Não cumprir o itinerário traçado na Sala de Operações, não é o mesmo que ficar a descansar dentro do arame farpado
1. O nosso tertuliano António Martins de Matos, Ten Gen Pilav, fez o seguinte comentário ao Poste 6442 de autoria do nosso camarada José Manuel Matos Dinis, ex-Fur Mil da CCAÇ 2679:
Ao contrário da Filomena, considero ser uma "triste história".
E depois queixam-se que o AB diga o que disse.
Abraços
António Martins de Matos
2. Face ao comentário, José Manuel Dinis solicitou a publicação desta carta aberta a António Martins de Matos:
Meu Caro António Martins de Matos,
No passado dia 22 de Maio tiveste a amabilidade de comentar o post n.º 6442, subscrito por mim, nos seguintes termos: "... considero ser uma " triste história". E depois queixam-se que o AB diga o que disse".
Refiro sem ironia que foi amável o comentário, apesar do sentido depreciativo, porque não sendo seguidista, é revelador de interesse.
No entanto, sinto a necessidade de esclarecer a minha posição, perante a interpretação corrosiva que o comentário permite. De facto, a alusão ao AB, associada ao meu comportamento descrito, até sugere que possa ser responsabilizado pela ineficácia das NT no TO da Guiné.
Assim, pergunto o que disse o AB? E respondo que o Exército se acoitava dentro do arame, como que ofendeu com desonra todos os que, dentro ou fora do arame, foram mobilizados para defender a Pátria, sem que tivessem dado opinião sobre os interesses em presença.
Pois a minha narrativa incide sobre uma acção fora do arame, uma como tantas outras, em que eram mínimas as possibilidades de contacto com o IN. Na verdade, uma única vez em que se me afigurou viável surpreendê-lo, emboscando-o, quiçá, com a possibilidade de o apanhar à mão, contactámos Canquelifá, onde, ocasionalmente, se encontrava o CMDT do CAOP, e foi-nos transmitida a ordem para retirar para um ponto elevado, que não existia, dada a planura do relêvo, mas afastámo-nos para permitir o bombardeamento na área.
Que resultados foram conseguidos?
Que moral resultou para a tropa?
Imagino que adivinhas as respostas.
A ti faltará, naturalmente, a experiência de infantaria, e as contrariedades de um Exército mal preparado e mal equipado, que, no entanto, trilhou selvas e savanas, sempre em condição de exposição relativamente ao IN. Por isso, quero adiantar que um Pelotão era constituído por 30 elementos, mas que o Foxtrot chegou a sair com apenas 9, tornando as suas acções ainda mais complicadas para os que alinhavam. Quem se preocupou com essa situação? Como era feita a gestão do pessoal? Qual a solidariedade manifestada por quem alinhava no mato? Pois já agora, a este Pelotão em versão reduzida (que todos os dias saía, ora em patrulhas e operações, ora para emboscadas e colunas), conforme narrarei mais tarde, certa vez foi incumbida a missão de fazer uma coluna de reabastecimento a Copá, apesar de ter acabado de chegar à Companhia a informação oriunda da PIDE-Pirada, de que o Nino estaria emboscado no percurso.
O capitão, Comandante da Companhia, um cobardolas do QP, que nunca saíu para o mato, salvo em muito poucas colunas que lhe foram impostas, teve comigo uma conversa de abecoinha, que lamento não poder reproduzir, digna do discurso do bronco e incapaz.
Não sei se o Nino lá estava quando passei, mas passámos, e o pessoal sabia, porque avisei, e pelo dispositivo adoptado, do perigo que corríamos.
Nem o capitão, nem o CMDT do COT-1, nem o AB, nem qualquer representante do E.P. teve algum sentido de responsabilidade antes, nem manifestou apreço depois.
