sexta-feira, 21 de junho de 2024

Guiné 61/74 - P25670: Elementos para a história dos Pel Caç Nat 52, 54 e 63 que, ao tempo do BART 2917 (Bambadinca, jun 70 / mar 72), estavam destacados no Sector L1 - Parte I




1. A partir da História do BART 2917 (de 15/11/69 a 27/3/72) podemos obter mais alguns dados informativos sobre os 3 Pel Caç Nat que operaram, no setcor L1 (Zona Leste, região de Bafatá)



I. O dispositivo inical das NT na zona de ação do BART 2017, em junho de1970 era o seguinte (referem-se apenas os Pel Caç Nat) (*):
 
  • Pel Caç Nat  52 > Bambadinca
  • Pel Caç Nat  54  > Missirá
  • Pel Caç Nta 63 >  Fá Mandinga

Havia um Gr Comb na Ponte Rio Udunduma, que era rendido  de 3 em 3 dias numa escala que incluía 5 Gr Comb: 4 da CCAÇ 12 (Bambadinca) e 1 um do Pel Caç Nat 52 (Bambadinca)

 Posteriormente foram introduzidas as seguintes alterações ao dispositivo inicial, nas datas a seguir indicadas:

  • em 18 out 70, o Ple Caç Nat 52 vai para Fá Mandinga;  
  • em 19 out 70,  desloca-se o Pel Caç Nat 63 para Missirá;
  • em 20 out 70,  o Pel Caç Nat 54 vem para Bambadinca.
 
Em 2 de julho de 1971, nova rotação destas subsunidades africanas:
  • Pel Caç Nta 52 > Missirá:
  • Pel Caç Bat 54 > Fá Mandinga;
  •  Pel Caç Nat 63 > Bambadinca 

De 26 de julho  a 9 de setembro de 1971, o Pel Caç Nat 54 é destacado para Bafatá,  regressando depois a Fá Mandinga. Nessa altura, é o Pel Caç Nat 63 a ir para Bafatá, donde regressa, a Bambadinca , em 26 de outubo de 1971.
 
E parece ser o Pel Caç Nat 63 que vai "inaugurar" o destacamento de Mato Cão.  


II. Estas três subunidades, ao tempo do  BART 2917, foram comandadas por:

  • Pel Caç Nat 52: 


(i) até Até 24.jul 70, alf mil at inf  Mário António Gonçalves Beja Santos; 

(ii) de 24.jul 70 até para além do regresso do BART 2917 à Metrópole, alf mil at inf Alferes Miliciano Atirador Nelson Alberto Wahnon Reis.



  • Pel Caç Nat 54:

(i) até 18 nov 70, alf m,il at inf Correia (desconhece-seo o nome completo); 

(ii) de 18. nov 70 até para além do regresso do BART 2917 à Metrópole, alf mil Hélder P. R. Martins;


  • Pel Caç Nat  63:

(i) até 1 jul 71, alf mil at art Jorge Pedro Almeida Cabral (1944-2021);

(ii) de 11 jul 71 até 27 mar 72, alf mil at Manuel David Coelho, da  CART 2714 (que estava em Mansambo);

(iii)  em 2 jul 71 o alf mil Arsénio Pires, inicialmente nomeado como Comandante do Pel Caç Nat  63, foi colocado na CART 2714, em substituição do alf mil at Manuel David Coelho.


O "alfero Cabral" (1944-2021), no meio, entre dois dos seus homens do Pel Caç Nat 63


III. Outras transferências de pessoal:

  • em 30 jun.71 foi transferido da CART 2716 (Xitole) para o Pel Caç Nat 52, o fur mil at  Atirador Paulo Ferreira CRUZ [ou Paulo Pereira Cruz];
  • em 16 set 71 foi colocado no Pel Caç Nat  63 o fur mil at Jorge Abreu Batista  da CART 2715 (Xime):
  • em 23 set 71 foi colocado no Pel Caç Nat 63 o fur mil at  Sérgio Oliveira Carvalho Pinto, da CART 2714 (Mansambo);

  • António Branquinho (1047-2023)
    em 24 set 71 por ter terminado a sua comissão de serviço no CTIG  marchou para Bissauo fur mil at António Júlio Abrunhosa Branquinho (1947-2023),  do Pel Caç Nat  63, a fim de aguardar transporte para a Metrópole;
  • em 7 dez 71 foi colocado no Pel Caç Nat 63 o fur mil at Loureiro,  da CART 2714 (Mansambo), onde se encontrava desde 19 out 71;
  • em 15 dez 71 regressou à CART 2715 (Xime) o fur mil at Jorge Abreu Batista. (encontrava-se destacado no Pel Caç Nat 63 desde 16. set 71).

