terça-feira, 7 de junho de 2016

Guiné 63/74 - P16172: A guerra vista do outro lado... Explorando o Arquivo Amílcar Cabral e outros / Casa Comum (19): Declarações do 1º cabo mec auto, CCS/BART 1896 (Buba, 1966/68) à Rádio Libertação, do PAIGC, em Conacri, em 1968... O Correia foi aprisionado, em 20/5/1968, com mais 7 camaradas, na picada entre Mampatá e Uane


O Rui Rafael Correia,  no dia da homenagem
que lhe foi feita pelo Núcleo de Matosinhos da Liga 


O Rui Rafael Correia, antes de ser mobilizado
 para Guiné como 1º cabo mecânico auto, 
CCS/BART 1896 (Buba, 1966/68). 
Vive na Galiza desde 1972.







Instituição: Fundação Mário Soares

Pasta: 04309.007.011

Título: Guiné 1 - Falam os portugueses prisioneiros de guerra 

Assunto: Editado pela FPLN / Portugal [, Frente Patriótica de Libertação Nacional], em Argel, exemplar 1 de publicação com declarações dos militares portugueses, feitos prisioneiros pelo PAIGC. Pretende-se dar conhecimento da verdade às famílias, ao mesmo tempo que se acusa o governo português de os referir como desaparecidos (militares das incorporações de 1966). Este número inclui transcrição de uma comunicação de Amílcar Cabral, Secretário-Geral do PAIGC, aos microfones de "A Voz da Liberdade" [, da FPLN, em Argel], dirigida aos prisioneiros portugueses, no dia 3 de Agosto de 1968, com a promessa de fornecer em breve fitas magnéticas com testemunhos dos prisioneiros, bem como o tratamento que lhes é dado, quando feridos e ligação com a Cruz Vermelha Internacional, para o seu repatriamento para junto das suas famílias.

Data: 1968

Observações: Declarações gravadas em fita magnética e difundidas pela Rádio Libertação, pelo PAIGC, que autorizou retransmissão pela emissora da FPLN, a Voz da Liberdade.

Fundo: Arquivo Mário Pinto de Andrade

Tipo Documental: Documentos

Direitos: A publicação, total ou parcial, deste documento exige prévia autorização da entidade detentora.[ Cortesia da Fundação Mário Soares / Portal Casa Comum]

Arquivo Mário Pinto de Andrade > 04. Lutas de Libertação > 04. Investigação e Textos >
Mário Pinto de Andrade e outros

Citação:
(1968), "Guiné 1 - Falam os portugueses prisioneiros de guerra", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_84394 (2016-6-6)



Lista dos prisioneiros "entrevistados" (p. 23)  pela Rádio Libertação, do PAIGC, em Conacri, em 1968... Sublinhados, a vermelho, os nomes de alguns dos nossos camaradas da CCS/BART 1896 e CART 1612, aprisionados em 20/5/1968, na picada Mampatá-Uane-Nhala. (Ao todo, foram oito).

Tratou-se de um operação de "marketing" político, habilmente conduzida por Amílcar Cabral: o objetivo explícito era mostar à opinião pública, portuguesa e internacional, que: 

(i) havia uma "guerra de libertação" em curso, na Guiné, com baixas de ambos os lados, incluindo prisioneiros; 

(ii)  os "prisioneiros de guerra" feitos pelo PAIGC tinham um tratamento, de acordo com as mais elementares regras de humanidade e de respeito pela Convenção de Genebra; 

(iii) os militantes e simpatizantes do PAIGC capturados pelas tropas portugueses eram, em contrapartida, tratados como simples "presos de delito comum"; 

(iv) não estando Portugal oficialmente em guerra com nenhum país vizinho, os militares portugueses aprisionados pelo PAIGC eram dados como "desaparecidos" ou "retidos pelo IN", situação de grande incerteza e angústia para as famílias.

A FPLN - Frente Patriótica de Libertação Nacional, que combatia no exílio, o regime do Estado Novo, fez depois uma edição, em papel, com estas declarações gravadas, em duas brochuras. A nº 1 tem 24 páginas, a 2ª tem 26 páginas. Na 2ª  reproduzem-se as declarações do Manuel Ferreira e do José Medeiros, que pertenciam ao mesmo grupo de prisioneiros.

