quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

Guiné 61/74 - P26235: Álbum fotográfico de João Moreira (ex-Fur Mil Cav da CCAV 2721 - Olossato e Nhacra, 1970/72) (5)

Posição relativa de Maqué e Olossato
Infografia Luís Graça & Camaradas da Guiné - Carta de Binta
Foto 35 > Junho de 1970 > Destacamento da Ponte do Maqué > Esquadra do morteiro 60 > Lopes, João Moreira, Belejo, Rafael e Martins
Foto 36 > Junho de 1970 > Destacamento do Ponte do Maqué > João Moreira "a trabalhar para o bronze"
Foto 37 > Junho de 1970 > Ponte do rio Maqué > João Moreira > Vejam bem a "obra de engenharia" que é a ponte...
Foto 38 > Junho de 1970 > Destacamento da Ponte do Maqué > João Moreira > Reparem que até tinha bandeira hasteada. Só faltava o "clarim" para oficializar a "cerimónia".
Foto 39 > Junho de 1970 > Destacamento do Maqué > João Moreira
Foto 40 > Junho de 1970 > Destacamento do Maqué > João Moreira > Curiosamente junto ao emblema dos Vampiros, que era a companhia onde um primo meu fez a comissão na Guiné.
Foto 41 > Junho de 1970 > Ponte e Destacamento do Maqué > João Moreira
Foto 42 > Junho de 1970 > Ponte do Maqué > João Moreira

(continua)
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Nota do editor

Último post da série de 28 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26207: Álbum fotográfico de João Moreira (ex-Fur Mil Cav da CCAV 2721 - Olossato e Nhacra, 1970/72) (4)

Guiné 61/74 - P26234: Timor Leste: passado e presente (28): O concelho de Sardoal homenageou, em 15/9/1946, um dos seus filhos, Augusto Leal de Matos e Silva (1905-1944), chefe de posto administrativo de Laga, um dos heróis da resistència aos japoneses, morto da prisão de Díli



Timor > Álbum Fontoura > c. 1936-1940 > Foto 16994 > O farol de Díli. O início da sua construção data de 1889, durante o governo de Rafael Jácome Lopes de Andrade [1888-1890]. Obras de reconstrução e melhoramento em 1932 e 1948-49, após a ocupação japonesa.

Foto do Arquivo de História Social > Álbum Fontoura. Imagens do domínio público, de acordo coma Wikimefdia Commons. (Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, 2024)








Fonte: O Sardoal - Boletim de Informação e Cultura da Câmara Municipal de Sardoal, bimestral, nº 53, ano 9, julho - agosto de 2008, pág. 27 (Trata-se das reprodução de um artigo do "Diário de Notícias", de 15 de setembro de 1946.)


1. Os 28 louvores (contados por nós), atribuídos formalmente, pelo Governador de Timor, Manuel de Abreu Ferreira de Carvalho, cap inf,  natural do Porto, aquando da cessação das suas funções (*), com datas de 10 de outubro  e 21 de novembro de 1945, contemplam as seguintes categorias de "portugueses, europeus e assimilados, que na colónia se mantiveram durante todo o período da ocupação do aeu território por forças estrangeiras" (sic):


Mais tarde, já em junho de 1947, no relatório que fez para o Governo sobre os "acontecimentos de Timor" (relatório que saiu em livro, publicada pela Imprensa Naciomal - Casa da Moeda, para logo ser retirado do mercdao),  o antigo Governador alargou a lista dos portugueses e inclui uma mão cheia de timorenses, vivos e mortos, merecedores do reconhecimento da Pátria portuguesa: são mais de 60 os liurais, chefes de suco, "moradores" (milícias), e outros "indígenas"  (sic) expressamente citados.

Cremos que o critério do governador cessante foi "político", ou seja, só foram contemplados por louvores aqueles que "se mantiveram em absoluta obediência às ordens do governo da colónia durante o período da ocupação  da colónia por  forças estrangeiras" (sic)... Uma exigência patética e absurda por parte de um governador que, com a longa e brutal ocupação japonesa (que em se compara com a holandesa e australiana),  ficou praticamente incomunicável e manietado,  sem poder mandar em coisa nenhuma, de fevereiro de 1942 a setembro de 1945... 

De entre alguns dos heróis (portugueses e timorenses) que resistiram à ocupação nipónica, estão sem sombra de dúvida o chefe de posto de Laga, Augusto Leal de Matos e  Silva, o chefe de posto de José Plínio dos Santos Tinoco e o tenente Manuel de Jesus Pires, administrador de Baucau. Os três morreram na prisão, às mãos dos japoneses, em 1944, mas tinham cometido o erro de se  aliarem aos australianos, o que era imperdoável aos olhos de Salazar...

Tod0s deveriam ter sido louvados por atos heróicos... Recorde-se em 3 de agosto de 1943 ajudaram a embarcar, em duas vedetas australianas, perto da "alfândega" de Barique, um grupo de foragidos portugueses e timorenses (com destaque para mulheres e crianças). Mas em Timor ficou um grupo de voluntários, em missão, de observação, de que faziam parte os seguintes portugueses: 

  • Tenente Manuel de Jesus Pires (Porto, 1895-Díli,1944);
  • Chefe de posto Augusto Leal de Matos e Silva;
  • Chefe de posto  José  [Plínio dos Santos] Tinoco;   
  • Enfermeiro Serafim  [Joaquim] Pinto;   
  • Radiotelegrafista Patrício Luz;
  • Cabo de infantaria João Vieira. 
Todos eles morreram na prisão japonesa de Díli [em 1944] , com exceção do Patrício Luz que se escondeu entre timorenses,  amigos da sua família.

Augusto Leal de Matos e Silva (1905-1944)apesar de tudo, ainda foi homenageado pela Càmara Municipal da sua terra, Sardoal,  dois anos e tal depois da sua morte. Era de uma família com prestígio na terra, filho de um conhecido republicano (logo do "reviralho") e grande benemérito local. (**)

Citando Carlos Vieira da Rocha (in " Timor: ocupação japonesa durante a Segunda Guerra Mundial, 2ª ed rev e aum, Lisboa: Sociedade Histórica da Independência de Portugal, 1996,  pág. 131), "se para alguns é discutível a utilidade da resistência portuguesa, a verdade é que o tenente Manuel de Jesus Pires e os seus companheiros estavam imbuídos do mais puro patriotismo, levando ao sacrifício da própria vida".

O próprio Carlos Vieira da Rocha refere o caso do Governador que, no regresso a Portugal, em 8 de dezembro  de 1945,  foi "vítima da maldade e incompreensão dos homens" (pág. 173). Tendo-se levantado dúvidas sobre o seu "patriótico comportamento", acabaria por ser ilibado pelo Conselho do Pacífico, criado para apreciar os acontecimentos ocorridos em Timor, e que de faziam parte um general, um almirante e um juiz conselheiro...

O antigo deportado político Carlos Cal Brandão, no seu livro de memórias ("Funo: Guerra em Timor", 3ª ed., Lisboa, P&R - Perspetivas e Realidades,  s/d, originalmente publicado em 1946) faz o retrato humano e profissional destes três resistentes, que com ele colaboraram e lutaram (pp. 21-25): Manuel de Jesus Pires (combatente da Flandres, que terá ido para Timor logo em 1919, tendo passado à situação de licença ilimitada, para abraçar a carreira de administrador colonial, figura muito popular na colónia), Matos e Silva (jovem de espírito irrequieto e aventura, com talento para a música, a pintura e o desenho), e José Tinoco (filho de um conhecido funcionário colonial, que havia nascido na Guiné, mas que passara  a sua mocidade, em Vilar Real, na terra dos pais).

