1. Mensagem de José Brás (ex-Fur Mil, CCAÇ 1622, Aldeia Formosa e Mejo, 1966/68), com data de 15 de Janeiro de 2011:
Camarada e amigo Carlos
Envio-te aqui um pequeno texto sobre outros que me entusiasmaram no blogue
Se achares que vale a pena, deita-lhe fogo
Um abraço
José Brás
O Irã cego, de Carla (ou Clara) Amante
Da rubrica "Os 10 postes mais 'vistos' nos últimos 7 dias", recupero o poste do meu vizinho e querido amigo Paulo Raposo - Guiné 63/74 - P4484: Fauna & flora (20): Histórias de grandes serpentes: da jibóia de 7 metros (Paulo Raposo), bem assim como um texto que o Luís lhe acrescentou, penso que ainda, também, em 2009, sobre um outro da filha do nosso camarigo Manuel Amante.
E faço isso para te dizer, Luís, que com o texto que agora aqui repetes, eu disse e enviei, então, para o blogue as palavras que vou tentar transcrever porque penso que o meu comentário nunca foi postado e porque a mim me parece que o deve ser, não porque seja importante em si, mas como testemunho de admiração por quem escreveu tão belo "poema".
Nessa altura, no teu texto, disseste uma vez, Carla Amante e outra Carla Clara Amante (coisas da idade) e eu fiquei sem saber se era um, ou outro ou... os dois, o nome da filha do nosso camarada Amante.
Outra coisa que confundi no texto foi a naturalidade e a cor da pele (coisas realmente sem importância) da escritora, o que se pode notar no tal texto que te reenvio agora, através do Carlos.
Um abraço para vocês e para o camarigo Amante
PS: Tenho uma amiga alentejana que se chama Domingos Escária Amante que tem uma irmã de nome Elexina Escária Amante e podem ser primas do nosso camarigo.
Texto antigo
Luís
Dizes Carla e dizes Clara e eu fico sem saber se um, se o outro dos nomes é o certo, ou, até, se os dois, a um mesmo tempo.
Carla ou Clara?
Ou Carla Clara?
Ou Clara Carla?
Clara sei que é, porque lendo-a, a descobri iluminada por dentro, nesse dom que muito gostaria de ter eu também, que é o de arrumar as palavras num sentido que de leitores faz comparsas, dando um sinal do humano mais profundo que nos habita a todos e nos une nessa partilha, esventrando-nos as crenças, as ânsias de felicidade, as esperanças, a aceitação ou a revolta nesta vida que nunca é total e cremos que poderia ser.
Diriam alguns académicos que o realismo fantástico se esgotou em Icasa, em Onetti, em Rulfo, mesmo em franjas de Isabel Allende e António Callado.
Gente de pouca fé.
Seria o mesmo que dizer que já não há sinfonias à espera de quem lhes junte as notas, os sons, as frases musicais em glórias e harmonias.
Clara ou Carla aí está para desdizer o absurdo.
"Irã Cego", no pequeno passo que pude ler, garante-nos uma irmandade funda e escorada no que o ser humano tem de melhor e esta dita civilização, com propósito, esmaga diariamente nos concursos televisivos, nos programas de imbecilização global e planeada.
Para criar coisa de valor, basta apenas ter talento.
Para falar como Clara fala, além disso, tem de ser um deles, dessa gente que aqui retrata, quer dizer, da gente de quem nos dá imagens nítidas e profundas.
Dividido, hesitei comentar porque, se é crime ficar calado, falar... falar poderá não ser mais que petulância.
Seja de que cor for por fora, clara é por dentro e negritude, também, a riqueza que me acrescenta no que fala.
Obrigado Carla Clara
Obrigado Luís
José Brás
__________
(*) Vd. poste de 11 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7588: Lugares de Passagem, de José Brás (1): Carta aberta a um amigo (José Brás)
Vd. último poste da série de 14 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7611: (Ex)citações (125): Os prazeres do blogue: reconhecer caras de pessoas que conheci numa outra vida: CCAÇ 6 (Bedanda, 1972/73)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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5 comentários:
Zé: Foste justo e oportuno... Julgo que seja Carla... Anmante da Rosa (que lindo apelido de família!)...
Em tempos escrevi:
O embaixador Manuel Amante da Rosa, que foi nosso camarada em 1973/74, e que tem hoje funções de responsabilidade na CPLP - Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, autorizou-me em tempos a reproduzir esse texto, que ele escreveu para a sua filha, Carla, autora do blogue Amante da Rosa, e que vive (ou vivia na altura) em Cabo Verde... É um blogue que eu visitava regularmente mas que infelizmente fechou, entretanto (embora continua a ser pesquisável na Net). Apresenta(va)-se nestes termos: "Meu Cabo Verde. História e Estórias. Minhas raízes, família e recordações. A Guiné. Pensamentos e Imagens. Sem ordem cronológica"...