IV. Recomplementos 

JULHO DE 1970

  • Pel Caç Nat 52

- Alferes Miliciano Atirador Nelson Alberto Wahnon Reis 80063969;

- Furriel Miliciano Atirador Manuel Augusto Castro Silva 12709969;

- Soldado Atirador Francisco Lopes 82054167;

- Soldado Atirador Tiburcio Gomes Ofany  82055367;

- Soldado Atirador Mama  Obralé 82036266;

- Soldado Atirador Ogo Baldé 82023766;

  • Pel Caç Nat  54

- 1º Cabo Atirador Roberto Pina Araújo 82022165;

- 1º Cabo Atirador Armando António Silva 82038664;

- 1º Cabo Atirador Dino Vieira 82074665;

  • Pel Caç Nat  63

- 1º Cabo Atirador João S. Guilherme 16335969;

- 1º Cabo Atirador Joaquim S. Freitas 17722969;

- Soldado Atirador Jango Candé 82055065;


AGOSTO DE 1970

  • Pel Caç Nat 52

- Soldado Atirador Paté Mané 82060167:

  • Pel Caç Nat 54

- Furriel Miliciano Atirador Alfredo J. S. Freitas 14037769;

- Furriel Miliciano Atirador José Mário  C. Ferreira 06205370;

- Furriel Miliciano Atirador José A. L. Pires 10684269;

  • Pel Caç Nat  63

- 1º Cabo Atirador António S. Barroso 05674470;

- 1º Cabo Atirador António M. S. Araújo  17925969;

SETEMBRO DE 1970


  • Pel Caç Nat 52

- Furriel Miliciano Atirador João  M.M. Branco 07125668;

- Soldado Atirador Mamassali Baldé 82063867;

- Soldado Atirador Bacar Baldé 82057465;

- Soldado Atirador Mango Baldé 82057165

- Soldado Atirador Seco Umaro Baldé 82055266;

- Soldado Atirador Tunca Sanhá 82037066;

  • Pel Caç Nat 63

- Furriel Miliciano Atirador Carlos E. C. Nunes Amaral 14288269;

- 1º Cabo Atirador Sanassi Baldé 82052865;

- Soldado Atirador Indouque Queta 82052265;


OUTUBRO DE 1970

  • Pel Caç Nat 52

- 1º Cabo Atirador Fodé Mané 82023866;

- Soldado Atirador Adulai Embaló 82049567;

- Soldado Atirador To mango Baldé  82057465;

  • Pel Caç Nat 63

- 1º Cabo Atirador José Sangá 82016164;

- Soldado Atirador Braima Candé  82014060;

- Soldado Atirador Holdé Embaló 82035565;

NOVEMBRO DE 1970

  • Pel Caç Nat 52

- 1º Cabo Atirador António A. F. Rocha 05955270;

- Soldado Atirador Sambaro Baldé 82095264;

  • Pel Caç Nat 54

- Alferes Miliciano Atirador Hélder P- R. Martins  07543668;

- 1º Cabo Atirador Fernando Vasco Menoita 00762170;

DEZEMBRO DE 1970

  •  Pel Caç Nat 54

- Soldado Atirador Adi Jop  82077770

- MARÇO DE 1971


  • Pel Caç Nat 54

- Soldado Atirador Sambaro Embaló 82092068;

- 1º Cabo Atirador Manul Augusto Gaspar12528870;

  • Pel Caç Nat 63

- Soldado Atirador Braima Jau 82035066;

ABRIL DE 1971

  • Pel Caç Nat 54

- 1º Cabo Atirador Amílcar Prazeres Pereira  11702470;

  • Pel Caç Nat  63

- 1º Cabo Atirador Cralos José Pereira Simplício  12687370.

(Continua)

(Seleção, revisão/ fixação de texto: LG)

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Nota do editor:

(*) Vd. poste de 4 de junho de 2024 > Guiné 61/74 - P25600: O armorial militar do CTIG - Parte I: Emblemas dos Pelotões de Caçadores Nativos: dos gaviões aos leões negros, das panteras negras às águias negras...sem esquecer os crocodilos

Guiné 61/74 - P25669: Convívios (1002): Rescaldo do XXXVII Convívio da CART 3494, realizado no Quartel da Serra do Pilar (ex-RAP 2) Vila Nova de Gaia (Sousa de Castro, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista)


RESCALDO DO 37.º CONVÍVIO DA CART 3494 REALIZADO NO QUARTEL DA SERRA DO PILAR (EX-RAP 2) VILA NOVA DE GAIA

No passado dia 08/06/2024 foi o dia da celebração do cinquentenário da chegada da guerra Colonial da Guiné da CART 3494.
A cerimónia teve lugar na Unidade Mobilizadora do BART 3873 [composto pelas companhias operacionais; CCS em Bambadinca; CART 3492 no Xitole; CART 3493 em Mansambo e CART 3494 no Xime] o Regimento de Artilharia Pesada - 2, hoje com o nome de: “Quartel da Serra do Pilar” em Vila Nova de Gaia.
Depois da receção de boas-vindas, cumprimentos, abraços e beijinhos e posta a conversa em dia, procedeu-se a uma singela homenagem aos mortos em combate junto do monumento, com a deposição de uma coroa de flores, sem esquecer os 39 camaradas, dos quais temos conhecimento, que deixaram a vida terrena após o término da guerra. Os toques adequados para o efeito foram a cargo da Unidade.

