1. Excerto de um poste publicado pelo Mário Gualter Pinto (1945-2019) no seu blogue "CART 2519, Os Morcegos de Mampatá"...
É uma pequena homenagem da Tabanca Grande ao nosso camarada que deixou ontem a Terra da Alegria (*)
10 de julho de 2009 > Os Coirões
por Mário Pinto
(...) Saudo o nosso cap Jacinto Manuel Barrelas, coirão-mor da nossa Cart 2519, padrinho do nosso cognome "Os Coirões de Mampatá", que todos os anos no nosso convívio anual o despromovemos à classe de Capitão, sob a sua cumplicidade, uma vez que o mesmo é coronel na reserva.
O termo "coirão" ficou célebre no nosso convívio pelo mesmo que, cada vez que se dirigia a um suburdinado, utilizava o termo, por isso ainda hoje utilizamos simbolicamente.
Os coirões formaram a CART 2519, os "Morcegos de Mampatá", que nos anos 1969/1971 estiveram na Guiné, em Buba, Aldeia Formosa e Mampatá:
Estruturámos um corpo de milícias e um pelotão de nativos.
Enfim cumprimos a nossa parte, por isso nos tornámos célebres e respeitados, só lamento que alguns que nos deviam respeito, o não façam e que cada vez que os oiço falar na comunicação social só dizem disparates.
Mário Pinto (**)
[Revisão / fixação de texto: LG]
2. O poeta da CART 2519, Edmundo Santos, ex-fur mil, escreveu os seguintes versinhos a propósito dos "coirões de Mampatá":
OS MORCEGOS
por Edmundo Santos
Aqui não temos parança,
andamos sempre a alinhar,
uns a fazer segurança
e outros a patrulhar.
Só nos resta a esperança
de um dia poder voltar.
Ai!, uma vida pior
do que esta não há,
chamamo-nos os Morcegos,
mas ai, vejam lá,
a malta só nos conhece
pelos Coirões de Mampatá.
Todos os dias há saídas,
com o perigo sempre a rondar,
são poucas as alegrias
e muito para contar,
não há lugar p'ra sossego,
é a vida de um Morcego.
Fonte: CART 2518, Os Morcegos de Mampatá > 29/9/2011
10 de julho de 2009 > Os Coirões
por Mário Pinto
(...) Saudo o nosso cap Jacinto Manuel Barrelas, coirão-mor da nossa Cart 2519, padrinho do nosso cognome "Os Coirões de Mampatá", que todos os anos no nosso convívio anual o despromovemos à classe de Capitão, sob a sua cumplicidade, uma vez que o mesmo é coronel na reserva.
O termo "coirão" ficou célebre no nosso convívio pelo mesmo que, cada vez que se dirigia a um suburdinado, utilizava o termo, por isso ainda hoje utilizamos simbolicamente.
Os coirões formaram a CART 2519, os "Morcegos de Mampatá", que nos anos 1969/1971 estiveram na Guiné, em Buba, Aldeia Formosa e Mampatá:
- Nas picadas de Sare de Usso;
- No corredor de Uane;
- Na estrada da morte Buba-Aldeia Formosa;
- Nas operaçoes que fizemos, nomeadamente "Novo Rumo" e "Diamante Azul";
- Nos ataques que sofremos;
- Nos roncos que fizemos;
- Nos mortos e feridos que tivemos;
- Nas colunas que fizemos;
- Na obra social que realizámos: duma tabanca sem nada, construimos uma escola, uma enfermaria,um heliporto, uma cantina, uma cozinha,um depósito de géneros, um balneário e outras infra-estruturas do campo militar defensivo.
Estruturámos um corpo de milícias e um pelotão de nativos.
Enfim cumprimos a nossa parte, por isso nos tornámos célebres e respeitados, só lamento que alguns que nos deviam respeito, o não façam e que cada vez que os oiço falar na comunicação social só dizem disparates.