Meu Caro, sobre o post, não me lembro do motivo por que não cumpria o itinerário traçado, e fi-lo mais alguma vez, quando o pessoal manifestava consaço e eu decidia dar descanso. Digamos, que fiz uma gestão por conta própria, já que a incapacidade de quem teria essa responsabilidade, manifestava-se sempre em sentido contrário. Ao longo da História da CCaç 2679 já dei notícia de alguns episódios ilustrativos dessa incompetência.
Por último, calcorreei bastante daquele território, nunca me queixei, e andei só com o Pelotão a maior parte do tempo. Pedi transferência de Companhia por incompatibilidade com o Comando, assim mesmo, o que esteve quase a gerar uma grande barraca. Não vejo em que é que o AB tenha contribuído, mais do que eu, para atingirmos a vitória que, afinal, os altos comandos não conseguiram. Se calhar, por negligência e incompetência.
Atrevo-me a dizer, às vezes, é bom para o futuro, aprendermos com os erros do passado. E como diz o povo, nem tudo o que luz é ouro.
Aceita um abraço
José Dinis
__________
Notas de CV:
Subtítulo da responsabilidade do editor
Vd. último poste da série de 17 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6416: Controvérsias (75): A nossa postura face ao PAIGC no pós-Abril (Manuel Marinho)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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13 comentários:
Há muita gente que não sabe e até tinha obrigação de saber que por exemplo não devia ser um furriel mil. a comandar um pelotão.
Que um pelotão deve ter de 27 a 30 homens.
E que um comandante de pelotão por se recusar asaír para o mato com um pseudo-pelotão que com ele teria 13 ou 14 homens, por achá-lo diminuto em face da responsabilidade da missão que lhe estavam a dar para cumprir foi só
despromovido para 2º. sargento.
Por aqui se vê o modo de agir dos militares do Q.P. desde Com. de Comp. até ao Com. Chefe. Penso que ele devia ter conhecimento destes casos.
Também não se lembram quando instalados nas avionetas nos mandavam fazer percursos, que se o IN estivesse emboscado seriamos completamente dizimados.
Também não se lembram ou não sabem que os tais do arame farpado mesmo em situações de fome continuavam a fazer os seus serviços e a saír para o mato.
E depois num dia quaquer a seguir a essa situação chega o COm. Chefe e muito teatralmente diz o seguinte: Cap. você não é digno de comandar os homens que a Pátria lhe confiou! Levou-o com ele despromoveu-o a tenente e enfiou-o num buraco qualquer em vez de tratar de saber quem foram as nódoas que o puseram a comandar a companhia.
Há um osário muito grande para desfiar e se ele for desfiado realmente haverá muitos oficiais doQ.P. que não se sentirão muito bem. Mas haverá seguramente muitos que não sentirão a menor beliscadura.
E ainda bem que assim estaremos quase todos cá.
Mas este género de advertências e outros géneros era o que muitos gostavam de fazer.
Com um grande abraço para todos
Adriano Moreira - CART. 2412 "SEMPRE DIFERENTES"
Caro Camarada JDiniz
Aos poucos os Senhores que nos comandaram de dentro do arame ou posicionados no ar condicionado vão aparecendo para criticarem os que por sua ordem tinham que fazer o que a eles pertencia.
Sempre assim foi infelizmente, houve quem abusou sistemáticamente desta autoridade, mandan-do a tropa para sítios criticos comandados por um alferes miliciano e muitas vezes por um furriel.
Os Senhores com a sua coragem inabalavel de guerreiros seguiam de DO para ver as tropas e com a sua presença referenciarem-nos ao IN.
Houve felizmente oficiais do QP, que souberam honrar a sua PATENTE, mas na sua maioria abdicava das suas obrigações transferindo-as para as patentes inferiores.
Os que como nós por lá andaram, não profissionais da guerra, cumprindo obrigatória e penosamente a nossa missão, conseguimos colmatar a auxência de quem por dever devia dar o exemplo.
Um abraço
Mário Pinto
Caro Zé Manel,
Estivemos em datas e locais diferentes nesta "merda" de guerra.
Mas peço desculpa, estou um pouco confuso!