Após a cerimónia seguimos até a um Restaurante em Matosinhos "Restaurante Mariazinha" onde foi servido um excelente repasto. Muita animação e alegria em todos os intervenientes, reviveram-se Estórias da época, relembraram-se operações muito delicadas em que perdemos 4 camaradas e também muitos feridos em combate, mesmo assim não faltou animação e muita alegria, na certeza de que para o próximo ano estaremos todos juntos e mais alguns para celebrar os 51 anos da nossa chegada. O repasto todos foram unânimes, estava muito bom! Nada a apontar.

Também tivemos discursos de circunstância referente aos tempos passados na guerra da Guiné.
Por último não houve grande dificuldade em arranjar um novo timoneiro para levar a cabo o próximo encontro, assim sendo, o ex. Fur Miº Infª António Bonito, (foto ao lado) prontificou-se uma vez mais a levar a bom porto esta tarefa e nos convidar para no dia 07 de junho de 2025 levar-nos até à zona entre Figueira da Foz e Montemor O Velho para o encontro anual, será o 38º.

Nota final:
Lamentamos a falta injustificada de pelo menos 7 presenças confirmadas, a organização devido ao espaço limitado teve de recusar alguns camaradas que tinham vontade em participar, portanto camaradas, temos de ser rigorosos com nós próprios, cumprir com a data limite imposta pela organização para confirmação. Como sabem, esta coisa acarreta despesas.
Vamos lá camaradas cuidem-se, muita saúde para estarmos juntos no próximo ano. Muita força e saúde da boa!


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Nota do editor

Último post da série de 5 DE JUNHO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25607: Convívios (1001): Rescaldo do XXXI Encontro da Rapaziada, e familiares, da CART 11/CART 2479, levado a efeito no passado dia 1 de Junho na Tornada, Caldas da Rainha (Valdemar Queiroz, ex-Fur Mil Art)

Guiné 61/74 - P25668: Notas de leitura (1702): Factos passados na Costa da Guiné em meados do século XIX (e referidos no Boletim Official do Governo Geral de Cabo Verde, anos 1860 a 1864) (8) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 19 de Abril de 2024:

Queridos amigos,
Faço notar que a coleção existente na Biblioteca da Sociedade de Geografia de Lisboa, no que concerne ao Boletim Oficial do Governo Geral de Cabo Verde e da Costa da Guiné tem falhas de números, da leitura dos Boletins disponíveis não procuro tirar qualquer conclusão ou demonstração, é notório o papel residual que desempenha a Costa da Guiné, também designada por Estabelecimentos de Cacheu e Bissau; falecido Honório Pereira Barreto, não se distingue nenhuma governação local, estamos em tempo de fomes e epidemias, de permanente insegurança dentro da Fortaleza de S. José de Amura e no relatório anual das obras públicas de Cabo Verde há menções ao estado de degradação da Fortaleza de Cacheu e a necessidade de fazer reparações; são referidos tratados de paz com régulos, insurreições, como se escreve em 9 de fevereiro de 1861, "em Cacheu deram-se algumas ocorrências devido ao estado semi-selvagem da classe baixa"; procurou-se melhorar a defesa e a segurança da Fortaleza de S. José de Bissau e em 1864 chega uma colónia cabo-verdiana enviada para o Rio Grande de Bolola, dará que falar, pela importância e dimensão do seu trabalho, virá a ser profundamente afetada pelas guerras que irão assolar o Forreá.

Um abraço do
Mário


Suplemento do Boletim Oficial de 21 de janeiro de 1862, dá-se a notícia do falecimento do Infante D. João, como já se dera a notícia dos falecimentos da rainha D. Estefânia e do seu marido, o rei D. Pedro V

Factos passados na Costa da Guiné em meados do século XIX
(e referidos no Boletim Official do Governo Geral de Cabo Verde, anos 1860 a 1864) (8)


Mário Beja Santos

Não é demais insistir que neste acervo que vou consultando do Boletim Official do Governo Geral da Província de Cabo Verde e Costa da Guiné (convém não esquecer que a Guiné, ou os Estabelecimentos de Cacheu e Bissau, só passará a província autónoma em 1879, a partir daí haverá Boletim Oficial da Colónia), a Guiné não tem qualquer relevância, isto é, tem valor alfandegário, enquanto viveu Honório Pereira Barreto as suas iniciativas eram tornadas públicas, o resto é quase paisagem, o que predomina é o que se passa em Santiago, no Mindelo, na Brava. Vejamos o que se pode respigar ainda no ano de 1860, há curiosidades que merecem registo. No n.º 62, de 16 de fevereiro, consta a Portaria 239 do Ministério da Marinha e Ultramar, nomeia-se o farmacêutico Júlio César Galião, para servir em Bissau por tempo de 3 anos, com os vencimentos de 1.º Farmacêutico da Província. Recorde-se que em tempo de epidemias e a febre amarela anda à solta. Na sucessão destas portarias, coloca-se um outro farmacêutico em Cabo Verde e mais adiante informa-se que seguem medicamentos e utensílios para a Botica de Bissau.