Reproduzimos, com a devida vénia, as declarações (, a pp. 7/8), do Rui Rafael Correia, natural de Leça da Palmeira, Matosinhos, 1º cabo mecânico auto da CCS/BART 1896 (Buba, 1966/68). O Correia só será libertado em 20 de novembro de 1970, na sequência da Op Mar Verde. Teve portanto dois anos e meio de cativeiro.

De acordo com as declarações que o Rui Rafael Correia prestou aos microfones da Rádio Libertação, fica-se a saber que: 

(i) estava na CCS, em Buba; 

(ii) foi chamado para ir a Aldeia Formosa reparar uma viatura que estava avariada na estrada: 

(iii) recuperada a viatura, ficou à espera dos camaradas que estavam no matoM

(iv) quando estes regressaram, deram conta que faltava a "milícia"; 

(v) por ordem do alferes, comandante da força, foi um pequeno grupo a caminho de Uane buscar a "milícia"; 

(vi) o cabo mecânico Correia sentiu-se na obrigação de acompanhar a viatura à qual tinha acabado de dar assistência; 

(vii) entre Mampatá e Uane (vd. carta de Xitole) foram emboscados; 

e (viii) o pequeno grupo ficou completamente indefeso perante "uma emboscada tão forte e tão bem montada"... Balanço: 4 mortos e 8 prisioneiros. (LG)


Guiné > Carta de Xitole (1955) > Escala 1/50 mil > Posição relativa de Mampatá, Uane, Nhala, Buba, Aldeia Formosa e Chamara.


Segundo o nosso camarada José Teixeira, da CCAÇ 2381, que rendeu a CART 1612 [que estava em Aldeia Formosa desde novembro de 1967], "este trágico acontecimento [deu-se] no pontão de Uane entre Mampatá e Nhala, na velha picada de ligação Aldeia Formosa / Buba"... 

Era "um sítio muito complicado e temido junto a uma bolanha, onde existia um carreiro por onde PAIGC fazia passar o material de guerra vindo da Guiné Conacri para o interior da Guiné, via Cantanhez"... Era "um lugar para muitos cuidados, com emboscadas às colunas que faziam a ligação de Buba a Aldeia Formosa a par de outro conhecido pela Bolanha dos Passarinhos, já muito perto de Buba".

As NT estacionadas em Aldeia Formosa faziam patrulhamentos e montavam emboscadas na zona, mas as coisas aconteciam "ao mais pequeno descuido, como parece ter acontecido, ou pelo menos era o que constava, quando ali chegou a CCaç 2381 em julho de 1968 para render a Companhia [, a CART 1612,]  que sofreu esta emboscada, em 20 de maio".

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2016)







Guião, escrito pelo punho de Amílcar Cabral, para "conversa c/ os prisioneiros a libertar" (sic),  datado de 15/12/68". Clicar aqui para ampliar. [Cortesia do portal Casa Comum / Fundação Mário Soares]

Tópicos:

Augusto Dias - amigo (?) S [Sim ?]; Manuel Ferreira - amigo (?) S [Sim ?]; João da Costa Sousa -  amigo (?) N [Não ?]; [anotações ilegíveis, a seguir aos nomes]

Saudação - Estado deles. Tratamento, profissão, instrução, família; A situação deles. A juventude portuguesa; As mães, os pais, a família; O que é a nossa luta; o colonialismo português; A nossa posição; estamos certos de vencer; A posição do povo português (?); A posição do governo português, M. Caetano; Os crimes da guerra colonial; O nosso gesto: a vida deles está salva; O que esperamos deles. Documento disponível

[Observações - Estes 3 prisioneiros, Augusto Dias, Manuel Ferreira e João Costa Sousa, foram efetivamente entregues por Amílcar Cabral, em dezembro de 1068,  à Cruz Vermelha do Senegal, na pessoa de Rito Alcântara, Presidente da Cruz Vermelha no Senegal, e ex-vice-presidente da Cruz Vermelha Internacional durante 12 anos. Ver aqui foto do Arquivo Amílcar Cabral]





Instituição: Fundação Mário Soares

Pasta: 07060.029.011

Título: Apontamentos para a conversa com os prisioneiros de guerra.

