Do lado direito, os três cabos, metropolitanos, do 2º Gr Comb: de cócoras, o saudoso José Marques Alves (1947-2013) [2ª secção, a do Humberto Reis]; de pé, em primeiro plano e de perfil, o Arménio Monteiro da Fonseca [1ª secção; vive no Porto, onde é ou era taxista]; em segundo plano, ao lado do Humberto, o Manuel Alberto Faria Branco [3ª secção, a do Tony Levezinho]. Este grupo de combate só tinah 2 furriéis. E depressa ficou sem o alferes...
Foto: © Humberto Reis (2006) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados [Edição: L.G.]
1. Mensagem de António Levezinho, 23/1/2014, 22:38:
Velho Amigo:
Obrigado pelos "lembretes" (*)
Tenho daquele local a memória de que, apesar de calmo durante o dia, as precárias instalações, como tu bem as descreves, tornavam as noites de quem lá ficava em missão, longas e convidativas ao pesadelo
sistemático.
Porquê? Pois, se bem te recordas, tais abrigos estavam implantados praticamente ao nível do solo, como, aliás, tinha que ser, mas num terreno em declive, descendo no sentido Xime-Bambadinca. Em tais circunstâncias, torna-se óbvio que aquelas instalações seriam alvo fácil de serem tomadas de assalto.
Recordo que, entre nós, comentávamos: "Se os turras quiserem um dia atacar a guarda da ponte terão apenas que fazer rolar algumas granadas pela ribanceira abaixo".
Recordo que, entre nós, comentávamos: "Se os turras quiserem um dia atacar a guarda da ponte terão apenas que fazer rolar algumas granadas pela ribanceira abaixo".
Enfim, é também por questões de mero detalhe, como este caso sugere que, ainda hoje, muitos de nós se interrogam se todos esses setecentos e tal dias ali vividos [, na Guiné,], não terão passado de uma "brincadeira de mau gosto", de participação obrigatória e que, para muitos, acabou mal. (**)
Um abraço,
Tony Levezinho
_____________
Notas do editor:
(*) Vd. poste de 23 de janeiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12626: Memória dos lugares (262): Ponte do Rio Udunduma: os 'dias felizes' do Humberto Reis e do Tony Levezinho, 2º Gr Comb, CCAÇ 12 (1969/71) (Texto de L.G. / Fotos de H.R.)
Notas do editor:
(*) Vd. poste de 23 de janeiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12626: Memória dos lugares (262): Ponte do Rio Udunduma: os 'dias felizes' do Humberto Reis e do Tony Levezinho, 2º Gr Comb, CCAÇ 12 (1969/71) (Texto de L.G. / Fotos de H.R.)
7 comentários:
Olá Tony
Deves ter razão.
Para nós, os portugueses (e não tugas, por mais "carinhosa" que esta designação possa ser) que foram presenteados com a passagem por uma tal situação - a tua e tantas outras - é tempo de perguntar se um raciocínio mais lógico não teria evitado tanto provação inútil.
Na verdade, é cada vez mais pertinente a pergunta do Idálio Reis: porquê e para quê?
Um Ab.
António J. P. Costa
Tó Zé e Tony, amigos e vizinhos de infância:
A Guiné foi o nosso Alcácer Quibir (1578), 380 anos depois...
Em relação aos que morreram ou ficaram reféns em Alcácer Quibir também podemos perguntar, hoje, 436 anos depois: porquê ? como ? porquê ?
Foi o tempo e o espaço que nos coube em sorte... LG
"Brincadeira de mau gosto" é uma observação de facto muito diferente e muito a propósito, dentro deste blog.
Ajuda muito a compreender um dia o que foi a guerra que calhou a esta geração.
Pena que poucos portugueses antigos e novos acompanhem este blog.
Cada um deve ter a coragem de dizer aquilo que na realidade presenciou e apreendeu, como esta de Tony Levezinho.
Levezinho, é caso para dizer, que quem sobreviveu incólome a esta brincadeira, "era menino ou borracho..."
Antonio Levezinho
28 jan 2014 22:42
Luís, Tozé
CarosAmigos
O Luis tem, na verdade, razão. A História, em muitos aspetos, repete-se. Pena é que, sobretudo quem tem a capacidade de decidir, não o faça à luz da razão, mas antes, muitas vezes, vezes demais, à revelia da sensatez e com o maior desprezo pelo interesse coletivo.
Conforta-me a posição do António José P. da Costa (o meu muito querido Tózé) porquanto, tratando-se de um homem que, por opção, dedicou a vida a uma carreira militar, tem a capacidade de melhor fundamentar e dar corpo a esta dúvida que nos assola.
Já os pesadelos a que me referi, creio que se ligam também à deceção que muitas vezes experimentamos quando percebíamos que quase andávamos por conta própria, sem critério consequente e a história da localização e implantação dos abrigos, na ponte, são a imagem do que pretendo transmitir.
Continuarei com a convicção de que não questionar esta parte da nossa vida coletiva seria um desrespeito para aqueles que não tiveram direito a “bilhete de volta”.
Um abração
Tony Levezinho
Caros camaradas
Perante o que tem sido por aqui relatado será que alguém ainda irá perguntar se a "Ponte do Rio Udunduma" existiu?
É tudo tão 'surreal' que acredito que alguns jovens de hoje possam questionar essa situação e até da sua necessidade.
Abraço
Hélder S.
Caríssimos Camaradas,
Em função dos comentários acima, e porque pertenço à última geração de ex-combatentes que viveu, conviveu e sobreviveu no contexto do «Destacamento da Ponte do Rio Udunduma», voltarei, tão breve quanto possível, a este tema, naquela que será a continuação do seu aprofundamento histórico [parte III] de um tempo e de um espaço que foi o meu durante seis meses.
Os meus relatos históricos poderão ser, de facto, os últimos na medida em que, se a memória não me atraiçoa, fomos substituídos em Fevereiro/74 por um Grupo de militares locais, como, aliás, acontecera em situações anteriores.
Não é crível, por isso, saber-se o que, entretanto, aí aconteceu até ao 25 de Abril...
Concluídos os meus relatos, julgo estarmos em condições de elaborar uma outra história, esta numa perspectiva diacrónica.
Um abraço,
Jorge Araújo.
Olá Camaradas
Agora obrigam-me a ler, ou melhor, a reler o primeiro texto que enviei para o blog e que se chamou "Quem Somos? Levei bastante "porrada", mas, passados estes anos creio que nada tenho a acrescentar e, se fosse necessário voltaria a assiná-lo.
Este post 12647 e os comentários que lhe têm sido feitos são a prova de que analisei bem.
Um Ab.
António J. P. Costa
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