Do Boletim n.º 82, de 15 de dezembro, pela Portaria 276, o Governador Geral toma uma decisão por força de um ato solidário, como se escreve. O Juiz de Direito, José Maria Costa, tinha pedido que fosse diminuído o preço de carregamento, ou mesmo dispensado o frete, do arroz transportado de Bissau para a ilha Brava, o transporte era um iate, por ter sido aquele género obtido por subscrição e destinado a socorrer os indigentes da Brava, e sendo uma dádiva, o Governador determinava que fosse restituída a importância do referido frete de arroz.

Estamos agora em 9 de fevereiro de 1861, Boletim n.º 6, “as últimas notícias sobre o estado sanitário da Guiné foram recebidas pelo iate Bissau na cidade da Praia no mês de novembro de 1860. O Governador da Guiné Portuguesa recebeu fundadas denúncias de que os gentios premeditavam atacar a Praça de S. José de Bissau, felizmente longe de se darem demonstrações hostis, os régulos de Bandim e outros apresentaram-se ao Governador, protestando obediência. Em Cacheu deram-se algumas ocorrências devido ao estado semisselvagem da classe baixa, que alteraram por algum tempo o sossego público, hoje restabelecido.” E mais uma nota curiosa na mesma informação que veio da Praia: “Acerca de Bolama e Rio Grande, que atualmente nos são disputados, espera-se resolução superior definitiva, tão reclamada pela conservação e melhoramento das nossas colónias daquela parte de África. O estado sanitário da Guiné é satisfatório.”

Estamos agora em março de 1862, a Portaria n.º 45 prende-se à reorganização das forças militares e de segurança, exara o Governador Geral:
“Atendendo às circunstâncias especiais em que se acha esta Possessão, e à urgente e muito imperiosa necessidade de criar uma força pública que, auxiliando o destacamento de primeira linha, possa garantir a defesa e segurança desta Praça de S. José de Bissau, e permita que o referido destacamento seja todo empregado em quaisquer operações que se julgarem necessárias fora da mesma praça; tendo em vista a restrita obrigação que incumbe a todos os cidadãos de concorrerem para a defesa do Estado e conservação de qualquer território pertencente à Monarquia Portuguesa; atendendo mais a que será tido na devida consideração o apelo que por este modo se faz à povoação de Bissau, e achará o devido apoio do seu reconhecido patriotismo, interesse pelo bem público, tanto mais quanto tende à sua própria segurança e das suas propriedades, hei por conveniente, usando do voto de confiança dado o Conselho do Governo da Província e da autorização que me confere o Parágrafo 2.º do Artigo 15.º do Acto Adicional à Carta Constitucional da Monarquia, determinar o seguinte:
- Proceder-se-á imediatamente à organização de um corpo de infantaria de 2.ª Linha, com a denominação de Companhia de Voluntários de Bissau, com a força de um capitão comandante, dois tenentes, dois alferes, dois segundos-sargentos, um furriel, um corneteiro ou tambor, quatro cabos, quatro anspeçadas, e 60 soldados, sendo por este modo a totalidade da sua força 78 praças efectivas; a Companhia de Voluntários de Bissau, terá, por enquanto, pequeno uniforme em tudo igual ao do Batalhão de Artilharia da Província, tendo a única diferença de serem as golas e canhões de pano de azul-claro e não usarem vivos nas calças; o armamento desta Companhia terá como o de infantaria do Exército; o Governador dará as ordens e instruções para que sem perda de tempo se proceda ao alistamento e reuniões das praças que se apurarem para este importante serviço.”


Em portaria, logo a seguir, louva-se o comandante do Batalhão de Artilharia de 1.ª Linha, António Maria Maurity.

Estamos agora a 4 de janeiro de 1882, o Boletim Oficial n.º 1 dá notícia de quem são os Vogais da Comissão Municipal da Vila de Bissau, quatro efetivos e quatro substitutos, destaca-se o nome de João Marques de Barros, conhecido comerciante, familiar do cónego Marcelino Marques de Barros, notável figura da cultura guineense. Este ano é parco em notícias da Guiné, referem-se medidas sobre a defesa e segurança da fortaleza de S. José de Bissau, o movimento marítimo deixa claramente ver que o impor-expor está na mão de estrangeiros, há notícias sobre nomeações e exonerações do mais diverso tipo, caso de regedores de paróquia, são referidos acordos celebrados como o que aparece mencionado no Boletim Oficial de 14 de março “aprovado o tratado de paz celebrado entre o Governador da Guiné e os gentios de Cacheu”; não falta referência ao conserto do portão denominado da Puana, na tabanca que defende a Praça de Bissau.

