BANALIDADES DA FOZ DO MONDEGO - VI
Os Pelotões de Fuzilamento
O Coronel sr. Eurico de Deus Corvacho
O soldado sr. Carlos Gonçalves de Freitas
Quando o nosso Pira de Mansoa, veio, de certeza com a melhor das intenções, eu conheço-o bem pois já convivi com ele em circunstâncias várias para lhe reconhecer a nobreza do seu carácter, a sua disponibilidade para com o próximo, a sua dedicação ao nosso Blogue após as suas oito horas de trabalho de assalariado e a sua preocupação com terceiros, dizia eu, quando o Pira para justificar certas atitudes tentou pôr água na fervura com a troca de prendinhas e com os Pelotões Virtuais de Fuzilamento, pensei logo em contactá-lo para lhe manifestar a minha não concordância com tantos paninhos quentes.
Não foi necessário, pois, acabado de chegar de Coimbra dirigi-me de imediato ao nosso Blogue (Oh Vasco que vício… já fizeste aquilo, já trataste daqueloutro… vai perguntar a minha mulher quando dentro de uma hora chegar a casa... ) e tive o grato prazer de ler o texto do nosso Camarigo Mexia Alves, bem como os comentários que se lhe seguiram e onde , também eu, deixei uma papaia, que constituem no seu conjunto o somatório de reacções irmãs dos verdadeiros Combatentes da Guiné, mostrando a todos qual o significado de um espaço de fraternidade, de amor e também de saber perdoar, muitas vezes não perdoando.
Então qual a razão de trazer até vós, camaradas e amigos, os Pelotões de Fuzilamento?
É que eles existem e continuam a matar!
São pelotões que matam em silêncio sem utilizarem o barulho da metralha. Não usam G3, nem Kalashnikov nem morteiros nem obuses. Usam armas mais sofisticadas que causam uma morte mais lenta, mais prolongada, de muito maior sofrimento.
Usam o desprezo!
Usam o abandono!
Usam o esquecimento!
Ignoram os combatentes da Guiné!
Nem sequer nas suas campanh
as eleitorais se dignam por um segundo que seja, falar dos nossos mortos em combate, dos males que a guerra promoveu, desfazendo famílias, provocando em muitos de nós distúrbios de tal ordem graves que transformaram, alguns de nós, Homens sãos, íntegros e vigorosos em pedintes de mão estendida, esmolando pelas ruas das cidades.
Todos nós conhecemos inúmeros companheiros nossos que passam ou passaram por situações destas.
O poste respeitante ao coronel Corvacho, que todos nós conhecemos no mínimo como combatente da Guiné, encheu-me de tristeza e pode bem ser um exemplo do que acabo de dizer.
Ler, nas palavras do seu filho sr. Eurico Corvacho que o seu pai esteve numa casa de saúde ao abandono, falar em lar de idosos, em assistentes sociais, em ver se consegue o seu internamento no Hospital militar, é mostrar à evidência a existência dos silenciosos pelotões de fuzilamento.
Quantos Corvachos existirão por esse país fora? Quem não conhece camaradas que sofrem e vivem no mais completo isolamento desprezados pelos nossos “grandes homens” da política?
Eu conheço gente da minha Companhia com grandes dificuldades, que a solidariedade dos mais próximos tenta de alguma forma minorar.
Conheci de muito perto um conterrâneo meu de seu nome Carlos Gonçalves Freitas, que foi soldado condutor na minha Companhia de Cavalaria 8351 “Os Tigres”.
No dia 12 de Maio de 1973 conduzia uma das viaturas no regresso da coluna Aldeia Formosa - Cumbijã que sofreu uma violenta emboscada, da qual resultou um morto, o meu camarada António Bento Bôa e dois feridos graves; todos eles seguiam no seu Unimog.
O Freitas nunca mais foi o mesmo!
Os tiques nervosos que lhe valeram a alcunha de PISCA, aumentavam diariamente.
Os olhos não paravam de abrir e fechar, a cabeça abanava continuamente, o nariz fazia ruídos esquisitos e o consumo da cerveja aumentava exponencialmente.
Natal de 1972 em Aldeia Formosa. O FREITAS ou PISCA, é o soldado que está por trás de um capitão a puxar para o gordo (tem bigode, SEM BARBA).
