Ao Editor e Co-editores os meus cumprimentos.
Mando à atenção de Carlos Vinhal mais uma recordação de Mansabá.
Um Ab
Dâmaso
RECORDAÇÕES DE MANSABÁ (3)
OPERAÇÃO “NESTOR”
Zona de, Choquemone, onde desenrolou a Operação “Nestor”em 20JUH69
Com base nas informações obtidas a um dos prisioneiros capturados uma semana antes na Operação ”Orfeu”, foi planeada a operação “Nestor”. O prisioneiro dizia existir um acampamento na mata entre Insumeté e Infaíde, mais uma vez a CCP 122 a 3 GComb foi helicolocada em 20 de Junho de 1969, cerca das 08,40. A primeira vaga de 40 homens, sendo a segunda vaga de mais 40 colocada cerca de 25 minutos mais tarde, um pouco mais a sul da mesma bolanha.
Formação de Hélis partindo para uma operação (Foto de A Martins álbum de memórias do BCP 12)
Mais uma vez fui na segunda vaga. Quando se deu a reunião da Companhia estava o prisioneiro a levar um “tratamento”, para ver se espevitava uma vez que se mostrava desorientado, a meu ver não era caso para menos porque que tinha sido levado e trazido de helicóptero, fartamo-nos de andar às voltas com os “turras” sempre a chatear-nos, lá andava o Heli-canhão a tentar mantê-los à distância, atravessámos a mata entre as duas bolanhas, encontrámos um acampamento abandonado, onde foram encontradas munições, granadas, medicamentos e grande quantidade de artigos diversos.
Travessia de uma bolanha (Foto de Albano Martins Álbum de memórias do BCP 12)
Por volta das 16 horas a sul da bolanha de Infaíde foram encontradas pequenas barracas individuais no tarrafo numa pequena ilhota, estas continham grandes quantidades de armamento e equipamento.
Para alcançar a citada ilhota tivemos de atravessar braços do rio Bipo, com água pelo peito, aquilo era uma zona de muita água, à parte a água havia ainda umas espinheiras muito afiadas que nos rasgavam tudo que lá tocava.
Páras em terreno difícil (Foto de Albano Martins Álbum de memórias do BCP 12)
Foi aqui que apanhei os meus primeiros “despojos de guerra” que foram: 1 cantil, um cinturão com fivela de chapa com a foice e martelo em relevo, um boné de pala do tipo chinês, e um estojo de faca garfo e colher, a faca perdi-a em Nampula, restam a colher e garfo com abre-latas e saca-rolhas porque nunca lhes dei uso, os restantes objectos já não existem desgastaram-se pelo uso, era um estojo bastante adiantado para a época, devia pertencer a algum comandante.
Foto do Estojo com colher e gafo
Foto do pormenor da marca, País do Leste?
Os guerrilheiros continuaram a flagelar-nos, era sol-posto quando a Operação foi dada por concluída, regressamos a Bissalanca com o material capturado.
Uma recuperação Héli (Foto Álbum de memórias do BCP 12)
Durante a operação foram abatidos dois guerrilheiros e capturados outros dois sendo um o chefe do grupo de Iracunda. Em vez de mencionar aqui todo o material capturado, resolvi expor a foto do mesmo.
Material capturado pela CCP 122 na Operação “Nestor” em 20/JUN/69 (Foto H BCP 12)
E foi mais uma operação em que participei sem dar um tiro.
No mesmo dia o Alf. Pára-quedista Armindo Calado, pertencente à CCP 121 que estava em Teixeira Pinto, foi morto em combate na região do Bachile.
Sentimos sempre a morte dos camaradas de armas, mas uns mais que outros conforme seja a nossa proximidade. Com o Alf. Calado tinha criado laços de amizade por ter convivido de perto com ele durante os dias e algumas noites, que durou Instrução de Combate 2/68, com início em 17JUN68 até 07SET68, pois tinha sido monitor no pelotão dele. Depois eles foram mobilizados e eu ainda fiquei a dar a Escola de Recrutas 3/68 que teve inicio em 16SET68.
A 28JUN69 fui com a CCP 122 para Teixeira Pinto via auto e no dia 08JUl69, fui de Teixeira Pinto para Bafatá integrando a CCP 123 (1), tendo passado por Bafatá, Galomaro e Dulombi.
(1) Tratou-se de uma Companhia a 3 GCOMB que estava mobilizada para Angola, mas foi enviada para a Guiné em reforço durante 3 meses passando a denominar-se CCP 123, no final as praças foram integradas nas CCP 121 e CCP 122 e os graduados seguiram o seu destino para Angola.