PS - Alguns Portugueses Mortos na Prisão (n=8)

1 — José  Plínio dos Santos Tinoco. Chefe de posto administrativo. Na cadeia de Díli, a 8 de abril de 1944. (#) 

2 — Manuel de Jesus Pires, Tenente de infantaria e administrador de circunscrição. Na cadeia de Díli, em data ignorada de 1944. 

3 — Cipriano Vieira. Cabo de infantaria. Idem. 

4 — João Vieira. Cabo de infantaria. Idem. 

5 — Serafim Joaquim Pinto. Enfermeiro. Na cadeia de Díli antes de 29 de abril de 1944. 

6 — Augusto Leal de Matos e Silva. Chefe de posto administrativo. Na cadeia de Díli, possivelmente em 9 de maio de 1944. 

7 — Artur do Canto Resende. Engenheiro-geógrafo. Em Kalabai, na ilha holandesa de Alor, a 23 de Fevereiro de 1945. (##)

8 — João Jorge Duarte. Gerente da filial do Banco Nacional  Ultramarino de Díli. Em Kalabai, Alor, a 25 de março de 1945.

(#) Não confundir com Fernando Plínio dos Santos Tinoco, que foi encarregado da circunscrição de Oecusse,  de dezembro de 1941 a setembro de 1945, e louvado pelo Governador; terá nascido em 1914, filho de Adelino Tinoco; o José seria seu filho; o Fernando em 1946 será nomeado administrador, e em 1963 cônsul, em Kupang).

(##) Agraciado, a título póstumo, em 1952, com o grau de oficial da Ordem Militar da Torre e Espada.

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 22 de outubro de 2024 > Guiné 61/74 - P26068: Timor Leste: Passado e presente (26): Notas de leitura do livro do médico José dos Santos Carvalho, "Vida e Morte em Timor durante a Segunda Guerra Mundial" (1972, 208 pp.) - Anexo V: a situação sanitária em 1945: "valeu-nos a fé em Deus e a confiança nos governos da Colónia e da Nação"

Guiné 61/74 - P26233: Parabéns a você (2334): Manuel Carvalho, ex-Fur Mil API da CCAÇ 2366 / BCAÇ 2845 (Teixeira Pinto, Jolmete e Quinhamel, 1968/70)

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Nota do editor

Último poste da série de 1 de dezembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26219: Parabéns a você (2333): Ernestino Caniço, ex-Alf Mil Cav do Pel Rec Daimler 2208 e da Rep ACAP (Mansoa, Mansabá e Bissau, 1970/71)

quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

Guiné 61/74 - P26232: Álbum fotográfico de Ramiro Figueira (ex-Alf Mil Op Especiais da 2.ª CART / BART 6520/72, Nova Sintra, 1972/74) (1)

Alf Mil Op Especiais Ramiro Figueira
Vista aérea de Nova Sintra
Foto 1 – Em cima do paiol o meu grupo de combate com material capturado ao PAIGC. Eu estou no meio com uma espingarda Mosin-Nagant na mão. Ao meu lado direito o guia milícia Bunca Turé e do lado direito dele o meu guarda costas, o Lima. O que está de pé, atrás de mim um pouco à esquerda é o Pereira, apontador de morteiro 60. Na estrema esquerda, de óculos, o cozinheiro Rocha
Foto 2 – Eu numa acção de segurança da estrada para Lala para o reabastecimento com as LDM
Foto 3 – Em frente do bunker da MG 42
Foto 4 – Com o homem grande da minúscula tabanca de Nova Sintra, o Malan, quando da entrega da insígnia da sua presença num dos Congressos do Povo que o General Spínola tanto gostava
Foto 5 – Com o comandante Bunca Dabó quando da passagem de Nova Sintra para o PAIGC, ao meu lado esquerdo o comandante do pelotão de milícias
Foto 6 – No desfile da partida de Bissau para a Metrópole acompanhando um coronel que presidiu à cerimónia cujo nome desconheço

Fotos (e legendas): © Ramiro Figueira, ex-Alf Mil Op Especiais da 2.ª CART / BART 6520/72

(continua)

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Nota do editor

Vd. post de 23 de junho de 2022 > Guiné 61/74 - P23379: Tabanca Grande (535): Ramiro Alves de Carvalho Figueira, ex-Alf Mil Op Esp da 2.ª CART/BART 6520/72 (Nova Sintra, 1972/74). Senta-se à sombra do nosso poilão no lugar n.º 863

Guiné 61/74 - P26231: Historiografia da presença portuguesa em África (455): A Província da Guiné Portuguesa - Boletim Official do Governo da Província da Guiné Portuguesa, o importante relatório do chefe do presídio de Ziguinchor, Marques Geraldes, 1887 – 1 (13) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 6 de Setembro de 2024:

Queridos amigos,
Atenda-se que Francisco António Marques Geraldes é figura nossa conhecida pelo seu valoroso comportamento militar em Geba; o relatório de que aqui se retiram largos extratos é datado em 1 de janeiro de 1886, meses depois, oficialmente, toda esta região foi entregue à França, em nenhuma circunstância se ouviram quer os portugueses que aqui residiam quer as autoridades gentílicas, daí o clamor de protesto que demorou a extinguir-se. Devido à cobiça francesa, o corpo estranho da região do Casamansa no todo da superfície do Senegal nunca se conformou com a identidade imposta, daí as escaramuças a que de vez em quando a imprensa faz menção. E, sem qualquer margem para dúvidas, este é o derradeiro relatório que conservamos sobre Ziguinchor.

Um abraço do
Mário



A Província da Guiné Portuguesa
Boletim Official do Governo da Província da Guiné Portuguesa, o importante relatório do chefe do presídio de Ziguinchor, Marques Geraldes, 1887 – 1 (13)


Mário Beja Santos

Tenho a declarar que o documento mais relevante que encontrei no Boletim Official, ao longo deste ano de 1887, excluindo o chamado bilhete de identidade do que é hoje a Guiné-Bissau, prende-se com o relatório do chefe do presídio de Ziguinchor, uma figura já nossa conhecida, Francisco António Marques Geraldes, que conseguiu desbaratar as hostes de Mussá Moló. É um documento de grande significado histórico, que nos ajuda a compreender as reações de repúdio da população de Ziguinchor quando se soube que o Governo português entregara de mão beijada toda a região do Casamansa, ninguém ignorava que os portugueses ali negociavam há séculos, o presídio de Ziguinchor era antiguíssimo. Marques Geraldes elaborou o seu relatório com referência a 1 de janeiro de 1886, o relatório será publicado a partir de 25 de junho de 1887, permito-me destacar largas passagens, já que lhe confiro grande importância até para o entendimento do que é hoje a questão do Casamansa e a sua tendência separatista, creio para não exagerar que alguma das motivações profundas podem ser entendidas à luz deste documento.

Dá-se a palavra a Marques Geraldes:
“O descobrimento do rio Casamansa pelos portugueses remonta a uma época muito antiga posto que inserta, apesar de alguns quererem dizer que foi Gonçalo Gambôa o seu primeiro descobridor, em 1640. Nota o visconde de Santarém que um mapa de África feito por Hondins, e publicado em Paris em 1609, já apresenta um estabelecimento nosso no rio Casamansa; e que num outro Bertins, publicado em 1640, acha-se na parte concernente a este rio, empregada a palavra Guião, palavra como é sabido, muito usada pelos portugueses no século XV, como emblema de autoridade, e copiada textualmente por aquele sábio de um antigo mapa no qual dava o pavilhão das quinas como o único aqui existente. O nome deste rio vem, segundo os escassos dados que tenho à vista, de um rei dos Banhuns chamado Casamansa, que ao tempo do seu descobrimento governava estes pontos. Diz-nos Álvares de Almada que os portugueses viviam em plena segurança na Corte deste rei e é de crer mesmo que fosse este o primeiro ponto escolhido deles para se estabelecerem, visto encontrarem aí proteção que noutra qualquer parte seria menos segura.”