Conversava com ele quase diariamente sobre assuntos da Figueira dos quais ele rapidamente fugia. Vinha em consulta externa para Bissau de onde regressava rapidamente; não aguentava estar onde não conhecia ninguém. A asa protectora dos seus camaradas, mesmo nas profundezas do mato, merecia-lhe mais que a paz da capital.
Acompanhei-o o melhor que consegui.
Quando chegámos a Portugal, trouxe-o de táxi de Lisboa até casa. Procurava-me duas, três vezes por semana. Estava com dificuldades em dar-se com a mulher e com as filhas. Tinha dias em que me aparecia com sinais evidentes de embriaguez e o seu olhar era cada vez mais duro.
Deixou de aparecer! Eu fui para o Porto e depois para Coimbra, onde por mero acaso o encontrei no hospital. Desleixado no vestir e tresandando a álcool. Tivemos uma grande conversa e lembro-me de lhe ter dado o montante que me pediu, a título de qualquer desculpa.
Dei-lhe o meu telefone e a morada em Coimbra de que ele jamais se serviu. Sabia notícias dele pelo Fernando Lopes, outro Tigre da Figueira de quem fui padrinho de casamento. A situação familiar degradava-se, a separação aconteceu até que há uns tempos atrás o Lopes ligou-me: Capitão , morreu o Pisca! Assim, de rajada.
Atirara-se para debaixo do comboio junto à estação das Alhadas.
Fui ao seu funeral onde estavam meia dúzia de pessoas.
Quebrando o silêncio de circunstância, dirigi-me às filhas e naquele momento só eu sei quanta verdade existiu quando lhes expressei o respeito e a dor pelo meu camarada que havia, finalmente, encontrado solução para o seu sofrimento.
O silencioso pelotão de fuzilamento dera mais uma vez sinal.!
Nos encontros da minha Companhia já contamos vinte mortos, fora os camaradas que nunca apareceram ou que não estão por nós referenciados que tornarão a lista, porventura, mais extensa. Um destes dias, mais ano menos ano, já não há nenhum Tigre do Cumbijã para morder as canelas dos rapazes…
Chega de lamentações e de olhar para trás.
Só peço aos meus Camaradas, a todos os Camaradas da Guiné que NÃO DEIXEMOS QUE ESTES PELOTÕES DE FUZILAMENTO NOS CONTINUEM A MATAR.
Um abraço para todos os meus Camaradas da Tabanca Grande.
Vasco A. R. da Gama
Foto: © Vasco da Gama (2009). Direitos reservados.
__________
Nota de M.R.:
Vd. último poste da série em:
11 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4939: Banalidades do Mondego (Vasco da Gama) (V): A minha guerra foi outra, camarada Amílcar Ventura
23 comentários:
Caro “Tigre” Vasco Gama:
Acabo de ler o seu post 4969. Como eu o compreendo. Comecei com agrado, acabei a chorar e com uma dor muito grande.
A minha companhia, Ccaç 2336 passou 27 meses em Angola, 68/70 eram os “Falcões”. Ao contrário do que narra não tivemos mortos mas, tal como muitas outras, tal como conta, “os pelotões que matam em silêncio …” também nos vai atingindo.
Por volta do dia 20 de Abril de 2009, vinha em viagem com a minha mulher, tinha ido ao aniversário da minha filha, nos arredores de Lisboa. Recebi uma chamada do Pacheco, como vinha a conduzir foi a minha mulher que atendeu. Também de rajada, sem anestesia, dava a notícia: o Monteiro meteu-se debaixo de um comboio. Não foi o “Pisca”, foi o “Morteiro” ou “Morteiral” como delicadamente o tratávamos. Tal como o “Pisca” era condutor de Unimog, não foi uma banalidade na foz do Mondego, foi na foz do Douro.
Temos mais dois casos, um deles foi na ponta de uma corda.
Como o compreendo caro Vasco …
Não queria terminar sem um pequeno comentário ao que diz do Pira, “… reconhecer a nobreza do seu carácter …” , se me permite, subscrevo por inteiro.
Caro camarada, caros camaradas, vindo do Norte de Angola, um abraço fraterno.
António Brandão
Grato Vasco!
