sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Guiné 63/74 - P12716: Manuscrito(s) (Luís Graça) (20): Gostei de voltar a Tavira (Parte IV): E de ter tempo para (re)descobrir a beleza e o brilho fascinantes do seu património edificado...



Tavira, 1 de fevereiro de 2014 > Foto nº 1106 > Quartel da Atalaia, sito na Rua do Poeta Isidoro Pires [Seguir o percurso através dos mapas do Google]


Tavira, 1 de fevereiro de 2014 > Foto nº 1107 > Igreja do antigo convento de são Francisco.  Localização: Praça Zacarias Guerreiro.


Tavira, 1 de fevereiro de 2014 > Foto nº 1115 Igreja do Igreja do Hospital do Espírito Santo (ou de São José) (Monumento de Interesse Público). Localização: Praça Zacarias Guerreiro.


Tavira, 1 de fevereiro de 2014 > Foto nº 1110 > Igreja do Igreja do Hospital do Espírito Santo (ou de São José)


Tavira, 1 de fevereiro de 2014 > Foto nº 1123 > Torre albarrã, hexagonal, do Castelo de Tavira (que é monumento nacional; localização: Largo Abu-Otmane).

(...) "Após a construção de uma muralha fenícia entre os séculos VIII e VII a. C. passaram-se cerca de catorze séculos sem que nenhum importante aglomerado urbano se tivesse formado nas margens do Gilão. Os muçulmanos retomam a povoação de Tavira em finais do século X ou inícios do XI, bem como a vocação portuária e comercial do lugar, recebendo o topo da colina de Santa Maria a construção do castelo, destinado a proteger o vau do Gilão que permitia o trânsito entre as duas margens, supostamente, antes da construção da ponte.

"Ao longo de todo o século XI a localidade verá a aumentar a sua importância, crescendo em direção ao rio. À sombra das muralhas fixa-se uma população que aumenta naturalmente e que começa a agregar também os muçulmanos escorraçados a norte pelos reinos cristãos e que procuram refúgio nas zonas mais pacatas do sul da Península Ibérica.

"A uma primeira muralha almorávida, construída, com grande probabilidade, nos finais do século XI, ou já no século XII, seguiu-se a reforma almóada, período de que datam os seus principais elementos. "Já depois de conquistada pelas tropas cristãs, novas obras conferiram a forma levemente ovalada, pontuada por algumas torres, que ainda hoje é possível reconstituir. Na Baixa Idade Média, o perímetro amuralhado rondava os cinco hectares, o que indiciando a importância e dinâmica económica da vila.

"São consideráveis os restos dessas muralhas, originalmente construídas em taipa, especialmente na zona do atual núcleo museológico islâmico, na Praça da República, onde foi descoberta uma antiga porta, com seu arco de ferradura, que na origem estaria associada a uma torre defensiva. Na zona da atual alcáçova, caindo para a rua da Liberdade, conserva-se a poderosa torre albarrã, hexagonal, destacando-se claramente das restantes estruturas e que apesar de refeita, deve ser colocada em paralelo com outras torres poligonais ibéricas de época muçulmana.

"Depois de conquistada a cidade pelos cristãos, foram executadas obras no recinto muralhado. Existem notícias destas campanhas nos reinados de D. Afonso III e de D. Dinis, supondo-se que sejam deste período os vestígios identificados nos terrenos da Pensão Castelo, assim como a própria configuração da Porta de D. Manuel, na atual Praça da República. Na viragem para a Modernidade, esta Porta de D. Manuel tornou-se o eixo de passagem privilegiado entre o interior e o exterior das muralhas, razão do seu engrandecimento com os símbolos manuelinos." (...) (Fonte: CM Tavira).


Tavira, 1 de fevereiro de 2014 > Foto nº 1219 > Calçada dos Sete Cavaleiros, que coneça no Largo Abu Otomane


Tavira, 1 de fevereiro de 2014 > Foto nº 1217 > Homenagem a D.Peres Paio Correio e aos seus companheiros que deram  a vida na conquista de Tavira aos mouros...(Não sei se são sete + 1...).




Tavira, 1 de fevereiro de 2014 > Foto nº 1203 > Igreja de Santa Maria do Castelo > Monumento nacional > Data da primeira metade do séc. XIII, tendo sido construída no lugar da antiga mesquita. Apesar da reconstrução na sequência do terramoto de 1755, mantem traços do estilo gótico original,. como se pode ver aqui, na foto da porta ogival. Não entrei porque estava fechada. Nas paredes laterais da capela-mor, há inscrições medievais assinalando a presença do sepulcro de  D. Paio Peres Correia, mestre da Ordem de Santiago,  e dos seis (ou sete ?) cavaleiros cristãos que morreram na conquista de Tavira, em 1242, e considerados "mártires" pelos cristãos.


