sábado, 13 de junho de 2015

Guiné 63/74 - P14742: (Ex)citações (281): Sexo em tempo de guerra... O ponto de vista de um ex-capelão (Mário S. de Oliveira)

1. Mensagem de Mário de Oliveira, nosso grã-tabanqueiro,  mais conhecido como Padre Mário da Lixa), é um  dos nososs conhecidos capelães que fizeram a guerra colonial  devido aos seus problemas com o Exército, a PIDE/DGS e a hierarquia da Igreja [, foto atual à direita].

Foi alf mil capelão, CCS/BCAÇ 1912, Mansoa, entre novembro de 1967 e em março 1968; vive no concelho de Felgueiras; foi jornalista e  autor de vasta obra de reflexão espiritual e teológica. O seu último, "Fátima, S.A." mereveu destaque no "Expresso". (*)

De: Mario de Oliveira

Data: 5 de junho de 2015 às 20:57

Assunto: (Ex)citações...

Oh raio...o "pessoal" afina logo á primeira, se calhar sem aprofundar bem o simbolismo da questão. Aqui, no meu ponto, ninguém tem que se envergonhar de nada porque...era a própria política "colonialista" de uma "colonização manca"​ - falta de efetivos humanos para colonizar - que incentivava a interligação do homem branco com a mulher africana, na intenção de que (segundo D. Carlos e outros), o novo ser vivo que acaso viesse ao mundo dessa "interligação" passasse a ser o chefe de posto/cipaio/fiscal/chefe de a, b, c, dependências governamentais, para colmatar a falta de "minhotos, transmontanos, beirões (como eu), tudo na procura de "popular" os locais onde acaso tivessem assentado pé.

Ironicamente, a interligação, não comtemplava a interligação entre "a mulher branca" e o africano. Aqui, é que assenta o fulcro da questão.

No aspeto pessoal de cada quem, cada um dos intervenientes terá que ter na sua consciência a sua ligação com as africanas. Houve e há muitos que o fizeram "honestamente" por se terem assimilado-convivido com as mulheres africana em questão e, a estes, só e de louvar porque constituíram uma família.

Mas, não duvido absolutamente nada, que outros o fizeram por necessidade fisiológica e, quiçá, de uma forma pouco respeitosa. Cada um que tenha o seu descargo de consciência mas envergonhar-se...seria errado. Arrepender-se talvez fosse mais aconselhável. (**)


Abraço a todos.

Máio S. de Oliveira

______________

Notas do editor:

(*)  Sobre o último livbro,m "Fátima", o nosso camarada escreveu-nos o seguinte, em mensagem de 5 do corrente:

Olá, camarada Luís Graça:
Tomo a liberdade de te fazer chegar esta informação:

A PROPÓSITO DE FÁTIMA S.A.

Saiu em meados de Maio 2015 e, até agora, só eu já despachei pelos CTT quase 200 exemplares para outras tantas pessoas que se me dirigiram interessadas na sua aquisição. A 2.ª edição sai agora, na 2ª semana de Junho. Até o grupo Leya já se rendeu ao Livro e faz encomendas à pequena Editora do Livro, Seda Publicações.

Na minha qualidade de presbítero-jornalista, "viajei" por dentro dos Documentos oficiais disponibilizados pelo Santuário de Fátima e pude ficar a conhecer todo o “segredo” de Fátima, desde 1917 até aos nossos dias. O resultado desta minha investigação é este Livro de 288 pgs, 14 capítulos

Cada exemplar fica por 17€ + 2,35€ de portes de correio. Poderei suportar os portes, se assim entenderem. Enviem-me o v/ endereço postal e o Livro vai ter a vossa casa, autografado por mim. Depois, fazem a transferência bancária para o NIB da m/ conta-reforma: 0007 0000 0077 5184 2312 3. 

Os meus direitos de Autor são integralmente para o Barracão de Cultura. Espero as v/ encomendas. Não se arrependerão. 

O meu abraço, Mário.

7 comentários:

Antº Rosinha disse...

"Ironicamente, a interligação, não comtemplava a interligação entre "a mulher branca" e o africano. Aqui, é que assenta o fulcro da questão".

Aqui está um assunto/debate/desafio, para sem complexos o Luís Graça pegar nestas palavras de Mário S. Oliveira e lançar neste enorme blog.

Houve muitos Padres, mas António Vieira só houve um.

E da Lixa também.

Um, antidoto do outro.

(Salvaguardando Fátima, que não é chamada para aqui, antes pelo contrário.)

Anónimo disse...

Mário Oliveira,
Estou interessado em adquirir um exemplar, até para ter outra visão e poder fazer algumas comparações com o livro "Fátima - O que se passou em 1917" de Fina D'Armada.
Não vi qualquer endereço para o pedido, poderá ser tratado directamente por mail, mas necessito sabê-lo para enviar a minha morada e o comprovativo da transferência.
O meu endereço de e-mail consta da lista da Tabanca Grande.
Fico a aguardar um contacto.
Um abraço,
BS

Luís Graça disse...

Rosinha, em contrapartida, vês em Lisboa cada vez mais raparigas, brancas, "tugas", com rapazes, "tugas", de origem africana... O amor não escolhe "cores de pele"... No desfile das marchas populares, qaundo passaram as noivas de Santo António, havia pelo menos 3 pares mistos, contei eu... Felizmente que não temos hoje os mesmos preconceitos de há 50 anos atrás, quando, em contrapartida, certos dirigentes regime da época piscavam o olho, com malícia e cumplicidade, à tese do "lusotropicalimo" folclório do Gilberto Freyre (1900-1987). Não sei o que o Salazar pensava sobre a "mestiçagem", mas julgo que era conceito que não devia caber na grande cabeça do senhor professor de Coimbra...

O sociólogo brasileiro, autor de "Casa Grande e sanazala" (1933), visitou as nossas "províncias ultramarinas" no início da década de 1950, a convite do ministro do ultranar, Sarmento Rodrigues:

(...) "Dois meses depois da afirmação da unidade nacional na Constituição da República Portuguesa, Gilberto Freyre inicia uma visita por “terras lusitanas”, a convite do ministro do Ultramar Sarmento Rodrigues. O objectivo da viagem é dar a conhecer ao sociólogo brasileiro o ultramar português, para que ele o percorra “com olhos de homem de estudo” e, depois, produza um trabalho de reflexão sobre as realidades observadas. Será durante esta viagem que o sociólogo brasileiro usará pela primeira vez a expressão «luso-tropical» para caracterizar o modo de adaptação do português aos trópicos.

Ora esta teoria era de enorme utilidade para o fortalecimento da ideia de «unidade da nação pluricontinental portuguesa» e para o programa de fixação de população originária da metrópole no ultramar. O Estado Novo soube apropriar-se de algumas máximas luso-tropicalistas para se defender das pressões da comunidade internacional, sobretudo no quadro da ONU (Portugal integra esta organização em 1955), mas também em campanhas de propaganda do país no exterior, nas declarações dos altos representantes da nação à imprensa estrangeira e nos circuitos diplomáticos (vd. Castelo 1998: 96-101). Internamente, assiste-se a um momento de amplo consenso em torno da integridade nacional e da continuidade da missão histórica do país no mundo." (...)


http://www.buala.org/pt/a-ler/o-luso-tropicalismo-e-o-colonialismo-portugues-tardio53...

Luís Graça disse...


Belarmino: Tens aqui o endereço do Mário de Oliveira, nosso camarada, grã-tabanqueiro, ex-capelão em Mansoa (1968/69) e autor de "Fátima, SA":

padremario@sapo.pt

Vou reencaminhar o teu pedido para ele. Abraço grande, Luís

Luís Graça disse...

E ainda a propósito... Rosinha, sabes que a raínha Dona Amélia (de Orleães), francesa, casada com o penúltimo rei de Portugal, D. Carlos, foi uma mulher que se achava "mal amada" pelo povo... E não só: o seu casamento não foi feliz e a tragédia de 1908 e depois o fim da monarquia em 1910 não ajudaram a melhorar as suas memórias da sua vida em Portugal)...