Na realidade há, e infelizmente muitos, pelotões de fuzilamento, e que bem que se aplica a expressão!
Já não somos novos, mas continuamos a ter nobreza, não da que se herda, mas da que se adquire com o esforço e a satisfação de ter respondido "presente" quando nos chamaram, independentemente do que pensávamos.
Só temos que nos unir em volta da nossa amizade e camaradagem, sejamos antigos combatentes da Guiné, Angola, Moçambique ou qualquer outra frente.
Sabemos e queremos honrar os nossos mortos, MAS NÃO PODEMOS ESQUECER OS VIVOS!
Cerremos fileiras e VAMOS EM FRENTE!
José Martins
Bravo Vasco!
Estás com a pontaria afinada e, mais uma vez, despertas o pessoal para uma situação danada.
De facto, estes pelotões que referes, bem instalados e solícitos do nosso voto, só querem saber deles. Por isso o regime de impunidade, as prescrições, e a desavergonhada alteração aos códigos, para se protegerem. Estão todos metidos nisso, é uma vergonha.
E se durante a presente campanha não ouviste falar dos antigos combatentes que sofrem de dificuldades lá adquiridas, como agora foram divulgadas, também não ouviste qualquer candidato a falar de responsabilização, por tantos e tão variados golpes que ficam nas rotas do esquecimento.
Não há democracia, se não houver mecanismos de controle rápido, da mesma maneira que uma empresa não funciona bem sem controle permanente. Não há democracia, quando os eleitos parecem fazer gala de enganar os eleitores diariamente.
E não se esqueçam, em política "o que parece é". Votem em branco.
E saibamos organizarmo-nos na defesa dos camaradas em dificuldade.
Um abraço fraterno
J.Dinis
Caro José Dinis
Aproveito esta TRIBUNA para te dizer que subscrevo o teu comentário.
Só é pena que o VOTO EM BRANCO só conte para reduzir a abstenção. Depois é "deitado fora", como inútil.
O vota em branco só terá valor efetivo, quando for um voto NÂO ELIGIVEL, ou seja, contar como uma recusa a todos os candidatos e, por via desse facto, em vez de haver 230 cidadãos sentados no parlamento, só haveria os que os votos elegessem.
Já alguém fez as contas do que o país economizava????????
Um abraço geral
José Martins
Fantástico, Vasco da Gama !
É lema deste blog não se fazer política ( o que é difícil pois viver é em si mesmo um acto político !) mas ao cairmos na tentação de o fazer, estejamos atentos pois os tais pelotões de fuzilamento actuam como verdadeiros snipers.
Escondidos, emboscados, provocadores para que demos a conhecer as nossas fragilidades e depois acertarem-nos em cheio entre os olhos.
Permite-me J.Dinis, que não concorde contigo quando incentivas no voto em branco.
Esse é mais um dos tais pelotões !
Com esse voto, em vez de fomentares uma solução para o problema, resumes-te à condição do problema propriamente dito !
Se não concordas com os políticos actuais, VOTA nos outros, mas VOTA !
A vida é feita de avanços e recuos ( não se pode agradar a todos ) de cedências e de não-cedências, e às vezes lá vai sapo vivo goela abaixo !
Não nos limitemos a escrever as nossas memórias e a chorar baba e ranho no conforto do nosso escritório !
Saltemos cá para fora, formemos grupos cívicos de intervenção pública, exijamos o respeito mas demo-nos ao respeito !
Denunciemos quem nos coarta as mãos e nos põe de gatas atrás do arame farpado a choramingar ao IN que não dispare que nós não fizemos mal a ninguém !
Solidarizemo-nos na denúncia de casos como o do coronel Corvacho !
Protestemos contra a incúria dum estado que não resgata os corpos dos seus filhos mortos na guerra !
Mandemos à merda aqueles que hoje se masturbam intelectualmente na tentativa de achincalhamento dos camaradas que deram com os costados no ultramar !
Façam o favor de ser felizes !
António Matos
Car camarigo Vaco da Gama, assino por baixo esta tua "banalidade" que nada tem de banal!
Só não concordo com o voto em branco porque ao que julgo saber, para nada serve, e o pessoal do poder quer é ser eleito nem que seja por um voto, por isso mais vale expressarmos o voto em alguém, mesmo que não seja do nosso total agrado.