Blogue Amante da Rosa >
http://amantedarosa.blogspot.com/
Vd. entre outros o poste de 23 de Outubro de 2010
Guiné 63/74 - P7164: Meu pai, meu velho, meu camarada (22): Bijagós, memórias de menino e moço (Manuel Amante)
Mas há mais:
http://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/search/label/Manuel%20%20Amante
Meus Caros José e Luís,
Acabo de ler o Post7621. Adorei e fico muito grato pelo seu simpático conteúdo. Já telefonei para a Praia, e falei com a Carla. Até lhe li o breve poema do José. Gostou. Logo que ela acabe o Curso (este ano) retomará o blogue que interrompeu. Quanto ao nome Amante, vem do meu Avô que era de Santa Comba Dão (António Amante), caído nos idos de 1920 (?) em Cabo Verde e que se "amancebou" com uma linda moça do Fogo de nome Felisberta da Rosa. Parece, porque não conheço ainda todos os pormenores, que por ser casado e não poder, na altura, registrar filhos de fora do casamento teria arranjado o artíficio de colocar de qualquer forma o seu apelido ao seu primeiro filho ilegítimo nos trópicos (António Amante da Rosa). Daí ter aparecido o nosso apelido -Amante da Rosa. Luís, não faço parte da Cplp. Represento os Países de Língua Portuguesa (PLP), com excepção de S. Tomé no Fórum de Macau (www.forumchinaplp.org.mo). Uma organização entre a China e os PLP´s que tem por objectivo o aprofundamento das relações de Cooperação Económica e Comercial.
Estou em Lisboa até 5 feira, dia 20, e gostaria que pudessemos almoçar. Digam-me se poderá ser amanhã, segunda, ou na terça. Meu contacto 912607870.
Um forte Abraço. Manuel Amante
Como gostaria de almoçar convosco. o problema é que, hoje é impossível sair do montado, amanhã às 15, como prometi estarei num colóquio em Oeiras sobre "O fim do Império" e tenho um almoço que poderá não acontecer mas a que tenho a responsabilidade de não faltar.
Na 4.ª estarei livre e na %.ª entre as 11h30 e as 14h30 estarei numa sessão de autógrafos no Clube TAP (maldita vida).
Se dentro de umas horas me disserem que não há almoço, eu telefonarei e convidaria para o restaurante do meu Sindicato que o Luís conhece.
Abraços
José Brás
Caro Zé, lá almoçamos hoje na morança do Luís. Local aprazível e agradável. Pena não termos podido estar juntos. Já sei que partilhamos de uma outra paixão e interesse. Ultraleves. Fiz muitos voos, em instrução, em Luanda e pelo Brasil, onde deu. Da próxima haveremos de nos encontrar. Se tiveres tempo, no entanto, dá uma apitadela para ajustarmos o tempo.
Abraços Manuel Amante
Zé:
O Manuel Amante da Rosa teve a suprema gentileza de vir ao meu local de traballho... Finalmente conhecemo-nos, "em carne e osso"... É um homem do mundo, de muitos lugares, nascido na Guiné, de pai caboverdiano, e avô português... E aos 58 anos, o nosso antigo camarada de armas (também ele um dos últimos "guerreiros" do Império, embora fosse um furriel amanuense, de "administração" e do QG) é uma verdadeira "bolanha de sabedoria"...
Almoçámos juntos e conversámos durante duas horas como velhos "camarigos"... O "seu velho" era um homem sábio que soube "viver" na guerra (não da guerra)... O seu barco, o "Bubaque", de madeira, só transportava "civis", não fazia "fretes para a tropa"... Foi uma vez atacado, por engano, na Ponta Varela, na região do Xime, em 1972 ou 1973... Houve mortos e feridos, mas como o barco era de madeira, e mesmo "roquetado", lá seguiu viagem até ao Xime e depois Bambadinca... O Manel tem recordações nítidas do Geba Estreito (hoje assoreado), do Mato Cão, de Bambadinca... Chegou a caçar, à noite, em Bambadinca, com o Ten Cor Polidoro Monteiro, do BART 2917... Vinha lá "passar férias"...
A família do Manel era de Empada, onde tudo começou, a guerra, e onde morreu um primo... Falou-me dos putos de Empada, donde seriam recrutados os primeiros comandantes do PAIGC, da repressão "cega" que se seguiu na Região de Quínara e de Tombali, da impreparação das NT para lidar com com a confusão que se instalou, da "cultura de justiça revolucionária" que irá marcar, negativamente, o PAIGC depois do 1º Congresso (Cassacá, 1964), das burrices do Schulz que deu rédea solta à PIDE e decapitou a elite guineense (brancos, negros e mestiços...).
Garantiu-me que a filha Carla, de 38 anos, mãe de dois putos, que vive e trabalha na Cidade da Praia, vai retomar a escrita do seu blogue... Está a acabar o curso de direito.
Falámos de meio mundo,da Guiné, de ontem e de hoje, de Cabo Verde, de Portugal, da África anglófona e francófona, da lusofonia, de Angola, da China, de Macau...E a propósito, esclareça-se: O embaixador Manuel Amante da Rosa não pertence à CPLP... Está a terminar uma comissão de serviço como "Secretário Geral Adjunto", no Secretariado Permanente do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Lingua Portuguesa, que tem a sua sede em Macau...
Sítio: www.forumchinaplp.org.mo
PS - É uma fã do nosso blogue...Visita-o duas vezes por dia... Zé, foi pena não teres estado... Ele também faz "ultraleve"... Quer visitar-te, para a próxima...
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