terça-feira, 13 de agosto de 2013

Guiné 63/74 - P11937: Estórias avulsas (65): Manga di ronco... Uma "rapidinha" a Bafatá, para uma "patuscada"! (José Ribeiro)

 1. O nosso Camarada José Fernando dos Santos Ribeiro, ex-1º Cabo de Transmissões na CCS do BCAÇ 2912 (Galomaro-Cossé), 1970/72, enviou-nos o seu segundo texto e fotos:

Manga di ronco... Uma "rapidinha" a Bafatá, para uma "patuscada"!

- ... no dia anterior tinha chegado um "vale-correio" com "patacão, vindo da Metrópole.
Manga de patacão... 4.000$00, que na Guiné valia muito mais, pois que cada 100$00 valiam mais 20$00.

Claro, que nessa manhã tinha de ir, a
 Bafatá, receber o guito (que era para vir de férias, à Metrópole, pela 2ª. vez). Toca a voluntariar-me para ir na "coluna do correio". Enverguei o "camuflado", cartucheiras, G-3 e fui falar ao Alferes que comandava a respectiva coluna, para me deixar ir. Anuiu. Lá vamos nós, para fazer os cerca de 40 Km., entre Galomaro e Bafatá, numa picada sem "picagem".
Passada cerca de uma hora, lá chegamos a Bafatá. Enquanto a maior parte da "malta" ia ao Esquadrão buscar o correio a tratar doutros assuntos, eu e mais alguns que se tinham voluntariado... fomos tomar o: - Pequeno almoço; aperitivo; almoço; lanche e jantar! 

Fomos direitinhos ao Restaurante "Mira-Geba", que existia na rua principal e mandamos vir o pequeno almoço: Pão (de farinha de arroz) com presunto e leite achocolatado fresquinho… a seguir veio, para aperitivo, camarão do rio com cerveja (bazuca) e Martini.  
Para o almoço, logo a seguir, veio bife com batata frita e aquele molho de piri-piri com limão tudo regadinho com vinho tinto Metropolitano. Viemos dar uma volta e voltamos para o lanche. 

Repetimos o camarão de rio acompanhado de "bazucas" e mandamos preparar, para o jantar (logo a seguir), frango assado com batata frita, não esquecendo o molho de piri-piri com limão e o vinho tinto. Rematamos com café. 

Como deveis compreender, não era só comida que existia nos nossos estómagos, o que havia mais era liquidos/álcool, hehehehehe. Já "finos" e com uma "felicidade e coragem que nem vos conto", fomos até às "Libanesas" esperar pela malta que tinha ido tratar do correio, ao Esquadrão, e na espera "emburcamos" mais uns tantos whiskyes. Lá viemos embora, 4 de nós com uma "carripana" de caixão-à-cova. 

No meio do percurso, sensivelmente, já a começar a escurecer, paramos para urinar. Alguns fizeram a segurança e eu (cheio de vapores elíticos) olhei para as árvores e vi vários "macacos-cão". Sem pensar em segurança nem em nada, peguei na G-3, em rajada, comecei a disparar para os "bichos". 

Despejei os 4 carregadores, a arma até queimava, não acertei em nenhum... e puz em risco a minha vida e a dos meus companheiros. Viemos para o aquartelamento e fui logo para o "beliche". Felizmente, ao outro dia, quando fui ter com o Oficial que comandou a coluna (e à espera de correctivo ou castigo)... ele só me disse: .... andaste aos tiros aos macacos, não ouvi nada... Que sorte. 

Mas ainda hoje me pergunto, como foi possível tamanha inconsciência. Coisas da "minha Guiné", que recordo com saudade!... 

Galomaro-Cossé > 1970
Galomaro > Grande patuscada
Ponte que ligava Bafatá a Galomaro e Bambadinca

Bafatá > Igreja, na rua principal 

Um abraço para todos,
José Fernando dos Santos Ribeiro
1º Cabo Trms da CCS do BCAÇ 2912

Fotos: José Fernando dos Santos Ribeiro (2013). Direitos reservados.
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Notas de M.R.:

Vd. último poste desta série em:

3 DE JULHO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11800: Estórias avulsas (64): A bananeira armadilhada e o frango desvitaminado (João Rebola)


1 comentário:

Hélder Valério disse...

Cheio de sorte, hein!

Nada de consequências para uma acção tão perigosa e irresponsável!

É bom estares aqui a poder recordá-la porque a esta distância não deixa de provocar um sorriso condescendente e avaliar a categoria do Oficial.

Indo agora aos 'entretantos' fica-se por saber onde cabia tanta comida e bebida, quase de seguida. Utilizaram o método do filme "grande farra"?

Abraço
Hélder S.