Tavira, 1 de fevereiro de 2014 > Foto nº 1207 >Tavira, 1 de fevereiro de 2014 > Foto nº 1203 > Pormenor do pórtico (gótico) da Igreja de Santa Maria do Castelo






Tavira, 1 de fevereiro de 2014 > Foto nº 1195 >  Torre do relógio  da Igreja Matriz de Santa Maria do Castelo, com traços mouriscos (janelas)



Tavira, 1 de fevereiro de 2014 > Foto nº 1131> Calçada da Galeria  e Largo da Misericórdia > à direita, Palácio da Galaeria, onde hoje está instalado o museu municipal. É um dos edifícios mais representativis da arquitetura civil da cidade.


(...) "Situado no Alto de Santa Maria (Calçada da Galeria), local de antigo povoado fenício, observando-se aqui alguns vestígios associados a práticas religiosas deste povo. Escavações efetuadas no átrio do palácio levaram à identificação de vários poços escavados na rocha e que foram interpretados como 'Poços rituais fenícios' dos séculos VII-VI a.C., dedicados ao culto de Baal, deus das tempestades.

"O edifício de feições barrocas assinala a época em que foi adquirido e habitado pelo ilustre magistrado João Leal da Gama e Ataíde, o qual promoveu a sua reconstrução em meados do século XVIII pelas mãos do distinto construtor Diogo Tavares de Ataíde.

"É o núcleo central do Museu Municipal de Tavira, inaugurado em 2001, após obras de reabilitação." (Fonte: CM Tavira)





Tavira, 1 de fevereiro de 2014 > Foto nº 1222 > Calçada da Galeria > Janelas do 1º piso do Palácio da Galeria



Tavira, 1 de fevereiro de 2014 > Foto nº 1229 > Largo Dona Ana, perpendicular à Calçada da Galeria


Tavira, 1 de fevereiro de 2014 > Foto nº 1235 > Descendo a Calçada da Galeria, em direção ao rio.

Fotos: © Luís Graça (2014). Todos os direitos reservados


1. Tavira é seguramente um sítio da nossa terra onde vale a pena voltar uma e mais vezes...  De preferência fora da época estival... Passei lá um fim de semana, dois dias, alojado no Convento das Bernardas, junto às salinas, aproveitando uma promoção de época baixa, e depois fui visitar o velho quartel da Atalaia onde funcionou o CISMI, e por onde passámos, muitos de nós furriéis milicianos, antes de irmos parar à Guiné... Já aqui identificámos alguns: eu, o César Dias, o Humberto Reis, o António Levezinho, o Henrique Cerqueira, o José Martins, o Veríssimo Ferreira,  o José Brás, o Manuel Carvalho, o Carlos Silva, o Josema (, o nosso poeta da Régua, o Zé Manel Lopes),  o Joaquim Fernandes, o António Branquinho, o Fernando Hipólito (estes dois últimos não são ainda grã-tabanqueiros, e o último foi para Angola)... E muitos mais. (Eu, o Reis, o Levezinho, o Branquinho e o Fernandes encontrámo-nos todos na CCAÇ 2590, futura CCAÇ 12, em Santa Margarida...).

E depois, aproveitando a manhã de sábado, dia 1 de fevereiro,  com um sol envergonhado, fui (fomos, eu, a Alice, e os meus cunhados do Porto, Gusto e Nitas) à (re)descoberta da cidade, das suas famosas igrejas,  ermidas e capelas...  Que são pelo menos umas trinta e quatro, conforme excelente roteiro disponível "on line" no sítio da Câmara Municipal de Tavira... Mas a cidade (e arredores) vale pelo seu conjunto!.

Eis algumas das fotos que tirei e das notas que coligi... Talvez alguns de vós possam  reconhecer sítios por onde passeámos, ao fim de semana nos idos tempos das décadas de 1960 e 1970, ou por onde marchámos, a toque de caixa... Eu lembro-me de ter passado por alguns destes sítios, há quase meio século... Pouco eufórico, muito menos com ar de turista... Era instruendo do 2º ciclo do CSM, no CISMI, no quartel da Atalaia... E, sem o saber, já a caminho da Guiné...

Atenção ao título deste poste que pode ser enganador: por detrás do brilho e da beleza do património (civil, religioso e militar) que chegou até aos nossos dias, estão séculos e séculos de drama e de tragédia... O que me fascina também em Tavira (hoje, não em 1968, quando por lá passei, a correr...) é que a aqui podemos também contar, reviver, reconstituir, conhecer com cores e formas locais,  a história, a nossa história, de seres humanos e de portugueses... Já que por aqui passaram inúmeros povos, desde o neolítico até às invasões francesas no princípio do séc. XIX... (LG)

4 comentários:

Cesar Dias disse...