E, mais adiante:
“Nos primitivos tempos do seu descobrimento, eram os Banhuns quase os únicos habitantes destas paragens. As dissidências que mais tarde se levantaram entre eles chamaram a atenção dos Felupes e Mandigas, vindos do interior, que pouco a pouco os foram dizimando, achando-se, pois, o rio ocupado pelas seguintes raças: margem direita, Felupes e Mandigas; margem esquerda, Felupes, Banhuns e Balantas.” Descreve com detalhe o modo de vida dos Banhuns, as suas crenças, a sua agricultura, a sua religião, a riqueza do território, o comércio da escravidão e passa a comentar ao pormenor o presídio de Ziguinchor:
“Está este presídio situado na margem esquerda do rio Casamansa, em terra de Banhuns e distante da barra aproximadamente 25 milhas. A sua posição comercial é das mais vantajosas, pois comunica pelo interior com o rio Bujetó ou Lala, que vai desaguar em S. Domingos, estando, além disso, em constante relação com as possessões francesas de Selho e Carabane. A posição do presídio à beira-mar é numa pequena elevação, torna este ponto de linda perspetiva para quem vem de fora. A povoação é cercada por uma estacada de pau-ferro, acabando os seus dois extremos na margem do rio.”

Refere o património habitacional, dizendo abertamente que as casas estão em más condições, quem habita no presídio, o estado degradado em que se encontra a igreja e refere-se assim aos Grumetes da Senegâmbia Portuguesa:
“São estes os mais dóceis, muito amigos da terra que os viu nascer e fiéis respeitadores da autoridade. São quase todos de origem Banhum, mesclada com a Felupe, falando o dialeto crioulo, miscelânea do antigo português corrompido com a linguagem dos Banhuns e Felupes.”
Alude à natureza da alimentação, a abundância de peixe e tem uma nota trocista sobre o comportamento dos Grumetes:
“No princípio das chuvas os Grumetes que estão fora recolhem a fim de se proceder aos trabalhos que o cultivo do arroz exige. Em novembro, isto é, logo em seguida à colheita daquele cereal, parte deles lã vão outra vez a caminho da Goreia ou da Gâmbia, onde se empregam como marinheiros a bordo das embarcações costeiras. A sua principal missão consiste em aparecerem depois da sua terra, vestidos de ponto em branco, badine em punho, percorrendo as ruas três ou quatro dias consecutivos com pasmo de todos os seus companheiros. Em seguida, é arrecadada a roupa dentro da mala, de onde não torna a ver a luz do dia, senão para ser vendida por menos de metade do seu valor para ocorrer a qualquer necessidade do momento.
A mulher, como na maior parte dos povos de África, vive num estado quase completo de abjeção e é sobre ela que pesam todos os trabalhos domésticos. É para admirar que, achando-se estes Grumetes prontos a auxiliar o Governo em qualquer expedição que pretenda fazer, tenham, contudo, horror ou ódio pela vida militar, naturalmente devido à sujeição que ela impõe. A lembrança de um recrutamento levaria quase todos a fugir para o território gentílico, onde têm parentes e amigos, sendo certo que todos, sem exceção falam os dialetos Banhuns e Felupe, com a mesma perfeição que o crioulo. O Grumete é meio termo entre o cristão e o gentio.”


Marques Geraldes volta agora a sua atenção para o que existe no interior do presídio. “Existem neste presídio duas repartições públicas; a do chefado e a delegação fiscal, que começou a vigorar por proposta minha no ano de 1882 e informação do respetivo diretor da alfândega de Cacheu. Qualquer das duas repartições funciona em casas particulares, sendo a da delegação fiscal bem pouco em harmonia com o fim a que se destina.” Depois dá pormenores sobre estas habitações e a escola, refere que a igreja “é o único edifício público que aqui temos e esse mesmo em miserável estado, vergonhoso até, se nos lembrarmos que este ponto está continuamente a ser visitado pelos estrangeiros. É de barro coberta de palha; as paredes tanto interior como exteriormente nunca foram rebocadas; o altar está em decoroso e os santos, pelo seu péssimo estado, mais provocam o riso do que devoção. Os ornamentos estão todos danificados pela bagabaga. Este edifício foi erigido há perto de 20 anos a expensas do povo e por ele tem sido reparado todos os anos.”


Mapa muito antigo onde se revela que o território da Guiné era, segundo o cartógrafo, parcela integrada do que se chamava a Etiópia Anterior, aparecem ali designações como Senegal e Terra dos Negros
Ziguinchor nos tempos modernos
Os Fijus di Terra, na região do Casamansa, que 500 anos depois da chegada dos portugueses, não se identificam em pertencer ao Senegal

(continua)

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Nota do editor

Último post da série de 27 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26202: Historiografia da presença portuguesa em África (454): A Província da Guiné Portuguesa - Boletim Official do Governo da Província da Guiné Portuguesa, continuamos na companhia de Damasceno Isaac da Costa, 1886 (12) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P26230: Casos: a verdade sobre ... (50): António Lobato, sete anos prisioneiro de Amílcar Cabral e Sékou Touré / L' affaire Antonio Lobato, sept années prisionnier d' Amilcar Cabral et de Sékou Touré

Imagem, à esquerda: 

António Lobato (1938-2024), maj pil av ref; no cativeiro (maio de 1963 / novembro de 1970) sempre recusou a liberdade em troca da denúncia da guerra colonial aos microfones da rádio do PAIGC.

Mas em carta  à  mulher, datada de Kindia, 22/5/65, escreveu: (...) "Houve momentos de fraqueza em que quase me arrependi de ter recusado essa liberdade, hoje porém agradeço a  Deus o ter-me dado a força necessária para resistir".

Imagem a seguir, em baixo, à direita: 

O António Lobato entrevistado em 1996, num programa da RTP1, "Operação Mar Verde - Parte l", Série "Enviado Especial", apresentado pelo jornalista José Manuel Barata-Feyo, em 7 de julho de 1997. Fotograma capturado e editado, com a devida vénia à RTP Arquivos. (Vídeo: 17' 38'').



1. É curioso (mas nada que nos possa surpreender)  como o tempo, a distância, os conflitos entre países, a (in)comunicação, a ideologia, as crenças,os preconceitos, etc., tendem a gerar e alimentar mitos, lendas, boatos,  atoardas, mentiras, etc.  Em suma, falsificar a(s) história(s).

Costuma-se dizer que quem conta um conto, acrescenta-lhe um ponto...Todos temos essa experiência com as diferentes narrativas da guerra, onde nós próprios participámos.

Um dos nossos leitores, que escreve em francês, e é africano pelo nome (não sabendo nós o que faz nem onde vive) tem aqui mostrado interesse pela história da Op Mar Verde e a libertação do nosso camarada da FAP, António Lobato (infelizmenfe falecido há uns meses).

Numa segunda mensagem  que recebemos dele, datada de 30 de outubro último, põe-nos ao corrente  de "boatos" que corriam na época,  na África Ocidental:

(i) que o António Lobato era filho do Presidente da Câmara de Lisboa;

(ii) ou então de um  poderoso industrial português que alegadamente teria dado um murro na mesa,  junto do governo português,  para obter a sua libertação;

 (iii) e
que o presidente Sékou Touré teria fechado um acordo (secreto) com os portugueses para virem buscar os seus prisioneiros...

Ora nada disto é verdade, para nós, portugueses e antigos combatentes. O António Lobato era filho (único) de pais minhotos, de Melgaço, terra que ele adorava. E, infelizmente, teve que esperar 7 longos anos de cativeiro até conseguir ser libertado, em 22 de novembro de 1970, na sequência da Op Mar Verde, cuja objetivo principal ia muito para além da libertação dos prisioneiros portugueses nas cadeias do PAIGC, em Conacri (26 ao todo)... 