Assunto: Apontamentos de Amílcar Cabral para uma conversa a ter com os prisioneiros de guerra portugueses, Augusto Dias, Manuel Ferreira e João da Costa Sousa, a serem libertados.

Data: Domingo, 15 de Dezembro de 1968.

Observações: Doc. Incluído no dossier intitulado Manuscritos de Amílcar Cabral.

Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral

Tipo Documental: Documentos

Direitos: A publicação, total ou parcial, deste documento exige prévia autorização da entidade detentora.

Arquivo Amílcar Cabral
04. PAI/PAIGC
Segurança

Citação:
(1968), "Apontamentos para a conversa com os prisioneiros de guerra", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_41211 (2016-6-7)
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10 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Amigos e camaradas, apanhei, no portal Casa Comum / Fundação Mário Soares, duas brochuras, editadas pela "nossa" FPLN, de Argel (que operava "A Voz da LIberdade", uma rádio clandestina, em onda curtam que alguns certamente ouviaram, antes, durante e depois da tropa, à noite, com muitas interferência...). Essas brochuras reproduzem gravações de "entrevistas" dadas à Maria Turra (Rádio Libertação, Conacri) pelos nossos camaradas...

Um delas, a do Rui Rafael Correia, acabo de reproduzir no blogue... Mas há declarações de quase todos eles, os que foram apanhsdos em 20/5/1968m, no carreiro de Uane... Não podemos garantir a sua "autenticidade". obviamente... As "histórias" são todas iguais, e todos dizem terem sido "bem tratados"...

Acho que alguns foram entregues à Cruz Vermelha, se calhar os mais "colaborantes"... Temos que averiguar isso melhor. Seria interessante saber por que é o Rui Rafael Correia não preencheu os crítérios para ser entregue à Cruz Vermelha, só sendo libertado pelas NT em 20/11/1970, na sequência da Op Mar Verde.

O PAIGC não tinham muito que os "espremer", o que eles sabiam, também a guerrilha sabia: localização dos quareis e destacamentios, posições da artilharia, abrigos, etc... Era diferente no caso dos prisioneiros do PAIGC, interrogados pelas NT e entregues à PIDE, sendo depois obrigados, a maior dfas vezes, a servir de guias até ás "barracas" ou "bases" no mato... Eu fiz várias operações dessas, em que as NT eram conduzidas por "guias-prisioneiros"... Davam sempre embrulhanço...

Vou pedir ao Carlos Vinhal que retire, de um dos postes, a referência à Ponte Balana (que é mais abaixo,mapa de Guileje)...

O Rui conta, tudo direitinho, como se passou... De facto, mandar meia dúzia de gatos pingados (12) com uma viatura, ir buscar a milícia ao carreiro de Uane, parece ser uma decisão algo temerária... Pensando bem, era típico erro da "velhice": depois dos 6 meses de "periquitagem", passávamos a ter "comportamentos suicidários" e alguns davam direito a cruz de guerra, no 10 de junho, a título póstumo...

Todos nós fizemos coisas "irresponsáveis" - eu admito que fiz!- pondo em risco, algumas vezes, a nossa própria segurança e a dos outros... É próprio da guerra, era próprio daquela guerra...

O nosso Rui Rafel Correia, que em 1972 dfoi viver para a Galiza, segundo me conta o Carlos Vinhal, merece sentar-se à sombra do poilão da Tabanca Grande, se for da vontade dele. Muito provavelmente já não se lembra de ter falado com a "Maria Turra" e por certo com o próprio Amílcar Cabral, o "patrão".



Antº Rosinha disse...


"Todos nós fizemos coisas "irresponsáveis" - eu admito que fiz"

Luís, todos fizemos irresponsabilidades, e podemos dizer infantilidades.

E se não fizemos mais infantilidades foi graças aos africanos que ficaram do nosso lado.

Luís, quanto mais altos eram os postos, mais irresponsabilidades cometia(mos).

Como fiz 13 anos de guerra, eu e muitos colegas meus, até coro sozinho quando vejo hoje em Portugal as autoridades com a mesma ingenuidade nossa a lidar com os africanos nos arredores de Lisboa.

No caso da Guiné, os comandantes caboverdeanos podiam brincar com os nossos comandantes metropolitanos, ao contrário do caso de Angola, onde tivemos a maioria dos «luso-angolanos-verdeanos» do nosso lado.

