sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Guiné 63/74 - P5726: Núcleo Museológico Memória de Guiledje (10): A inauguração da capela, em 20 de Janeiro, na presença do embaixador de Portugal (Pepito)
















Guiné-Bissau > Regíão de Tombali > Guileje > 20 de Janeiro de 2010 > Núcleo Museológico Memória de Guiledje > Cerimónia de inauguraçáo da capela > Na 1ª foto, a contar de cima, a Júlia Neto (*),  ao lado do Primeiro Ministro da República da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Júnior, e do Carlos Schwarz da Silva (Pepito). 

Na 2º imagem, a "foto de família": ao centro o Bispo de Bafatá, Dom Pedro Zilli, ladeado pela Júlia (à sua esquerda) e pelo Pepito (à sua direita). Ao fundo, o crucifixo levado de Portugal, leva Júla Neto, oferta do Paulo Santiago (**). Presentes também, entre outras individualides, os Embaixadores da União Europeia, da Finlândia, de Cuba e de Portugal, bem como a presidente da ONG AD, Isabel Miranda, o Domingos Fonseca , o arqueólogo de Guileje (estes dois na ponta esquerda, no foto nº7), bem como a Isabel Levy Ribeiro, esposa do Pepito e membro do nosso blogue.

Na 3ª foto, o bispo de Bafatá   e a Júlia Neto. Na 4ª foto, o Embaixador de Portugal, António Ricoca Freire,  e o bispo de Bafatá. Na 5ª foto, vê-se de costas, à esquerda, um coronel do exército português, que está em missão de cooperação na Guiné-Bissau.

1. Texto e fotos enviadas ontem pelo nosso amigo Pepito, relativos à inauguração do Núcleo Museológico Memória de Guiledje, e em particular da capelinha, reconstruída de acordo com o modelo construido no tempo da CART 1613 (Guileje, 1967/68).

A Capela de Guiledje foi construída em 1967 ou 68 sob a iniciativa e orientação do Capitão José Neto que, nas suas memórias afirmou: “…se construiu a obra mais emblemática que deixamos em Guilege: a Capela.”.


Na sequência do abandono do Quartel, este foi bombardeado e a capela ficou destruída e coberta de terra. Domingos Fonseca, técnico da AD e arqueólogo de circunstância, acabou por descobrir as fundações da Capela e alguns dos seus elementos arquitectónicos (cruz celta, pequeno altar, lápide de entrada).

O respeito e profundo reconhecimento da AD para com o Capitão José Neto, levou-nos a considerar prioritária a sua recuperação, como forma de homenagear quem, em vida, tanto amou este pedaço de chão e tanto contribuiu para a sua reconstituição visual e fotográfica.

Com o apoio de vários ex-militares portugueses que por lá passaram ou que simplesmente simpatizaram com a iniciativa (Camilo, Paulo Santiago, natural de Águeda, etc.) (**), a Capela foi reconstruída, procurando-se ser o mais fiel possível à traça original.

No dia 20 de Janeiro de 2010, com a presença da esposa do Capitão José Neto, Senhora Júlia Neto, procedeu-se a uma importante cerimónia que contou com a participação do Senhor Bispo de Bafatá, D. Pedro Zilli, que oficiou algumas orações, o Embaixador de Portugal, Sr. António Riccoca Freire, a Presidenta da AD, Isabel Miranda e outros guineenses e portugueses presentes.

Se o Capitão José Neto estivesse vivo, temos a certeza que se juntaria a nós na alegria da Capela reconstruída.

Pepito

2. Comentário de L.G.:


 Falei com a Júlia, ontem, ao telefone. Chegou de Bissau no domingo passado.  Contou-me, com grande entusiasmo e alegria, a mgnífica recepção que teve por parte do Pepito, da AD, das autoridades guineenses, e das gentes de Iemberém, Guiledje e Quebo. Foi inclusive entrevistada por um órgão da comunicação social do país. Todos queriam saber da razão da sua presença, incluindo o "embaixador da Finlândia" que esteve em Guileje. Aqui participou, a convite da AD,  das cerimónias oficias de inauguração do Núcleo Museológico, incluindo a capela e a mesquita.  As festividades mobilizaram 3 mil a 4 mil pessoas, que vieram de todo o lado, incluindo de Varela. "Trouxeram vacas, porcos, tudo o que era necessário para a sua alimentação"... Ouviu gente, do tempo da CART 1613, a cantar canções do Minho, o Malhão (antigas lavadeiras), bem como a tocar gaita de beço, com músicas portuguesas (um milícia).