Sabemos que a missão principal desta arriscada operação era ajudar uma facção de oposicionistas guineenses ao regime no poder em Conacri a derrubar o Sékou Touré e a decapitar o PAIGC. 


1. Mensagem, em francês, do nosso leitor, Lamine Bah:
 

30/10/2024, 07:58

Bonjour, merci pour cette bibliographie sur Antonio Lobato, pilote de guerre,  portugais detenu 7 ans durant en Guinée. (*)

N'a été liberé que suite à l'operation Mar Verde. Cette operation connu en Guinée sous le le nom d'agression portugaise contre la République de Guinée,  a été l'occasion pour Sékou Touré d'arreter et d'executer sans jugement de nombreux cadres civils et militaires, y compris des membres du gouvernement, comme complices des portugais. 

Ces accusés n'ont pas eu droit à un procès equitable, privés d'avocats. Le verdict se basait sur des aveux extorqués sous la torture et difusés à la radio.

Ma question est de savoir si Antonio Lobato etait le fils du Maire de Lisbonne à l'époque ou d'un industriel portugais qui aurait tapé sur la table au près du gouvernement portugais pour sa liberation ?

En tout cas c'est ce qu'évoquaient les rumeurs de l'époque.

Une autre rumeur serait que le Président Sékou Touré aurait conclu un 'deal' avec les portugais pour venir chercher leurs prisonniers.

Merci pour vos réponses.
Sincères salutations.

Cumprimentos,
Lamine Bah | laminebah2000@yahoo.fr



2. Tradução da mensagem para português:

Bom dia

Obrigado pela  bibliografia que me indicou, sobre o piloto de guerra António Lobato,  português detido durante 7 anos na República da Guiné. 

Só foi libertado após a Operação Mar Verde. Esta operação conhecida em Conacri como uma  agressão portuguesa contra a República da Guiné, foi um pretexto para Sékou Touré mandar prender e executar numerosos quadros civis e militares,  sem julgamento,  incluindo membros do governo, acusados de serem  cúmplices dos portugueses. 

Esses réus não tiveram direito a um julgamento justo e com advogados de defesa. O veredito baseou-se em confissões extraídas sob tortura e transmitidas na rádio.

A minha pergunta é se António Lobato era filho do Presidente da Câmara de Lisboa,  na época, ou  de um industrial português que alegadamente teria dado um murro na mesa,  junto do governo português,  para obter a sua libertação?

De qualquer forma, era isso que sugeriam os rumores da época.

Outro boato seria que o presidente Sékou Touré teria fechado um acordo com os portugueses para virem buscar os seus prisioneiros.

Obrigado pelas suas respostas.
Os meus cumprimentos.
Lamine Bah | laminebah2000@yahoo.fr

3. Réponse en français, pour une meilleure compréhension de notre lecteur:

On sait que le temps, la distance, les conflits entre pays, l'incommunication, l'idéologie, les croyances, les préjugés, etc., tendent à créer et à alimenter des mythes, des légendes, des mensonges, des rumers, à falsifier les faits, etc. 

On dit souvent, en portugais, que celui qui raconte une histoire, y ajoute un point… Nous avons tous cette expérience des différents récits de la guerre, en Guinée-Bissau, auquelle nous avons nous-mêmes participé .

Un de nos lecteurs, qui écrit en français et dont le nom est africain, Lamine Bah (nous ne savons pas ce qu'il fait ni où il habite) se montre intéressé par l'histoire de l'Opération "Mar Verde" (invasion amphibie de Conakry, le 22 novembre 1970) et de la libération de notre camarade de l' Armé de l'Air Portugaise, Mr. António Lobato, malheureusement décédé quelques mois auparavant. (**)

Dans un deuxième message que nous avons reçu de son coté, le 30 octobre 2024, il nous fait part de rumeurs qui circulaient à l'époque en Afrique de l'Ouest:

(i) que Mr. António Lobato était le fils du maire de Lisbonne ou d'un industriel portugais qui aurait tapé sur la table avec le gouvernement portugais pour obtenir sa libération;

(ii) et que le Président Sékou Touré avait trouvé un accord secret avec les Portugais pour la rescue de leurs prisonniers...

Or, rien de tout cela n’est vrai, pour nous, les ancients combattants portugais. Mr. Antonio Lobato était le fils unique, ses parents demeurant  à Melgaço, au Nord du Pays, une petite ville  qu'il aimait de tout son coeur.

Et malheureusement, il a eu attendre sept longues années de captivité avant d'être libéré, le 22 novembre 1970, à la suite de l'Opération "Mar Verde", dont l'objectif principal allait bien au-delà de la libération des 26 prisonniers portugais aux mains du parti de Mr. Amilcar Cabral, à Conakry... On sait que la mission principale était d'aider une faction de l'opposition guinéenne au régime en place à Conakry à renverser Sékou Touré et décapiter le PAIGC.

(**) Último poste da série > 15 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26157: Casos: A verdade sobre... (49): Os "djubis" da CART 11 e da CCAÇ 12, que foram soldados... (Luís Graça)

Guiné 61/74 - P26229: Foto à procura de... uma legenda (190): O Portugal do Minho a Timor... O passatempo teve pouca participação, afinal não dava... "patacão".



Foto nº 1 > Moçambique > Lourenço Marques > 1951 > Vista aérea


Foto nº 1A > Moçambique > Lourenço Marques > 1951 > Vista aérea


Foto nº 1B > Moçambique > Lourenço Marques > 1951 > Vista aérea


Foto nº 1C > Moçambique > Lourenço Marques > 1951 > Vista aérea

Foto nº 2 > Macau e o seu porto interior

Foto nº 3 >  Timor, uma embarcação típica, o "beiro"


Foto nº 4 >  Arquipélago de Cabo Verde > Ilha do Sal > As salinas de Santa Maria


Foto nº 5 > Índia Portuguesa > Goa > O novo hospital psiquiátrico

Foto nº 6 >  Guiné > A capital, Bissau, vista de avião

Foto nº 7 > Ilha de São Tomé > Um troço da costa...


Fonte: "Diário Popular", 20 de outubro de 1951, suplemento dedicado ao Ultramar Português (Cortesia de Hemeroteca Digital de Lisboa / Câmara Municipal de Lisboa, é uma raridade bibliográfica, disponível aqui em formato digital. )


(Fotos reeditadas: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, 2024, com a devida vénia)


1. Estas fotos eram do princípio dos anos 50.  Ainda nós éramos umas crianças... Diziam respeito às ex-colónias portuguesas, promovidas no ano de 1951 à categoria de "províncias ultramarinas" (com a revogação do famigerado Acto Colonial e a revisáo constitucional desse ano).. 

Estão aqui representadas todas as parcelas do "Portugal Ultramarino", menos Angola (e, claro, as "ilhas adjacentes" da ;Madeira e dos Açores)...Como aprendemos na escolinha...

A nº 1 não tinha nada que enganar: era Lourenço Marques (hoje Maputo), com algumas das suas artérias e edifícios emblemáticos:


 As outras fotos (de 2 a 7) reconhecemos serem mais difíceis de identificar: 

  • um trecho de costa (nº 7)... (Ilha de Sáo Tomé);
  • a vista aérea de uma capital (nº 6)... (Bissau)
  • um hospital psiquiátrico recém-inaugurado (nº 5)... (Goa);
  • umas salinas (nº 4)... (Ilha do Sal, Cabo Verde);
  • uma embarcação típica (nº 3)... (Timor);
  • mais uma vista aérea de uma capital com a sua conhecida baía (nº 2 )... (Macau, hoje China).
 
