Lisboa > Museu Militar > 15 de Abril de 2010 > Lançamento do livro do Amadú Bailo Djaló, membro da nossa Tabanca Grande, "Comando, Guineense, Português" (Lisboa: Associação dos Comandos, 2010, 229 pp., 150 fotos, preço de capa: 25 €). É pena que não tenha saído o 2º volume, com as aventuras e desvanturas do autor, a seguir à independência do seu pais. Vive hoje em Portugal, na Amadora. Acabou a sua carreira militar como alf comando graduado, na CCAÇ 21, comandada pelo cap cmd grad JDamanca, um dos primeiros camaradas guineenses a ser fuzilado pelo PAIGC.
Foto: © Luis Graça (2010). Todos os direitos reservados
1. Mensagem do nosso querido amigo e camarada, editor jubilado, Virgínio Briote [, entrou para o blogue como coeditor em 11/7/2007; ex-alf mil comando, Brá, 1965/67]:
Data: 26 de Setembro de 2014 às 12:38
Assunto: Estudo sobre os comandos Africanos
Caros Luís e Carlos,
Para v/ conhecimento, com um abraço do VBriote (*)
2. De Wouter De Broeck {, jornalista,] para Virgínio Briote:
Enviada: 15 de julho de 2014 12:07
Assunto: estudo sobre os comandos Africanos
Caro Sr, Virgínio Briote,
Quero agradecer novamente a entrevista de há duas semanas. Foi muito útil para poder perceber o contexto que se vivia naquela altura.
Entretanto estou a trabalhar na matéria e lembre-me do estudo da socióloga da Universidade do Minho de que falou. Pode dar-me o nome dela, de maneira a que possa ir à procura do trabalho dela?
Muito obrigado,
com os melhores cumprimentos,
Wouter De Broeck
Assunto: estudo sobre os comandos Africanos
Caro Sr, Virgínio Briote,
Quero agradecer novamente a entrevista de há duas semanas. Foi muito útil para poder perceber o contexto que se vivia naquela altura.
Entretanto estou a trabalhar na matéria e lembre-me do estudo da socióloga da Universidade do Minho de que falou. Pode dar-me o nome dela, de maneira a que possa ir à procura do trabalho dela?
Muito obrigado,
com os melhores cumprimentos,
Wouter De Broeck
Cortesia do fotógrafo Raimundo, ex-1º Cabo do Destacamento Foto-cine, do QG, e ex-combatente na Op Tridente (jan/mar 1964).
3. De Virgínio Briote para Wouter De Broeck
Enviada: 15 de julho de 2014 22:20
Assunto: Estudo sobre os comandos Africanos
Boa noite, Caro Wouter
A investigadora é a Doutora Fátima Rodrigues [...] (**)
Assunto: Estudo sobre os comandos Africanos
Boa noite, Caro Wouter
A investigadora é a Doutora Fátima Rodrigues [...] (**)
Não falei com a Fátima sobre este assunto mas se ela lhe perguntar quem lhe deu o email pode dizer que fui eu. De qualquer dea formas, amanhã vou tentar contactá-la.
Obrigado pela visita.
4. Mensagem de Virgínio Briote para Wouter De Broeck
2014-07-16 12:31 GMT+02:00
Bom dia
Acabo de falar com a Doutora Fátima Rodrigues que manifestou ter todo o gosto de falar consigo sobre a questão dos comandos africanos.
Cumprimentos do V Briote
Acabo de falar com a Doutora Fátima Rodrigues que manifestou ter todo o gosto de falar consigo sobre a questão dos comandos africanos.
Cumprimentos do V Briote
5. De Wouter De Broeck [, jornalista], para virgínio Briote:
Enviada: 26 de setembro de 2014 10:42
Leiria > Monte Real > Ortigosa > Quinta do Paul > IV Encontro Nacional da Tabanca Grande > 20 de Junho de 2009 > Em primeiro plano, o Virgínio Briote e o Amadu Djaló, um e outro muito acarinhados por todos. Não sei o que é o que Virgínio, um homem sábio, europeu, estava a pensar, mas possivelmente estava a organizar a sua resposta à questão, pertinente, levantada pelo Amadau, outro homem sábio, africano: "Os portugueses, a alguns povos, deram-lhes novos nomes e apelidos, livros para estudar e consideraram-nos civilizados. Desta civilização não precisávamos, mas faltava-nos a cultura, porque a cultura, de onde sai não acaba e de onde entra não enche. E no nosso Alcorão está tudo, moral, comportamento cívico e civilização e nós não precisávamos de ser civilizados, o que nos faltava era escola para aumentar os nossos conhecimentos"...
Foto (e legenda): © Luis Graça (2010). Todos os direitos reservados
26-09-2014
A 24 de Setembro de 1973 a Guiné autoproclamou a sua independência e meses depois deu-se o 25 de Abril e o império colonial desmoronou-se. O que aconteceu aos comandos portugueses de origem guineense?