A Júlia Neto tem um CD com cerca de mil fotos (do Pepito e dela) que quer partilhar com o blogue e com os antigos camradas do marido, pertencentes à CART 1613 (contacto: Cunha, de Braga).  Prometi contactá-la para a semana. Vive em Queluz. Já pensa em voltar à Guiné-Bissau, com as suas filhas  e netos. Esteve com mílícias e habitantes de Guileje do tempo da CART 1613. Todos (incluindo a lavadeira) lhe falaram do seu marido, José Neto (1929-2007), com grande apreço e simpatia.  Os Homens Grandes de Quebo, incluindo o filho do Cherno Rachide, fizeram questão de estar com ela e de convidá-la para a inauguração da mesquita de Guiledje (texto e fotos que publicaremos oportunamente).

Fiquei também a saber que o nosso saudoso camarada José Neto esteve, em comissão, em Macau, de 1951 a 1960. Foi lá que conheceu a sua futura mulher, mais nova do que ele em cerca de 20 anos. A Júlia é filha de militar, que fez uma comissão na Guiné, em Bafatá. Em 1960, o José Neto foi destacado para Cabinda. Em 1967/68 esteve em Guileje. Em 1971, estava em Angola, tendo regressado para frequentar o Curso de Oficiais.  Reformou-se, como se sabe, como capitão. Não viveu, infelizmente, para partihar connosco, com a famiia, e com o Pepito, esse momento para o qual ele tanto contribuiu.

Quero apoveitar a ocasião para lembrar que cotinua aberta a campanha de angariação de fundos para a reconstrução da capela... Feita a inauguração, é preciso pagar contas, incluindo a manutenção.  (LG)

_________________

Nota de LG.:

(*) Vd  poste anterior desta série > 21 de Janeiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5683: Núcleo Museológico Memória de Guiledje (7): Seguir o exemplo do meu pai e do seu amor por essa terra (Maria Eugénia Neto)

(**) Ao Grupo dos Amigos da Capela de Guileje, de que fazem parte o Camilo e o Patrício Ribeiro, há agora que acrescentar o nome do Paulo Santiago, que é natural de Águeda, tal como o Patrício. Foi o Paulo que ofereceu o crucifixo que está na capela. O Patrício tinha a incumbência, por parte do Pepito, de arranjar um crucifixo. Em Águeda concheceu, através do blogue, o seu conterrâneo Paulo. O Paulo, que conhece todo o mundo, desenrascou logo o Patrício. O Patrício levou o crucifixo para Lisboa ainda a tempo de ser transportado pela Júlia Neto até Bissau... A história acabou de me ser contada há meia hora pelo Paulo, ao telefone... Ao Grupo dos Amigos da Capela de Guileje há também que acrescentar aqueles de nós que  estã a contribuir, com dinheiro, para as despesas de construção e manitenção do edifício. A recolah de fundos está a cargo do Manuel Reis, que foi Alf Mil Cav, da CCAV 8350 - Piratas de Guileje (Guileje, 1972/73).

Associado à capela e ao núcleo museológico de Guileje, fica também doravante o nome do Domingos Fonseca, engenheiro técnico agrícola, quadro da AD,  e o grande arqueólogo de Guileje. Em homenagem à sua dedicação e empenho, ele passa doravante a figurar na lista dos membros do nosso blogue.  Já em 2008, ele tinha um papel central no apoio logístico à visita, ao sul, dos participantes do Simpósio Internacional de Guiledje (Bissau, 1-7 de Março de 2008). Bem-vindo, Domingos, à nossa Tabanca Grande ! (LG)

4 comentários:

Anónimo disse...

vocês sabem da minha mágoa por ter abortado a descolagem que me levaria igualmente a Guiledje nesse dia, por convite do Luis que aproveito para abraçar hoje e sabem porquê.
Em 1967/68 andei por lá, estacionando em Medjo, sempre tinha que passwar por lá para ir a Dadamael por morfres e outras utilidades e também, arriscando a emboscada, jogar uma futebolada com a malta da companhia do capitão Corvacho (e não sei se era a 1613).
Lá irei brevemente, talvez em Março, aproveitando agarrar a malta que vai por terra.
Eu irei pelo ar porque estas costas já n
ão dão para suspensões duras e a vigem custa-me cerca de 30 euros.
Parabéns aos camaradas que têm tido a coragem do apoio à gente que naquela terra tanto tem sofrido.
E sobretudo à nossa amiga Neto e à memória do seu marido
Abraços

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Zé Brás:

Por distracção, não assinaste a mensagem, espero que ninguém ta corte... Por isso mesmo, fica já aqui autenticada...