2. É pressuposto termos,  entre os nossos leitores, gente que conheceu bem o nosso antigo "império colonial", o Portugal que ia do Minho a Timor, e que agora encolheu, vai do Minho... até à ilha do Corvo.
 
Obrigado a todos os que se esforçaram por dar uma ajuda. Mesmo recorrendo ao Google Lens, 

Um leitor de Cabo Verde (RF), comentou:

(..:) A fotografia nº 4 é das Salinas de Santa Maria na ilha do Sal, Cabo Verde. Conheço bem dado que é a minha terra. É uma fotografia antiga, provavelmente dos anos 50/60 do século passado. A empresa que explorava a salina fechou portas,  creio que em 1981/82. A maior exportação de sal que fazia era para o ex-Congo belga e alguma quantidade para a então Metrópole. Foi baixando o rendimento e acabou por fechar portas nessa altura. Ainda se explora hoje em dia sal ali mas em pouca quantidade.   2024 Nov 30 00:10 | (...)

O nosso amigo Henk Eggens identificou a nº 2:
 
(...)  
Usei Google Lens para tentar identificar as fotografias que apresentaste no blogue. Viva a tecnologia moderna!

Só consegui identificar Foto nº 2 > Macau! Tem foto com colinas de fundo bem parecidas neste site: https://cronicasmacaenses.com/2013/10/30/macau-uma-cidade-famosa-no-oriente-escreve-maria-archer-em-1960/  

| 2024 Nov 30 09:10 |

 Em relação à foto nº 5 eu próprio acrescentei:

(...) Goa, Damão e Diu, lembram-se ?... A "joia da coroa" do império colonial português, por quem Salazar pediu que a desgraçada guarnição militar que lá estava, em 17 de dezembro de 1961, lutasse até à morte, até à última gota de sangue, contra as tropas do "Pandita" Nehru... (Tive primos e vizinhos que lá ficaram, no cativeiro, e quando regressaram, chegaram a casa, humilhados, ofendidos, acabrunhados, miseravelmente maltratados pelo regime de então... Era primeiro ministro Salazar, e presidente da República Américo Tomás...)

Mais ninguém quis arriscar...  Além disso, o passatempo não dava... "patacão"!

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Nota do editor:

terça-feira, 3 de dezembro de 2024

Guiné 61/74 - P26228: Operação Grande Empresa, a reocupação do Cantanhez e a criação do COP 4, a partir de 12 de dezembro de 1972 - Parte I: O que diz a CECA



Guiné > Região de Tombali > Rio Cumbijã > Proximidades de Caboxanque (?) > Op Grande Empresa (que começou em 11 e 12 de dezembro de 1972) > LDM > Imagens do 1º cabo apontador da HK21, Victor Tavares, CCP 121 / BCP 12, ao centro.

Fotos (e legenda): © Victor  Tavares (2022).Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


I. Há dois anos publiquei o poste P23910 (*), no dia a seguir ao Natal... Justamente sobre a reocupção do Cantanhez, em finais de 1972, seis anos depois de ter sido proclamada pelo PAIGC como "área libertada"... 

E aproveitei para usar estas duas fotos do álbum do nosso grande paraquedista, da CCP 121 / BCP12, o ex-1º cabo Victor  Tavares, o homem da HK21 e comentar, com a bonomia, a candura e  o pacifismo próprios da quadra natalícia, essa Op Grande Empresa em que ele e os seus camaradas do BCP 12 estiveram empenhados, bem como outras unidades, quer da Marinha quer do Exército... O que lhe escrevi, acho que merece ser relembrado, agora, a escassas três semanas do Natal de 2024 (mais um, há dois mil anos, sem paz na terra).

"Victor, há natais que nunca mais se esquecem. E menos ainda as guerras por onde andámos.  Em março de 2008 tive ocasião de conhecer o que restava do Cantanhez do teu tempo. Um verdadeiro inferno verde. Deslumbrante mas onde ainda havia marcas de guerra. Tudo nos falavava da guerra que por ali passara, há 40 an0s, mesmo no mais recôndito da floresta onde se escondiam os irãs dos nalus... 

"O silêncio da floresta não conseguia abafar os muitos anos de guerra e as bombas que lá foram largadas, incluindo as de napalm... 

"A Op Grande Empresa foi um duríssimo golpe para o PAIGC e o orgulho de Amílcar Cabral.  Caía por terra o último dos mitos, o dos dois terços de território libertado... 

"Doravante, o PAIGC iria sobretudo refugiar-se nos santuários para lá das fronteiras, na Guiné-Conacri e no Senegal, onde poderia mais facilmente usar as armas pesadas e os camiões russos.

"É claro que neste tipo de território, de extensa floresta-galeria, cruzada por míríades de cursos de água, não há áreas controladas nem libertadas... Mas a resposta do PAIGC foi a do costume: fugir para se reagrupar... A resistência das suas tropas foi fraca, não foi capaz sequer de defender a sua população... 

"Mas também é verdade que Spínola estava a gastar os seus últimos cartuchos... E um mês depois Amílcar Cabral seria abatido como um cão pelos seus homens...  (A mando de quem ?  Dos seus inimigos, internos e externos). E três meses depois, em 25 de março de 1973, há um  'strela', vitorioso, apontado ao coração da nossa Força Aérea.

 
Victor Tavares (ex-1º cabo pqdt,
apontador de HK21
CCP 121/ BCP 12, BA 12,
Bissalanca, 1972/74;
natural de Águeda,
é membro da Tabanca Grande
desde 6/10/2006)
"E tudo isto, para quê, Victor? Nada disto valeu a pena, incluindo o sacrifício inútil
de
 milhares de jovens combatentes de ambos os lados, das dezenas de milhares de mulheres, crianças e velhos da população civil, afinal as grandes vítimas do conflito... 

"Nada, de resto, que tirasse o sono ao Amílcar Cabral ou ao Sékou Touré,  ou ao Spínola ou ao Marcello Caetano, para não falar dos donos do mundo bipolarizado, a ex-URSS e os EUA, o Nixon e o Brezhnev, respetivamente.

"No que nos dizia respeito mais diretamente, Spínola estava já numa relação de divórcio litigioso com o chefe do Governo... Este por sua vez exigia que o exército continuasse a lutar na Guiné com os escassos meios que de dispunha...E até já admitia a sua derrota militar, mas o mais importante era não hipotecar, do ponto de vista jurídico e político, as conmdições a continuação da   defesa das 'joias da coroa', Angola e Moçambique... Sim, por que o resto eram 'peanuts'...

"Entende isto, Victor, como um 'devaneio de paz natalícia', e que não pretende de modo algum pôr em causa a qualidade excecional da tua subunidade (CCP 121) e da sua unidade (BCP 12) nem muito menos o grande combatente, 
de corpo inteiro, de grande coragem e estofo moral que tu foste." (...)


II. Dois anos depois, está na altura de conhecer, em mais detalhe, os planos que, os nossos "maiores", desenharam para a Op Grande Empresa... Voltaremos a falar dela...E. com graça, da maneira como um trio, Spínola e dois dos seus adjuntos, "cozinharam a coisa"... 

Um deles é membro da Tabanca Grande...E quis partilhar comigo, já por mais de uma vez, 
esse "segredo" (que já não de Estado)... 
(Refiro-me ao cor inf Mário Arada Pinheiro 
a quem já pedi autorização para publicar essa conversa, "top secret", que teve com o Spínola, o major Baptista, chefe da Repartição de Operações; era então, o major Pinheiro o comandante de 13 mil tropas africanas...).

