu que o furriel Braima Bá tratava disso. Que nós agora íamos para Fá Mandinga, para o curso da 2ª Companhia de Comandos. E rematou a conversa:

 – Os teus colegas que vêem de Tite trazem a tua guia de marcha e tu ficas aqui à espera.

E seguiu com o condutor para o quartel de Brá, enquanto eu fui para casa, vestir-me à civil.

Tinha pensado dar uma volta até ao Mercado de Santa Luzia e, quando estava à entrada da rua alcatroada que ia para o mercado, vi a viatura do capitão na minha direcção. O carro parou, João Bacar agarrou na minha mão esquerda e disse-me:

 –Tu vais ficar aqui em Bissau. Não te vou dizer agora porquê.

Mandou seguir a viatura e eu fui para as minhas voltas, dar o passeio.
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Notas:

[1] Nota do editor: “3 pelotões para reforço temporário das guarnições de Gandembel e Guileje, de princípios [?] de Dezembro 1970 a finais de Janeiro 1971”; cf “Resenha [...]”, vol.cit.).

[2] Nota do editor: início de Fevereiro 1971.

[Seleção / Revisão e fixação de texto / Parènteses rectos com notas / Subtítulo / Negritos: LG]
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Notas do editor LG:

(*) Último poste da série > 15 de abril de 2023 > Guiné 61/74 - P24224: Recordando o Amadu Bailo Djaló (Bafatá, 1940 - Lisboa, 2015), um luso-guineense com duas pátrias amadas, um valoroso combatente, um homem sábio, um bom muçulmano - Parte XXIV: As previsões agoirentas do adivinho Mamadu Candé que nos via, a mim e ao João Bacar Jaló, a viajar num barco para desembarcarmos numa grande cidade e aí a sofrer muitas baixas (... só não nos disse o nome da cidade: Conacri...)

(**) Vd. poste, publicado fora de ordem, 22 de novembro de 2022 > Guiné 61/74 - P23804: Recordando o Amadu Bailo Djaló (Bafatá, 1940 - Lisboa, 2015), um luso-guineense com duas pátrias amadas, um valoroso combatente, um homem sábio, um bom muçulmano - Parte X: Op Mar Verde, há 52 anos, em 22/11/1970: para Conacri, rapidamente e em força.

sexta-feira, 5 de maio de 2023

Guiné 61/74 - P24288: Notas de leitura (1579): "Rumo à Revolução, Os Meses Finais do Estado Novo", por José Matos e Zélia Oliveira; Guerra e Paz, Editores, 2023 (2) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 25 de Abril de 2023:

Queridos amigos,
Continuamos à volta de uma narrativa de largo espectro investigacional, elaborada com uma comunicação acessível, bem estruturada, em que o recurso à diacronia permite ir conhecendo a agenda tumultuosa dos últimos meses do Estado Novo. É interessante verificar que ainda há gente saudosista que é capaz de se procurar convencer de que aquela guerra possuía sustentabilidade, o que contraria toda a documentação produzida ao nível das instâncias militares, os recursos humanos estavam por um fio, procurava-se desesperadamente comprar armas e aviões para manter o conflito em África, o ministro das Finanças estava encostado à parede, o aparecimento do livro de Spínola endureceu duas fações dentro do regime; os autores vão elencando os acontecimentos, logo o agravamento em Moçambique, a franqueza com que Bettencourt Rodrigues vai informando o poder político da gravíssima situação militar que vive. Caetano tenta uma porta de saída, pede uma moção favorável sobre a sua política ultramarina à Assembleia Nacional, convoca depois generais e almirantes (a Brigada do Reumático), para anuir à sua política ultramarina, o MFA entretanto organiza-se, há uma precipitação em 16 de março, a revolta das Caldas. Otelo Saraiva de Carvalho aprende com os erros. A operação seguinte será um êxito estrondoso, o Estado Novo cai aparatosamente, já não há ninguém que o defenda.