Pois é, perdemos uma fantástica festa, de confraternização... E aind anão viste tudo, inauguração da mesquita, com os Homens Grandes de Quebo a convidar (!) para a cerimónia um MULHER TUGA!!!

Na afesta na inauguração do Núcleo Museológico, estava gente de todo o lado da Guiné...Tu imaginas o que é juntar, em Guileje, três a quatro mil pessoas (será possível ?, mas foi o que me disse a Júlia Neto... O Pepito esperava duas a três mil...) ?! E cada uma com o seu farnel, com a ração de combate, à boa moda alentejana... Mataram-se vacas e porcos... E até os felupes de Varela compareceram...

E toda esta história - da Memória de Guileje - começou aqui, connosco, em 2005, com o entusiasmo de pessoas extraordinárias como o Pepito, o Zé Neto, o Nuno Rubim (o Capitáo Fula, como era conhecido e foi reconhecido em Mejo, em Fevereiro e Março de 2008, quando lá voltou, sou testemunha do carinho com que o trataram)... O Zé Neto, por sua vez, pertenceu à CART 1613, a tal que tu conheceste, e que foi comandada pelo Cap Corvacho.

Pois é, temos que fazer uma viagem em grande, para o ano, acessível a mais malta do blogue, e para a qual poderemos contar com o apoio do Pepito e da AD... Vais gostar de conhecer esse Homem Duplamente Grande que é o Pepito e cuja trabalho na área do desenvolvimento integrado e sustentado, pela sua seriedade e qualidade, é hoje amplamente reconhecido, interna e externamente...

Um Abração. Luis

Anónimo disse...

De facto, uma importantíssima iniciativa. Estão todos de parabéns. Um abraço, em especial, a esse Homem especial (pelo que se pode conhecer pelo blogue) que é o Pepito.
Não me levarão a mal se disser da minha tristeza por não ter sido recuperado o oratório do exterior, que ainda lá estava em 1995 e tinha uma inscrição comovente dos "gringos" cá da minha terra: "Santo Cristo dos Milagres / Nesta capelinha oramos / Para sempre sorte dares / Aos Gringos Açoreanos (sic)"...
Julgo, aliás, que ainda se conseguiria uma imagem com redoma (como a que lá estava). O Senhor Santo Cristo dos Milagres e o Espírito Santo são as duas devoções fundamentais do povo açoriano: fazem parte do seu ser, da sua identidade. Por onde andem, levam-nos consigo.
Fico triste pelo facto de tal oratório não ter sido reconstruído. Amaro Samúdio, fotografado ao lado do pequeno oratório, podia, talvez, dizer alguma coisa mais sobre isto.
Pelo menos a placa foi preservada?
V. P. 3816, de 29 de Janeiro de 2009.
Compreendo as dificuldades. E saúdo a iniciativa. Mas espero também que compreendam este desabafo açoriano.
Um abraço,
Carlos Cordeiro

Hélder Valério disse...

Caros amigos

Já mais de uma vez tive oportunidade de tomar conhecimento da enormidade que é o 'Pepito', e não estou a referir-me ao físico mas sim à Obra e principalmente à persistência e consistência do seu trabalho.
Daqui de longe tem-se a idéia que o trabalho dá frutos, que as ajudas chegam a boas mãos, que são úteis e utilizadas, que as 'coisas' avançam e que tudo isso se traduz em Obra feita.
Esta inauguração da Capela e também, já agora, do equivalente da Mesquita, com toda a envolvente referida, quer das populações quer das Autoridades, acrescida desse convite à Júlia Neto é sem dúvida comovente e ao mesmo tempo prenunciador de que há uma nova onda de esperança no ar.
Um abraço
Hélder S.