Luis , lembro-me que no nosso tempo se dizia que Tavira tinha 28 Igrejas, eu ainda cheguei a contar 23 entre capelas e Igrejas.
Quando vi as tuas fotos veio-me à recordação de ter andado a fazer essa contagem, mas era só para confirmar o que se dizia,devo ter falhado algumas, também não conhecia a cidade antes da tropa.
Um abraço
César Dias

Luís Graça disse...

Falando só do patrimoónio religioso de Tavira e seu concelho, temos um total de 34 igrejas, ermidas e capelas... No roteiro municipal, vêm 23, ficando de fora mais 11... E não sabemos o que é que o terramoto de 1755 destruiu...

No próximo outubro, volto lá para fazer uma semana de férias...

Vê aqui o roteiro das igrejas, ermidas e capelas:

http://www.cm-tavira.pt/site/content/roteiro-das-igrejas-ermidas-e-capelas-de-tavira

Anónimo disse...

Luís
Eu também fiz a recruta e a especialidade em Tavira, de Julho a Dezembro de 1968.

Um abraço

António Fernando Marques

Anónimo disse...

Caro Luís:
Serve a presente para apresentar enérgicos protestos em relação à peregrina ideia que tiveste de desafiar o Vinhal a falar e a promover um "passatempo literário" sobre as cidades e vilas que mais amadas ou odiadas foram pela malta durante o nosso percurso militar anterior à Guiné, protestos estes igualmente extensivos a esta espécie de crónica ilustrada que dá pelo título de "Gostei de voltar a Tavira", que até já vai na sua "Parte IV". Ora, toda esta acção concertada e insensata está a contribuir para o descalabro do honesto e difícil trabalho em que estou envolvido: chama-se a isto, no mínimo, concorrência desleal.
Para ser mais directo, que é como quem diz,para maus entendedores, informo que estou, de há uns meses a esta parte, a dedicar as minhas horas de maior tranquilidade à reconstituição do percurso militar atrás referido - no que a mim diz respeito, claro está! - que, naturalmente, abarca esta passagem pelas Caldas e por Tavira. Ora, com esta vossa intromissão no tema em causa, sinto-me, com a razão que, por certo, me darás, , prejudicado com este plagiar por antecipação, já que, para além de apresentardes fotografias que há muito tenho gravadas nas minhas "pen-drive" de estimação, chegais ao cúmulo de utilizar adjectivos idênticos aos utilizados por mim mesmo nas legendas e na própria narrativa, de que destaco a palavra "ronceiro", para caracterizar o pobre comboio que, coitadito, tinha que percorrer aquelas linhas de ferro do Oeste, Alentejo e quejandas.
Pois, meu caro, olha que, quanto a vistas de Tavira, já, em 1970, eu fiz o meu levantamento do património histórico da cidade, e, à falta de máquina fotográfica, tomei uns apontamentos a tinta da china, de que é exemplo paradigmático o da fachada do nosso querido Quartel da Atalaia, ao qual me liga um episódio com uma certa graça, que me dispenso de contar, por não ser este o espaço mais adequado,nem eu estar interessado em pôr em causa o interesse futuro dos meus potenciais leitores.
E, pronto, meu caro Luís, depois deste comentário brincalhão, resta-me, agora a sério, agradecer-te a ideia que, em boa hora, te iluminou, e ao Vinhal a pronta sequência que, com o seu próprio contributo e com o contributo de vários dos nossos tabanqueiros - comentadores incluídos - muito tem contribuído para um recordar e esclarecer de pormenores que a minha débil memória já não comporta (refira-se que, tempos atrás, sugeri a inclusão de um consultório no nosso blogue, tipo consultório sentimental da "crónica feminina", onde, periodicamente (publicação quinzenal ou mensal), se pudessem colocar questões de ordem técnica e outras ("quantos recrutas estiveram presentes no 4º turno de 69?!...; a que horas era o toque de alvorada?!..."). Enfim, perguntas singelas às quais não faltariam prestáveis camarigos a dar pronta e correcta resposta - admito que a vaga não era,na altura (e aqui altura tem duplo sentido), a mais favorável.
Daqui a nada, com tanta conversa da treta, aproveito para transcrever este comentário para o meu livrinho em embrião - sempre enche mais uma paginazita!...
Como - não sei porquê - me sinto algo generoso nesta noite de gripe e muita chuva, vou remeter ao Vinhal um dos desenhos que ilustram a minha passagem pelas Caldas, pode ser que ele goste. A ti, não ofereço nada, mas felicito-te pelas belíssimas fotografias que tens vindo a publicar.
Um grande abraço,
Mário Migueis