Um abraço do
Mário



Os últimos meses do Estado Novo, como a guerra colonial fez baquear um regime (2)

Mário Beja Santos

A obra intitula-se "Rumo à Revolução, Os Meses Finais do Estado Novo", Guerra e Paz, Editores, 2023, por José Matos e Zélia Oliveira, o primeiro investigador em História Militar, a segunda, jornalista e com uma tese de mestrado sobre a crise final do marcelismo. Estão aqui registados numa narrativa que prende o leitor do princípio ao fim os três últimos meses que antecederam o 25 de Abril. Basta ver a bibliografia para perceber que os autores consultaram centenas de documentos de arquivos nacionais e estrangeiros, temos aqui um olhar sobre aquele que terá sido o período mais tumultuoso do marcelismo, aqui se registam os principais ingredientes que conduziram ao seu colapso.

Estamos já em fevereiro de 1974, Costa Gomes regressara de Moçambique, elabora um relatório sobre a situação da província, a guerra agravara-se com a tentativa de expensão da guerrilha para sul, em Cabo Delgado a FRELIMO procurava aliciar as populações Macuas, e no Niassa registava-se também atividade da guerrilha. O potencial relativo de combate passara a ser menos favorável às forças portuguesas, era urgente a revisão das estruturas de comandos, organização das tropas e planos de operações para ganhar eficiência no combate à guerrilha. A cooperação com os regimes brancos da Rodésia e da África do Sul intensificara-se, entretanto, a FRELIMO irá receber o míssil terra-ar Strela, a Força Aérea em Moçambique já estava preparada para a chega do míssil e nenhum avião foi perdido na colónia. Em suma, a situação agravara-se.

E os autores debruçam-se sobre o problema da Guiné onde o míssil terra-ar Strela fez a sua aparição em março de 1973. Perante o abate de aviões e os acontecimentos de Guidage, Guileje e Gadamael, Spínola clama pelo reforço dos meios de intervenção e de armamento. O Chefe de Gabinete de Costa Gomes, o Coronel Ramires de Oliveira, pronuncia-se sobre o documento enviado por Spínola, e é bem claro: “O exame da situação estratégica leva-nos a concluir que se torna necessário rever as finalidades políticas a atingir, sabendo que o nosso potencial militar, com os meios que dispõe, não pode cumprir a missão que até agora lhe foi cometida.” Costa Gomes vai à Guiné, em 8 de junho haverá uma reunião de alto nível, o documento dessa reunião está hoje amplamente divulgado, cabe a Spínola a iniciativa de propor a saída das zonas de fronteira para posições mais recuadas. “Obviamente que este recuo teria consequências na segurança das populações, que ficariam entregues à sua sorte, mas isso era um problema que teria de ser visto no quadro particular de cada etnia e que podia ser resolvido com o recurso às milícias. Costa Gomes deu o seu aval à estratégia delineada, era a forma de economizar forças e evitar o aniquilamento das guarnições de fronteira. É interessante notar que, pouco tempo depois desta reunião, Spínola acabaria por mudar de ideias, quando, a 9 de junho, escreveu ao ministro do Ultramar, Silva Cunha, discordando do abandono das zonas de fronteira e das respetivas populações, que ficariam sem proteção militar. O retraimento do dispositivo entrava em contradição com os compromissos que teria assumido perante aquelas populações, não lhe restando outra hipótese senão abandonar as funções que desempenhava na Guiné e regressar à metrópole.”

Marcello Caetano reúne com vários ministros e Costa Gomes e pergunta a este se a Guiné era ou não defensável, “ao que o general terá respondido que, se o inimigo não aparecesse na guerra com aviação própria, a Guiné era defensável. Nessa altura, existiam informações do lado português de que o PAIGC tinha um grupo de pilotos a receber instrução na União Soviética, e de que a guerrilha podia vir a dispor de aviões de origem soviética num futuro próximo.” O General Bettencourt Rodrigues é nomeado novo governador e comandante-chefe, duas companhias que iam para Angola (CCAÇ 4641 e CCAV 8452) foram reforçar as tropas na Guiné.