Estamos chegados a 1883 e no Boletim Oficial n.º 13 temos um despacho do Governador Geral:
“Achando-se completamente desprovidos dos habitantes da Praça de Cacheu de pessoa que lhe aconselhe e prepare os medicamentos a que tenham de recorrer para debelar as frequentes doenças, que os acometem na naquele insalubre clima; cumprindo a este Governo Geral tomar todas as medidas que se tornem necessárias à Saúde Pública; atendendo ao que sobre tal objecto representaram os habitantes daquela Praça ao Governador da Guiné, encarrega-se Carlos Frederico Hopffer das funções de enfermeiro da Praça de Cacheu, recebendo o tal serviço a gratificação mensal de 20 mil reis.”

Entrara-se num novo ano e no Boletim Oficial n.º 11, de 26 de março, chama-se a atenção para a Portaria 68, assinada pelo Governador Geral, Carlos Augusto Franco, Cabo Verde volta a estar em grande sofrimento:
“Atendendo à necessidade de encaminhar a emigração, a que, na terrível crise alimentícia, se socorre uma grande parte dos habitantes deste arquipélago, a fim de fugirem aos efeitos da fome que o assola, e proporcionar-lhe, portanto, o sustento em outro ponto desta província, por forma de que futuro possa, pelo desenvolvimento da agricultura da mesma, ser compensado devidamente o sacrifício que fazem os seus cofres com tal despesa;
Hei por conveniente determinar que, com os indigentes que voluntariamente se prestarem a seguir para a Guiné Portuguesa e para ali forem transportados por conta do Estado, se estabeleça no mencionado ponto do Rio Grande de Bolola uma colónia com as seguintes condições:
- Todas as pessoas ou famílias fugindo aos horrores da fome, que atualmente sofre o arquipélago de Cabo Verde, e a quem o Governo tiver dado passagem por conta do Estado para a Guiné, chegando àquela Possessão e não tenham meios de prover à sua subsistência, serão para ali mandados na qualidade de colonos;
- Os colonos destinados àquele território sujeitar-se-ão desde a data da sua chegada ali e por cinco anos à seguintes condições: deverão concorrer para a defesa da mesma colónia, contra todos os ataques de qualquer inimigo; comparecerão todos os domingos e dias santificados para terem uma inspeção pessoal passada pelo chefe da colónia, e assistirem aos ofícios divinos, quando para os mesmos possa ser mandado um sacerdote; serão mandados e obrigados a mandar os seus filhos e filhas às escolas de ensino primário logo que o Governo as estabelecer; ficarão sujeitos à obrigação de prestarem mútuo auxílio aos trabalhos rurais, e nos de edificação das habitações destinadas ao seu primeiro estabelecimento; aos indivíduos que voluntariamente desejarem fazer parte da colónia se dará passagem por conta do Governo, sendo competentemente abonados de mantimentos; receberão ração diária desde o dia do seu desembarque e durante seis meses, ou por todo o tempo que decorrer até à primeira colheita, etc., etc.”

Cartão-postal da primeira igreja de Bolama, cerca da década de 1900
Bissau - uma rua perto das fortificações, porventura ainda na década de 1900
Imagem atual do rio Buba
Buba, celebração do Natal de 1973. Imagem retirada do Arquivo Digital, por José Mota Vieira, com a devida vénia

(continua)
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Notas do editor:

Post anterior de 14 DE JUNHO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25639: Notas de leitura (1700): Factos passados na Costa da Guiné em meados do século XIX (e referidos no Boletim Official do Governo Geral de Cabo Verde, anos 1858 a 1861) (7) (Mário Beja Santos)

Último post da série de 17 DE JUNHO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25651: Notas de leitura (1701): Cuidado com o material em falta! (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P25667: Tabanca Grande (559): Carlos Parente, ex.sold at inf, CCAÇ 1787 (Bula, Bissau, Empada e Quinhamel, 1967/69). vive em Viana do Castelo e senta-se agora à sombra do no nosso poilão, no lugar nº 889

 





Carlos Parente, ontem, e hoje: vive em Viana do Castelo. Foi sold at inf, CCAÇ 1787
 (1967/69)


1. Soubemos da existência do Carlos Parente através de um comentário recentíssimo dele, datado de 11 do corrente, a um poste já muito antigo (P10570, de 12 de outubro de 2012), da autoria do Manuel Serôdio, ex-fur mil da CCAÇ 1787 (Bula, Bissau, Empada, Quinhamel, 1967/69)...

Foram camaradas de armas, da mesma subunidade: o Carlos Parente recordou aqui como foi gravemente ferido no decurso da Op  Escudo Negro, a norte de Porto Gole, já na região do Oio (*)..

2. Na sequência desse comentário, o nosso editor LG escreveu:

 (...) Meu caro Carlos Parente, camarada da Guiné!...

Realmente o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca ...é Grande!... Cabemos cá todos, e está cá quem se procura. Terás cá lugar, na tua qualidade de antigo combatente no CTIG, se me mandares duas fotos, uma antiga e outra mais ou menos atual, com mais duas ou três linhas de apresentação, a completar a tua mensagem acima.

Diz-nos onde vives (...), qual era o teu posto na tropa e na Guiné, a que subunidade pertenceste (seria a mesma do Serôdio, a CCAÇ 1787 ?)...

