1. Caro Luís Graça:
Como há várias coisas escritas por mulheres sobre a Guerra Colonial (algumas já enviei), não seria uma boa ideia criar um espaço no blogue só para elas? Por exemplo, com a designação "Escrita feminina e Guerra Colonial", "As Mulheres e a Guerra Colonial", etc., ou mesmo uma outra que tenhas em mente. É apenas e só uma sugestão.
Um abraço e bom fim de semana.
Jorge Santos (1º Grumete Fuzileiro, DFA, Companhia de Fuzileiros nº 4, Moçambique > Niassa, 1968/70)
2. Respondi-lhe que sim, que podia ser "a guerra no feminino" ou qualquer coisa do género. Que tinha todo o meu apoio. E que fosse mandando coisas. Pois aqui vão as primeiras sobre a "bibliografia da guerra no feminino". A guerra ? A nossa, a colonial, que era só uma... Selecção e notas do Jorge Santos. L.G.
TÍTULO: Uma História de Regressos: Império, Guerra Colonial e Pós-Colonialismo
AUTORA: Margarida Calafate Ribeiro
EDITORA: Afrontamento
ANO: 2004
NOTA: Margarida Calafate Ribeiro é investigadora associada do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e é doutorada em Literatura Portuguesa pelo King's College, Universidade de Londres. Foi professora convidada na Holanda e no Brasil. Co-organizou, com Ana Paula Ferreira, a obra colectiva Fantasmas e Fantasias Imperiais no Imaginário Contemporâneo (Campo das Letras, Porto,).
SINOPSE: Em entrevista publicada no jornal Público, de 3 de Julho de 2004, a autora respondeu a uma pergunta do jornalista ("Ao ler-se o seu livro "Uma História de Regressos - Império, Guerra Colonial e Pós-Colonialismo" fica-se com a ideia inquietante de que Portugal é um manicómio. É verdade?"):
"Há momentos na nossa História e na nossa História recente - os que têm a ver com os regressos - em que podemos utilizar essa linguagem da psiquiatria. Há loucura e loucura trágica que envolve a nossa identidade. Refiro-me à guerra colonial e à literatura da guerra colonial. Houve então supressão do humano. Nessa medida pode falar-se de loucura. A guerra colonial foi a grande tragédia da nossa contemporaneidade, não só para os rapazes que nela participaram, mas também para os pais que os viam partir e para as irmãs, namoradas e esposas que ficavam à espera. A insistência com que o Estado Novo impôs a guerra colonial mais longa em que um país europeu participou, a imposição de uma vontade, de uma maneira de estar no mundo podem também ser consideradas dementes. A poesia de Fernando Assis Pacheco (in "Musa Irregular") mostra isso, na sua componente autobiográfica: família salazarista, filho de um "Menino da Luz", apanhado por uma engrenagem. Mas o pai, que ameaçara alistar-se como oficial médico se ele desertasse, acabou por rever as suas posições quando Assis Pacheco foi o primeiro evacuado da frente de combate por razões neuro-psiquiátricas. Essa ruptura entre o Governo de Salazar e o país foi-se aprofundando. O ministro dos Negócios Estrangeiros Franco Nogueira escreveu uma carta a Marcello Caetano muito significativa a esse respeito: acusa a burguesia de ser invertebrada, de retirar o seu apoio ao esforço africano quando se tratava de enviar os filhos para as frentes de combate e de se interessar mais pelos negócios possíveis com a Europa do que com as colónias africanas".
Há uma versão mais reduzida, em formato.pdf, de 40 páginas, deste estudo, disponível na Net.
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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