Os milhões de contos que a África do Sul prometia emprestar para cobrir grande parte das necessidades em armamento já estavam a ser discutidas. Os autores dão depois nota dos acontecimentos da declaração unilateral da independência, do reacendimento de ataques fronteiriços e do bom-sucesso da Operação Neve Gelada, realizada pelo batalhão de comandos africanos. Não obstante, os bombardeamentos a Canquelifá com morteiros 120 irão continuar, Bethencourt Rodrigues chegou a equacionar o abandono desta posição, tal como Buruntuma. Numa nota enviada em 20 de abril, “Bettencourt Rodrigues expressa profunda preocupação pelas informações que tem do uso de viaturas blindadas num ataque noturno a Bedanda e das consequências que a evolução do potencial de combate do PAIGC podia ter junto das guarnições de fronteira. A utilização de viaturas blindadas pelo PAIGC preocupava as forças portuguesas há vários meses, havendo informações de que estas viaturas tinham sido desembarcadas no porto de Conacri em princípios de 1974. Costa Gomes efetuava diligências junto do Chefe-de-Estado-Maior do Exército espanhol para o fornecimento de minas anticarro.”

A documentação de Bettencourt Rodrigues não ilude que o inimigo dispunha de iniciativa tática, melhor equipamento militar e um grande apoio logístico, isto enquanto Silva Cunha tentava, com o recurso do dinheiro sul-africano, dar seguimento às negociações com os franceses para a compra do sistema de mísseis Crotale, além da compra dos caças Mirage, e havia também a intenção de adquirir radares que permitissem uma boa cobertura do território guineense, para além da aquisição de morteiros de 120 mm. O Secretário-de-Estado da Aeronáutica pedia novos meios aéreos, todos contavam com o dinheiro sul-africano. A narrativa prossegue com o nascimento do MFA, o programa político começará a ser definido por uma reunião em Cascais, a 5 de março; um quadro de subversão alastra em várias unidades militares, mas também nas universidades.

Caetano entende que se deve dirigir à Assembleia Nacional, pretende que se vote uma moção que não deixei quaisquer dúvidas acerca da política ultramarina que ele prossegue. Em diferentes níveis, cresce a ebulição, no próprio regime constituem-se blocos, nas Forças Armadas procura-se avaliar o impacto do livro de Spínola, o MFA clarifica posições, escolhe para chefe do movimento Costa Gomes, internamente constituem-se comissões, na militar, sobressaem os nomes de Garcia dos Santos, Otelo Saraiva de Carvalho e Manuel Monge, na política Melo Antunes, Vítor Alves e Vasco Lourenço. A imprensa internacional, devido aos seus correspondentes em Lisboa, não deixa escapar as movimentações que aparentemente estão todas ligadas ao aparecimento de um livro chamado Portugal e o Futuro. A vigilância sobe as movimentações militares leva a que o ministro do Exército mande proceder a transferências compulsivas.

Na segunda semana de março de 1974, Caetano parece muito confiante com a sua política ultramarina, seguem-se reuniões com o Presidente da República, este insiste na demissão de Costa Gomes e Spínola, Caetano pede para não continuar na chefia do governo, escreve carta a Thomaz, este recebe-o ainda nesse mesmo dia, dir-lhe-á “já é tarde para qualquer deles abandonar o seu cargo, temos de ir até ao fim". E é nesse contexto que Caetano forja uma audiência a oficiais de todas as Forças Armadas a que só se recusarão estar presentes Costa Gomes, Spínola e Tierrno Bagulho, evento que ficará para a História com o nome de Brigada do Reumático. Forja-se uma remodelação do governo. E é neste ambiente que vai ter lugar a revolta das Caldas.


José Matos
Zélia Oliveira
Avião C-130
Avião P-3-Orion (Imagem Wikipédia)
Marcello Caetano recebe a Brigada do Reumático
Uma imagem esclarecedora do fim do regime

(continua)
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Notas do editor:

Poste anterior de 1 DE MAIO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24274: Notas de leitura (1577): "Rumo à Revolução, Os Meses Finais do Estado Novo", por José Matos e Zélia Oliveira; Guerra e Paz, Editores, 2023 (1) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 2 DE MAIO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24276: Notas de leitura (1578). Lançamento do livro do ten gen ref Garcia Leandro, "O Balanço de Uma Geração" (Lisboa, Gradiva, 2023, 360 pp.)...Vídeo com a recensão crítica do Presidente da República

Guiné 61/74 - P24287: Efemérides (392): No dia 29 de Abril de 2023, realizou-se a cerimónia de Comemoração do Dia do Combatente de Matosinhos e do 14.º Aniversário do Núcleo da Liga dos Combatentes (Carlos Vinhal)