Vamos receber-te de braços abertos, e para mais sabendo que, apesar da desgraça desse fatídico dia 16 de janeiro de 1968, estás vivo e acabas de encontrar um camarada teu, que estava por perto, um "teu irmão de armas". (...)


Pu-lo em contacto com o Manuel Serôdio, que vive em Rennes, França, desde 1972, mas de quem já não tinha notícias há uns bons anos...

3. O Serôdio, que é natural de Oliveira de Azeméis, já respondeu ao Parente e ao nosso editor, nestes termos (por email de 17 junho 2024,  13:30)

Assunto - Carlos Parente, ferido gravemente no decurso da Op Escudo Negro

Mesmo se não tenho comunicado, continuo a seguir o que se passa neste grupo (a Tabanca Grande). Do Carlos Parente, que nunca mais encontrei, nada sei dele, nos convívios que a malta da CCAÇ  1787 continua a organizar, não recordo que estivesse presente.
Se
No entanto recordo perfeitamente esse fim de dia muito difícil, já transportavámos um soldado nativo morto com uma armadilha no fim da manhã, e nesse fim de tarde o meu pelotão atravessou a bolanha sem problemas, e o grupo logo a seguir fez disparar nova armadilha que causou vários feridos, um dos quais gravemente.

Mesmo a evacuação no dia seguinte foi difícil por falta de espaço para a aterragem do helicóptero, tivemos que abater algumas árvores.

Carlos, diz alguma coisa sobre ti, gostava de ter novidades. 

Um abraço. Manuel Serôdio


4. O Carlos Parente e o Manuel Serôdio já estão em contacto um com o outro, e já decidiarm que irão reencntrar-se no próximo convívio anual da sua companhia:

(i) Carlos Parente 

Como é gratificante encontrar camaradas que viveram de perto momentos tão difíceis de nossas vidas naquela guerra injusta que fez milhares de vítimas. 

É com orgulho que te digo  que estou por Viana do Castelo onde moro e no próximo encontro da CAÇ 1787, a realizar em Ponte de Lima, e a ser organizado pelo Matos,  não quero perder a oportunidade de abraçar todos fisicamente. Desde já abraço grande,  Carlos Parente.


(ii) Manuel Serodio:

Amigo Carlos Parente, o Matos já realizou um convívio de excelente qualidade, novamente vamos ter para o próximo ano o Matos como organizador de mais um encontro.  "Grande" Matos, lá estaremos novamente em Ponte de Lima.


5.  Ontem,  às 11:50,   o Carlos Parente mandou-nos os elementos que faltavam para ser apresentado aos camarados e amigos da Guiné:

(...) Bom dia camarada,  Luís Graça,  tendo conversado algum tempo atrás, em que o meu amigo me pedia duas fotos,  uma mais antiga e outra mais recente,  e porque tive uma pequena avaria não me foi possível o envio de imediato, o  que faço agora. Sem outro assunto,  com um forte abraço, Carlos Parente. (...)

Apesar desta apresentação, muito sumária, o Carlos Parente passa a integrar formalmente a nossa Tabanca Grande, a partir desta data. Senta-se à sombra do nosso poilão, no lugar nº 889 (**). Promete-nos dar mais algumas informações a seu respeito e aceitar as nossas regras de convívio, como por exemplo o tratamento por tu, como camaradas de armas que fomos (e que contnuamos a ser).

A única foto do tempo da Guiné que encontrámos na sua página do Facebook, é a que publicamos a seguir, sem legenda: não sabemos a data nem o local.




Guiné > S/l > S/d > CCAÇ 1787 (1967/69) > O Carlos Parente

Foto da sua páginado Facebook



6.  A CCaç 1787 pertencia ao BCAÇ 1932, mobilizado pelo RI 15 (Tomar), divisa "Vontade e Valo". Comandante: ten cor inf  Narsélio Fernandes Matias. Desmbarcou em Bissau em 2/11/1967, e regressou à metrópole em 20/8/1969. Assuniu a responsabilidade do Sector O2, com sede em Farim e mais tarde em Bigene.

Já a CCAÇ 1787, essa, seguiu em 16nov67 para Bula, a fim de efectuar a adaptação operacional sob orientação do BCav 1915 e seguidamente reforçar este batalhão, com vista à utilização em operações realizadas nas regiões de Ponta Ponate e Ponta Matar, entre outras, após o que recolheu a Bissau em 06jan68. 

De 13 a 17Jan68, tomou ainda parte numa operação realizada pelo BCaç 1912 na região
de Sarauol. (Op  Escudo Negro). E foi nessa oaasião que o Carlos Parente foi gravemente ferido, acabando por ser evacuado para o Hospital Militar Principal onde permaneceu um ano.

Em 24jan68, rendendo a CCaç 1587, a CCAÇ 1787 assumiu a responsabilidade do subsector de Empada, com pelotões destacados em Gubia, até à extinção do destacamento em 27jun68 e Ualada, até finais de mar68, ficando integrada no dispositivo e manobra do BArt 1914 e depois do COP 4, tendo a partir de 12nov68, destacado um pelotão, por períodos variáveis, para reforço de outros batalhões, nas guarnições de Bedanda, Bambadinca e Bolama.