Por Wouter De Broeck
Amadú Bailo Djaló, hoje com 75 anos [, autor do livro de memórias "Guineense, comando, português", Lisboa, Associação de Comandos, 210,] teria preferido abrir uma barraquinha no mercado de Bafatá, a sua cidade natal, a ter-se tornado comando. Como cidadão português, era obrigado a prestar serviço militar. O pai ainda falou com o chefe da administração local, mas não escapou. Contra vontade, Amadú tornou-se soldado-condutor com a função de fornecer água às tropas. Pensou que ia ser uma passagem tranquila pela tropa, pois no início de 1962 o PAIGC apenas lançava ataques esporádicos.
Sadjo Camará diz ter 74 anos, mas também podem ser 76.
(*) Último poste da série > 15 de janeiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12588: Os nossos camaradas guineenses (37): Os milícias e outras tropas auxiliares: as estatísticas dos tombados (José Martins / António J. Pereira da Costa / Jorge Picado)
(**) Tese de doutoramento: Fátima da Cruz Rodrigues - Antigos Combatentes Africanos das Forças Armadas Portuguesas: a Guerra Colonial como Território de (Re)conciliação. Tese de doutoramento apresentada à Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra para obtenção do grau de Doutor. Coimbra: FEUC - Faculdade de Economia.UC - Universidade de Coimbra. 2012, 349 pp.
Enviada: 26 de setembro de 2014 10:42
Assunto: Estudo sobre os comandos Africanos
Caro Virgínio,
Conseguimos publicar a nossa reportagem na revista Sábado. Está na edição que saiu ontem. Através deste link pode ver o vídeo que fizemos
[Vídeo 4' 36''. "A vida do lado errado da história"; entrevistados: Amadi«u Bailo Djaló, Juldé Jakité, Sadjo Camará, Virgínio Briote].
Caro Virgínio,
Conseguimos publicar a nossa reportagem na revista Sábado. Está na edição que saiu ontem. Através deste link pode ver o vídeo que fizemos
[Vídeo 4' 36''. "A vida do lado errado da história"; entrevistados: Amadi«u Bailo Djaló, Juldé Jakité, Sadjo Camará, Virgínio Briote].
De qualquer forma queria agradecer lhe outra vez a sua disponibilidade para e entrevista e as fotos - das quais usamos algumas no vídeo. Foi muito importante para poder perceber a história dos comandos africanos.
Um abraço,
Wouter
Um abraço,
Wouter
Leiria > Monte Real > Ortigosa > Quinta do Paul > IV Encontro Nacional da Tabanca Grande > 20 de Junho de 2009 > Em primeiro plano, o Virgínio Briote e o Amadu Djaló, um e outro muito acarinhados por todos. Não sei o que é o que Virgínio, um homem sábio, europeu, estava a pensar, mas possivelmente estava a organizar a sua resposta à questão, pertinente, levantada pelo Amadau, outro homem sábio, africano: "Os portugueses, a alguns povos, deram-lhes novos nomes e apelidos, livros para estudar e consideraram-nos civilizados. Desta civilização não precisávamos, mas faltava-nos a cultura, porque a cultura, de onde sai não acaba e de onde entra não enche. E no nosso Alcorão está tudo, moral, comportamento cívico e civilização e nós não precisávamos de ser civilizados, o que nos faltava era escola para aumentar os nossos conhecimentos"...
Foto (e legenda): © Luis Graça (2010). Todos os direitos reservados
Sociedade > O que aconteceu aos comandos portugueses de origem guineense?
26-09-2014
A 24 de Setembro de 1973 a Guiné autoproclamou a sua independência e meses depois deu-se o 25 de Abril e o império colonial desmoronou-se. O que aconteceu aos comandos portugueses de origem guineense?
Por Wouter De Broeck
Amadú Bailo Djaló, hoje com 75 anos [, autor do livro de memórias "Guineense, comando, português", Lisboa, Associação de Comandos, 210,] teria preferido abrir uma barraquinha no mercado de Bafatá, a sua cidade natal, a ter-se tornado comando. Como cidadão português, era obrigado a prestar serviço militar. O pai ainda falou com o chefe da administração local, mas não escapou. Contra vontade, Amadú tornou-se soldado-condutor com a função de fornecer água às tropas. Pensou que ia ser uma passagem tranquila pela tropa, pois no início de 1962 o PAIGC apenas lançava ataques esporádicos.
“Certo dia, um prisioneiro deu-me uma carta para entregar ao tio. Mas primeiro mostrei-a ao meu superior, que me disse que não podia aceitar nada dos prisioneiros. Como castigo, conduzi o jipe carregado com sacos de areia e segui 100 metros à frente da coluna, a fazer de rebenta-minas.”
De túnica branca e gorro verde na cabeça, as mãos sobre os joelhos, Amadú fala em frases curtas, como se lhe faltasse a respiração. Talvez seja o medo que volta a sentir, a fibrose pulmonar que o tem afligido ou o pequeno quarto abafado que aluga numa cave na Amadora.