Cemitério n.º 2 de Sendim - Memorial aos Combatentes da Guerra do Ultramar do Concelho de Matosinhos

Realizou-se em Matosinhos a cerimónia de Comemoração do Dia do Combatente e do 14.º Aniversário do Núcleo de Matosinhos, promovida pelo Núcleo e pela Câmara Municipal de Matosinhos e que contou com as presenças do Secretário Geral da Direção Central da Liga dos Combatentes, Coronel Lucas Hilário, da Presidente da Câmara, Dra. Luísa Salgueiro e do Vice-Presidente da Câmara, Dr. Carlos Mouta e de outras entidades.

A cerimónia militar iniciou-se pelas 10h30, perante o testemunho de muitas dezenas de pessoas presentes em frente ao Memorial de Homenagem aos 70 combatentes do concelho de Matosinhos mortos na Guerra do Ultramar, localizado no cemitério de Matosinhos (Sendim), onde se encontravam posicionados os Porta-Guiões dos Núcleos de Matosinhos, Porto, Ribeirão, Lixa e Marco de Canavezes, um clarim dos Bombeiros Matosinhos-Leça da Palmeira e uma Guarda de Honra composta por sócios combatentes do Núcleo.
Porta-Guiões presentes na cerimónia
Guarda de Honra composta por Antigos Combatentes

A cerimónia iniciou-se com a deposição de coroas de flores no Memorial, pelas seguintes entidades: União de Freguesias de Perafita, Lavra e Sta. Cruz do Bispo, União de Freguesias de Matosinhos e Leça da Palmeira, União de Freguesias de Custóias, Leça do Balio e Guifões, União de Freguesias da Senhora da Hora e S. Mamede de Infesta, Comando da Zona Marítima do Norte, Câmara Municipal de Matosinhos e Liga dos Combatentes.
O Clarim, de seguida, prestou as honras militares aos combatentes mortos executando os principais toques de homenagem. Um grupo de sócios do Núcleo cantou um salmo e foi lida a prece do Exército. A cerimónia militar terminou com a entoação do Hino da Liga pelo referido grupo de sócios.
O senhor Fernando Monteiro, em representação do Presidente da União das Freguesias de Matosinhos e Leça da Palmeira, deposita a coroa de flores da Freguesia
O 2.º Comandante da Zona Marítima do Norte, Capitão Tenente Mendes Valente, deposita a coroa de flores da Marinha
A Dra. Luísa Salgueiro, Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, deposita a coroa de flores da Edilidade
O Secretário Geral da Direção Central da Liga dos Combatentes, Coronel Lucas Hilário, e o Presidente do Núcleo de Matosinhos, Tenente Coronel Armando Costa, no momento em que depositavam uma coroa de flores em homenagem aos Combatentes falecidos
As coroas de flores depositadas junto aos 70 nomes dos Combatentes do Concelho de Matosinhos caídos em Campanha

Pelas 11H30, no Hotel Tryp Expo, em Leça da Palmeira, com a Sala Galeão completamente lotada, deu-se início à Sessão Solene do 14.º Aniversário do Núcleo com a condecoração com a Medalha de Comportamento Exemplar (grau ouro), nos termos do preceituado no Regulamento da Medalha Militar do Secretário da Direção, Sargento Ajudante Carlos Alberto Silva Osório, pelo Secretário Geral da Direção Central da Liga dos Combatentes, Coronel Lucas Hilário. Seguiu-se a imposição da Medalha Comemorativa das Campanhas a 5 sócios combatentes do Ultramar e a entrega de Testemunhos de Apreço aos associados com 50 anos de sócio e 40 anos de sócio e o Secretário Geral da Direção Central da Liga dos Combatentes fez a entrega ao Vogal da Direção, Sargento Chefe Domingos Batoca, do Certificado de qualificações de formação modelar como Delegado Social do Núcleo. Posteriormente, foram igualmente entregues a 2 sócios Testemunhos de Apreço pelos bons serviços prestados ao Núcleo e à Liga dos Combatentes, nas pessoas da Dra. Luísa Salgueiro, Presidente da Câmara e Eng.º Pedro Gonçalves, Presidente da Junta da União de Freguesias de Custóias, Leça do Balio e Guifões.
Entidades oficiais presentes na Sessão Solene na Sala Galeão
Os Combatentes que receberam Testemunhos de Apreço
Imposição de Medalhas Comemorativas das Campanhas a Combatentes

A sessão solene prosseguiu com o uso da palavra pelo representante do Presidente da União de Freguesias de Matosinhos e Leça da Palmeira, pelo Presidente do Núcleo de Matosinhos, pela Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos e pelo Secretário Geral da Direção Central da Liga dos Combatentes.