Uma coisa é certa: se nos unirmos, (e ainda somos muitos), de todas as frentes da guerra de África, para defendermos os nossos interesses não precisaremos de ir ter com os politicos, porque eles vêm ter connosco.
É muito voto!!!
Abraço camarigo para todos
Bravo Vasco da Gama!.
Subscrevo tudo o que escreveste e desencadeaste no teu Post 4969.
Como de uma maneira geral subscrevo os vários comentários de camaradas já publicados.
E de facto o voto em branco é uma tentação, apetece mesmo, porque reflecte ao fim e ao cabo, a n/frustação e desagrado com todas as forças políticas presentes no n/Parlamento sem excepção, mas tenho de dar razão ao António Matos e J.Mexia Alves de que infelizmente não resolve coisa nenhuma.Se ao menos servisse para reduzir o nº. de Deputados como sugere o José Msrcelino Martins, então sim, seria "tiro no centro do meio".
Mas fica a idéia força de que, podemos se quizermos, representar uma razoável parcela eleitoral, que não pretendendo, como não pretende, e ainda bem, imiscuir-se na política,pode fazer perigar posições supostamente garantidas.
Assim o queiramos!-Pode ser que isto faça desencadear algo de novo
no panorama pouco credível(para não dizer outra coisa)da nossa panóplia político-partidária.
Já agora digo-vos que, via email, há tempos fiz uma exposição ao Sr. Primeiro Ministro, onde, para além de outras coisas, mas do foro dos problemas/razões de queixa de todos nós, uns mais do que outros certamente, mas a maioria comum a todos e sentidas por todos, dizia eu, que estranhamente, ou se calhar não, digo eu,tinhamos um responsável pela tutela "Dossier" Ex.Combatentes, naste caso o Secret. de Estado da Defesa Nacional, que conseguia, pelos vistos sem dificuldade, conviver/coabitar, entre a "Nigth algarvia" - vi fotos na Imprensa dita cor-de-rosa - e os corpos de Ex.camaradas nossos enterrados no capim africano, por resgatar, e -ao menos valha-nos isso, porque reflecte respeito e dignidade e até solidariedade - e dizia eu,apenas serão minimamente cuidados/preservados, graças a antigos guerrilheiros dos vários movimentos de libertação da altura, que esses ao menos, lhes merecemos um pouco de respeito e dignidade.
Quando assim é poderemos aquilatar
da consideração que lhes merecemos!
Como calcularão, a resposta do Gabinete, na pessoa de um qualquer Acessor, "miserabilísticamente" remunerado, com avença ou sem ela, foi de que, foi tomada a devida atenção ao assunto em questão. Estão a ver não é?.
Bom um abraço do tamanho do n/descontentamento e da n/decepção, especialmente ao Vasco, pela oportunidade e premência do assunto, mas extensivo a toda a Tabanca.
Francisco Godinho
Ex.Fur.Milº. da C.Caç.2753
1970/1972-K.3,Bironque, Madina Fula,Mansabá.
Açoreana-a mesma do Vitor Junqueira.
Caro Vasco,
Assim, com essa facilidade, desancas, e bem, naqueles que têm achincalhado toda uma geração.
Votar sim, mas nunca em branco. Por aí não se chega a lado nenhum.
Porém, como começo, é muito importante ir às sessões de esclarecimento e fazer perguntas.
Hoje, amanhã e sempre que possível obriguem os candidatos a pronunciarem-se sobre esta problemática, que é a assistência ao veterano que serviu, sem mugir, nas terras do ultramar.
Como diz o ditado àgua mole em pedra dura tanto bate que até fura, e poderá ser que os candidatos acabem por terem um pouco de consciência (e vergonha na cara), e façam o que há muito deveria ter sido feito: leis para que os veteranos (quem sabe se um de nós)não tenham que passar pela indignidade que os Corvachos e os Freitas da nossa memória passaram.
Um abraço do tamanho do Atlântico,
José Câmara
Camaradas
Todos nós somos do tempo em que, o voto era uma coisa não ao alcance de todos.
Era como se houvesse Portugueses de primeira e de segunda.
