Guiné > Região de Tombali > Mampatá > CART 6250 (1972/74) > Um guerrilheiro do PAIGC e o Fur Mil Op Esp José Manuel Lopes, dando o abraço da paz e da reconciliação "Antes um inimigo, que só podia ser visto pela mira da nossa arma, depois um abraço, um sorriso e porque não um amigo".
Foto e legenda: © José Manuel (2008). Direitos reservados.
1. Mais um poema do dia, do Josema, escrito já em Bissau no final da comissão... Era o tempo de todos os sonhos e esperanças... De parte a parte.
Ao povo da Guiné e em particular ao de Mampatá
Dois anos e alguns meses
setecentos e oitenta e oito dias
houve heróis, vilões e malteses
tristezas e alegrias
dois anos e alguns meses
tempo que vivi?
tempo que perdi?
nem sei como avaliar
mas não foi a vida toda
a sofrer e a penar
e tu Amilcar? e tu Seidi?
que na guerra nasceram
e nela sempre viveram
que viram o que eu nunca vi
o que é que eu vos diria?
como é que eu me sentiria
se carregasse tal cruz ?
ninguém merece uma guerra
seja qual for a razão
e sempre na vossa terra
um abraço
e até um dia ...irmão.
Bissau 1974
josema
___________
Nota de L.G.:
(1) Vd. último poste desta série > 17 de Maio de 2008 > Guiné 63/74 - P2852: Poemário do José Manuel (14): É tempo de regressar às minhas parras coloridas...
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
Meu caro José Manuel, leio sempre com bastante interesse os teus poemas e também com grande admiração pela forma profunda e ao mesmo tempo cheia de sensibilidade e perspicácia com que falas das coisas que vivias, observavas e das interrogações que te afloravam. Neste poema é particularmente notável que tenhas escrito que "ninguém merece uma guerra, seja qual for a razão" e que completes "..e sempre na vossa terra um abraço e até um dia ...irmão".
Hélder Sousa
Enviar um comentário