Os resultados finais da sondagem nº 10, em que se pedia ao leitor do blogue para mostrar a sua concordância ou discordância em relação à proposição "A posição de Guileje era tão defensável como a de Guidaje ou Gadamael, [pelo que] a decisão de retirar em 22 de Maio de 1973 foi um erro"...
De acordo com o gráfico acima inserido, (i) mais de 48% dos total dos respondentes (n=124) manifestam-se contra a decisão de retirar, (ii) menos de 20% não tem opinião e (iii) os restantes 32% são os que discordam da afirmação, ou seja, por exclusão de partes, que a posição de Guileje era indefensável e que a decisão do comandante do COP 5 foi correcta...
Como todas as sondagens que temos feito no blogue, esta vale o que vale, tem apenas uma intenção didáctico-pedagógica, destinando-se a: (i) fomentar a participação dos bloguistas; (ii) incentivar a produção de opiniões (fundamentadas) sobre temas que interessam aos amigos e camaradas da Guiné, reunidos neste blogue; e, não menos importnte, (iii) afirmar os nossos valores de respeito e tolerância face a divergências de opinião e de percepção da realidade...
Não tem, de facto, qualquer valor 'científico' no sentido em que não permite fazer generalizações para um universo (de resto, desconhecido) de quem nos lê e visita, nem predizer o que quer seja... É um pequena amostra, de conveniência, em que 124 bloguistas (alguns dos quais podiam, teoricamente votar duas ou mais vezes, em dois ou mais computadores diferentes...) disseram o que pensavam sobre a questão que lhes era posta sobre a defesa e a retirada de Guileje (*)...
Um questão já de si complexa e mal formulada, uma evz que continha pelo menos duas afirmações (explícitas): (i) A posição de Guileje era defensável; (ii) a decisão de retirar foi um erro... Parece haver aqui uma sofisma, permitindo abusivamente tirar outras conclusões precipitadas, e pior aindam, fazer juizos de valor sobre comportamentos... Se a posição era defensável e foi um erro a retirada, shame on you!...
Reconheço que não podemos brincar com o fogo: aplaudo aqueles que, não tendo informação suficiente ou não querendo "tomar partido", responderam honestamente: "Não tenho opinião" (n=24). De qualquer modo, obrigado a todos pela participação neste jogo-armadilha... Obrigado ao nosso camarada Vasco da Gama pelas oportuníssimas críticas metodológicas que ele me fez... Os professores também são capazes de aprender com os erros, se souberem ser avaliados pelos seus pares e... pelos discentes.... (LG)
Imagem : © Luís Graça & Camaradas da Guiné> (2009). Direitos reservados
Imagem : © Luís Graça & Camaradas da Guiné> (2009). Direitos reservados
1. Mensagem de 11 de Janeiro de 2009, enviada pelo Vasco da Gama, residente na Figueira da Foz (ex-Cap Mil da CCAV 8350, Os Tigres de Cumbijã, 1972/74) (**):
Já o disse, mas não me importo de o repetir, o melhor que me aconteceu nestes últimos anos, para além dos triunfos pessoais dos meus familiares e amigos, foi ter sabido da existência da Tabanca Grande, que me vem proporcionando reencontros admiráveis, que me deu a conhecer camaradas novos que se tornaram velhos amigos em curto espaço de tempo, que me proporciona a leitura de textos magníficos tanto em prosa como em poesia, que me dá a oportunidade de chorar com alguns relatos de camaradas, ou comover-me com escritos que alguns mais inspirados dão à estampa sobre as nossas mães ou sobre as nossas mulheres, isto é para mim a Tabanca,com cujos princípios previamente definidos eu me identifico em absoluto.
Como penso ser do conhecimento do camarada coronel Coutinho e Lima, este seu atrevido amigo lá vai escrevinhando algumas palavras, para que a história da minha Companhia de Cavalaria 8351, irmã da sua CCav 8350, fique também registada, até porque era minha obrigação dedicar algumas horas aos Tigres que comigo conviveram e sofreram no braseiro da Guiné.