Como também todos sabem e não esqueceram, o sangue suor e lágrimas que foi derramado por essa conquista.
Não votar em alguém, é votar em quem não queremos.
Assim não posso estar mais de acordo com o António Matos, Mexia e demais camaradas, que expressaram que o voto deve ser utilizado para defesa da nossa vida. Se acharmos o utilizamos mal alguma vez, utilizem-no agora de forma a emendar o erro que cometeram.
É um dever cívico de quem com civilidade deve defender os seus direitos.
Esta regime democrático é imperfeito mas podemos mudar sempre que quisermos.
Já agora o Vasco está imparável.
Um abraço para toda a tabanca
Juvenal Amado
O que fazer com este blogue ? - é a pergunta, indirecta, subtil, que está subjacente ao comentário do António Matos a propósito dos pelotões do esquecimento, do desprezo e do abandono que todos os dias 'fuzilam' os homens da nossa geração que fizeram a guerra colonial, que foram usados e deitados fora...
Recorda o António que "é lema deste blog não se fazer política ( o que é difícil, pois viver é em si mesmo um acto político !" para logo a seguir observar e sugerir o seguinte: "mas ao cairmos na tentação de o fazer, estejamos atentos pois os tais pelotões de fuzilamento actuam como verdadeiros snipers"...
De facto, não é preciso recordar as regras do jogo, ou a seja, a nossa orientação editorial:
"Somos independentes do Estado, dos partidos políticos e das associações da sociedade civil que de uma maneira ou de outra possam representar e defender os direitos e os interesses dos ex-combatentes portugueses (ou guineenses).
(...) "Somos sensíveis aos problemas (de saúde, de reparação legal, de reconhecimento público, de dignidade, etc.) dos nossos camaradas e amigos, incluindo os guineenses que combateram, de um lado e de outro. Mas enquanto comunidade (virtual) não temos nenhum compromisso para com esta ou aquela causa por muita justa ou legítima que ela seja.
(...) "Em todo o caso, a solidariedade, a amizade e a camaragem são valores que procuramos cultivar todos os dias".
Amigos e camaradas: Não fazemos política, no sentido restrito do termo, mas podemos e devemos fazer lobbying, pode,mos actuar como um lóbi... São duas coisas distintas, a política directa e o lobbying: infelizmente as associações de veteranos ainda não perceberama s potencialidades do 'lobbying', uma actividade de grande sucesso e de impacto na política e nos negócios em países como os Estados Unidos e que chega à Europa: a Alemanha, por exemplo, tem 5000 lobistas reconhecidos pelo Parlamento Europeu, a Espanha umas centenas, Portugal tem apenas um...
Casos como o do Corvacho, do Pisco e do Batista, aqui denunciados no blogue, são indignos, envergonham este país e a nossa democracia... O Estado Português não pode brincar mais com a saúde e a dignidade dos antigos combatentes... E nós temos que começar a fazer algo mais do que escrever as nossas histórias e as nossas memórias, temos que nos organizar como 'grupo de pressão', junto do Estado e da sociedade civil... E, claro, precisamos de pensar globalmente e agir localmente...
O blogue serve para tudo menos para fazer política partidária, por razões óbvias... Agora o blogue é já (e pode ser também mais no futuro) uma ferramenta numa estratégia de lobbying (de influência, moral e legal, na tomada de decisão do poder político, nomeadamente legislativo e executivo)...
Luís Graça
Casos como o Baptista ou Piscas infelizmente e é de lamentar, de certeza que há muitos neste País á beira mar plantado, mas no caso em referência ao coronel Corvacho, o sistema tem muitos defeitos, e não há sistemas perfeitos creio eu.
Mas aqui a primeira grande falha penso que foi a "esposa", não esquecer a quota parte da restante família primando pela ausência de contacto.
Quanto ao voto: independente de tudo o que os políticos dizem prometem e depois não cumprem continuarei como sempre o fiz a votar até que me apresentem outro sistema mais credível.
[Não acredito em salvadores da pátria].
Colaço
Caro Amigo Vasco da Gama
Li a Postagem 4969 por volta das 8H30.