Saudações Aeronáuticas
Dâmaso
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 27 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8171: Memórias de Mansabá (13): Recordações de António Dâmaso, Sargento-Mor Pára-quedista - O baptismo de fogo na Guiné
11 comentários:
Caro Damaso,
por cómico que pareça, a inscrição parece ser a indicação do preço
- 'цена 5 рубль' (soa 'tsená piát rubl') e significa literalmente 'preço 5 R.(ublos)', em russo.
SNogueira
Correcção
A inscrição
'цена 5 р.' parece ser abreviatura da expressão 'цена 5 рублей' (soa 'tsená piát rubleih') e significa 'preço 5 rublos'.
(caraças... assim é que é!)
SNogueira
Caro Damaso,
No período Abril/Julho, uma companhia de paraquedistas estava sediada em Teixeira Pinto que, conjuntamente com a 26ªCComandos, a CCaç2791 e a CCaç 3327, fazia a proteção à construção do troço Bachile/Cacheu.
Julgo que era a CCP 121. Pode confirmar se era de facto essa companhia?
Antecipadamente os meus agradecimentos.
Cumprimentos,
José Câmara
Caro Dâmaso,
UEHA será a marca e 5p talvez o modelo. Neste link: http://www.auctiva.com/hostedimages/showimage.aspx?gid=94963&ppid=1122&image=452756549&images=452756495,452756519,452756549,452756578,452756600,452756625&formats=0,0,0,0,0,0&format=0
e em (seleccionar e colocar na internet)
http://www.auctiva.com/hostedimages/showimage.aspx?gid=94963&ppid=1122&image=452756578&images=452756495,452756519,452756549,452756578,452756600,452756625&formats=0,0,0,0,0,0&format=0
aparece uma navalha UEHE 5p que, no anverso, tem Mockba, ou seja, Moscovo. Portanto, tens razão, era originária, no caso concreto, da então União Soviética.
Um abraço,
Carlos Cordeiro
--- o que não quer dizer que SNogueira não tenha razão na hipótese queapresenta.
Carlos Cordeiro
Caro Damaso,
No meu pedido de esclarecimento referia o período Abril/Julho de 1971.
José Câmara
Caro Cordeiro,
como pode ver neste site de vendas online (p.expl.) http://www.kwestor.ru/mycashe4.htm todos os artigos têm o preço indicado, em Rublos, na forma
que se pode ver no conjunto exibido pelo Dâmaso.
A expressão 'цена 5 р.' significa, literalmente, 'preço 5 r.' o que, como disse, antes da confusão que você lança, parece ser abreviatura de 'цена 5 рублей' ('preço 5 rublos', por extenso) - ficou agora claro ou vai acrescentar alguma nova divagação?
SNogueira
Acrescento ainda parte de uma informação onde se pode ver a imagem do conjunto, publicada por
- AlexKa posted 7-5-2007 21:08 - no forum do site russo
http://talks.guns.ru/forummessage/64/210684-3.html
e onde aparece o seguinte trecho:
'На накладках выдавлены клеймо "Москва" + логотип в виде стилизованного Первого Спутника и надпись 'Цена 5р.',
cuja tradução será (salvo mais abalizado saber)
'Na placa de cobertura está gravada a marca Moscovo + o logotipo estilizado do primeiro Sputnik e a inscrição 'Preço 5 r.'
SNogueira
(Desculpe a 'agitação', oh Dâmaso)
Caro SNogueira,
Tem toda a razão. ЦЕНА (diz-nos também o tradutor google) quer mesmo dizer preço. Armei em esperto (mas deixei claro que a confusão que lancei não invalidava a sua hipótese).
Mas sabe: isto só me fez bem. Como vê, nada como ir aprendendo com quem sabe (seja o "google tradutor" ou SNogueira).
Carlos Cordeiro
Aqui está o esclarecimento acerca do conjunto que o Dâmaso apanhou e cuja inscrição o intrigou.
Como se pode ver em - kosa posted 31-3-2008 17:55 - e percorrendo o fórum (cujo tema é ножи СССР <> facas da URSS)
http://talks.guns.ru/forummessage/64/210684-20.html , era frequente a cutelaria ter o preço gravado no cabo.
Não restam pois dúvidas, caro Dâmaso, é material russo e a inscrição que o intrigou é o preço - 5 rublos
(do outro lado do cabo, pode aparecer a marca - Москва <> Moscovo. O seu conjunto não a tem? )
SNogueira
Caro Cordeiro,
quem assume que 'arma em' parece mais honesto que chic'esperto e...
não armamos 'todos', de um modo ou outro ou de vez em quando?
Agradeço a promoção mas não passo dos rudimentos daquela língua 'impensável' e extremamente difícil (e extremamente interessante).
SNogueira
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