segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Guiné 63/74 - P8967: (Ex)citações (153): Comandante da Companhia de Instrução de Milícias, em Bambadinca, por dois meses (Luís Dias)

1. Comentário de Luís Dias [, aqui em Bambadinca, ´no último trimestre de 1973, junto a um caça-bombardeiro T6,] ao poste P8950:
Eu já não apanhei o Paulo Santiago em Bambadinca. Encontrava-me com o meu Gr Comb de reforço ao Batalhão de Piche, quando fui nomeado para comandar a Companhia de Instrução de Milícias, em Bambadinca.

Tive como segundo comandante um dos meus furriéis e 1º cabos como comandantes de pelotão, oriundos de diversas unidades. Foi uma temporada de cerca de 2 meses para preparar os pelotões militarmente para serem colocados em diversas tabancas, embora já não me recorde, para onde foram e qual era a origem dos seus elementos.

Foi um tempo agradável, de que gostei particularmente e pude conviver com a malta da CCS do BART 3873. O quartel era também maior e com outra filosofia que a que eu não estava habituado, quer no Dulombi, quer nas sedes dos Batalhões de Galomaro, de Piche e de Bolama, onde estivera antes.

Creio que a carreira de tiro era onde tu referes [,  junto à ponte do Rio Udunduma, ] e tenho uma foto dela, mas não sei se dá para identificares. Recordo-me que também conheci na altura o Tenente Comando Jamanca, que comandava a CCAÇ 21, que intervinha na zona. Mais tarde iria intervir na área de Canquelifá, em conjunto com o BCA [, Batalhão de Comandos Africanos,].

Tinha um sargento na área administrativa que também fazia fotografia e onde muitos jovens africanos iam tirar o retrato (!!!). Isto admirava-me porque eram jovens, mas em idade de combater e, como se sabe, a maioria servia nas milícias, ou então nas fileiras do PAIGC.

Eu,  por brincadeira,  costumava dizer-lhes:
- Então onde é que ficou a kalash ou o roquete? Atrás de uma palmeira na bolanha?

Eles riam, mas...acho que muitas das vezes acertava. O quartel era aberto à população.

Não tive problemas com o pessoal, porque tinha uns óptimos instrutores, gente aplicada e isso foi manifesto no exercício final para os graúdos de Bissau verem - um golpe de mão, muito bem executado.

A única chatice foi que treinámos os milícias com as G3, e muito perto do fim foram-lhes entregues FN FAL, o que nos obrigou a um trabalho suplementar sobre esta arma. Ainda por cima, tive uma discussão com o responsável pelo Armamento (um Major)que afirmava que as armas eram novas e eu dizia-lhe que elas foram foi pintadas de novo, mas as coronhas, ainda em madeira, tinham inscrições feitas pelas nossas tropas com dizeres referentes a Angola. Calei-o.

Um abraço
LD
____________

Nota do editor:
 
 

Sem comentários: