Portimão, 21 de novembro de 2013 > O reencontro de dois bons velhos amigos e camaradas da CCAÇ 12: o ex-2º srgt inf José Martins Rosado Piça (Évora) e o Tony Levezinho, ex-fur mil at inf (Sagres, Vila do Bispo)
Foto: © António Lezevinho (2013). Todos os direitos reservados.
1. Mensagem do Tony Levezinho, com data de 21 do corrente:
Assunto - Uma muito grata surpresa
Olá, Amigos [Luís e Humberto]:
Olhem só quem eu encontrei, há um par de horas, no Continente, em Portimão!
É verdade, o nosso Amigo Piça, nos seus bem conservados 80 anos, sempre com a boa disposição que lhe reconhecemos.
Por que ele me pediu, dei-lhe os vossos números de telefone. Ele tem um apartamento em Portimão, onde passa algum tempo e, assim, ficou agendada uma visita aqui a Sagres, para breve.
Um abraço para vocês.
Tony Levezinho
(i) Ganda Tony!... Muito me contas. Pensei que esse gajo já tinha batido a bota (, cruzes, canhoto!)...Andou estes anos todos sem dar sinal de vida. Ora isso não se faz aos amigalhaços como tu, eu, o Humberto e muitos mais para quem ele foi o mais miliciano dos chicos que a gente conheceu na Guiné! Com 15 anos de diferença, ele era o nosso mano mais velho...
Afinal, esse alentejano de boa cepa ainda está aí para as curvas com um ar de fazer inveja a muitos de nós... Manda-me o telefone dele. Quando chegar a Lisboa, ligo-lhe. Só o voltei a ver uma vez, depois do nosso regresso da Guiné... E acho que foi através de ti, em Lisboa...
Amigalhaços!... Ou melhor, amigos para sempre, jurámos nós, à despedia, no Uíge, de regresso a casa.... Ficámos com os endereços uns dos outros... De Évora, eram dois, o Piça e o Branquinho. Confesso, e penitencio-me: fui a Évora, em lazer ou trabalho, uma boa dúzia de vezes, nestes últimos 40 anos... e nunca os procurei...
N/M Uíge > 17 de março de 1971 > Dois dos nomes e moradas que ficaram escritos nas costas da ementa do jantar desse dia, que foi o primeiro da viagem de regresso a casa, com paragem de umas horas no Funchal... Dois eram alentejanos de Évora... O Branquinho nunca mais o vi. O José Martins Rosado Piça, o ganda Piça, para os amigos, esse, voltei a encontrá-lo uma vez em Lisboa... Ele continua a morar em Évora, mas agora na Rua Florbela Espanca...
Amigalhaços!... Ou melhor, amigos para sempre, jurámos nós, à despedia, no Uíge, de regresso a casa.... Ficámos com os endereços uns dos outros... De Évora, eram dois, o Piça e o Branquinho. Confesso, e penitencio-me: fui a Évora, em lazer ou trabalho, uma boa dúzia de vezes, nestes últimos 40 anos... e nunca os procurei...
N/M Uíge > 17 de março de 1971 > Dois dos nomes e moradas que ficaram escritos nas costas da ementa do jantar desse dia, que foi o primeiro da viagem de regresso a casa, com paragem de umas horas no Funchal... Dois eram alentejanos de Évora... O Branquinho nunca mais o vi. O José Martins Rosado Piça, o ganda Piça, para os amigos, esse, voltei a encontrá-lo uma vez em Lisboa... Ele continua a morar em Évora, mas agora na Rua Florbela Espanca...
Foto: © António Levezinho (2006). Tpdos os direitos reservados
Amigos para sempre
Dia da partida de Bissau para Lisboa.
Regressávamos da guerra,
uns com a morte na alma
e todos com mazelas no corpo,
num navio da nossa gloriosa marinha mercante, o Uíge.
num navio da nossa gloriosa marinha mercante, o Uíge.
E jurámos ser amigos para sempre...
Lembras-te, Tony ?