Explica-me o poquê desta situação:
Como aparece um furriel a comandar um pelotão (no meu tempo era grupo de combate)com nove homens, inferior a uma secção, cuja dotação era de doze homens incluindo o furriel seu comandante?
Eu fico muito confuso, com estas narrações de pessoal a dormir a sesta como se estivesse no Tamariz.
E mais confuso fico quando o nosso amigo e meu homónimo Mário Beja Santos, fala na herança do Spínola.
Sei perfeitamente que não há situações iquitativas. Mas se era assim, eu convidava-vos a todos que viveram estas férias, a se terem oferecido antes, e irem em meu lugar para Cufar, em que o (pelotão) grupo de combate, com três furriéis milicianos, mais trinta praças e seis cabos, comandados por um alferes miliciano, com um razoável conhecimento de guerrilha e antiguerrilha, iam para a mata não dormir a sesta.
É verdade que eu hoje não teria a amizade e carinho que me foi demonstrada no Convívio da C.CAÇ. 763 no p.p. dia 22. Mas se houvesse de facto um voluntário para essas férias, eu não teria tido conhecimento do Inferno de Cabolol,Caboxanque Cantanhez, nem o presídio do Cachil "Ilha do Como".
Desculpa meu amigo, com pleno conhecimento, sei que noventa por cento de quem fez a guerra da? Não sei o nome... cada um que use o seu catálogo. Mas em termos de guerra de guerrilha, era obrigatório a qualquer responsável, nem que fosse de um só homem, saber e transmitir algo sobre o assunto.
Talvez se tenha nisto tudo perdido a oportunidade de deixarmos aquela querida terra, um pais em que todos fossem irmãos que se respeitassem e não se matassem como temos visto, sem respeito nenhum por aqueles que amaram, amam e querem a sua Guiné Humanizada.
Se o Chefe da Nossa Tabanca Grande entender, pode lançar este comentário como Post e realizar um debate inclusívé: como é, como foi e como se comporta uma antiguerrilha, perante uma guerrilha. Eu vivias na Guiné!
Como sempre para toda a Tabanca aquele abraço profundo do tamanho do Cumbijã.
Mário: Deixa-te de Fitas e assina o comentário anterior, sff... Regras são regras...
Fica aceite o teu repto.
Um chicoração com a limpidez da água do Corubal.
Luís
CARO ZÉ DINIS,
DE EMPROADOS ESTEVE A GUERRA CHEIA.
O AB NÃO FOI AVE RARA...
FALASTE NO MEDROSO CAPITÃO DA TUA COMPANHIA.(QP)...MAS ACREDITA QUE OS MEMBROS "DESSE CLUBE DE HERÓIS" FORAM MUITOS MAIS, PARA NÃO DIZER QUASE TODOS AQUELES QUE SE PENDURARAM NO SUSTENTO ORÇAMENTAL,VULGO QPs...(PELO MENOS NOS ULTIMOS ANOS DA GUERRA...)
ISTO DE "ARROTAR POSTAS DE PESCADA" FORA DO MATO E EMPOLEIRADO,ERA FÁCIL.
DIFICIL FOI QUANDO OS POLEIROS COMEÇARAM A CAIR,E AÍ( COMO DIRIAM OS BRASILEIROS,PIMENTA NO CU DO OUTRO É REFRESCO...)
LÁ EMBAIXO,ONDE ELAS CHOVIAM SISTEMATICAMENTE, A COISA ERA BEM MAIS COMPLICADA...
FOI CERTAMENTE MUITO DIFICIL A TOMADA DE DECISÕES,COMO ESSA,PARA DEFENDER A VIDA DE MEIA DÚZIA DE HOMENS ESFORÇADOS,CANSADOS,MAL DORMIDOS,MAL ALIMENTADOS,MAL PAGOS,MAS MESMO ASSIM ABNEGADA E DENODADAMENTE ESFORÇADOS E FUNDAMENTALMENTE PATRIOTAS( PORQUE DEFENDIAM PORTUGAL A TROCO DE NADA,CONTRARIAMENTE AOS DO QP QUE SE LIMITAVAM A SACAR VENCIMENTOS, BENESSES,E ÀS VEZES ATÉ MAIS,DEIXANDO ESSE TRABALHO DE DEFESA AOS DITOS MILICIANOS...)