Ainda hoje, os africanos nos parecem todos iguais, mas os "pretos não são todos iguais"

Imagina que no Porto um Juíz mandou condenar, prender, soltar e indemnizar um africano, porque o confundiu com o verdadeiro criminoso que já se tinha pirado.

Tudo ensaiadinho e ainda hoje o Juíz é capaz de não se ter apercebido do logro.

Vá lá que há três dias as autoridades nos arredoes de Lisboa prenderam e reconheceram um africano ilegal com a indentificação do parente que era legalizado.

Mas este já se tinha pirado.

Ninguém tenha dúvida que aqueles treze anos de luta, foram os nossos amigos africanos que nos seguraram lá,pelo colarinho, se não nem 1 ano aguentávamos.

Mas não devemos confundir irresponsabilidades por falta de preparação e conhecimentos, com outras irresponsabilidades.

cumprimentos







Tabanca Grande Luís Graça disse...

Carlos, a versão que o Manuel Augusto Leite Silva, sold cond auto, da CCS/BART 1896 (Buba, 1966/68), contou ao jornalista do Expresso, José Manuel Saraiva ("27 anos depois de Conacri", extensa reportagem publicava na em 29/11/1997, pp. 36.50) é que nos levou a pensar que a emboscada do dia 20/5/1968 foi na Ponte Balana... O mais provável é o jornalista ter "baralhado as cassetes"... Este camarada é de Negrelos., Santo Tirso, foi dado como dado e foi um amigo da família que soube do seu paradeiro, a partir "Rádio de Argel", !A Voz da Liberdade", ouvida clandestinamente em Portugal por muita gente...

A versão que o jornalista relatou, no Expresso, em 1997, é confusa. Se não vejamos: (i) 20/5/1968, o Silva cai numa emboscada a 4 km de Pomte Balana, as NT tem 16 mortos (sic), facto que não consegui confirmar nos nossos registos; (ii) os sobreviventes chegam a Aldeia Formosa, às 13h, desmoralizadosm, destroçados, com as viaturas carregadas de corpos crivados de estilhaços; (ii) vai-se deitar, esgotado; (iii) já noite, um alferes da companhoa vai chamá-lo parta a uma missão a Inhala (sic) [ trata-se de Nhala...] onde teriam sido capturados cinco soldados portugueses; (iii) dois pelotões partem para a "localidade", em duas viaturas [, à noite ?,], faem o reconhecimento do terreno e regressam sem not+icias; (iv) o comandante dá conta da falta de um grupo de soldadops africanos e ordena que uma vituart com 13 elementos vá no seu encalce; (v) é aqui que se dá a tal emboscada, "a meio do caminho"; (vi) a viatura, conduzida pelo Silva, apanha uma roquetada; (vi) um africano fica carbionizada quando a viatura [Unimog] se incendeia; (vii) ao fim de "dez minutos", o grupo está cercado: uns morrera, seis sobreviventes foram capturadosm, dois com ferimentos graves...

Ora esta emboscada na picada [Mampatá-Nhala] só podia ser a 21/5/1968... Sabemos hoje que os prisioneiros form 8 e os mortos 4...

A versão que o Silva "conta", gravada aos microfones da Rádio Libertação é mais curta e objetiva...Foi na picada Mampatá-Uane, quando um viatura voltou oara trás para recolher milícas que se tinham atrasdo... Dia 20/5/1968, entre as 18h30 e as 19h00, já noite... Vamos reproduzir as duas versões...

Entre os 8 prisioneiros há dois Manuel Silva, um da CCS/BART 1896, o sold cond auto, acima referido, que é de Fafe, e um outro, que devia ser atirador, e que era da CART 1612...

JD disse...