Cerca das 13H15, 135 participantes iniciaram, na Sala Caravela, o almoço de confraternização.

Aspecto da Sala Caravela

O programa para este dia prosseguiu com a entrega por parte do Presidente do Núcleo ao Secretário Geral da Direção Central da Liga dos Combatentes da Medalha do Núcleo e de um donativo do Núcleo para a Liga Solidária, no valor de 300€, com o objetivo de apoiar combatentes e famílias e a construção de Residências Seniores para os combatentes e famílias mais idosos de que são exemplos recentes as de Estremoz e Porto.

Seguiu-se a atuação do Quinteto de Metais mais percussão da Banda de Moreira da Maia de que faz parte o Vogal do Núcleo, Sargento Chefe Domingos Batoca. O seu desempenho foi brilhante e muito apreciado por todos os participantes que interagiram com grande satisfação com as músicas apresentadas.

O Presidente do Núcleo agradeceu a sua colaboração por participarem neste dia tão importante, oferecendo-lhes o Guião do Núcleo. Ainda foram agraciados pelo Presidente do Núcleo com o emblema da Liga 7 novos sócios.

Para encerrar o programa estabelecido, o Presidente da Direção e o Presidente da Assembleia Geral cortaram o bolo, cantou-se os parabéns ao Núcleo e foi lançado o Grito da Liga.

De entre as entidades já referidas estiveram igualmente presentes, o 2.º Comandante da Zona Marítima do Norte, Capitão Tenente Mendes Valente, o Comandante da Divisão Policial da PSP de Matosinhos, Intendente Ângelo Sousa, o Presidente da União de Freguesias de Custóias, Leça do Balio e Guifões, Presidente da Mesa da Assembleia Geral da União de Freguesias de Custóias, Leça do Balio e Guifões, Sr. José Tunes, os representantes do Presidente da Junta da União de Freguesias de Matosinhos e Leça da Palmeira, do Presidente da União de Freguesias de Perafita, Lavra e Sta. Cruz do Bispo e da União de Freguesias de S. Mamede de Infesta e Sra. Da Hora, os Presidentes dos Núcleos do Porto e Marco de Canavezes e os representantes dos Núcleos de Penafiel, da Maia e Lixa, o representante do Presidente das Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Leça do Balio, Dr. Joaquim Silva e familiares dos matosinhenses falecidos no Ultramar, entre outros convidados.

Como notas relevantes deste dia fica a disponibilidade, a dedicação e o empenho evidenciados pelos nossos dirigentes que tudo fizeram para que a concretização de um dos dias com mais significado para o Núcleo fosse um êxito, agradecendo-se a presença das entidades convidadas e que acompanharam as cerimónias. É de salientar, mais uma vez, a evidência da importância da realização destas cerimónias para fortalecer os laços de amizade e de união entre dirigentes, sócios, familiares e amigos envolvidos pela sua demonstração de adesão aos objetivos da Liga: defesa dos valores morais e históricos de Portugal, promoção da solidariedade social e do apoio mútuo aos mais carenciados.

Texto: Núcleo de Matosinhos da LC.
Fotos: © João Oliveira
Fixação do texto; selecção, edição e legendagem (em itálico) das fotos: Carlos Vinhal
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Nota do editor

Último poste da série de 4 de Maio de 2023 > Guiné 61/74 - P24283: Efemérides (391): No dia 25 de Abril, Faria celebrou a memória dos Alcaides e do Capitão Salgueiro Maia e Camaradas (Manuel Luís Lomba)

Guiné 61/74 - P24286: Convívios (957): Pessoal de Bambadinca, 1968/71 (CCS/BCAÇ 2852, CCS/BART 2917, CCAÇ 12,Pel Caç Nat 52, 54 e 63, Pel Rec Daimler 2046 e 2206, Pel Mort 2106 e 2268: 27ª edição, Coimbra, 27 de Maio de 2023: inscrições até ao dia 16 (António Damas Murta, ex-1.º Cabo Op Cripto, CCAÇ 12, 1969/71)

 



Brasões das unidades e subunidades que passaram por Bambadinca (Setor L1 da Zona Leste, Região de Bafatá) entre meados de 1968 e meados de 1971. Composição do nosso editor Eduardo Magalhães Ribeiro.