Ainda hoje o recordo, com amizade e ternura, o nosso sargento Piça...Em vésperas de saídas para o mato, em noites de muita insónia e muito álcool, o nosso amigo e camarada, a exercer funções de primeiro sargento da Companhia, Piça, de seu apelido de família, o alentejano mais castiço e quiçá sarcástico que eu conheci na tropa, natural de Aldeias de Montoito, Évora, gostava de manter-nos, a nós, operacionais, com o moral em maré alta, fazendo questão de relembrar os feitos dos nossos maiores em tom brincalhão, jocoso, mas nunca ofensivo:
Portugueses, punheta!,
Quando rebentou a República, caralho!,
Foram homens de colhões,
C... da mãe!
Da nossa parte, éramos uns sádicos!... Pregámos-lhe uma partida, antes do fim da comissão: obrigámo-lo a ir connosco numa operação, com os periquitos (que nos vinham render), lá para os lado do Poindom, no Xime. Sabíamos que ía haver "fogo de artifício"... E não queríamos que ele voltasse, connosco, de regresso a casa, sem o competente "batismo de fogo", averbado na caderneta militar... Devo dizer que ele se portou galhardamente, como um verdadeiro bravo da CCAÇ 12!... Teria já os seus 38 anos, tal como o capitão...
Nota do editor:
Último poste da série > 3 de novembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12246: O Nosso Livro de Visitas (168): Elisabete Gonçalves, filha do nosso camarada Victor Gonçalves, Sargento-Chefe que pertenceu à CCAÇ 4142 (Ganjauará, 1972/74)
Lembras-te, Tony ?
Foste tu que me mandaste fotocópia da ementa do jantar desse dia...
Como se a vida continuasse a correr como dantes,
Como se a vida continuasse a correr como dantes,
como se pudéssemos retomar as nossas vidas do passado,
nessa viagem de regresso à pátria servia-se a bordo,
no jantar desse dia,
na classe turística, reservada aos sargentos,
uma sopa de creme de marisco,
seguida de um prato de peixe, Pescada à baiana,
e um de carne, Lombo Estufado à Boulanger...
sem esquecer a sobremesa:
a bela fruta da época,
o bom café colonial,
o inevitável cigarro a acompanhar um uísque velho,
antes de mais uma noitada de lerpa ou de king...
Já, em tempos agradeci ao Humberto Reis
e à sua proverbial memória de elefante
por me lembrar, por nos lembrar,
que o 17 de Março de 1971
foi, afinal, o primeiro dia do resto das nossas vidas...
uma sopa de creme de marisco,
seguida de um prato de peixe, Pescada à baiana,
e um de carne, Lombo Estufado à Boulanger...
sem esquecer a sobremesa:
a bela fruta da época,
o bom café colonial,
o inevitável cigarro a acompanhar um uísque velho,
antes de mais uma noitada de lerpa ou de king...
Já, em tempos agradeci ao Humberto Reis
e à sua proverbial memória de elefante
por me lembrar, por nos lembrar,
que o 17 de Março de 1971
foi, afinal, o primeiro dia do resto das nossas vidas...
Ainda hoje o recordo, com amizade e ternura, o nosso sargento Piça...Em vésperas de saídas para o mato, em noites de muita insónia e muito álcool, o nosso amigo e camarada, a exercer funções de primeiro sargento da Companhia, Piça, de seu apelido de família, o alentejano mais castiço e quiçá sarcástico que eu conheci na tropa, natural de Aldeias de Montoito, Évora, gostava de manter-nos, a nós, operacionais, com o moral em maré alta, fazendo questão de relembrar os feitos dos nossos maiores em tom brincalhão, jocoso, mas nunca ofensivo:
Portugueses, punheta!,
Quando rebentou a República, caralho!,
Foram homens de colhões,
C... da mãe!