Fui dar a minha volta matinal ao campo de Futebol que fica a 2 minutos da minha casa.Andava por lá muita malta mas preferi andar sozinho. Ouvi algumas “bocas” mas disse que estava sem pedalada. Andei sozinho porque queria “mastigar” sem conversas a tua maravilhosa mensagem de paz.
Voltei para casa, fui ao meu jornal que tenho que “fechar” hoje e percebi que ainda tenho muito que fazer. Mas... não era capaz de me concentrar.
Fui de novo ao blogue do “nosso” Luís Graça (como gosto de lhe chamar).
Li, reli e imprimi.
Não sei se é por causa da idade provecta que vou tendo(faltam-me 6 meses para os 70) mas há textos que leio “melhor” impressos.
Embora estejas sem saber a prejudicar milhares de leitores – não estou a “fechar o jornal – tenho que vir à tua presença apresentar-me e, em sentido, fazer a continência. De respeito e de gratidão
Que bem que me fizeram as tuas palavras e a paz que delas emana. Que bonito e com que dignidade tratas os tristes casos do Coronel sr. Corvacho e do Soldado sr. Freitas!
Percebi perfeitamente os “cartões amarelos” que referes ter levado em casa. Por aqui passa-se o mesmo e começo a temer o “vermelho”...
Sobre os pelotões que matam em silêncio nas campanhas eleitorais tomo a liberdade de te referir algumas palavras de Monsenhor Feytor Pinto , que esteve recentemente em Alcobaça. Estive lá a ouvi-lo como jornalista e escrevi algumas citações e uma história sobre igualdade que julgo não ser totalmente descabida referir no actual contexto.
«Vale a pena sonhar e construir algumas coisas de novo todos os dias»
«Portugal tem uma história. A transformação radical não pode levar à perda do diálogo, da troca de impressões.
«A crise actual é uma crise de valores. A falta de valores gerou a crise mundial. Há uma crise económica que teve na sua génese uma falta de valores.»
«Que valores “embrulham” a nossa vida? Para onde se caminha? Como é o nosso mundo?»
«O mundo contemporâneo tem valores positivos e negativos.
Positivos: 1)Culto da dignidade humana;2) Todos somos iguais e temos direito de opinião;3)Há ânsia de harmonia, ânsia de paz; 4) Há progresso na ciência e na tecnologia; e 5) Há uma nova sensibilidade ética.
Negativos: 1)O materialismo e o racionalismo; 2) O subjectivismo individualista; 3) Tudo é permitido(mundo permissivo); 4)visão reducionista da vida sexual; e 5) absolutismo do económico.
Não é fácil acompanhar o pensamento brilhante do Monsenhor habituado a falar em Escolas e Universidades. Ele mesmo o confessa e para atenuar a tensão responsável de quem o ouve atentamente conta alguns episódios bem dispostas da sua vivência como Professor.
Destacamos um.
Um dos desafios da Igreja é o respeito incondicional pela pessoa humana.
No tempo do PREC numa aula a Enfermeiros do Hospital de S.José Monsenhor Feytor Pinto põe uma questão aos seus alunos.
Se ,por acaso, estivessem de serviço o que fariam e entrassem nas urgências 4 ambulâncias que transportassem figuras públicas. Uma ambulância com Álvaro Cunhal ,outra com Mário Soares, outra com Sá Carneira e outra ainda com Freitas do Amaral.
Quem salvariam primeiro?
Depois de algum silêncio um aluno atrevido respondeu: Em nome da igualdade e para bem do País deixava-os morrer a todos!
Monsenhor Feytor Pinto terminou a sua palestra com palavras de esperança.«É preciso ajudar os outros a ter felicidade».
Caro Amigo Vasco tu estás a fazê-lo. Por isso te felicito e me felicito por te ter perto no blogue do “nosso” Luís Graça, agradecimentos extensivos a todos que contribuem para a força e actualidade do "Luis Graça e Camaradas da Guiné”.
Um grande abraço do teu Camarada da Tabanca Grande
José Eduardo Reis de Oliveira
(JERO)
PS- Atrevo-me a fazer uma pequena rectificação à história das ambulâncias de Monsenhor Feytor Pinto. Nos tempos actuais não deviam ser 4 mas 5!Ou se calhar mais...
Alcobaça, 17 de Setembro de 2009
Bravo Vasco!
Quantos se suicidaram?