Não era minha intenção escrever-lhe nesta altura, tanto mais que a história que, como disse, vou escrevinhando, apenas no próximo capítulo entrará no horribilis mês de Maio que se abateu com grande intensidade sobre os meus Tigres do Cumbijã, e com muito maior intensidade sobre os seus Piratas do Guileje.
Haverá alguma relação no brutal aumento de ataques, emboscadas, minas, que ambos sofremos? Não sei! Aliás, afirmo-o peremptoriamente que, como comandante de Companhia, nunca tive, da parte dos superiores do quadro permanente, informação ou ensinamentos que me permitissem relacionar a actividade da minha Companhia com o que quer que fosse. Não havia qualquer ligação entre os diferentes actores no teatro de operações. Embosque ali, assalte acolá, mine a bolanha.
Estou em Maio de 1973 com sete meses de Guiné e ainda não sei se vou ficar no Cumbijã... Adiante..
Escrevo-lhe hoje, pois fui alertado pelo meu camarada e amigo Juvenal Amado que haviam sido colocados insultos à sua pessoa, comentários anónimos, esses sim, o apanágio da covardia, que obrigaram o nosso comandante Luís Graça a exercer o seu veto.
Apenas conheci o coronel no lançamento do seu livro que já li e vou voltar a ler. Nada lhe devo, nunca me fez nenhum favor, condições que me permitem, creio, emitir uma opinião isenta.
Começarei apenas por referir, ao camarada Luís Graça, que não vi qualquer utilidade na postagem no nosso Blogue do inquérito sobre a Retirada do Guileje, tanto mais que a votação final não foi objecto de qualquer análise científica, nem foram indicados quaisquer objectivos do mesmo.
No entanto, este tipo de inquérito permite que pessoas possam, sem dispor de quaisquer elementos, julgar e condenar em praça pública alguém que, abandonado por quem tinha o dever de o apoiar, sofreu e de que maneira quando teve de tomar a decisão, sofreu na prisão, e sofreu durante todos estes anos que teve de suportar o fantasma que por certo carregou.
Perdoem-me os que pensam de outra forma, mas só quem viveu os acontecimentos é que tem direito a uma opinião formada! Louvo a sua coragem, coronel Coutinho e Lima, ao ter desenterrado o problema do Guileje com a publicação do seu livro, pois ao fazê-lo, fez jus ao traje de Homem Grande, pois o homem sábio busca a libertação das suas preocupações e sofrimentos.
Um abraço do camarada que lhe abre as portas da sua Tabanca quando passar pela Figueira.
Vasco da Gama
____________
Notas de L.G.:
(*) Vd. poste de 19 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3760: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (15): A minha homenagem aos que viveram a Guerra da Guiné. (J. Mexia Alves)
Já o disse, mas não me importo de o repetir, o melhor que me aconteceu nestes últimos anos, para além dos triunfos pessoais dos meus familiares e amigos, foi ter sabido da existência da Tabanca Grande, que me vem proporcionando reencontros admiráveis, que me deu a conhecer camaradas novos que se tornaram velhos amigos em curto espaço de tempo, que me proporciona a leitura de textos magníficos tanto em prosa como em poesia, que me dá a oportunidade de chorar com alguns relatos de camaradas, ou comover-me com escritos que alguns mais inspirados dão à estampa sobre as nossas mães ou sobre as nossas mulheres, isto é para mim a Tabanca,com cujos princípios previamente definidos eu me identifico em absoluto.
Como penso ser do conhecimento do camarada coronel Coutinho e Lima, este seu atrevido amigo lá vai escrevinhando algumas palavras, para que a história da minha Companhia de Cavalaria 8351, irmã da sua CCav 8350, fique também registada, até porque era minha obrigação dedicar algumas horas aos Tigres que comigo conviveram e sofreram no braseiro da Guiné.