UM DOS QUATRO MORTOS DA MINHA
COMPANHIA,INFELIZMENTE
ALCOOLIZADO,EM DIA DE ANIVERSÁRIO,
SAIU DA ZONA DO ARAME FARPADO E AVANÇOU PARA A MATA.
QUANDO FUI ALERTADO PARA O FACTO, MANDEI JUNTAR UNS CINCO A SEIS HOMENS E SAÍMOS EM SUA PROCURA.
VIMO-LO A CERCA DE 200METROS,EMPOLEIRADO NUMA ÁRVORE,EM CALÇÃO DE BANHO,DESCALÇO E FACA DE MATO À CINTA, QUAL TARZAN.
AO VER-NOS,AO INVÉS DE VIR TER CONNOSCO,FUGIU NO SENTIDO CONTRÁRIO EMBRENHANDO-SE NA MATA DENSA.
ESTAVA ADIANTADO,DESCALÇO,E NÓS FARDADOS E CARREGADOS, PERDÊMO-LO.
REGRESSAMOS AO AQUARTELAMENTO E VOLTAMOS A SAIR LOGO DE SEGUIDA (ESTARÍAMOS A MENOS DE 1KM )DESTA FEITA COM UM GRUPO GRANDE DE MAIS DE TRINTA HOMENS.
NUNCA MAIS O VIMOS.
DOIS DIAS DEPOIS A COMPANHIA DO LADO APANHOU DOIS ELEMENTOS DO IN QUE ACABARIAM POR CONFESSAR QUE ELE HAVIA SIDO PRESO POR UMA POPULAÇÃO HOSTIL E ENTREGUE AO PAIGC.
NUNCA MAIS APARECEU,TUDO INDICANDO QUE FOI MORTO...
A MINHA DECISÃO DE REGRESSAR AO AQUARTELAMENTO FOI NO SENTIDO DE EVITAR QUE PUDÉSSEMOS SER TODOS APANHADOS À MÃO OU BALEADOS.
MOMENTOS HOUVE EM QUE TOMAR DECISÕES FOI DIFICIL E ESSA GENTE DO QP,PELO MENOS NOS ÚLTIMOS ANOS DA GUERRA,NÃO PASSOU POR ISSO PORQUE A SAÍDA PARA O MATO ERA ALGO EM QUE NÃO PARTICIPAVAM,A NÃO SER DO AR,E EM SITUAÇÕES FUGAZES,OU ENTÃO ATRAVÉS DA "REBUSCADA" FORMA DE CONVERSA DAS QUE HOUVIAM NO CLUB,COPO DE WHISKY NA MÃO, À VOLTA DA PISCINA NA PERIGOSÍSSIMA BISSAU...
UM GRANDE ABRAÇO PARA TI.
MANUEL MAIA
Mário,
Como diz o Luis: deixa-te de Fitas!
Em primeiro lugar, não tenho culpa de seres mais velho, e teres abalado para a Guiné uns anitos antes de mim. Por acaso, acho que estive lá em boa ocasião, e tenho até uma interpretação para isso.
Em segundo lugar, mesmo que tivesse a máquina do tempo, não sei se aceitaria a tua proposta.
É que eu só vivi a minha experiência, e vejo-me um felizardo com as "guerras" de que tenho notícia. Muitas, claro, foram genuínas e mortíferas. Outras, serão condimentadas com a maior ou menor capacidade de adaptação, de gosto pela vida, de narrativa, enfim, de circunstâncias que nos fazem a todos diferentes.
Garanto-te o seguinte: o meu objectivo à partida realizou-se na medida em que vim inteiro. Herói? Queria lá saber!!