Em 01mai69, por troca com a CCaç 2381, foi colocada em Buba, com um pelotão destacado em Mampatá, a fim de se integrar na segurança e protecção dos trabalhos da estrada Buba-Aldeia Formosa, a cargo do COP4.

Em 05jun69, foi deslocada para Bissau, a fim de assumir, transitoriamente, a responsabilidade do subsector de Quinhámel, incluindo os seus destacamentos de Ponta Vicente da Mata, Ilondé, Orne e Ondame, em substituição da CCav 1749, ficando então na dependência do BCaç 2884.

Em 27jun69, foi substituída, por troca, pela CCaç 2366, deslocando-se para Bissau e continuando em funções de segurança e protecção das instalações e das populações da área.

Em 19ago69, foi substituída, transitoriamente, pela CCaç 2571, a fim de efetuar o embarque de regresso.

Observações - O BCAÇ 1932 tem História da Unidade (Caixa n." 73 - 2.ª Div/4ª Sec, do AHM). As CCaç 1787 e CCaç 1788 têm História da Unidade (Caixas nºs 75 e 76 - 2.ªDiv/4ª Sec, do AHM, respectivamente).

Fonte: Excertos de Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 7.º volume: Fichas das Unidades. Tomo II: Guiné. Lisboa: 2002, pp. 98/100.

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(**) Último poste da série > 29 de maio de 2024 > Guiné 61/74 - P25576: Tabanca Grande (558): Otacílio Luz Henriques, ex-1º cabo bate-chapas, CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) e viola baixo do conjunto "Os Bambas D' Incas": senta-se à sombra do nosso poilão, no lugar nº 888

quinta-feira, 20 de junho de 2024

Guiné 61/74 - P25666: A minha ida à guerra (João Moreira, ex-Fur Mil At Cav MA da CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72) (48): Coincidências II - Furriel Moreira e os ataques ao quartel do Olossato



"A MINHA IDA À GUERRA"

João Moreira


COINCIDÊNCIAS II

FURRIEL MOREIRA - ATAQUES AO OLOSSATO

Outras coincidências nos 6 ataques do PAIGC ao quartel do Olossato.

O furriel Moreira, do 4.º GComb (O mesmo grupo de combate do Furriel Justino):

- No 2.º ataque - Estava de férias na Metrópole;
- No 3.º ataque - Estava no destacamento do Maqué;
- No 4.º ataque - Também estava no destacamento do Maqué;
- No 6.º ataque - Andava em patrulhamento;
- No 1.º Ataque - Estava de sargento de dia;
- No 5.º ataque - Estava de oficial de dia (Não é engano. Durante os muitos meses que o alferes não esteve na Companhia, era eu, Furriel Moreira, que fazia de oficial de dia, por ser o furriel mais antigo).

Olossato - Furriel Moreira

(continua)
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Nota do editor

Último post da série de 13 DE JUNHO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25637: A minha ida à guerra (João Moreira, ex-Fur Mil At Cav MA da CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72) (47): HISTÓRIA DA COMPANHIA DE CAVALARIA 2721: Coincidências I - Presençã do Furriel Justino em todos os ataques aos aquartelamentos

Guiné 61/74 - P25665: Para bom observador, meia palavra basta (4): Partidas e chegadas... no Cais da Rocha Conde de Óbidos (Fotos do álbum de João Sacôto, ex-alf mil, CCAÇ 617 / BCAÇ 619 (Catió, Ilha do Como e Cachil, 1964/66), comandnate da TAP reformado... e pai da "prquens (em 1964) Pula Cristina


Foto nº 1A



Foto nº 1


Foto nº 2



Fotoo nº 3


Foto nº 4



Foto nº 4 
 
Fotos do álbum do João Sacôto, ex-alf mil, CCAÇ 617 / BCAÇ 619 (Catió, Ilha do Como e Cachil, 1964/66)

Fotos (e legendas): © João Sacôto (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Esta sequência (Fotos nºs 1, 2, 3, 4 e 5)  mostra uma criancinha que vem à Gare Marítima Rocha  Conde de Óbidos (e não à Gare Marítima de Alcântara!) para se despedir do pai, que parte para a guerra (Foto nº 1). 

Vem pela mão do avô (Foto nº 1A). A criança era uma menina, Paula Cristina, fazia 2 aninhos nesse dia 8 de janeiro de 1964. Que prenda de aniversário, que crueldade, levarem-lhe o pai para a guerra, logo nesse dia... 

Seráque ela se lembvra ? É de todo improvável. Hoje, advogada, tem 62 anos.

O pai é o nosso amigo e camarada João Sacôto, ex-alf mil  da CCAÇ 617 / BCAÇ 619 (Catió, Ilha do Como e Cachil, 1964/66). Viria a trabalhar depois como Oficial de Circulação Aérea (OCA) na  Direção Geral de Aeronáutica Civil (DGAC).  E seria, entretanto, piloto e comandante na TAP, tendo-se reformado em 1998. Fez anos há dias anos. E continua a viajar e a ter o ar de quem é feliz e gosta de viver. 

