1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 25 de Outubro de 2011:
Queridos amigos,
Nada a opor às reedições, com averbamentos e polimento. Haja a decência de avisar que se trata de produto retocado. No afã de juntar o maior número possível de peças para esta babilónica bibliografia que também engrandece o blogue, deparei-me com dois títulos aparentemente diferentes e no fundo iguais.
Oleg Ignatiev entendeu em momentos diferentes publicar o mesmo conteúdo com novo visual. Não é curial este procedimento, é um logro para o leitor. Não se faz. Amílcar Cabral não merecia esta mascarada.
Um abraço do
Mário
Amílcar Cabral, uma outra biografia de Oleg Ignatiev (?!)
Beja Santos
Oleg Ignatiev, o jornalista que porventura mais vezes visitou a Guiné-Bissau, e que estabeleceu uma relação profunda com Amílcar Cabral, é autor de uma biografia datada de 1975 pelas Edições Progresso e que foi traduzida para português em 1984. Esta recensão já foi publicada no blogue*.
Qual não foi a minha surpresa quando encontrei uma tradução intitulada “Amílcar Cabral, filho de África”, da Prelo Editora, 1975. Comecei a ler e senti-me desorientado, tinha lido, algures, aquela prosa.
Depois foi uma questão de comparar os índices. Na edição de Moscovo de 1984, Ignatiev dá-nos um capítulo inicial sobre Juvenal Cabral, pai de Amílcar, logo a seguir introduz a Casa dos Estudantes do Império, o espaço em que Amílcar Cabral estabeleceu convivência com Marcelino dos Santos, Agostinho Neto e Vasco Cabral, entre outros. Iniludivelmente, o jornalista soviético fez copy/paste da primeira edição, adicionando-lhe o referido capítulo sobre Juvenal Cabral, desdobrou o capítulo referente à presença de Amílcar na Guiné, a partir de 1952 e forjou uma conversa de conteúdo duvidoso com o Governador Melo e Alvim. Igualmente mais adiante desdobra a descrição do Congresso de Cassacá, juntando pormenores referentes à luta de libertação.
Aqui fica o alerta para os estudiosos: a leitura de uma narrativa biográfica é substituível pela outra. É desconcertante como um autor não é capaz de explicar aos leitores que o novo título não passa de uma versão corrigida e aumentada. Paciência, também assim alguns escritores vêem crescer os estipêndios com os seus direitos autorais e a notoriedade nos escaparates, impingindo gato por lebre. Aqui fica o aviso à navegação.
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Notas de CV:
(*) Vd. postes de:
4 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8995: Notas de leitura (299): Amílcar Cabral, por Oleg Ignátiev (1) (Mário Beja Santos)
e
7 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9006: Notas de leitura (300): Amílcar Cabral, por Oleg Ignátiev (2) (Mário Beja Santos)
Vd. último poste da série de 14 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9039: Notas de leitura (302): Terra Ardente - Narrativas da Guiné, de Norberto Lopes (Mário Beja Santos)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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1 comentário:
Este jornalista sempre foi lido em Bissau logo a seguir à independência.
Praticamente para os guineenses principalmente do PAIGC, e a maioria de alguma tendência política em Portugal este russo é o biógrafo oficial da vida e morte de Amilcar.
Não sei se em Caboverde tambem é.
Mas como a intervenção russa na Guiné, quer no aspecto material, militar, político e porque não financeiro, foi tão avultado, durante a luta anti-colonial e pós independência, que talvez este jornalista se sinta com alguma autoridade para escrever essa história.
Agora, tanto os caboverdeanos como os guineenses limitarem os seus próprios pontos de vista a este jornalista é que acho muito estranho.
E, talvez por os guineenses nunca terem abertamente, eles próprios, escrito e discutido os acontecimentos que viveram e sofreram, é que os seus dirigentes se vão assassinando sem nunca haver julgamentos.
Antº Rosinha
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