quinta-feira, 27 de maio de 2010

Guiné 63/74 - P6478: As Nossas Queridas Enfermeiras Pára-quedistas (13): As primeiras mulheres portuguesas equiparadas a militares (1): As 11 candidatas (Rosa Serra)

1. Este é o primeiro trabalho da nossa camarada Rosa Serra*, ex-Alferes Enfermeira Pára-quedista (BCP 12, Guiné, 1969), para a série "As Primeiras mulheres portuguesas equiparadas a militares". Podendo considerar-se como fazendo parte desta série, o trabalho dedicado à Enfermeira Pára-quedista Ivone Reis, Poste 5971 de 11 de Março de 2010, também de autoria da Enfermeira Rosa, irá ser oportunamente (re)publicado e integrado na série. As Primeiras mulheres portuguesas equiparadas a militares - I As onze candidatas
As onze candidatas a Enfermeiras Pára-quedistas prontas para fazerem provas

As candidatas com o director do curso Capitão Fausto Marques.


Em 2011 faz 50 anos que se formaram as primeiras enfermeiras pára-quedistas. Foi em 1961 que entraram num quartel, que apenas estava preparado para homens, onze jovens mulheres para frequentarem o curso de pára-quedismo. Chegaram ao fim do curso apenas seis, que ficariam conhecidas como “As Seis Marias”. Foram as primeiras mulheres portuguesas a serem equiparadas a militares, e eram todas enfermeiras. Hoje está mais divulgada a sua existência e a sua acção; contudo grande parte das pessoas desconhecem quem são essas mulheres como seres humanos e acredito até, que a maioria nem saiba o seu nome. Eu apareci alguns anos mais tarde, em 1967, mas tenho muito gosto em deixar o meu testemunho sobre estas grandes mulheres, cujos nomes são: Maria Arminda Lopes Pereira, Maria Zulmira Pereira André, Maria Nazaré Morais, Maria do Céu Policarpo, Maria Ivone Quintino dos Reis e Maria de Lurdes Rodrigues.

  Das onze, eis as famosas finalistas com o seu director de curso. Tancos, 8 de Agosto de 1961. Da esquerda para a direita: Maria do Céu, Maria Ivone, Maria de Lurdes, Maria Zulmira, Maria Arminda e o Capitão Fausto Marques (Director Instrutor). Nota: Falta a Maria da Nazaré que torceu um pé no 4.º salto e só viria a acabar o curso alguns dias depois.




Agora com a sexta Maria à Porta da Pensão da D. Guilhermina e do Sr Janeiro onde ficaram alojadas quando chegaram a Angola (Luanda, Outubro de 1961). Da esquerda para a direita: Maria da Nazaré, Maria Arminda, Maria de Lurdes, Maria Zulmira com a Esperança (a afilhada da D. Guilhermina e do Sr Janeiro)
 

 A razão que me leva a falar do primeiro curso, deve-se ao facto de elas estarem quase a fazer meio século de existência (bodas de ouro). E há cinquenta anos atrás, mulheres que entram numa unidade militar num Portugal repleto de mentes fechadas, não hesitarem, não se deixarem intimidar pelo que os outros poderiam pensar e dizerem presente logo que foram convidadas, para mim, são dignas de admiração. A elas devemos a entrada das mulheres portuguesas nas Forças Armadas. 

Afinal foram elas que abriram as portas às fileiras femininas. Falarei apenas das que conheci na vida activa, como enfermeiras pára-quedistas, e que em mim despertaram grande apreço e admiração. Embora conhecesse pessoalmente as seis, foram quatro com quem me cruzei em qualquer lugar por onde andávamos. É para estas que vai o meu olhar, com o respeito e admiração como profissionais e sobretudo como seres humanos maravilhosos que eu tive a sorte de conhecer e continuar a ter contacto frequente com todas, tal como todas elas fazem parte da minha lista de amigas. 

 Além do curso de pára-quedismo, também foi com elas que reforcei a minha aprendizagem na forma de reagir perante as adversidades, a gestão das minhas emoções, dos meus medos e inseguranças e antes que a onda da velhice me leve da lembrança, as pegadas da vida que trilhei em conjunto com elas, quero revelar aqui, algumas particularidades que vão para além do conhecimento geral e como são as 4 Marias que eu tanto admiro. Com a descrição que farei individualmente de cada uma, é minha intenção em jeito de homenagem e apenas a titulo pessoal, revelar àqueles que tiverem gosto ou curiosidade em saber através deste testemunho, algumas das suas características como pessoas e o quanto elas foram importantes na minha vida e se calhar não só na minha, bons exemplos humanos. 

 Não falarei da Maria Nazaré, que infelizmente não está entre nós, porque apenas a conheci muito superficialmente, anos depois de ela ter saído da F.A. e pouco tempo antes de ela partir para outra dimensão. Da Maria do Céu Policarpo também pouco tenho a dizer pois, como quase todos devem saber, o seu desempenho como enfermeira pára-quedista foi muito curto, o que limita o meu conhecimento de como ela era nessa época. Pelo que hoje conheço dela acredito que deveria ser uma jovem aventureira e alegre. Da enfermeira Ivone** também já fiz um depoimento para o blogue da Tabanca Grande (http://blogueforanadaevaotres.blogspot.com), resta agora manifestar-me sobre o que penso da Maria Arminda, da Maria Zulmira e da Maria de Lurdes.

 A todas elas deixo um grande abraço de agradecimento por serem minhas amigas e peço que não se zanguem por revelar algumas das vossas características à grande caserna de militares que entram neste blogue e talvez a tantos outros portugueses que, sabendo ou não da vossa existência, se por acaso entrarem neste mundo informático actual tomem conhecimento de quem eram e ainda são estas Marias de mão cheia, que apareceram em 1961 dentro das valorosas Tropas Pára-quedistas. Rosa Serra Ex-Enfermeira Pára-quedista 
__________ 

 Notas de CV: 

1 comentário:

Jose Marcelino Martins disse...

Amiga ROSA

Durante a minha estadia na Guiné, felismente, não necessitei da vossa assistência.

Sei, pelo que ouvi, que o vosso trabalho foi extraordinário. Muitos de nós foram salvos e, graças aos nossos "Anjos da Guarda", estão cá para contar como foram tratados.

Vocês disponibilizaram-se a deixar a vida calma da metrópole, pela vida louca passada num Teatro de Operações, apenas para poderem ajudar o próximo.

De nós têm a nossa admiração, a nossa amizade e o nosso respeito.

E da Pátria? O que é que ela vos deu?

Que Pátria madrasta!!!!!!!!!

José Martins