A minha de faca de mato era (é) um canivete suiço...
Fotos (e legenda): © Valdemar Queiroz (2016). Todos os direitos reservados.
A. Resposta de Valdemar Queiroz ao nosso inquérito "on line": Para que é que servia a faca de mato ?
Valdemar Queiroz [ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70]
Data: 21 de julho de 2016 às 23:37
Assunto: Faca de mato, quase um canivete suiço (*)
É verdade, a faca de mato que era requisitada na Arrecadação, servia para quase tudo: desde o aparar estacas, passando por estripar uma lebre ou galinhola, desmanchar uma mina na picada e, principalmente, servia às mil maravilhas para abrir latas, as de quilo, de fruta em cauda, leite com chocolate, conservas, etc.
Julgo que a maioria dos Furriéis tinha uma faca de mato.
Também havia facas de mato num estabelecimento civil, em Nova Lamego, iguais às nossas, para venda. Nunca soubemos quem era o fornecedor, provavelmente algum 'faquir' que as desviava para arranjar uns trocos. Depois tinha que se ir lá comprar.
Eu comprei a minha e 'vestia' com manga de ronco, como agora se encontra. Já lá vão 47 anos e ainda está impecável, o aço é de grande qualidade e ainda é utilizada para abrir alguma lata da mesma maneira que era utilizada num final de tarde, serenamente, nos finais de tarde não se ouviam 'embrulhadas', com uma ligeira brisa e o sol a desaparecer, rápido, a abrir uma lata de cerveja pouco fresca em Guiro Iero Bocari.
Abraços
Valdemar Queiroz
B. Comentário do editor:
Camaradas:
Está a decorrer, até 28 do corrente mês, mais um inquérito por questionário "on line". Resposta múltipla, é só clicar... Onde ? No canto superior esquerdo do nosso blogue (**). Já chegaram as primeiras 14 respostas, até ao alvorecer... Boa continuação de férias, para os felizardos que estão de férias. Mantenhas para todo o mundo.
INQUÉRITO DE OPINIÃO: "PARA QUE SERVIA A FACA DE MATO ?" (PODES DAR MAIS DO QUE UMA RESPOSTA)
1. Arma de defesa > 2 (14%)
2. Limpar o sebo ao IN > 0 (0%)
3. Abre-latas > 5 (35%)
4. Talher 3 em 1 (faca. garfo, colher) > 3 (21%)
5. Ferramenta de sapador (MA) > 6 (42%)
6. Adereço / ronco > 3 (21%)
7. Outros usos (mato/quartel) > 7 (50%)
8. "A minha amiga inseparável" > 0 (0%)
9. Objeto completamente inútil > 0 (0%)
10. Nunca tive faca de mato > 3 (21%)
11. Não sei / não me lembro > 0 (0
Votos apurados > 14
Prazo de resposta > 28/7/2016, 18h38
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Notas do editor:
(*) Vd. poste de 21 de ulho de 2016 > Guiné 63/74 - P16323: Fotos à procura de...uma legenda (74): A faca de mato... afinal, para que é que servia ?
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Notas do editor:
(*) Vd. poste de 21 de ulho de 2016 > Guiné 63/74 - P16323: Fotos à procura de...uma legenda (74): A faca de mato... afinal, para que é que servia ?
7 comentários:
Obrigado, Valdemar...Grande ronco, uma obra-prima da arte de empalhar dos fulas...
Fico a saber que: (i) a faca de mato não fazia parte (obrigatoriamente) do equipamento individuaal); (ii) pelo menos, os graduados podiam requisitar uma ao quarteleio; (iii) podia ser comprada no comércio local; e (iv) era, tal como para os escoteiros, uma verdadeiro "canivete suiço", multiusos...