Infogravura: Eduardo Magalhães Ribeiro / BLogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2014)




António Damas Murta, ex-1º cabo Op Cripto 
CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71); 
bancário, reformado da Caixa Geral de Depósitos,~
residente em Coimbra.



1. A organização, este ano, está a cargo do António Damas Murta [foto acima ], com a preciosa ajuda sua filha Sofia Murta.  (Palmas para ele, é o terceiro encontro que organiza, depois dos de 2009 e 2014).

Apesar das dificuldades económicas e sociais que atingem muitos portugueses, incluindo muitos dos nossos ex-camaradas de armas (agravadas pelas  limitações de mobilidade e saúde), esperemos que o 27º almoço-convívio em Coimbra, no próximo dia 27 de maio de 2023, atinja ou ultrapasse mesmo as 80 inscrições do último ano (2022).

Publica-se a seguir o convite e o programa do 27º convívio anual do pessoal que passou por Bambadinca entre 1968 e 1971. A reter:

(i) ponto de encontro; Estádio Universitário de Coimbra, às 10h00;

(ii) Missa na igreja de Santa Cruz, na baixa coimbrã, às 11h00;

(iii) Almoço no restaurante "República da Saudade", a partir das 13h00;

(iv) Preçário: 31 morteiradas (adulto):

(v) Inscrições até 16 de maio;

(vi) contactos: telef 239 71 30 55 / telem 964 538 201 (António Murta) | telem 968 050 119 (Sofia Murta, depois das 17h00, durante a semana)

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Nota do editor:

Último poste da sériie > 27 de abril de 2023 > Guiné 61/74 - P24258: Convívios (956): A CCAÇ 2381 comemorou o seu regresso no 9 de Abril de 1970, fazendo o seu 30.º Almoço / Convívo no dia 15 de Abril, em Torres Vedras (José Teixeira, ex-1.º Cabo Aux Enfermeiro)

Guiné 61/74 - P24285: O que é feito de ti, camarada ? (18): António Lalande Jorge, ex-fur mil mec auto, CCAÇ 12 (Bambadinca e Xime, março de 1972 / abril de 1974)


Guiné > Zona Leste > Região de Bafatã > Sector L1 > Bambadinca > 1971 > Capa da brochura com a história da CCAÇ 12, desenhada pelo fur mil at inf António Levezinho. (A história da unidade, redigida pelo nosso editor Luís Graça, vai do início da formação da CCAÇ 2590/CCAÇ 12, até fevereiro de 1971; infelizzmwnte falta o resto da história,  até  à  data da extinção, agosto dev1974. )

O Sector L1 tinha sede em Bambadinca. Havia ainda mais três subsectores: Xime, Mansambo e Xitole. A oeste e a sul, o Sector L1 era delimitado pela margem direita do rio Corubal, e a norte pelo rio Geba Estreito, se bem que os regulados do Enxalé e do Cuor, na margem direita  do Geba ainda fizessem parte do sector. 

O porto fluvial do Xime e a estrada Xime - Bambinca passaram a ser, sobretudo a partir de 1969, a principal via de entrada na Zona Leste (região de Bafatá e região de Gabu). Bambadinca (em mandinga, a "cova do lagarto") era posto administrativo (pertencente à circunscrição / concelho de Bafatá). Em 1969 estava ligada a Bafatá (30 km) por estrada asfaltada. Do porto fluvial do Xime a Bambadinca era uma dúzia de quilómetros. Havia um reordenamento (Bambadincazinho, a oeste do quartel e posto administrativo) e uma tabanca (a norte e a leste). A povoação tinha escola, posto dos CTT, capela, posto sanitário, missão do sono (desativada), dois ou três estabelecimentos comercais, uma missão católica... Nunca foi atacada ou flagelada no nosso tempo (CCAÇ 12, julho de 1969/março de 1971). Tinha cerca de 400 homens em armas (além da CCAÇ 12, 170 militares, tinha uma CCS, um Pel Rec Daimler, um Pel Mort, um Pel Caç Nat e um PINT, Pelotão de Intendência, fora do quartel, no porto fluvial). Bambadinca tem mais de 670 referências no nosso blogue.