Amélia de Orleães (1865-1951) acabou por desenvolver, já no exílio, uma teoria racista para explicar o inexplicável: o povo português tinha qualidades, mas era mal dirigido e governado por uma "elite", do sul (e em especial de Lisboa) onde predominava "o sangue negro ou o indiano"... Esqueceu-se de mencionar o "sangue mouro e judeu"... Os nazis alemães não tinham muita confiança nop Salazar, precisamente por isso mesmo... Achavam que ele estava rodeado de judeus... E tinham razão!

Cherno AB disse...

Caros amigos,

Depois de muita conversa fiada, finalmente, aparece um Sr. que conseguiu por os pontos nos "ii", como se diz.

Realmente sempre vi e pressenti o comportamento da tropa em relacao as nossas mulheres, como fruto de uma impunidade partilhada e largamente consentida, mesmo se as ordens 'politicamente correctas' expressas em voz alta no meio das paradas de ronco diziam o contrario e, mesmo as punicoes disciplinares por motivos sexuais de que tanto se falou, tudo somado, nao se me afiguram crediveis.

Antº Rosinha disse...

Luís Graça, Cherno e Padre Mário, temos que distinguir "tropa" e Gilberto Freire, isto é, distinguir guerra e paz, luta e colonização.

Se os tertulianos não sabem, os primeiros capitães que em 1961 foram para "Angola e em Força", no início da histórica Guerra do Ultramar que durou 13 anos, davam instruções e ordens para os seus soldados não se meterem nem "abusarem das pretas".

Até tentavam criar uma ideia nos primeiros soldados, que os pretos se revoltaram porque os brancos abusavam e escravisavam as suas mulheres.

Esses capitães chegavam ao ponto de avisarem os soldados para não se deixarem desemcaminhar pelos malandros da tropa branca que era de lá, habituados a "abusar das pretas".

Isto tudo, digo eu, sem Wikipédia, e sem consultar as guerras tipo-furtado.

Vi, ouvi, era eu furriel miliciano e estive em todas, e paguei para ver, e até fui à Guiné, tapar buracos em estradas de minas soviéticas e cubanas.

Meus amigos, se estes comentários derem um dia um post, as pessoas que digam apenas o que viram, desde os abusos individuais ou colectivos, (militares ou civis) sem generalizar, que é uma tendência dos puros «anti-colonialistas» políticos.

Mas que distingam sempre, o que era casamento segundo os usos e costumes tribais, o que era o entendimento familiar da mulher, lavadeira ou cozinheira com o comerciante ou até chefe de posto ou outro funcionário qualquer.

O que hoje designam os jovens, por "estamos" "vivemos" etc. era o que em geral (simplificando) se passava entre o branco e a preta, na paz colonial.

Agora aquilo que o Padre Oliveira refere sobre a branca e o preto, não sabemos se havia racismo da parte da mulher, para não se ver (publicamente) brancas de braço dado com o régulo e suas 5 ou 6 mulheres.

Padre Oliveira, vai levar muitos anos até o africano se adaptar ao monogamismo familiar europeu, e vai levar muitos anos até a mulher europeia se adaptar ao poligamismo familiar africano.

Padre Oliveira, em certas tribos, o primeiro presente oferecido pelo noivo à noiva, é uma enxada nova, se estiver muito apaixonado, se não recebe a enxada em 2ª mão da primeira mulher.

Padre Oliveira, os craques de futebol sempre tiveram as suas loiraças.

Mas também há muita moçoila loira, sueca, romena, ex-soviética ou portuguesa cuja união dificilmente chega até ao nascimento do mulatinho, devido à total incompatibilidade.

Luís Graça, sem Gilberto Freire e as suas ideias sobre o fenómeno da mestiçagem, dificilmente explicariamos a história da construção do Brasil, e a formação do PAIGC, da FRELIMO da MLSTP, e do MPLA.

Para mim que há 40 anos ando a "pensar", só me custa a entender onde Salazar foi ver tanta coisa sem ir lá.

E a teimosia dele, quando dizia, "que estes povos (africanos) não se saberiam governar).

Cumprimentos, e que cada um relate sem ir à Wikipédia, de que este blog é um exemplo.