segunda-feira, 14 de março de 2016

Guiné 63/74 - P15855: Notas de leitura (818): "Seis irmãos em África", edição de autor, Porto, 2016... Um excerto: "Perdido no mato de Mansambo... por uma hora!" (Álvaro Magro, ex-1º cabo aux enf, CART 3494, Mansambo, e HM 241, Bissau, 1971/74)










Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Mansambo>  1970 > Foto aérea de Mansambo a que o PAIGC "campo fortificado de Mansambo"... O aquartelamento foi construído de raiz pelos bravos da CART 2339 (1968/69), "Os Viriatos", ao tempo do BCAÇ 2852 (1968/70)...

Sobre Mansambo temos de 3 centenas de referências...  e quase 2 centenas sobre a CART 2339 Foto do arquivo do nosso "cartógrafo-mor", o Humberto Reis (ex-fur mil  op esp,  CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71)

Foto: ©  Humberto Reis (2010). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]


1. Mensagem de Abílio Magro, com referência ao poste P15847 (*)


Data: 13 de março de 2016 às 19:40
Assunto:  "Seis Irmãos em África"


Caro Luís:

Obrigado pelas tuas palavras referentes ao livreco "Seis Irmãos em Africa" que mais não é do que uma compilação de textos que por aí andam em blogues, livros e quejandos.

Quanto ao prefácio da minha filha, julgo que ela terá talvez comprado um dicionário novo e a "coisa" saiu "jeitosa".

Como já te tinha dito, tratou-se de uma edição "familiar", de apenas 100 exemplares, destinados a oferecer a familiares e amigos.  Calharam 16-17 exemplares a cada "combatente" que, atendendo ao "preço" bastante convidativo, terão já sido todos "vendidos". Daí podendo-se concluir tratar-se de um verdadeiro "best seller", a necessitar de nova edição.

O livro, portanto, não esteve, não está e nem estará à venda, a não ser que surjam inúmeras solicitações, provenientes das mais diversas latitudes e, nesse caso, poderemos pensar numa segunda edição, desta feita com um preço não tão convidativo (a vida está má), mas não cremos que isso venha a suceder.

Em relação ao "descarado roubo" de histórias, sendo embora proibida por lei, achamos que a sua publicação no blogue "Luis Graça & Camaradas da Guiné", não se trata de qualquer crime, mas antes pelo contrário e conferirá à "obra" a projecção internacional que ela merece. Assim, ouso falar pelos seis "capineiros",.  autorizando a publicação no blogue.

Um abraço do Abílio Magro


2. Mensagem anterior de LG (*)

Abílio:

Dá um "alfabravo" aos manos, adorei essa dos "Magros do capim"!... Felicito-te por puxares esta "carroça", não é por acaso que és o mano mais novo... Mas, como na tropa, é preciso que alguém mande, ou melhor, lidere... (Como sabes, há uma liderança entre chefia e liderança, basta lembrares-te como era, lá no QG:  "eram mais os chefes... que os índios!"... Não sei se foi por isso que perdemos a guerra...).

Um beijinho para a tua filha, Cláudia, que vos escreveu um prefácio tão bonito... E já agora diz-nos onde ou como é que o vosso livro pode ser comprado... Por exemplo, pelo correio... Manda o preço de capa (+ portes de correio) e a morada...

Um bom domningo!...Luís

PS -Vou vos "roubar" uma história para publicar no blogue, pode ser ? É também uma forma de promover o livro que, se calhar, com uma família tão grande como a vossa, mais os amigos, já está esgotado... Ou não ?

3. E como há sempre um Magro desconhecido,  aqui vai a ficha da tropa do Álvaro Valente Lamares Magro, o terceiro da família que foi parar à Guiné e a quem eu peço licença para enfileirar na Tabanca Grande, ao lado dos manos Fernando Valente (Magro) e AbílioMagro, se eles. os três, concordarem... 


