1. Mensagem do nosso camarada Alberto Branquinho (ex-Alf Mil de Op Esp da CART 1689, Fá, Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), com data de 22 de Fevereiro de 2011:
Caríssimo Carlos Vinhal
Hoje estou a enviar um texto para o CONTRAPONTO (23), que não é da minha lavra e que gostaria fosse intitulado "OS MILICIANOS NA GUERRA".
Do livro A ÚLTIMA MISSÃO* do Coronel José de Moura Calheiros, retirei, com a devida vénia, um extracto, que estou a enviar digitalizado. Pertence à página 462, parte "31 - A Batalha de Guidage" e dele ressaltam dois aspectos:
1 - O papel desempenhado pelos milicianos na guerra (neste caso, na Guiné) e
2 - O paradoxo de, sendo contra a guerra, se verem confrontados com as realidades da mesma, quando estavam já bem "metidos" nela.
Estes dois parágrafos são uma contribuição para a análise desses dois temas.
Um abraço
Alberto Branquinho
CONTRAPONTO (23)
OS MILICIANOS NA GUERRA
____________
Notas de CV:
(*) Vd. postes de:
17 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7805: Notas de leitura (204) A Última Missão, de José de Moura Calheiros (1) (Mário Beja Santos)
e
18 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7815: Notas de leitura (205): A Última Missão, de José de Moura Calheiros (2) (Mário Beja Santos)
Vd. último poste da série de 27 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7684: Contraponto (Alberto Branquinho) (22): Quê?! Catota?!
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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8 comentários:
Ainda não tenho o livro e estou muito curioso a seu respeito.
Pelo que dizes que diz, mesmo sem se alargar na palavra nem na comoção, deixa ver que é homem sério e emocionável para além da frieza do treino e do comedimento quase relatório.
Sempre sofre quem faz a guerra.
Quem a faz contra as suas crenças, precisa de muito tempo para sarar.
Abraço, Alberto
José Brás
Surpreendido por,finalmente,ler algo (vindo de onde vem),sobre o que na verdade foram as "guerras-duplas" dos milicianos;a interior,e,a contra o adversário.Estando muitos ,nada preparados para a primeira,e criminosamente mal treinados e armados para a segunda. Um abraco.
Pois é... estou a ver-me ao espelho. Em julho de 98 em Dakar conheci pessoalmente o ex-comandante do paigc Manuel dos Santos (manecas) e ao discutirmos este assunto dizia-me que não entendia como é que a guerra no terreno ao ser feita quase exclusivamente por milicianos e sendo a maioria contra, deparou-se, salvo raras excepções,com grande espirito de combatividade da nossa parte. Respondi-lhe, e falando a título meramente pessoal, que para mim acima de tudo estavam os meus soldados e tendo a responsabilidade de defender o aquartelamento na minha qualidade de artilheiro esse facto sobreponha-se a tudo, e que inclusivé se eventualmente a situação fosse tão grave que a última hipótese fosse a rendição, não sabia se o faria porque naquele altura o meu estado de alma era tão controverso que não suportaria a humilhação.
Não... não estou a armar-me em herói, que nunca fui,estou tão só a transmitir-vos aquilo que sentia.
ex-artilheiro em Gadamael
C.Martins
Recomendo a leitura deste livro.
Concordo totalmente com o texto de C. Martins.
Um abraço
Aníbal Magalhães
Nestes comentários, em que se enaltece a consciência da integridade dos soldados e a duplicidade aparente das consciências, escamoteia-se frequentemente um aspecto relevante, independentemente do posto - o sentido de missão, a necessidade de cumprir e de responder à agressão quando no terreno (fossem quais fossem as motivações e as contra-motivações 'no quartel').
Sem querer ser acusado de estar 'a apanhar o comboio de uma qualquer propaganda inútil', acrescento todavia, a propósito, um parecer de António Barreto, que torna claro, na parte, o que indicio de modo assaz tosco:
"Os soldados cumprem as suas missões por diversos motivos. Por dever. Por convicção. Por obrigação inescapável. Por desempenho profissional. Por sentido patriótico, político ou moral.Só cada um, em sua consciência, conhece as razões verdadeiras. Mas há sempre um vínculo, invisível seja ele, que o liga aos outros, à comunidade local ou nacional, ao Estado. É sempre em nome dessa comunidade que o soldado Combate."
SNogueira
Se você SNogueira opinar, tem, quanto a mim, toda a legitimidade para o fazer.
Indiferente do modo como o fizer.
Foi um ex combatente.
O senhor que que cita é um teórico. Creio mesmo ter feito o serviço militar em Genéve.
Sociólogo,tem hoje com meios á disposição para fazer um bom trabalho. A ver vamos.
Quanto a militares...eu pessoalmente dispenso a opinião dele.
Torcato
Como vê, caro Torcato, o extracto do parecer do sociólogo é complementar à minha prévia opinião ficando assim no enfiamento do seu reparo.
Não subestime todavia, na parte que couber, o saber 'escolástico'!
SNogueira
O nosso camarigo ABranquinho está sempre atento ao que é realmente importante. Ao que pode fazer a diferença.
E o respigar deste texto do livro em causa, embora sem se alongar em considerações (que, aliás, estão a começar a ser afloradas nos comentários acima), é um bom contributo para, por um lado, valorizar o livro em causa e dar uma idéia da seriedade com que o autor abordou os temas que escolheu e, por outro, pode ajudar a entender muitas posturas, muitas opções, muitos comportamentos.
Abraço
Hélder S.
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