1. O meu amigo José António Bóia Paradela é daqueles que eu considero do "peito", um dos "manos" que eu não tive, já que nasci rapaz, o primeiro, num família de três raparigas. É bom ter amigos do "peito", manos não pelo sangue mas pelo coração, os afetos, as cumplicidades, a amizade. (*)
Ainda há dias lhe escrevi um extenso (12 páginas) texto poético, celebrando as suas maravilhosas e frutuosas 80 primaveras... Começava assim:
José Paradela, arquiteto, ilhavense,
que tem um “alter ego”, de nome Ábio de Láparo.
Sobremesa literária
em jantar comemorativo de uma bela amizade
que não precisa de pré-textos."
E acabava assim:
Antes de começares o trabalho ciclópico de mudar o mundo,
ao quilómetro oitenta da tua picada da vida,
dá três voltas dentro de tua casa de Miraflores...
E sobretudo não esqueças a lição
sobre a parábola da Sabedoria e da Asneira:
Para os erros alheios temos os olhos do lince;
para os nossos próprios, os olhos da toupeira.
(Com um xicoração fraterno…
Reserva-me um lugar, a mim e à Alice,
na tua festa dos 100 anos,
com vista de mar)
Luís, teu amigo, teu mano.
2. Pois, o meu amigo do peito, o meu mano Zé António vai lançar o seu quarto ou quinto (já não sei ao certo) livrinho, desta vez sobre as "santinhas de apegar"... Eu sabia que ele era um grande colecionador destas "santinhas de apegar", à laia das decalcomanias do nosso tempo de infância, que usávamos para "personalizar" os nossos cadernos escolares.
Na introdução do livro ele escreve (, aliás, o seu "alter ego", Ábio de Lápara, vd aqui a sua sempre surpreendente página do Facebook):
(...) "Na Vida, cada um escolhe as suas Santinhas como pode e usa-as para personalizar os cadernos das contas que ajusta com Ela"...
É um livro, original, de textos poéticos (não "poemas"), muitos deles audiovisuais, interativos (alojados no You Tube). É uma belíssima edição de autor, ilustrada, de que foi feita uma tiragem de 300 exemplares. O livro, de 125 pp, teve a execução gráfica de Oficina Digital - Impressão e Artes Gráficas Lda, com sede em Aveiro.
O lançamento do livro é este fim de semana em Ílhavo, na Biblioteca Municipal, às 17h00. O livro é apresentado por Paulo Costa, antigo vereador da cultura da Câmara Municipal de Ílhavo,
Tenho pena de não poder lá estar, no domingo, em Ílhavo. Além do seu imenso talento e da sua vasta cultura, o Zé António é uma pessoa de grande sinceridade, honestidade e encanto. Estar com ele é sempre um prazer. Espero que alguns dos nossos amigos e camaradas da região de Aveiro possam representar a nossa Tabanca Grande na sessão de apresentação de mais este "filho" do nosso Ábio de Lápara...
Do penúltimo livro, lançado em 2015, "A Rua Suspensa dos Olhos", reproduzimos, em três postes, o capítulo 7 ("O mar por tradição"), com a descrição da viagem de seis meses que ele fez aos 17 anos, em 1955, aos bancos de pesca do bacalhau...
Deste último livro, reproduzo, com a devida vénia, o texto "O Verde", que evoca a primeira vez, em 1955, em que o nosso autor se meteu num dóri, num mar de aicebergues... Tal como na guerra, na pesca do bacalhau também havia uma distinção entre os "verdes" (periquitos, maçaricos, checas) e os "maduros" (velhinhos")... O "verde" era um pescador ou marinheiro da frota do bacalhau que embarcava pela primeira vez...
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Notas do editor:
(*) Vd. 30 de outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10596: Memória dos lugares (194): Ilhavo, Costa Nova... a terra do meu amigo e irmão mais velho e, porque não ?, meu camarada, o arquitecto Zé António Paradela, que hoje celebra 3/4 de século de existência, antigo marinheiro da pesca do bacalhau, último representante de um povo que tem o mar no ADN!... (Luís Graça)
(...) O Zé António, como bom ilhavense, é, também ele, filho e neto de gente do mar, tendo passado, aos 16 anos, pela pesca do bacalhau, na Terra Nova... Foi verdadeiramente a sua tropa, a sua guerra da Guiné... Uma experiência, duríssima, de seis meses, que o marcou para sempre... Homem de múltiplos talentos, também ele acabou de escrever um livro - a pensar nos amigos - a que deu o belíssimo título Uma Ilha no Nome: Crónica dos Dias Líquidos, e que eu tive a honra e o prazer de prefaciar. (...)
(**) Último poste da série > 22 de novembro de 2017 > Guiné 61/74 - P18003: Agenda cultural (611): O nosso camarada José Ferreira da Silva, autor dos Volumes I e II de "Memórias Boas da Minha Guerra", vai apresentar os seus livros na sua terra natal, Fiães, concelho de Santa Maria da Feira, no próximo dia 2 de Dezembro
2 comentários:
Zé António:
Espero que tenhas tido uma tarde de partilha de poesia, de memórias e de afetos... Não podendo estar contigo, na tua terra, amanhã, a essa hora, como eu te disse, só espero que a "nossa" Tabanca Grande tenha estado representada por algum ou alguns dos nossos camaradas e amigos aí da região...
Renovo os parabéns que te dei pela primorosa edição deste teu livro.
Daqui da Lourinhã, mas já de regresso a Lisboa, com um xicoração, do Luís.
Jorge Picado
26 nov 2017 21:30
Amigo Luís
Era evidente que só por qualquer compromisso familiar de última hora, eu faltaria a esta apresentação, do amigo e conterrâneo Zé Paradela, na veste de Ábio de Lápara.
Creio que o Zé António gostou da tarde que partilhou com um numeroso grupo de amigos (claro que o Valdemar Aveiro não faltou) que compareceram e assim o homenagearam. É caso para dizer "A festa foi bonita...pá!".
Como não sou fotógrafo não posso enviar-te qualquer foto, mas recomendei-lhe que te mostrasse as reportagens fotográficas e video para apreciares.
Grande abraço para ti que torno extensivo para a Alice e teus filhos, do
JPicado
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