Não era minha intenção escrever-lhe nesta altura, tanto mais que a história que, como disse, vou escrevinhando, apenas no próximo capítulo entrará no horribilis mês de Maio que se abateu com grande intensidade sobre os meus Tigres do Cumbijã, e com muito maior intensidade sobre os seus Piratas do Guileje.
Haverá alguma relação no brutal aumento de ataques, emboscadas, minas, que ambos sofremos? Não sei! Aliás, afirmo-o peremptoriamente que, como comandante de Companhia, nunca tive, da parte dos superiores do quadro permanente, informação ou ensinamentos que me permitissem relacionar a actividade da minha Companhia com o que quer que fosse. Não havia qualquer ligação entre os diferentes actores no teatro de operações. Embosque ali, assalte acolá, mine a bolanha.
Estou em Maio de 1973 com sete meses de Guiné e ainda não sei se vou ficar no Cumbijã... Adiante..
Escrevo-lhe hoje, pois fui alertado pelo meu camarada e amigo Juvenal Amado que haviam sido colocados insultos à sua pessoa, comentários anónimos, esses sim, o apanágio da covardia, que obrigaram o nosso comandante Luís Graça a exercer o seu veto.
Apenas conheci o coronel no lançamento do seu livro que já li e vou voltar a ler. Nada lhe devo, nunca me fez nenhum favor, condições que me permitem, creio, emitir uma opinião isenta.
Começarei apenas por referir, ao camarada Luís Graça, que não vi qualquer utilidade na postagem no nosso Blogue do inquérito sobre a Retirada do Guileje, tanto mais que a votação final não foi objecto de qualquer análise científica, nem foram indicados quaisquer objectivos do mesmo.
No entanto, este tipo de inquérito permite que pessoas possam, sem dispor de quaisquer elementos, julgar e condenar em praça pública alguém que, abandonado por quem tinha o dever de o apoiar, sofreu e de que maneira quando teve de tomar a decisão, sofreu na prisão, e sofreu durante todos estes anos que teve de suportar o fantasma que por certo carregou.
Perdoem-me os que pensam de outra forma, mas só quem viveu os acontecimentos é que tem direito a uma opinião formada! Louvo a sua coragem, coronel Coutinho e Lima, ao ter desenterrado o problema do Guileje com a publicação do seu livro, pois ao fazê-lo, fez jus ao traje de Homem Grande, pois o homem sábio busca a libertação das suas preocupações e sofrimentos.
Um abraço do camarada que lhe abre as portas da sua Tabanca quando passar pela Figueira.
Vasco da Gama
____________
Notas de L.G.:
(*) Vd. poste de 19 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3760: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (15): A minha homenagem aos que viveram a Guerra da Guiné. (J. Mexia Alves)
(**) Vd. poste de 4 de Janeiro de 2009>Guiné 63/74 - P3697: A história dos Tigres de Cumbijã, contada pelo ex-Cap Mil Vasco da Gama (6): Aditamentos (Vasco da Gama)
9 comentários:
Caro Vasco da Gama
Li o teu texto, compreendo-o e até concordo em parte com ele.
Não posso é concordar com uma das frases finais:
«Perdoem-me os que pensam de outra forma, mas só quem viveu os acontecimentos é que tem direito a uma opinião formada!»
Então nada se pode discutir, nem analisar, porque isso apenas compete aos que viveram os acontecimentos, o que inviabiliza a história seja do que for.
Abraço camarigo
Joaquim Mexia Alves
Coutinho e Lima no simpósio de Guileje, 2008, vestido de Homem Grande fula.
Mas ele não foi um major, um oficial do QP num comando de operações do exército português? Mas ele não foi um um responsável de decisões de natureza militar num contexto de guerra que englobavam o sul da Guiné, não só o seu Guileje, mas também Gadamael, Cameconde, Cacine e depois Jemberém, Cadique,
Bedanda, todo o Cantanhez?
As pessoas são como são.
Para mim, está tudo explicado.
Um abraço,
António Graça de Abreu
Caro António G Abreu
Não confundamos as coisas. De 1973 até 2008, muita água passou sob as pontes.