Sei que, no mato, nas longos dias e noites passados nas tabancas em autodefesa, à espera de hóspedes indesejáveis, paar servia... para "fazer a barba"!... Tamb+ém havia quenm, para matar o tempo, a usasse para treinar a pontaria num alvo fixado no tronco de um poilão... Um homem precisava de matar o tédio e manter-se em boa forma... Nunca andei nos escoteiros... nem nmunca tive canivete suíço... Um abraço do tamanho do Geba!.. . LG
A minha faca/punhal foi feita por um artesão de Cacine em 1968 com o cartucho da granada do obus. Andava sempre comigo. Foi feito uma mézinha pelo Homem Grande da tabanca. Acredito? não sei, mas que cheguei são e salvo, cheguei e ainda cá estou com o meu Ronco.
Abraços.
Olá Camaradas
Creio que as últimas unidades recebiam uma faca de mato por homem.
Não fazia parte do equipamento individual.
O artesão de que o Brito e Faro fala deve ser o "Ferreiro de Cacoca". Veio de lá e fixou-se em casa de familiares, na altura em que a tabanca foi abandonada. Era hemiplégico e tinha a oficina "adapatada". A saber: deslocava-se à força de braços, arrastando-se, sentado numa almofade de cabedal; as ferramentas estavam dispersas pelo chão; a bigorna era pequena e estava solidamente cravada no chão; a fornalha era aquecida por um daqueles dispositivos que havia nas oficinas para o mesmo efeito, só que quase enterrado no chão e o ar que soprava as brasas corria por uma espécie de tubo cavado no chão.
Oh Luís aquela do "Não sei/não me lembro... num inquérito deste. É caso para dizer como os franceses: Il me sôte la tampe!
Um Ab. e boas bacances, se for o caso.
António J. P. Costa
Periquitos de 1970/74 descalcem lá esta bota vocês recebiam faca de mato?
Os velhinhos não recebiam sei por experiência própria.
Um alfa bravo.
Colaço.
Caros camaradas
Ao inquérito respondi que "nunca tive" mas isso é uma verdade relativa.
De facto não a tive para uso pessoal ou de serviço mas recordo de ter adquirido uma que veio comigo no final, só que com as mudanças de casa perdi-lhe a pista e não sei onde possa estar.
Recordei-me disso ao ver as fotos do Valdemar e tenho ideia que a decoração da minha era semelhante.
Abraços
Hélder Sousa
To Zé. há já malta nossa com... Alzheimer... De resto, há milhões de portugueses que não sabem, e muito menos se lemnbram, da dita guerra...
Boas férias, eu vou caminhar na praia que o tempo está fabuloso e o areal um esplendor!... Praia da Areia Branca- Paimogo, vida e volta. Adfeus e até ao meu regresso. LG
OK Luís!
Mas um velho com Altzheimer a operar computador e a participar em blogs... não estará assim tão mal.
Volto à antena para recordar a faca de mato do Fur. Isidro da CArt. 1692, falecido no HM 241.
Na estradeca para Porto Cantede surgiu um campo de PMD-6 com algumas estavam à vista em consequência da chuva (SET68). No final da operação eram 65 + 1(detonada) em 12 metros de estrada e 2 metros para cada lado do respectivo leito. O Furriel MA avançou e começou o seu trabalho, porém agachado em vez de joelhado e em posição estável.
Foi, como se diria hoje, um erro humano.
A dado momento desequilibrou-se e apoiou a mão que tinha a faca no chão. A explosão da mina não se deu de modo a decepar-lhe a mão, levando-lhe 2 ou 3 dedos e cegou-o do olho do mesmo lado. Evacuação perto do local! Mas o falecimento, em OUT ou NOV68 foi em consequência de um "úlcera fulminante", doença descoberta na II GM de origem nervosa e da qual o paciente não se apercebe. Quando se manifesta não há (ou não havia) hipóteses. Recordo a faca do Isidro com a lamina partida e pude constatar que era um bom pedaço de lâmina de aço bem temperado.
As facas de mato eram um utensílio de boa qualidade. Ainda gostava de saber onde eram feitas. Não sei se as OGFE ou alguma fábrica de armamento as produzisse. Ou então algum cuteleiro da área de Guimarães (capital da cutelaria, naquele tempo...)
Um Ab. e passeia bem que o calor aperta
TZ
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