Infografia. Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2005)


1. Esta é mais uma tentativa, da nossa parte, para localizar o António Lalande Jorge, ex-fur mil mec auto, CCAÇ 12 (Bambadinca e Xime, março de 1972 / abril de 1974).  Deixou aqui, no nosso blogue, um único comentário, no poste P8302 (*), que depois transformámos em poste, o P21641 (**).


Para além de uma curta nota curricular da sua passagem pela CCAÇ 12, em rendição individual, entre março de 1972 e abril de 1974, e de nos ter participado a morte do ex-fur mil SAM Victor Alves (1949-2016), o António Lalande Jorge mostrou interesse em continuar a acompanhar o nosso blogue (e até voltar a escrever nele), embora reconhecendo as suas limitações comunicacionais:

(...) Nunca escrevi nada no blogue porque nunca fui "expert" em computadores e é para mim muito difícil dominar estas tecnologias , no entanto sempre acompanhei lendo todos os comentários que por aqui foram passando.

(...) Tenho algumas histórias curiosas que poderei divulgar num momento de inspiração.

Já agora não sei se será o local mais apropriado para estar a fazer este comentário mas peço desculpa pela minha ignorância. (...)

António Lalande | 4 de agosto de 2016 às 23:49


2. Na altura, escrevemos: 

(...) Jorge, foi pena não teres deixado um contacto (...) (endereço de email, telemóvel ou telefone...). Nem sequer sei onde vives. Gostaria muito de saber mais coisas sobre a "nossa" CCAÇ 12 do teu tempo. E, naturalmente, conhecer-te, em carne e osso, se houver oportunidade para tal.

Ficas, desde já, convidado (...) para te juntares à nossa Tabanca Grande (...). Dá notícias. (...) 

Reiteramos o nosso convite (***). Temos aqui mais de 450 referências à CCAÇ 12. Parece que o António Lalande Jorge não tem página no Facebook, contrariamente a muitos antigos combatentes. Deixamos-lhe aqui os nosso contactos, que de resto figuram ao alto da coluna esquerda do blogue:

(i) Luís Graça (Lourinhã):

luis.graca.prof@gmail.com

(ii) Carlos Vinhal (Leça da Palmeira / Matosinhos):

carlos.vinhal@gmail.com

(iii) Eduardo Magalhães Ribeiro (Maia):

magalhaesribeiro04@gmail.com

(iv) Jorge Araújo (Almada):

joalvesaraujo@gmail.com

(v) Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné

luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com
 
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 20 de maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8302: Os nossos camaradas guineenses (31): O José Carlos Suleimane Baldé, ex-1º Cabo At Inf, CCAÇ 12 (1969/74), está em Portugal até 3 de Junho, e quer estar connosco! (Odete Cardoso / Luís Graça)

(**) Vd. poste de 13 de dezembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21641: Casos: a verdade sobre... (18): Os "momentos dramáticos" vividos pela CCAÇ 12, em março de 1973, obrigada a render no Xime a CART 3494 [António Lalande Jorge, ex-fur mil mecânico auto, CCAÇ 12 (Bambadinca e Xime, março de 1972 / abril de 1974)]

Guiné 61/74 - P24284: Parabéns a você (2166): Joaquim Gomes Soares, ex-1.º Cabo At Inf da CCAÇ 2317/BCAÇ 2835 (Gandembel e Nova Lamego, 1968/69)

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Nota do editor

Último poste da série de 3 de Maio de 2023 > Guiné 61/74 - P24278: Parabéns a você (2165): Delfim Rodrigues, ex-1.º Cabo Aux Enfermeiro da CCAV 3366/BCAV 3846 (Susana e Varela, 1971/73)