A túnica que o coronel envergou em 2008, tem o significado de uma honraria, conforme interpretei duma descrição no blogue. Não se pode interpretar que o major estivesse feito com o IN, nem criar confusões a propósito. Nem fica bem essa sanha persecutória, que só de leres referências à retirada de Guilege, ficas eriçado, e envias comentários desconexos. No espírito do blogue, a verdade deve ser paradigma. E a verdade, muitas vezes,não é compatível com as emoções. Meu caro, já li coisas tuas, com as quais posso não ter concordado, mas bem apresentadas, com argumentação, sem questiúnculas, nem menosprezo.
Espero, sinceramente, ver-te a subscrever textos com verve, com nexo de factos e interpretação, fazendo da lógica a tua arma.
Um abraço.
José Dinis
Amigos jà chega de Pub ao livro do Sr comandante do COP 5 O BLOOG jà parece o super Mercado do Livro é uma Vergonha se nao respeitao os vivos Respeitem os MORTOS.josé
No período em que estive em Gadamael(Junho e Julho de 1973), não vi o coronel Rafael Ferreira Durão!
Quando chegamos, apenas vimos o capitão Monge e só no primeiro dia!
Como disse atrás (post-comentário), os páras eram comandados pelo Tenente-Coronel Araujo e Sá.
Um abraço,
Bernardo Godinho
Caro Dinis,
Recordas-te do comentário que fiz sobre as orelhas?
Não terias também tu confundido os anos?
Calma!
Por vezes a quente não analisamos bem o passado.
Há muita coisa por escrever, sobre a ponte muita àgua vai correr.
Deixa mais alguem saír da trincheira.
Há uma afirmação, que quero ver confirmada e aí sou capaz de falar:
É que até os do Como (Cachil) saíam do arame farpado!
Em Cufar zona do sr. Presidente "Nino" até nomadização fazemos a nível de Grupo de Combate. Se isso não acontecesse em vez de sete mortos, quantos traria-mos?
É tudo mais complicado do que eu pensava.
Lê o "Diário da Guiné" do Graça Abreu.
O velho abraço do tamanho do Cumbijã.
Mário Fitas
Caros Camaradas
Os comentários que escrevi relativamente à retirada do Guileje,pretendiam tocar apenas e só no aspecto humano da pessoa que deu ordem de retirada.Queria apenas realçar o sofrimento que teve forçosamente de ser muito grande de quem tem de tomar uma decisão daquelas. Militarmente, se eu fosse comandante daquela companhia, poderia até nem ter retirado, mas para o poder afirmar peremptoriamente teria de viver os factos.Foi isto que eu quis dizer camarigo Mexia.Não possuindo dados, não tendo estado no terreno não posso avalizar ou condenar o acto em si.Aqui interessou-me apenas e só a vivência de um camarada nosso que podia ter sido eu ou qualquer um de nós. Não aceito pois "tout court" quem defenda que a retirada era a única solução, ou que a não retirada teria sido melhor.Daí a referência que fiz ao inquérito do nosso Comandante da Tabanca.
O Comentário anterior é da minha autoria.Vasco A.R.da Gama
Meu caro Vasco da Gama
Tentei ser o mais delicado possivel na minha apreciação que forçosamente teria que ser sobre aquilo que sabemos e nos é dito e relatado pelos diversos intervenientes.
E tentei sê-lo porque prezo precisamente a parte humana o que me parece estar bem expresso no que escrevi.
Coibo-me até de expressar especificamente a minha opinião, que apesar de tudo se subentende do texto, mas nada afirmo peremptoriamente, como poderás verificar.
No fim tenho até, como é o meu modo de viver, palavras de solidariedade para o Coutinho e Lima.
Agora perante o que conhecemos, até expresso pelo próprio Coutinho e Lima, podemos ter opinião e expressá-la.
Para se fazer a história e ter opinião não é preciso ter-se assistido aos factos, mas deles ter conhecimento pelos intervenientes, seja oralmente ou por textos escritos.
Abraço camarigo do
Joaquim Mexia Alves
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