Mário Pinto (**)
[Revisão / fixação de texto: LG]
2. O poeta da CART 2519, Edmundo Santos, ex-fur mil, escreveu os seguintes versinhos a propósito dos "coirões de Mampatá":
OS MORCEGOS
por Edmundo Santos
Aqui não temos parança,
andamos sempre a alinhar,
uns a fazer segurança
e outros a patrulhar.
Só nos resta a esperança
de um dia poder voltar.
Ai!, uma vida pior
do que esta não há,
chamamo-nos os Morcegos,
mas ai, vejam lá,
a malta só nos conhece
pelos Coirões de Mampatá.
Todos os dias há saídas,
com o perigo sempre a rondar,
são poucas as alegrias
e muito para contar,
não há lugar p'ra sossego,
é a vida de um Morcego.
Fonte: CART 2518, Os Morcegos de Mampatá > 29/9/2011
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Notas do editor:
(*) Último poste da série > Último poste da série > 4 de junho de 2019 > Guiné 61/74 - P19855: (In)citações (133): Entre maio e dezembro de 1972, na altura em que estive com os "Gringos de Guileje", a situação era relativamente calma, a CCAÇ 3477 era temida e respeitada pelo PAIGC...As coisas alteram-se sobretudo em maio de 1973, ao tempo da CCAV 8350, "Os Piratas de Guileje" (Luís Paiva, ex-fur mil art, 15º Pel Art, Guileje e Gadamael, 1972/74)
(**) Vd, poste de 11 de junho de 2019 > Guiné 61/74 - P19882: In Memoriam (343): Mário Gualter Rodrigues Pinto (1945-2019), ex-fur mil art, CART 2519 (Buba, Mampatá e Aldeia Formosa, 1969/71)... Era chefe de cozinha, e vivia no Barreiro... O corpo já seguiu para a capela mortuária da igreja do Lavradio, Barreiro, e o seu funeral realiza-se esta tarde pelas 16h15 (Herlânder Simões / Luís Graça)
5 comentários:
Esta bela fotografia 'Tabanca de Mampatá' é o um registo/símbolo de por onde passou a nossa rapaziada na guerra da Guiné, também foram nos inesquecíveis abrigos, valas e nos 'bidonvilles' da Ponte Caium, mas destes há feias fotografias.
O 'coirão' Mário Pinto deixou-nos… e nunca mais comeremos das suas ameijoas à Bulhão Pato
Lá vai mais um que merecia ficar por cá mais uns anos, afinal, agora, até aumentou o tempo de esperança de vida.
Julgo ter sido do tempo do Mário Pinto prós lados da D. Estefânia, em Lisboa, e, também, seu contemporâneo na EPC e EPA.
Sentidos pêsames à família.
Valdemar Queiroz
coirão | s. m.
coi·rão
(coiro + -ão)
substantivo masculino
1. [Calão] Mulher que exerce a prostituição. = MERETRIZ, PROSTITUTA, RAMEIRA
2. [Calão] Mulher considerada muito feia. = ESTAFERMO
3. [Portugal, Calão] Mulher considerada desavergonhada ou demasiado liberal, que geralmente se veste de forma provocadora.
4. [Viticultura] Variedade de uva.
"coirão", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://dicionario.priberam.org/coir%C3%A3o [consultado em 11-06-2019].
Esta aceção, do Dicionário Priberam, é limitada... Usamos o palavrão também em relação aos homens, no sentido pejorativo... no sentido de gajo reles, ordinário... ou de gaho com bom cabedal, corpanzil...
- "Brande coirão";
Mas também é sonínimo de "corpo",. "corpanzil": foder, arriscar, poupar o coirão...
Mais um amigo que parte. a nossa ligação afetiva a Mampatá uniu-nos. Gostava muito de o ler. Sabia que estava doente, mas não sabia que era assim tão grave.
Sentidos pêsames à sua família.
Zé Teixeira
Sabia por primo meu, FurMIL camarada do Pintinho naquelas terras de Mampatá que estava mesmo muito mal.
Mais um que nos deixa e é com muito pesar que endereço os meus sentidos pêsames a toda a sua família.
Até qualquer dia, camarada.
Jorge Picado
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