Quantos vivem nas ruas?
Quantos cumpriram penas de prisão?
Quantos foram abandonados pela família?
Quantos sobrevivem em lares e hospitais?
Quantos Corvachos?
Quantos Piscas?
Hà anos que a questão me sensibiliza, me motiva e preocupa. Aliás em Janeiro de 2007, enviei para o Blogue uma notícia elucidativa, sobre um “Zé da Desordem” encontrado morto, acompanhada de um Poema. Tempos antes, defendi em Tribunal “O Sequestrador do Carrefour”, ex-combatente da Guiné, que sofria de stress pós-traumático de guerra, como foi reconhecido. Hoje mesmo e como de costume, bateu-me à porta um sem-abrigo, ex-soldado do Geba. Claro que estas situações se inserem num problema mais vasto – o idoso na sociedade actual, que tenho vindo a tratar em escritos e conferências. Uma está na Net (Violência contra os Idosos, servicosocialportugues.blogspot.com). Que o assunto merece a empenhada atenção de todos nós é Verdade. Não se pense porém que a solução consiste em votar ou não votar, ou optar pelo Partido A ou pelo Partido B. É de Respeito, de Dignidade e de Solidariedade que devemos falar. E tais valores só serão concretizáveis, quando a “Ratio Económica” não suplantar a Ética e o Ter não subverter o Ser.
Abraço Grande
Jorge Cabral
Vasco,
Homem Grande lá do nosso Cumbijã!
Eu tinha rasão! Fazias... fazes falta aqui dentro da Tabanca.
A tua sensibilidade, faz-nos fata como o pão para a boca!
Que dizer das Banalidades do Mondego? A esta hora pelo que li não vale a pena repetir. Já tantos disseram e bem melhor do que eu poderia dizer.
Volto a agradecer o teu regresso, pois tenho que a maioria da Tabanca disso estava desejosa.
Agora uma provocação para o Luís!
Não!... Não te vou pedir nada!
Carlos, desculpa o pedido mas, trata tu do assunto porque ele dá a desculpa do protagonismo e não vai nessa.
Carlos "pranta lá tu" falando à mouro, o Comentário do Luís como Post, porque está fabuloso e de uma realidade extraordinária. "Que fazer com este Blog?" Que maravilha!
Em frente TABANCA GRANDE porque estás a fazer HISTÓRIA.
Para toda a Tabanca o abraço do tamanho do tal rio que desce desde as bolanhas dos Tigres do Cumbijã,
Mário Fitas
Queridos Camaradas e Amigos, apenas três notas acompanhadas de um grande abraço,
1. VOTAR, Sempre. Em branco ou noutra cor qualquer, nem que seja com uma cruz que abarque todos os partidos.
2.CONSTITUIR GRUPOS DE PRESSÃO:JÁ!
Comandante Luís, chuta!
3. Respeito incondicional pelo combatente da Guiné e pela sua dignidade : EXIJO !
Vasco A.R.da Gama
Regozijo-me com estas Banalidades do Mondego que o Vasco da Gama, em boa hora, trouxe à ribalta !
Regozijo-me com o facto de o Luís Graça subscrever textualmente a minha incitação à formação de grupos cívicos de intervenção pública !
Regozijo-me com o espírito de camaradagem demonstrado ao longo dos comentários !
Regozijo-me com os pontos 2 e 3 do último comentário do Vasco !
Passemos, portanto, à acção !
Sugestão : a campanha eleitoral acaba daqui a uns dias . Porque não constituirmos um grupo NUMEROSO e aparecermos a TODOS os partidos numa das suas sessões de campanha e interpelá-los directamente para as televisões passarem ?
Já se percebeu que por requerimento não vamos lá !!!!!
António Matos
Caro Camarada
Vasco da Gama
As tuas palavras bem ditas e sentidas fizeram-me voltar a comentar. Porque tinha prometido a mim próprio depois do episódio da Gasolina nunca mais o fazer.
Tens o condão de despertares os mais nobres sentimentos desta sociedade e camaradagem que são os ex-combatentes, e, apelares para os menos desfavorecidos e doentes traumáticos da Guerra.
Só é lamentável que tenhamos de ser nós a substituir quem por direito e dever o devia fazer.