Camaradas,
Sobre o inquérito que terá sido manuscrito por Cabral, reconheço nele alguma habilidade para lidar com uma situação de subsídio-dependência. Poderíamosopor-lhe outro inquérito:
-Afinal,havia ou não guerrilheiros que foram raptados e só depois acabaram por integrar o PAIGC, talvez por falta de alternativa?
- Qual teránsido a situação dos raptados enquanto detidos? Bem tratados, claro, ou desde logo renunciariam à luta. Quantos evadidos houve do PAIGC? Sobre a juventude guineense sabe-se que podia escolher um lado como o outro, mas as NT contavam com 4 a 5 vezes mais efectivos de origem local;
- Asmães,os pais, e as famílias, sentir-se-iam pressionadas a dar acolhimento aos guerrilheiros? e a colaborar com as NT?
- Quantos guerrilheiros sabiam o que era a luta do PAIGC, que se integrava numaq estratégia internacionalista,e que não tinha quadros para a independência? E sobre o método judiciário de fuzilamento, o que sabiam, e o que poderiam pensar?
- A guerra deles. Andavam satisfeitos, coma moral elevada e com determinação para a luta,ou sentiam como nós as frustrações da guerra? A certeza de ganhar caíu-lhes do céu, por obra de uma traição de alguns oficiais portugueses. Estavam ou não esgotados física e psicologicamente?
- Sobre o gesto do PAIGC que salvou as vidas a este grupo de prisioneiros portugueses, que o PAIGC poderia ter aniquilado, pode responder, por outro lado, a uma necessidade de revelação de humanismo perante as nações patrocinadoras daquela luta. Seria necessário saber se, sim ou não, houve outras atitudes de crueldade para estabelecer critérios valorativos.
A Fundação Mário Soares é o que é, naturalmente facciosa.
Abraços fraternos
JD
-

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Zé Dinis: as tuas perguntas são pertinentes e legítimas, como todas as perguntas do mundo... Sem perguntas, não há investigação, sem investigação não há conhecimento e sem conhecimento não há ação... não há história...

Quanto ao portal Casa Comum, está baseado numa Fundação, constituída em 1991: “é uma instituição de direito privado e utilidade pública sem fins lucrativos, ligada à pessoa do ex-Presidente da República Portuguesa, Mário Soares”, lê-se no seu sítio oficial,,,

Um dos seus projetos mais importantes é “o Arquivo & Biblioteca”, desenvolvido desde o início da sua atividade em 1996, “recorrendo para o efeitos às mais recentes tecnologias da informação”…

“Inicialmente constituído a partir do arquivo pessoal do Dr. Mário Soares, foi enriquecido com numerosos outros acervos documentais e, mais tarde, o projecto inicial foi também alargado à constituição e informatização de uma biblioteca especializada e à organização de um arquivo fotográfico.”

Este documento que se cita no nosso poste não é do Arquivo Amílcar Cabral, é do arquivo de um angolano, de que já ouviste falar muitas vezes, o Mário Pinto de Andrade...

Os “nossos” arquivos não têm que ser necessariamente "facciosos", devem é ser tecnicamente competentes... e abertos ao grande público, aos investigadores, a todos os cidadãos, e em particular aos dos países lusófonos… Devem ser o mais completos e plurais possíveis... Neste caso, os seus acervos documentais são sobretudo provenientes de doações (pessoais e institucionais)...

Não dou vou dizer que o nosso Arquivo Histórico-Militar é "faccioso", só porque muito provavelmente tem pouco documentação produzida pelo PAIGC. No mesmo sentido, também se pode dizer que não é esperado que no Arquivo Amílcar Cabral haja muitos documentos, oriundos das nossas Forças Armadas que atuaram no TO da Guiné… Todos os arquiovos são "facciosos", a começar pelo nosso "álbum fotográfico" do tempo da tropa e da guerra...

Ainda bem que encontrámos informação (mesmo que “facciosa”) sobre os nossos pobres camaradas aprisionados em 20/5/1968… A nossa obrigação é saber cotejar, comparar, tratar, analisar e interpretar as diferentes versões dos acontecimentos…

Um alfabravo. LG

JD disse...