De qualquer modo, importa sublinhar qiue a Op Grande Empresa, que se arrastou +por mais de ,meio ano (12Dez / 07Jul73), foi  "uma das mais complexas e difíceis travadas em qualquer dos três TO africanos, pelas Forças Armadas de Portugal" (...), face  à envergadura dos meios humanos e materiais necessários e empregues, oriundos do Exército, da FAP e da Marinha.(diz-se npo sítio da História dss Tropas Paraquedistas Portuguesdas). 
 
Foram empenhadas:

  • como forças de intervenção, três CCP/BCP 12 e o DFE 1 (Destacamento de Fuzileiros Especiais nº 1), depois substituído pelo DFE 12; 
  • como forças de quadrícula, três Companhias de Infantaria, uma de Cavalaria, três Pelotões de Artilharia e uma Companhia de Engenharia; 
  • como força de apoio atuou um CFT (Cmd de Força Tarefa/Marinha), com duas LDG (Lancha de Desembarque Grande), quatro LDM (Lancha de Desembarque Média), uma LFG (Lancha de Fiscalização Grande), duas LFP (Lancha de Fiscalização Pequena) e, a pedido do Cmdt da operação à FAP, os indispensáveis e disponíveis meios aéreos. 

"O objetivo principal foi a reocupação da região do Cantanhez, no sul da Guiné, a qual há muito tinha sido abandonada, decorrente da retração do dispositivo militar e, como consequência, livremente ocupado pelo PAIGC, onde criara uma embrionária estrutura política e administrativa, apoiada por relevantes forças de guerrilheiros. 

"O difícil objetivo foi atingido, atuando-se em duas vertentes, a operacional através de uma intensa e permanente atividade em toda a zona, que conduziu à desarticulação da dispositivo IN, e outra vertente mais estrutural, tendo sido implantados rapidamente quatro aquartelamentos para as NT, depois mais um outro; concomitantemente foram concentradas as populações da área em aldeamentos de muito boa qualidade, construídos para o efeito, com mão de obra dos próprios e material fornecido, tudo sob orientação das NT. 

"As condições de vida asseguradas às populações, nomeadamente médico-sanitárias, e as ações psicológicas exercidas sobre as mesmas na região, afetaram severamente as forças adversas que, consequentemente, se viram privadas do apoio da população, mormente das colheiras do arroz das produtivas bolanhas. 

"Em cerca de quatro meses foi contruída também uma estrada alcatroada, com cerca de 13 Km de extensão, ligando Cadique a Jemberém, desmatando-se para tal uma zona onde apenas havia uma picada que, na sua maior parte e devido à altura da vegetação, quem nela circulava não via o céu."






Guiné-Bissau > Região de Tombali > Sector de Bedanda > Península de Cubucaré > Cantanhez > Cananima > 9 de Dezembro de 2009 > c. 18h > Imagens da comunidade da aldeia piscatória de Cananima, na margem direita do Rio Cacine, frente a Cacine.

Fotos (e legenda): © João Graça (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Operação "Grande Empresa" - Parte I


A Directiva n" 19/72 de 29Nov do Comandante-Chefe tem de assunto a "Criação do COP 4". 

Transcrevem-se os primeiros quatro pontos:

"1. No quadro da manobra de contra-subversão a conduzir de acordo com a Directiva para a época seca de 1972-73, a execução de reordenamentos nas áreas de Caboxanque, Cadique e Cafine, para recuperação das populações da região do Cantanhez, é uma das concretizações de maior alcance do esforço da manobra socioeconómica que se pretende desenvolver no Sul da Província.

2. Considerando:

- que o lN pode vir a empenhar elevado potencial na região do Cantanhez, para obstar à execução daqueles reordenamentos;

- que o Sector S3 não tem capacidade de exercício de comando para o cumprimento desta missão específica, face à missão que atualmente já lhe está cometida;

determino a criação do COP 4 sob o comando do tenente-coronel Pqdt Sílvio Araújo e Sá, apoiado pelo Cmd/BCP 12.

3. O COP 4 fica na dependência directa do CCFAG, sendo-lhe atribuída a seguinte missão, meios e ZA:

a. Missão

- implanta destacamentos militares nas áreas de Caboxanque, Cadique e Cafine e desenvolve imediatamente e com a maior intensidade os trabalhos de construção de reordenamentos nas referidas áreas;

- recupera as populações sob controlo do lN e cria as condições psicológicas que permitam a aceitação voluntária dos reordenamentos;

- desenvolve adequada actividade militar em ordem a garantir a segurança das populações, trabalhos de reordenamento e meios materiais;

- limita a iniciativa militar ln na região de Cantanhez por actuação sobre os seus dispositivo militar, aparelho militar de controlo e segurança das populações e infraestrutura político-administrativa existentes na área;

- desenvolve permanente ação psicológica sobre as populações de modo a que aceitem a presença das NF, colaborem na construção dos reordenamentos e, progressivamente, adiram ao programa de promoção socioeconómica em curso na Província.

b. Meios

- 2 CCP do BCP 12

- 2 DFE (1 Destacamento a atribuir posteriormente)

- CCaç 6

- CCaç 4540/72

- CCaç 4541/72

- CCav 8352/72

- Destacamento de Cabedú

- 1 Pel Art 14 cm (T) a 2 Sec BP.

c.ZA

  • Foz do R. Cumbijã, curso do R. Cumbijã até Guileje 3 A5-I5,
  • R. Demba Chiudo, Guileje 2 G3-45, Guileje 2 F7-23, R. Dideregabi,
  • R. Cacine até à foz.

4. Atribuo alta prioridade à missão do COP 4. Consequentemente, impõe-se desde já iniciar com maior intensidade os trabalhos que permitam a instalação dos destacamentos e a execução dos reordenamentos de Caboxanque, Cadique e Cafine que, em linhas gerais, se deverá processar nas seguintes fases:

a. 1ª Fase - Preparação (desde já e até 08Dez72)

(1) Realização de ações ou operações na região do Cantanhez ou de Catió com a finalidade de aniquilar o ln e criar condições psicológicas que facilitem a aceitação por parte das populações dos futuros reordenamentos.

(2) Preparação das Unidades (pessoal e material) para a execução da 2ª. fase e transporte para Cufar dos materiais considerados indispensáveis.

b. 2ª Fase - Implantação (de 08 a 16Dez72)

(1) Transporte e desembarque das forças responsáveis pela implantação dos destacamentos e do material necessário, atendendo ao seguinte:

- Os destacamentos de Cadique e Caboxanque devem ser estabelecidos simultaneamente ou então apenas com um dia de intervalo, mas neste caso o de Cadique tem prioridade.

- Não devem concentrar-se simultaneamente em Cufar efetivos superiores a 1 Comp, além dos atualmente lá existentes.

(2) Desenvolvimento da atividade militar que garanta a necessária segurança à implantação dos destacamentos e à recuperação das populações.

c. 3ª Fase - Consolidação ( a partir de 16Dez72)

(1) Consolidação da ocupação militar e desenvolvimento dos trabalhos de reordenamento.

(2) Desenvolvimento de actividade operacional em proveito da segurança dos destacamentos e populações recuperadas. [... ]"

• Para cumprimento da Directiva n° 19/72, o COP 4, com sede em Cufar, integrando o subsector de Bedanda e a área do Destacamento de Cabedú, ambos transferidos do BCaç 4510/72, teve início em 12Dez72 e a extinção em 02Ju173 .

• Para concretizar a missão, foi decidido executar a Operação "Grande Empresa" de cujo Plano de Operações, elaborado pelo Comandante do COP 4 e datado de 01Dez72, se reproduzem as "Situação", "Missão" e "Execução".

1. Situação

a. Forças Inimigas

Anexo B (Informações) (omitida)

b. Forças Amigas

(1) CDMG

- Realiza os transportes de pessoal e abastecimentos necessários, em coordenação com o CTIG, em ordem ao cumprimento da missão.