Já tive oportunidade de escrever aqui no Blogue a minha experiencia nessa área e digote de tode o coração que doi ver os nossos, camaradas sem abrigo, vegetando por Lisboa.
Se não fossem algumas instituições de boa vontade minimisarem este sofrimento, estariam a toda hora expostos ao fuzilamento.
Fica bem camarada
Um abraço para todos
Mário Pinto
CARO VASCO,
UMA VEZ MAIS,COM A CONTUNDÊNCIA DA TUA VERDADE,RESULTANTE DA FORMA COMPLETAMENTE ERECTA DE ESTAR NA VIDA,OBRIGAS ESTA MALTA TODA A REPENSAR COMPORTAMENTOS.
BEM HAJAS!
MANUEL MAIA
Amigo Vasco da Gama,
Muita gente pensou, muita gente refletiu.
Parabéns e obrigada pelo regresso, em relação aos cartões amarelos, o melhor é dizer que é por uma BOA CAUSA.
Filomena
Manuel Reis disse:
Parabéns Vasco!
Nunca, neste Blogue, vi um tema ser abordado com tanta sensibilidade e delicadeza.
Disseste tudo!
Mais palavras para quê?
Um abraço
Manuel Reis
Obrigado Vasco, mais uma vez
Identifico-me perfeitamente com o que escreveste e da forma como o fizeste, em poste recente também manifestei as minhas preocupações sobre esta questão.
A semana passada enviei alguns emails aos nossos governantes (PM e PR) e aos partidos políticos só para chatear. Alguns já acusaram a recepção.
Dos nossos políticos não esperemos muito porque estes já sepultaram o nosso passado. Votar é uma opção que cada um fará. Penso que o caminho será organizarmo-nos e fazer pressão, lobbying, como agora se diz.
Como vamos fazê-lo? Haverá, concerteza, camaradas mais experientes que poderão ajudar!
Não percamos mais tempo.
Um abraço
C.Farinha
Caro Vasco
Regozijo-me por voltar a ver a frequência com que escreves para o Blogue, sinal de que estás de boa saúde.
E com que força, vontade e sentimento acertas nos temas que atiraste cá para fora!
Subscrevo as tuas opiniões e em geral todos os comentadores.
Apenas umas achegas mais ao que foi dito.
Também julgo que votar em branco não é solução, pois esses votos infelizmente não contam. Reparem que, mesmo com abstenções superiores a 50%, os que ganham depois, ainda que com numeros reais pouco expressivos, vem dizer que foram eleitos por maiorias para governar!
E quanto aos Pelotões de Fuzilamento, Esquecimentos, Desprezo e quejandos, antes de abrir este Blogue fui visitar "O Cacimbo", que já não lia desde meados de Julho e, para meu espanto deparo com a declaração da sua auto-suspensão, com data de 31 de Agosto, feita pelo seu autor.
Para quem não sabe, o autor é o Ten Cor na reserva, Alvaro Fernandes, por acaso meu ex-camarada no CPC de Agosto a Dezembro de 1969, ele que era un nóvel Alferes Miliciano no meu dos "velhinhos" Ten Mil. E a razão para a auto-suspensão tem a ver com o novo RDM elaborado por estes governantes e promulgado pelo PR. De acordo com novos artigos deste RDM, agora mesmo os militares que já não estão no activo podem ser punidos com o corte de 2/3 do seu vencimento entre outras coisas. Indo mesmo contra o que a Constituição estabelece acerca dos miltares que não estão no activo.
Isto tudo para os calar.
Como veem a pouco e pouco vão "levando a água ao seu moinho".
E mais não digo.
Abraços para toda a "Família Veterana".
Jorge Picado
unaCaro Vasco,
Podia escrever Camarada Vasco, mas isso poderia ser alvo de uma má interpretação.
Prefiro Amigo Vasco.
Há muito afastado de escritos ou comentários, só tu me obrigas a fazê-lo, voluntariamente. Mas é também a forma de dizer, pronto.
Obrigado pelas tuas palavras e pela forma como o demonstras em atitude.
Reafirmo aqui o que te disse já em privado, que grande comandante deves ter sido e que bom é ser-se comandado por gente assim.
Obrigado pelos teus textos.
Um abraço para todos
BSardinha
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