Baldei-me ao IN? Uma vez! Mas não tenho a certeza.
Foi numa coluna ao Gabú. Lá ia o Foxtrot com sei lá quantos homens, e antes da ponte, um nativo veio à picada, dando-me a indicação de que os turras estavam emboscados.
Ó pá, não tinha condições. Não tinha gente para envolver e surpreender, deixando nas viaturas um nº. suficiente para garantir segurança na picada. Além de que a informação poderia ser distorcida. E era logo ali. O resto seria fácil: abrandar o andamento das viaturas, com o ruído dos motores para me darem cobertura até ao assalto.
Mas a minha avaliação alertou-me para a forte possibilidade de, sendo tão poucos, poder rebentar-nos a castanha na mão. E como era eu a decidir, apesar de ter elementos mais que válidos no pelotão, não arrisquei, e a coluna ficou adiada para o dia seguinte.
Agora cobardia, nem penses! E gostaria de saber quantos se aventurariam a passar à frente do Nino, como referi, sem descrever.
Porque nessa ocasião, ainda tive tempo para me prevenir, e tinha umas luzes de como ele procedia. Pois é, tive que saber alguma coisa de contra-guerrilha.
Quanto ao saber/intuir a guerra, conversar, transmitir conhecimento, responsabilidade e confiança, um dia que vás à Madeira posso dar-te alguns contactos para fazeres uma avaliação, e nesta matéria não me envergonho do que fiz.
Para acabar, diz-me, ó Mário, se durante o teu tempo nunca dormiste na mata?
Um abraço, com vontade de o regar com um tintinho, que pode ser da tua zona.
JD
Luís,
mil desculpas a ti e a todos os camaradas pela gafe de não assinar o comentário.
Sabendo que sou visceralmente contra os anónimos. Para meu castigo, não o devias ter publicado ou removê-lo.
Aceito o puxão de orelhas que devia ser mais forte. A hora ou o cansaço não tem desculpas. Ponho o pescoço no cepo.
Um abraço para toda a tabanca.
Mário Fitas
Caro José Manuel
Estou em crer que a observação do nosso camarada A. Martins de Matos não tinha, ou não teve, a carga 'sensória' que tu, porventura, lhe atribuiste.
Pareceu-me ter-se tratado de uma pequena observação, assim ao correr da pena, como quem diz, "vocês contam esses pequenos pormenores e depois admirem-se de serem mal interpretados"....
Pois é claro, para todos os que por lá passaram e para todos aqueles que procuram colocar o bom senso a funcionar, e que consideram que para cada circunstância haverá a sua própria solução mas, pelo relato que fizeste, acabou por ressaltar mais o aspecto do 'incumprimento' duma ordem qualquer (por mais estúpida ou absurda que fosse) e deves saber como essas coisas ainda 'mexem' com muitas pessoas que se esforçam por querer alterar factos, os quais, como é sabido, são teimosos, têm essa característica, são factos.
Outro aspecto, para além da reiterada 'desobediência', ou 'incumprimento' das directivas traçadas no papel, é o facto (lá está, facto) de teres referido que foste colocar o pessoal a 'descansar' e até 'dormir', o que, como é sabido, ninguém fez... E, no caso de terem feito, só o puderam fazer em nítida situação objectiva de 'perigosa cumplicidade activa' com o IN, o que também faz 'arrepiar' os cabelos a todos quantos consideram que o que se passou não se devia ter passado assim mas de outra maneira.
Portanto, caro José manuel, nada de conclusões precipitadas.
Agora, outros aspectos que ressaltam do teu relato desse episódio, são também de ter em conta.
É o caso de, acho que sem querer, o artigo contribuir para mais uma achega inconsequente e até perniciosa para a velha querela milicianos/profissionais, não por causa do relato em si, mas pelo empenhamento dos leitores...
Outra lição a ter em conta é que deves ter cuidado em explicar se colocaste os homens a descansar, a recuperar de esforço dispendido, ou se decidiram sair para ir dormir a sesta. Faz diferença, como sabes.