Membro da nossa Tabanca Grande desde 20/12/2011, é autor de uma notável série, o "Álbum Fotográfico de João Sacôto", donde selecionámos estas fotos...

Vemo-lo, na foto nº 3, a descansar à entrada de uma morança, na ilha de Infanda, setor de Catió. Seguramente a pensar na pequena  Paula Cristina, que deixara na metrópole e que só voltaria  a abraçar em agosto de 1965, nas férias... 

Regressa, por fim, a casa, embarcando no  T/T Uíge (Foto nº 4). Reune-se por fim com a família (Foto nº 5): a sua Paula Cristina já tinha 4 anos... (Será que ela ainda se recorda deste dia ? Pouco provável, com essa idade), 

Enfim, uma história com um final feliz, a avaliar,  de resto, pelos caminhos que o João Sacôto seguiu, e ele e os companheiros, oficiais millicianos da CCAÇ 617, aqui à mesa noT/T Uíge, no cruzeiro Bissau-Lisboa,  (Foto nº 4): da esquerda para a direita (legedenda de 2019):

 (i) alf mil Farinha (era arquiteto, já faleceu):

 (ii) alf mil Santarém (foi professor liceal na Guarda);

 (iii) alf mil Gonçalves (foi industrial de plásticos); 

(iv) alf mil Sacôto (foi comandante da TAP); 

(v) alf mil Monteiro, de outra unidade, que não a CCAÇ 617).... 

Recorde-se que a CCAÇ 617 / BCAÇ 619, partiu para o CTIG em 8/1/1964 e regressou a 9/2/1966, tendo sido comandada pelo cap inf António Marques Alexandre. Esteve em Bissau, Catió e Cachil.

No meio desta sequência, há demasiada informção que escapa a um observasor, mas não a um "bom observador... Por exemplo:

(i) quem é que assistia às partidas (e chegadas) de contingentes militares para o Ultramar ? Claro, as autoridades, civis e militares  (a começar, pela PSP, PM, PIDE,  força de segurança militar,  etc.),  e que ficavam estacionadas ou deambulando pelo cais;

(ii) o público, em geral,  era acantonado no primeiro andar da gare marítma,  no varandim, donde acenava para os soldados que iam embarcando;

(iii) o embarque era uma operação morosa: em geral, um oficial superior (um oficial general, em representação do ministro do exército)  passava revista às tropas em parada (na Av Brasília, paralela à Av. 24 de Julho); havia fanfarra e desfile das forças em parada; as individualidades militares em terra faziam continência (devia ser uma seca, pensavam uns e outros); havia um discurso de despedida; e depois os militares encaminhavam-se para o cais de embarque e iam subindo o portaló do navio enquanto acenavam  para os que ficavam em  terra; os familiares acenavam do varandim (e, alguns do cais, devidamente separados por grades de segurança); as escada de embarque da AGPL - Administração do Porto de Lisboa eram, entretanto,  retiradas com o auxílio de grua;

(iv) por fim, soltavam-se as  amarras e o navio zarpava, apitando três vezes; para trás ficava a ponte sobre o Tejo (inaugurada em 1967), o o Cristo Rei,  o casario da cidade;

(v) em geral, as partidas, eram de manhã,  e havia lenços  brancos e muitas lágrimas incontidas na pequena multidão que tinha o privilégio de se ir despedir de familiares e amigos (raramente se mostram grandes planos com as lágrimas da partida;  no regresso, a censura já deixava passar as lágrimas de alegria...); maior parte dos militares não tinha lá ninguém, que nesse tempo Lisboa era longe do Porto, de Bragança, de Beja ou de Faro...

(vi) na RTP Arquivos podem ver-se dezenas e dezenas de vídeos, a preto e branco, sem som, peças de reportagem que passavam no Noticiário Nacional...Ao longo da guerra, longa de 13/14 anos  (1961/75), estas cenas tornaram-se banais, mas eram quase sempre passadas no Cais d Rocha Conde de Óbidos (onde partiam e chegavam os navios das carreiras de África, incluindo os T/T, Transportes de Tropas), e não do Cais de Alcântara (reservadas aos navios transatlânticos, que faziam as carreiras das Américas);

(vii) por fim, parece que faltam aqui as senhoras do Movimento Nacional Femino (já deviam ter aparecido antes da pequenina Paula Cristina que, com o avô, acenava para o pai já embarcado): distribuíam cigarros, medalhinhas de Nra. Sra. de Fátima, sorrisos, e votos de coragem, ânimo, boa sorte e bom regresso...

Fica, para o "bom observador", a oportunidade de comentar o que muito bem entender (*).. Votos de saúde e longa vida para o nosso veterano João Sacôto.

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Nota do editor:

(*) 12 de junho de 2024 > Guiné 61/74 - P25634: Para Bom Observdor, Meia Palavra Basta (3): O morteirete 60 mm, m/968, da Fábrica de Braço de Prata (FBP), e outras curiosidades...