De túnica branca e gorro verde na cabeça, as mãos sobre os joelhos, Amadú fala em frases curtas, como se lhe faltasse a respiração. Talvez seja o medo que volta a sentir, a fibrose pulmonar que o tem afligido ou o pequeno quarto abafado que aluga numa cave na Amadora.
“Passado pouco tempo já não aguentava. Ofereci-me para o primeiro grupo de comandos. Só quando estava metido naquilo, é que percebi. Todas as noites havia saídas em missão, assaltos aos acampamentos do inimigo. Lamentei a minha decisão, mas já não tinha saída.”
Amadú integrou o grupo de comandos, que recebeu formação em Brá a partir de Junho de 1964. Dois anos antes, em Angola, o exército português já tinha recorrido a pequenas unidades de tropas de elite, inspiradas nos comandos franceses e belgas. As unidades espalharam -se pelas colónias, com um papel fundamental na guerra da Guiné.
“Nunca matei ninguém”
Amadú integrou o grupo de comandos, que recebeu formação em Brá a partir de Junho de 1964. Dois anos antes, em Angola, o exército português já tinha recorrido a pequenas unidades de tropas de elite, inspiradas nos comandos franceses e belgas. As unidades espalharam -se pelas colónias, com um papel fundamental na guerra da Guiné.
“Nunca matei ninguém”
Sadjo Camará diz ter 74 anos, mas também podem ser 76.
“Obrigaram-me a mudar a idade quando fui para a tropa. Devia ter uns 17 anos, nunca tinha ido à escola, vivíamos da agricultura. O serviço militar era obrigatório. Quem não fosse, ficava com a PIDE à perna.”
Sadjo coloca a boina vermelha de comando, quatro condecorações balançam sobre o bolso do seu casaco, o olhar cansado mal se move quando nos conta num suave tom cantado:
Sadjo coloca a boina vermelha de comando, quatro condecorações balançam sobre o bolso do seu casaco, o olhar cansado mal se move quando nos conta num suave tom cantado:
“No dia em que entrei para o quartel o meu pai deu-me uma ordem: ‘Não mates ninguém. No campo de batalha, numa emboscada não tens culpa, mas nunca mates ninguém cara a cara. Não entres em igrejas dos muçulmanos nem lhes deites fogo, deixa em paz as mulheres e as crianças. Se fizeres o que te digo, vais viver muitos anos.’ E cumpri as ordens. Nunca matei ninguém, nunca bati em ninguém.”
Pode ler a reportagem na íntegra, na revista Sábado que está na banca a partir de 25 de Setembro. Veja aqui o vídeo.
Pode ler a reportagem na íntegra, na revista Sábado que está na banca a partir de 25 de Setembro. Veja aqui o vídeo.
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Nota do editor:
(**) Tese de doutoramento: Fátima da Cruz Rodrigues - Antigos Combatentes Africanos das Forças Armadas Portuguesas: a Guerra Colonial como Território de (Re)conciliação. Tese de doutoramento apresentada à Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra para obtenção do grau de Doutor. Coimbra: FEUC - Faculdade de Economia.UC - Universidade de Coimbra. 2012, 349 pp.
2 comentários:
1. Os nossos camaradas africanos que fizeram a "nossa" guerra, sem sabeerem exatamente se ela também era a "sua"..., são tema de doutoramento nas uniersidadews portuguesas!...
Fico feliz, em primeiro lugar por eles, memso se estes trabalhos académicos não trazem, de imediatp0o, "valor acrescentado" para a sacrificada geração de combatenets da guerra colonial, sejam metropolitanos, sejam do recrutamento local (guineenses, angolanos, moçambicanos)...
Talvez os seus netos - oxalá! - possam chegar à unievrsidade e ter curiosidade e preparação suficientes para ler estes trabalhados, de 300, 400, 500 páginas...
E são cada vez mais as mulheresque têm e gosto e pachorro por estas coisas de uma"guerra perdida"... Ao fim de 50 anos, passadas duas gerações...
Tiro o quico à doutora Fátima da Cruz Rodrigues... e prometo ler, comn atenção e simpatia, a sua tese de doutoramento... Tenho pena que ela, aparentemente, desconhecesse o nosso blogue (, pelo menos, não o consultou, nem o citou)... que é também ele uma importante fonte de informação e conhecimento sobre a guerra e a situação dos ex-combatentes de origem africana.
2, Doeu-me o coração de ver e ouvir o Amadu Bailo Dajlaó e os demais camaradas, ex-comandos africanos da Guiné, que falaram para a reportagem da "Sábado"...
Um grande abraço fraterno para eles e para o Virgínio Briote que é uma figura muito respeitada e ouvida pelos ex-comandos.
Os meus parabéns por este saboroso empreendimento que vou ler com muito gosto...Muitas felicidades e venham mais
Joaquim Luís Mendes Gomes
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