Um outro aspecto que também me intriga é como é que se pode concluir do relato que fizeste dessa situação que "estás a inventar" e a "perder a credibilidade", bem como o respeito, como está num comentário no 'post' com o relato do tal episódio.
Parece ser uma das tais situações, que já referi, de haver gente que considera a necessidade de reescrever os tais factos, de forma a ficarem mais conforme aos seus próprios conceitos.
Enfim, nesse teu relato, pode-se concordar ou não com as opções tomadas (mas, lá está, não devemos estar aqui a julgar ninguém, apenas se apela a que cada qual conte a sua história), pode-se até conjecturar da total veracidade dos factos relatados, se aqui ou ali não estarão ampliados, distorcidos, etc., (em exercício mental reservado, em proposta de correcções que sejam de facto comprovadas, em contacto directo com o autor para esclarecimento mais aprofundado) mas não parece correcto que se passe a ser 'juiz', a 'falar de cátedra', a 'ditar sentenças', com a autosatisfação de decidir (sem apelo) que fulano ou beltrano é imaginoso, que falta credibilidade às suas histórias e que por isso não merece crédito nem respeito.
A mim parece-me ser um bocado excessivo esta afirmação de ego satisfeito com tais sentenças.
Abraço
Hélder S.
Entre o capitão horroroso e o furriel baldas venha o diabo e escolha.
Aos editores: acabem lá com a blogoterapia que já cansa quem fez a guerra e aprendeu a viver e recordar sem lamechices, penitências, feridas mal curadas, raivas acumuladas etc e tal.
Precisamos de estórias bem dispostas e episódios do dia a dia dos muitos que lá foram.
Chatices, protagonismos e ajustes de contas, não.
Alfredo Simões
Com todo o respeito e amizade, meu caro Zé Dinis, leio-te ( e já te ouvi por diversas vezes) e tu a falar das tuas operações, do comando das tuas tropas pareces um competente capitão do QP ou um alferes miliciano operacional extemamente competente. E eras, sem nenhum demérito, furriel miliciano.
Abraço,
António Graça de Abreu
António Graça de Abreu
Confesso que não esperava que um comentário de três linhas no post 6442 acabasse por merecer uma resposta de algum volume e mais tarde um artigo inteiro no blogue, praticamente com o mesmo texto.
Fiquei igualmente surpreendido porque, não obstante a quantidade de mails que costumam aparecer por isto ou aquilo, e sendo eu o visado da “carta aberta”, não ter sido informado da sua existência.
Passada esta introdução, o meu comentário é tão pequeno quanto o anterior.
Fico-me apenas com a frase do editor que disse à laia de introdução:
“Não cumprir o itinerário traçado na Sala de Operações, não é o mesmo que ficar a descansar dentro do arame farpado”.
Será verdade se o responsável no seu relatório disser que, pelas razões ....
“ não cumpriu o itinerário”.
Um abraço
António Martins de Matos
Zé Dinis,
Ainda não falámos sobre isto,não sou advogado e neste caso muito menos quero ser juiz.
Há camaradas nossos com quem já partilhei a minha interpretação dos factos narrados bem como o que entendo possa ter originado interpretações diferentes.
Concordo com o que disse o Graça Abreu, tal como não podia deixar de considerar pondradas as palavras do Hélder, com as quais me solidarizo se ele o permitir.
Penso que tudo ficaria esclarecido e ultrapassado se tivessem a disponibilidade para se encontrarem e discutirem o que não passa de uma interpretação linear sobre o que foi e está escrito, mas nem sempre transmite o sentimento, a acção...
Se me é permitido fazer uma comparação, é como uma tradução feita por quem nada conhece do autor que traduziu, pode correr bem, ou não.
Um abraço para todos,
BSardinha
Pondradas. Pedradas era o que eu merecia, devia ter lido antes.
ponderadas
BSardinha
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