sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

Guiné 61/74 - P20473: (In)citações (141): Morreu a G3, viva a G3 (, substituída agora pela SCAR) (fotos de Jacinto Cristina, e versos de Albino Silva)








Fotos do álbum  de Jacinto Cristina (Sold At Inf, CCAÇ 3546, 1972/74), membro da nossa Tabanca Grande, vive em Figueira de Cavaleiros, Ferreira do Alentejo,  Foi um sem-abrigo, viveu um ano e tal em cima de um tabuleiro da Ponte de Caium, com a G3 a seu lado... Tal como muitos  de nós, de resto, no TO da Guiné (*).














Versos (, sob a forma de quadras populares,) do Albino Silva, o "Bino", poeta   (ex-soldado maqueiro da CCS/BCAÇ 2845, Teixeira Pinto, 1968/70) (**)


1. Comentário do editor LG:  Morreu a G3, viva a G3...

A propósito do oportuno e sobretudo belíssimo, ternurento,  texto do Juvenal Amado, a fazer uma declaração de despedida à sua (mal) amada G3 (***), fomos respescar fotos e um texto poético relacionados com aquilo a que podemos chamar  a "erotização" da G3, "inseparável companheira" do combatente do exército português durante a guerra do ultramar / guerra colonial.

As fotos que acima (re)publicamos, de verdadeira declaração de amor à G3 e demais acessórios de qualquer atirador de infantaria (cinturão com 4 cartucheiras, com 20 munições cada, de calibre 7,62; baioneta; cantil; faca de mato; granada ofensiva e defensiva...), não são únicas, haverá centenas ou milhares de cópias em álbuns de camaradas nossos que passaram pelo TO da Guiné... Felizmente estas consegui-as "sacar" do álbum do camarada Jacinto Cristina, o famoso padeiro da Ponte Caium.

De facto, devem-se ter vendido milhares de fotos destas. Nunca tive álbum fotográfico, nem mandei, para a metrópole, nenhuma foto destas... Nem sei se a malta mandava fotos destas, pelo correio, às namoradas, madrinhas de guerra, irmãs, mães, amigas...não fossem elas ficar com ciúmes desta "bajuda".

Aqui a G3 aparece como um verdadeiro fetiche, um obecto que provoca excitação sexual, um talismã, um escudo protector, uma companheira inseparável... A mensagem é simples mas de um tremenda eficácia simbólica: "andámos juntos, fomos unha com carne na Guiné, amei-te muito, devo-te a vida, jamais te esquecerei!...

Em termos físicos, simbólicos, psicológicos e até culturais, a G3 era, antes de mais uma figura feminina, uma arma de defesa; foi uma "amante", mas também uma "mãe": não sei se a interpretação... algo freudiana, é abusiva; para outros combatentes, poderia ser vista também sob uma perspectiva mais falocrática: uma extensão do nosso corpo, a nossa "canhota", o nosso "pénis mortífero."

De qualquer modo, G3 morreu, já aí vem a SCAR, uma "gaja" belga, da FN - Fabrique Nationale, considerada a melhor arma automática de assalto do mundo... SCAR é o acrónimo, em inglês, da expressão "Special Operations Forces Combat Assault Rifle"...  Ao lado desta "flausina", a G3 parece uma "mastronço", dizem os entendidos... Ainda não a vi ao vivo, a FN_SCAR-L, a não ser aqui na Net... ou no "site" do fabricante... (LG)
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 19 de dezembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20470: Blogpoesia (651): A G3 e a ingratidão (Juvenal Amado, ex-1.º Cabo CAR do BCAÇ 3872)

1 comentário:

José Botelho Colaço disse...

Gostava de saber notícias do Jacinto Cristina. à cerca de um ano numa das visitas a Castro Verde, fiz um pequeno desvio e passei por Figueira de Cavaleiros, perguntei pelo Jacinto Cristina e as notícias não foram nada animadoras, que ele não estava muito bem, devido à morte da mulher, deu-lhe volta ao sistema, já não tem a pádaria, foi o que me disseram. Um abraço.