- Atribui permanentemente 1 LDM para transportes de material e pessoal.

- Garante o apoio administrativo - logístico às suas Unidades.

(2) CZACVG

- Atribui diariamente 

  • 1 "DO-27" (DCON- TMAN) , 
  • 2 "T-6" (ATAP) 
  • e 1 "ALL III" (TMAN/TEVC) 
para apoio de fogo, ligação entre os destacamentos, e evacuações, e, quando necessário, um meio aéreo para exercício de comando e PCV

- Atribui os meios aéreos necessários à execução de operações, com:

  •  "FIAT G-91" ATAP
  • "T-6" ATAP
  • "ALL III" TMAN/TASS
  • "ALL III" ATAP
  • "DO-27" DCON

- Executa e atribui meios aéreos para intenso reconhecimento da ZA, em ordem à execução do esforço e transporte de manobra em exploração imediata de informações.

- Garante o apoio administrativo-logístico das CCP.

(3) CTIG

- Fornece os meios e serviços necessários ao apoio administrativo- logístico das Unidades do Exército, à implantação dos destacamentos, e à construção dos reordenamentos.

- Liga-se com o CDMG para efeito de transporte dos meios e serviços necessários.

(4) QG/CCFAG

- Fornece uma equipa que assegura diretamente e em permanência o suporte psicológico do cumprimento da missão, considerando como finalidade primordial desta missão a recuperação das populações do Cantanhez.

- Garante o apoio de caráter técnico e logístico aos trabalhos de construção dos reordenamentos, dentro da sua esfera de ação.

(5) BCAÇ 4510/72

- Fornece ao COP4 todo o apoio, em especial em Cufar, no que respeita a instalações de pessoal e material, e ao exercício do Comando.

- Garante a segurança dos meios aéreos e do pessoal e material desembarcado em Cufar.

- Garante o apoio administrativo-logístico do destacamento de Cabedú.

(6) COE

- Colabora na interdição das zonas de passagem mais frequentes do ln, lançando campos de minas quando tal lhe for solicitado pelo comando do COP 4.

2. Missão

- Implantar destacamentos militares nas áreas de Caboxanque, Cadique e Cafine e desenvolver imediatamente e maior intensidade, os trabalhos de construção de reordenamentos nas referidas áreas.

- Recuperar as populações sob controlo do ln e cria as condições psicológicas que permitam a aceitação voluntária dos reordenamentos.

- Desenvolver adequada atividade militar em ordem a garantir a segurança das populações, trabalhos de reordenação e meios materiais. 

- Limitar a iniciativa militar lN na região do Cantanhez por atuação sobre o dispositivo militar, aparelho militar de controlo e segurança das populações e infraestrutura político-administrativa existente na área.

- Desenvolver permanente acção psicológica sobre as populações, de modo a que aceitem a presença das NT, colaborem na construção dos reordenamentos, e, progressivamente, adiram ao programa de promoção socioeconómica em curso na Província.

3. Execução

a. Conceito da Operação

- Construir quatro Agrupamentos, com a missão específica e particular:

- Agrupamento de Forças de Intervenção (Agrup I) - Assegurar a proteção afastada dos reordenamentos, executando ações ofensivas sobre áreas fulcrais, e interdizer ao ln as "cambanças" tradicionais.

- Agrupamentos de Reordenamento (Agrup A, B e C) - Efetuam os reordenamentos em ordem ao cumprimento da missão, e as- . seguram a sua protecção imediata e próxima.

- Atribuir aos Agrupamentos de reordenamento, a organização e funcionamento das missões específicas relativas a:

- Segurança imediata e próxima dos trabalhos de cada reordenamento.

- Organização e controlo do trabalho de cada reordenamento.

- Instalação e segurança do pessoal e dos estacionamentos temporários.

- Exercer intensa ação psicológica, procurando recuperar a população da ZA.

- Atribuir a cada Agrupamento de reordenamento, um sector de responsabilidade
para manutenção da actividade normal de rotina, em ordem a garantir uma ação efetiva e contínua na segurança próxima dos trabalhos de reordenamento, ou a ela ligada.

- Atribuir à CCaç 6 um sector de responsabilidade para manutenção da atividade normal de rotina, em ordem a contribuir para a segurança afastada dos trabalhos de reordenamento.

- Com o Agrup das Forças de Intervenção, executar ações por helitransporte ou por desembarque em meios navais, nas Zonas que possam afetar a segurança dos trabalhos de reordenamento.

- Prever a alteração das Zonas de ação dos Agrupamentos, assim como a articulação das forças, de acordo com a evolução e adiantamento dos trabalhos, e a situação na ZA.

- Anexo C (Zona de acção dos Agrupamentos) (omitido)

b. Agrupamento das Forças de Intervenção

(1) CCP 122

- Articula-se a 2 Agrupamentos a 2 Grupos de Combate.

- Após helicolocação em D-l, de um dos seus Agrupamentos na Zona x e do outro na Zona y, garante a segurança afastada das Zonas ALFA e BRAVO.

- Em D+ 1 é helirecuperada para Cufar, onde fica à ordem do Comandante do COP 4 para intervenção.

- Após helicolocação em D+4 na Zona 2, garante a seguranç afastada da Zona CHARLIE.

- Em D+5 é helirecuperada para Cufar.

- A partir de D+5 fica à ordem do Comando do COP 4 para o desempenho de missões de intervenção na sua ZA.

(2) DFE 1 (-)

- A partir de D+4 faz a interdição, em permanência, da "cambança" tradicional do ln entre Darsalame e a Ilha do Como.

c. Agrupamentos de Reordenamento

(1) Agrupamento ALFA

(a) 2 GComb/CCP 121 (-)

- Após ser helicolocada em D, em Caboxanque, contacta e controla a população, e garante a segurança imediata do desembarque da CCaç 4541/72.

- Findo o desembarque da CCaç 4541/72, passa a garantir a segurança próxima do Agrupamento em íntima coordenação com aquela.

(b) CCaç 4541/72

- Após o seu desembarque em D, em Caboxanque, procede à segurança imediata do ponto de desembarque, e colabora no desembarque do material transportado. Monta a segurança imediata do estacionamento provisório, em coordenação com a CCP 121 (-).

- Com apoio do COE, coloca em D, um campo de minas na região de Bedanda C 1; em data a indicar.

- Procede aos trabalhos de consolidação da sua defesa imediata, e instalação e segurança do pessoal e dos estacionamentos temporários.

- Procede à organização e controlo dos trabalhos de reordenamento.

- Recupera a população da sua ZA, mantendo com a mesma as melhores relações; apoia-a na medida do possível, e desenvolve adequada acção psicológica em conformidade com as instruções que lhe forem dadas.

- Mantém íntima ligação com a CCP 121 (-).

(2) Agrupamento BRAVO

(a) CCP 121 (-)

- Após ser helicolocada em D em Cadique, contacta e controla a população e garante a segurança imediata do desembarque da CCaç 4540/72.

- Findo o desembarque da CCaç 4540/72, passa a garantir a segurança próxima do Agrupamento em íntima coordenação com aquela.


(b) CCaç 4540/72

- Após o seu desembarque em D, em Cadique, procede à segurança imediata do seu estacionamento provisório, em coordenação com a CCP 121 (-).

- Procede aos trabalhos de consolidação da sua defesa imediata, e instalação e segurança do pessoal e dos estacionamentos temporários.

- Procede à organização e controlo dos trabalhos de reordenamento.

- Recupera a população da sua ZA, mantendo com a mesma as melhores relações; apoia-a na medida do possível, e desenvolve adequada acção psicológica em conformidade com as instruções especiais que forem dadas.

- Mantém íntima ligação com a CCP 121 (-).

