1. O nosso
Camarada José Fernando dos Santos Ribeiro, ex-1º Cabo de Transmissões na CCS do BCAÇ 2912 (Galomaro-Cossé),
1970/72, enviou-nos o seu segundo texto e fotos:
Manga di ronco... Uma "rapidinha" a Bafatá, para uma "patuscada"!
Manga de patacão... 4.000$00, que na Guiné valia muito mais, pois que cada 100$00 valiam mais 20$00.
Claro, que nessa manhã tinha de ir, a Bafatá, receber o guito (que era para vir de férias, à Metrópole, pela 2ª. vez). Toca a voluntariar-me para ir na "coluna do correio". Enverguei o "camuflado", cartucheiras, G-3 e fui falar ao Alferes que comandava a respectiva coluna, para me deixar ir. Anuiu. Lá vamos nós, para fazer os cerca de 40 Km., entre Galomaro e Bafatá, numa picada sem "picagem".
Passada cerca de uma hora, lá chegamos a Bafatá.
Enquanto a maior parte da "malta" ia ao Esquadrão buscar o correio a
tratar doutros assuntos, eu e mais alguns que se tinham voluntariado... fomos tomar
o: - Pequeno almoço; aperitivo; almoço; lanche e jantar!
Fomos direitinhos ao
Restaurante "Mira-Geba", que existia na rua principal e mandamos vir
o pequeno almoço: Pão (de farinha de arroz) com presunto e leite achocolatado
fresquinho… a seguir veio, para aperitivo, camarão do rio com cerveja (bazuca)
e Martini.
Para o almoço, logo a seguir, veio bife com batata frita e aquele
molho de piri-piri com limão tudo regadinho com vinho tinto Metropolitano.
Viemos dar uma volta e voltamos para o lanche.
Repetimos o camarão de rio
acompanhado de "bazucas" e mandamos preparar, para o jantar (logo a
seguir), frango assado com batata frita, não esquecendo o molho de piri-piri
com limão e o vinho tinto. Rematamos com café.
Como deveis compreender, não era
só comida que existia nos nossos estómagos, o que havia mais era
liquidos/álcool, hehehehehe. Já "finos" e com uma "felicidade e
coragem que nem vos conto", fomos até às "Libanesas" esperar
pela malta que tinha ido tratar do correio, ao Esquadrão, e na espera
"emburcamos" mais uns tantos whiskyes. Lá viemos embora, 4 de nós com
uma "carripana" de caixão-à-cova.
No meio do percurso, sensivelmente,
já a começar a escurecer, paramos para urinar. Alguns fizeram a segurança e eu
(cheio de vapores elíticos) olhei para as árvores e vi vários
"macacos-cão". Sem pensar em segurança nem em nada, peguei na G-3, em
rajada, comecei a disparar para os "bichos".
Despejei os 4 carregadores,
a arma até queimava, não acertei em nenhum... e puz em risco a minha vida e a
dos meus companheiros. Viemos para o aquartelamento e fui logo para o
"beliche". Felizmente, ao outro dia, quando fui ter com o Oficial que
comandou a coluna (e à espera de correctivo ou castigo)... ele só me disse:
.... andaste aos tiros aos macacos, não ouvi nada... Que sorte.
Mas ainda hoje
me pergunto, como foi possível tamanha inconsciência. Coisas da
"minha Guiné", que recordo com saudade!...
Galomaro-Cossé > 1970
Galomaro > Grande patuscada
Ponte que ligava Bafatá a Galomaro e Bambadinca
Bafatá > Igreja, na rua principal
Um abraço para todos,
José Fernando
dos Santos Ribeiro
1º Cabo Trms
da CCS do BCAÇ 2912
Fotos: José
Fernando dos Santos Ribeiro (2013). Direitos reservados.
____________
Notas de M.R.:
Vd. último
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1 comentário:
Cheio de sorte, hein!
Nada de consequências para uma acção tão perigosa e irresponsável!
É bom estares aqui a poder recordá-la porque a esta distância não deixa de provocar um sorriso condescendente e avaliar a categoria do Oficial.
Indo agora aos 'entretantos' fica-se por saber onde cabia tanta comida e bebida, quase de seguida. Utilizaram o método do filme "grande farra"?
Abraço
Hélder S.
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