Olá Luís!
tens razão, e retiro o termo faccioso que no respeitante ao acervo da Fundação M. Soares relativo à Guiné pode ser apenas tendencioso. Porque "a nossa obrigação é saber cotejar, comparar, tratar, analisar e interpretar as diferentes versões dos acontecimentos", mesmo que recorrendo a outros locais, que supram a falta de documentação portuguesa sobre a mesma matéria.
E, parece, para não dizer que tenho a certeza, do lado português produziu-se muito mais informação sobre inúmeras temáticas, que nem as nações "solidárias" da G.B. têm superado ou mostrado interesse nesses desenvolvimentos. Parece que descobriram que, afinal, a jovem nação não estava preparada para a independência. Como diria um camarada: "se estivessem preparados, porreiro, pá!, não estando, é lá com eles!".
Um abraço
JD

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Zé Dinis:

Estamos de acordo, os portugueses, mais do que ninguém continuam a interessar-se, de mil e uma maneiras, pelo que se passou e pelo que se passa nas antigas colónías, ou províncias ultramarinas, de Cabo Verde a Timor, da Guiné a Angola, de São Tomé a Macau... Há uma relação, efetiva e afetiva, com estes territórios e esses povos... Ainda ontem vi na TV que há 2500 portugueses a viver e a trabalhar em São Tomé e Príncipe!...

E ao nosso nível, bem mais modesto, o de um simples blogue com 12 anos de vida, 8 milhões de postes, 717 membros registados, 60 e tal mil comentários, 60 mil imagens, etc., continuamos a produzir informação e conhecimento, reconhecidos como de interessante e utilidade para muita gente lusófona e não só, a começar pelos ex-combatentes que passarem pelo TO da Guiné entre 1961 e 1974...

Mas vê aqui as estatísticas relativas às visualizações de páginas no último mês > Total: 59 727

Proveniência (nos "10 mais", a Guiné-Bissau aparece em 9º lugar, somando os 10 um total de 53344 (89,3%)

Portugal > 31520 (52,8%)
Estados Unidos > 6792
Alemanha > 4508
Brasil > 3403
França > 2510
Rússia > 2159
Reino Unido > 767
Espanha > 726
Guiné-Bissau > 554
Polónia > 405
Resto do mundo > 6383 (10,7%)

Há, na "pequena" Guiné-Bissau, gente que acompanha regularmente o nosso blogue!... Há cerca de 20 visualizações de páginas do nosso blogue, em média, por dia, o que é notável, tendo em conta a ainda fraca penetração da Internet no país...

Mantenhas!... LG

António J. P. Costa disse...

Olá Camaradas

Ainda não entendi esta forma de ecletismo que estamos a praticar, dando divulgação e voz a uma fonte histórica que, já por várias vezes, se revelou, no mínimo muito falível. Para não dizer pior.
Isto já não é abertura de espírito é suicídio intelectual.
A "intrevista" (como dizia Mark Twain) é, no mínimo discutível, por muitos e largos motivos.
Mas se é esta a orientação do blog, asseitêmozia!
Um Ab.
António J. P. Costa

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Tó Zé: Não é ecletismo, muito menos suicídio intelectual... Nem, se trata de dar voz a ninguém...

Sejamos claros: trata-se de um dccumento de propaganda do PAIGC e da "nossa" FPLN... Tem interesse documental para os historiógrafos da guerra da Guiné ? Eu acho que sim, tem algum, pelo menos na parte que diz respeito à descrição das circunstâncias em que os nossos camaradas foram capturados,,, O resto é obtido sob coação: um prisioneiro é sempre um prisioneiro, não é um homem livre...

Por alguma razão, o documento está catalogado no sítio "Memória de África", da Universid9ade de Aveiro. E eu estou a falar com um militar que já exerceu funções de bibliotecário (na biblioteca do Exército onde é capaz de haver "documentos de propaganda IN" como estes)...
~
Mantenhas LG

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http://memoria-africa.ua.pt/Catalog.aspx?q=TI%20falam%20os%20portugueses%20prisioneiros%20de%20guerra

[122730]
Falam os portugueses prisioneiros de guerra / José Neto Vaz...[et al.]. - Alger : F.P.L.N., [1967]. - 20, 24 p. - Guiné. 1 e 2). - Corresponde a: testemunho, entrevista. - Corresponde a: Entrevista
Descritores: PAIGC | Colonialismo | Forças armadas | Guerra colonial | Luta de libertação | Oposição | FPLN | Cabral, Amílcar, 1924-1973 | Prisioneiros de Guerra | Guiné-Bissau | Portugal
Cota: BAC-113 A-B|CIDAC

António J. P. Costa disse...

Olá Camarada
'Tava a ver que não reagias!.
As fontes são como os pesticidas da Família Prudêncio (na TV daqueles tempos):
- Use os pesticidas com cuidado!...
Um Ab.
TZ