(3) Agrupamento CHARLIE

(a) DFE 1 (-)

- Após ser helicolocado em D+4 em Cafine, contacta e controla a população e garante a segurança imediata do desembarque da CCav 8352/72, após o que colabora com esta na defesa imediata do estacionamento, em íntima coordenação
com aquela companhia.

(b) CCav 8352/72

- Após o seu desembarque em D+4 em Cafine, procede à segurança imediata do ponto de desembarque, e colabora no desembarque do material transportado. Monta a segurança imediata do estacionamento provisório, em coordenação
com o DFE 1 (-).

- Procede aos trabalhos de consolidação da sua defesa imediata, e instalação e segurança do pessoal em estacionamento temporários.

- Procede à organização e controlo dos trabalhos de reordenamento.

- Recupera a população da sua ZA, mantendo com ela as melhores relações; apoia-a na medida do possível, e desenvolve adequada acção psicológica em conformidade
com as instruções especiais que lhe forem dadas.

- Mantém íntima ligação com o DFE 1 (-).

d. CCaç 6

- De D-l a D+ 1 bate a região de Cura- Braia em ordem a contribuir para a segurança afastada da Zona ALFA.

- A partir de D+ 1 efectua patrulhamentos da sua ZA, em ordem a prosseguir a mesma finalidade.

- Apoia o 17° Pel Art.

- Desempenhará missões indicadas pelo comando do COP 4 em ordem ao cumprimento de missão.

e. Destacamento de CABEDÚ

- Mantém apoio de comunicações, e logístico quando ordenado pelo Comando do COP 4.

- Apoia o 5° Pel Art.

f. Artilharia

(1) 17° PelArt (14 cm)

- Executa AID à ordem do Comando do COP 4, do PCV, ou a pedido das forças empenhadas, em operações dentro da sua ZA.

- Executa fogos noturnos de flagelação na sua ZA, à ordem do comando do COP 4.

(2) Pel Art (Eventual-Cufar) (14 cm)

- Executa AlD à ordem do Comando COP 4, do PCV, ou a pedido das forças empenhadas, em operações dentro da sua ZA.

- Executa fogos nocturnos de flagelação na sua ZA, à ordem do Comando do COP 4.

(3) 5° Pel Art

- ExecutaAID à ordem do Comando COP 4, do PCV, ou a pedido das forças empenhadas, em operações dentro da sua ZA.

- Executa fogos nocturnos de flagelação na sua ZA, à ordem do Comando do COP4. [... ]"

•A instalação no terreno teve início em 12Dez através de uma operação
 [1] .

A missão atribuída ao Cmdt do COP4 pelo Cmdt-Chefe através da Directiva n.º 19/72 de 22 de Nov foi concretizada conforme se comprova:

"As Companhias de Caçadores e de Cavalaria construíam os seus aquartelamentos em Cadique, Caboxanque, Cafal Balanta (e em Jemberém, mais tarde), cuja segurança imediata e próxima garantiam. Controlavam e apoiavam a população. Apoiavam e protegiam a execução dos reordenamentos e  faziam a protecção imediata e próxima à construção da estrada.

As três Companhias de Pára-quedistas e o Destacamento de Fuzileiros
Especiais actuavam ofensivamente sobre os grupos armados inimigos onde
eles fossem detectados, garantindo a segurança em toda a área a fim de permitirem a recuperação das populações e o seu reordenamento, bem como a construção da estrada Cadique-Jemberém. ,

A CMI- Companhia de Material e Infraestruturas do BCP 12 faria o apoio logístico imediato a todo o COP 4.

O Destacamento de Engenharia construiria a estrada Cadique-Jemberém
e apoiaria todas as restantes obras a realizar na Zona de Acção.

A Marinha asseguraria os transportes de pessoal e os reabastecimentos por via marítima e fluvial. Para este efeito, em 07 de Dezembro de 1972, o Comando da Defesa Marítima da Guiné criou uma Força Tarefa exclusivamente
para esta operação, o CTG6.

A Força Aérea asseguraria os reconhecimentos visuais, os transportes de manobra, as evacuações sanitárias e os apoios de fogo aéreos.

Em Janeiro, após as bem sucedidas instalações das Unidades que iam ocupar os novos aquartelamentos no Cantanhez, o dispositivo militar português na região ficou como segue:

  • Em Caboxanque [2] , a CCaç 4541/72 e a CCav 8352/72 ocupando as instalações e a CCP 122 fazendo a segurança afastada. O Agrupamento era comandado pelo Capitão de Artilharia Nelson de Matos.
  • Em Cadique [2] , a CCaç 4540/72 ocupando as instalações e a CCP 121 fazendo a segurança afastada. O Agrupamento era comandado pelo Major de Infantaria Carlos Gordalina.
  • Em Cafal   [3], a CCaç 3565 ocupando as instalações e o DFE 1 fazendo a segurança afastada.

 
- Em Bissau estava a CCP 123, em reserva, com uma prontidão de 15 minutos.

Começaram então as difíceis, melindrosas e persistentes acções de captação da confiança das populações, numa região que não via tropas portuguesas  há anos e onde o PAIGC se instalara em força, controlando todos os aspectos do  quotidiano das ditas populações. 

Durante os primeiros meses de 1973, paulatinamente, [... ] Caboxanque, Cadique, Cafal- e mais tarde Jemberém [4] - tornaram-se centros populacionais onde eram efectuadas muitas trocas comerciais, consequência da visita diária de muitas pessoas que ali acorriam vindas de aldeamentos vizinhos. 

De acordo com os Relatórios Periódicos de Informações do Comando-Chefe, naquele período, Caboxanque era a seguir a Tite e Pirada a localidade que, em toda a Guiné, tinha maior afluência de população vinda do exterior, geralmente para efectuarem trocas comerciais [... ]". [5]

• Integradas na "Grande Empresa" foram realizadas subsequentes operações
destacando-se entre outras:

 - "Cavalo Alado" (17 e 18Dez72) e "Dragão Bravo" (28 a 30Dez72) constantes da actividade operacional deste Capítulo);

- "Tamarú" (OlJan73) e "Gato Espantado" (30 e 31Jan73) constantes da actividade operacional do Capítulo III; 

- "Tigre Poderoso" do BCP 12 onde foi morto em combate, a 01Mai73, o Comandante de bigrupo que era simultaneamente Comandante Militar da área do Cantanhez"  [6].



Foto (CECA, 2015, pág. 235):  Operação "Grande Empresa": 
primeira missa em Caboxanque

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Notas da CECA:

[1] Operação "Grande Empresa" - Actividade Operacional - 2° Semestre deste Capítulo.

 [2]    Subsectores criados em 12Dez72.

 [3]    Subsector criado em 10Jan73 e a partir de 13Mar73, com uma subunidade de reforço em Cafine, Chugé e Cobumba, ambas em 7Abr73.

 [4 ]Subsector criado em 20Abr73.

 [5] CALHEIROS, José de Moura, A Última Missão, Editora Caminhos Romanos, Porto, 2010, p.336

 [6] Relatório Op. N° 15/73, 6° período, do BCP 12. pp. 225/235
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Fonte: Excertos de: Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 6.º Volume; Aspectos da Actividade Operacional; Tomo II; Guiné; Livro III; 1.ª Edição; Lisboa (2015), pp. 225-235 (Com a devida vénia...).

(Revisão / fixação de texto, negritos: LG)

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Nota do editor:

(*) Vd. poste de 26 de dezembro de 2022 > Guiné 61/74 - P23919: Facebook... ando (70): A Op Grande Empresa (reocupação do mítico Cantanhez) foi há 50 anos (Victor Tavares, ex-1º cabo ap MG 42, CCP 121/BCP 12, 1972/74)