Da nossa parte, éramos uns sádicos!... Pregámos-lhe uma partida, antes do fim da comissão: obrigámo-lo a ir connosco numa operação, com os periquitos (que nos vinham render), lá para os lado do Poindom, no Xime. Sabíamos que ía haver "fogo de artifício"... E não queríamos que ele voltasse, connosco, de regresso a casa, sem o competente "batismo de fogo", averbado na caderneta militar... Devo dizer que ele se portou galhardamente, como um verdadeiro bravo da CCAÇ 12!... Teria já os seus 38 anos, tal como o capitão...
Tratou-se de um patrulhamento ofensivo a dois grupos de combate, enquadrando os novos graduados (exceto oficiais), realizada em 28/2/1971, sob o nome de código Op Rato Traquinas. Depois de 15 de minutos debaixo de fogo, as NT (60 "gatos pingados") chegam à Ponta do Inglês. onde não encntraram vestígios nem do IN nem de população.... Três meses antes, em 26 de novembro de 1970, as NT (a 8 grupos de combate) tinham sofrido uma violentíssima emboscada na antiga estrada Xime-Ponta do Inglês (Op Abencerragem Candente). A Ponta do Inglês tornou-se um mito.
(ii) Bem, meu velho, por estes dias, estou na ilha de Luanda... Estou a dar uma formação a futuros médicos do trabalho... São cerca de 30 médicos... Mas uma boa meia dúzia são gente ligada aos petróleos (como tu o foste, na Petrogal)...
(ii) Bem, meu velho, por estes dias, estou na ilha de Luanda... Estou a dar uma formação a futuros médicos do trabalho... São cerca de 30 médicos... Mas uma boa meia dúzia são gente ligada aos petróleos (como tu o foste, na Petrogal)...
Já cá vim, a Luanda, uma meia dúzia de vezes, desde 2003... Desta vez, encontrei um "neto" nosso, da CCAÇ 12, o António Duarte, de 1973/74... Viemos no mesmo avião. Volto sábado, na véspera dos teus anos... Já temos o postezinho de parabéns alinhavado, que o meu coeditor Carlos Vinhal nunca se esquece de ti... Quanto ao nosso Humberto, agora vejo-o mais vezes, lá para as bandas da minha terra...
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Nota do editor:
Último poste da série > 3 de novembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12246: O Nosso Livro de Visitas (168): Elisabete Gonçalves, filha do nosso camarada Victor Gonçalves, Sargento-Chefe que pertenceu à CCAÇ 4142 (Ganjauará, 1972/74)
5 comentários:
Pois é verdade que esses encontros são sempre muito estimulantes e principalmente quando não se esperam.
Para 80 anos, o Manuel Piça está com muito bom aspecto, sim senhor, e o Levezinho não está mal, fazendo lembrar o familiar de que fui conterrâneo quando estava em Vila Franca.
Abraços
Hélder S.
O Sarg Piça é josé martins e não José Mnuel.Assim consta la lista de antiguidades e assim se assina.
José António Batanete
Obrigado,José António Batanete, pela chamada de atenção. Foi um vulgar "erro de simpatia"... O meu amigo chama-se José Martins e não José Manuel... Já corrigi. Saudações bloguísticas. LG
Que grande alegria, rever esses dois grandes amigos! Guardo boas recordações de ambos. Um grande abraço.
GG
Caros Amigos Tony Levezinho e José Martins Piça, daqui de (Lagoa-Algarve) nas proximidades onde se deu o vosso encontro, envio saudações.
Vem a propósito a apresentação de um Militar da Classe de Sargentos a um novo Superior hierárquico, aquando a sua Companhia ter mudado de Comandante.(Se bem entendi passou-se na Guiné)
"Meu Comandante, apresenta-se o Sargento Piça para o servir e ficando às vossas ordens."
Tratou-se de uma situação embaraçosa, tendo sido resolvida com as devidas explicações e o seu Superior aceitou-as.
Foi mais ou menos assim que ouvi, podendo ter alterado algum ponto de menos importância e no entanto se cometi alguma blasfémia sugiro que se retiro este comentário, pedindo antecipadamente as minhas desculpas.
Com Abraços
Arménio Estorninho
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