O mais importante é a vontade e a opinião do Álvaro, por muito que prezemos a opinião do mano mais velho (Fernando) e do mais novo (Abílio). Temos um nº para ele, o 712, um lugar jeitoso à sombra do mágico poilão da Tabanca Grande... Era muito honroso termos cá, todos sentadinhos e bem comportadinhos, os três manos Magro que foram à Guiné... É caso único...

Se os outros três, que andaram por outros "matos" (Angola e Moçambique) se quiserem juntar a nós, era ouro sobre azul!... Acho que nos podíamos candidatar ao Guiness Book of Records!... (Na verdade, não conheço até agora nenhum blogue da guerra que tenha juntado, sob o mesmo poilão, seis irmãos, combatentes)...

Vou pedir ao mano Abílio para fazer uma reunião de família... Convindar só o Álvaro, até parece mal!... Bolas, os outros três, também são filhos do mesmo pai e da mesma mãe: o Rogério,  o Dálio e o Carlos!... (LG)


Ex-1º Cabo Aux Enfermagem

1971

- Janeiro: incorporado no Exército, no RI 7, Leria (recruta);

- Abril: Regimento de Serviços de Saúde, Coimbra (especialidade);

- Julho/agosto: HMR-1, Porto (estágio);

- Setembro/uutubro: EPI, Mafra;

- Novembro; Mobilizado para Moçambique;

- Dezembro: Desmobilizado e novamente mobilizado, mas desta vez para a Guiné, onde chega no final do mês;

- 1972/1974

 Integra a CART 3493 em Mansambo.

- No decorrer de uma operação, num curto período de descanso no mato, adormece e, quando acorda, vê-se sozinho [vd. relato~abaixo, no ponto 4];

- Anda perdido durante cerca de uma hora, mas acaba por encontrar pessoal da sua Companhia;

- Em março de 1972 consegue transferência para o HMBIS [HM 241], onde presta serviço na Secretaria até ao fim da Comissão;

- Passa à situação de disponibilidade em 26 cde fevereiro de 1974.

4. Perdido no mato de Mansambo... por uma hora!

por Álvaro Magro:


(...) Em Fevereiro de 1972, quando me encontrava ao serviço da CART 3493 em Mansambo, participei numa operação militar que durou um dia e duas noites e onde, a dada altura, no meio do mato, o Alferes,  Comandante do deu pelotão, deu ordem para que o poessoal descansasse um pouco.

Acabei por adormecer e, quando acordeu, viu-se sozinho, perdido no mato, numa região de "turras".

Foi uma experiência muito traumatizante, principalmente para alguém que, como eu, tinha chegado à Guiné havia pouco mais de um mês.

Num "bate estradas" (aerograma) que enviei para o meu irmão Fernando, em Bissau, relatei aquela "odisseia" (...)

"Não imaginas o meu estado de espírito ao ver-me só e perdido dentro daquela mata densa. Andei cerca de uma hora perdido, cheio de medo. Cheguei a pensar que seria apanhado pelos terroristas e que nunca mais voltaria a ver a família. 

Procurei encobrir-me com a vegetação, mas se porventura tinha de atravessar uma clareira, fazia-o rastejando. 

Por fim encontrei um trilho por onde segui algum tempo, encharcado em suor.
Finalmente vi, ao longe, um pequeno grupo de militares.  Aproximei-me deles correndo o mais que pude e,  quando me pareceu que a minha voz poderia por eles ser ouvida, gritei com quanta força tinha. 

Era tropa da minha Companhia, embora não fosse do meu pelotão.
Contei o que havia acontecido, quase sem poder falar, por estar muito cansado.

1 comentário:

Abílio Magro disse...

Mensagem deixada por Álvaro Magro na sua página do FaceBook:

Caro Luís Graça.
E com todo prazer e honra, enfileirar na Tabanca Grande, ao lado dos manos Fernando e Abílio.
Um abraço a todos Tabanqueiros.
Álvaro.