Guiné > Bissau > Santa Luzia > QG / CTIG > Foto da Piscina da messe de Oficiais, com o ecrã de cinema ao fundo. Foi aí que aconteceu o episódio muito bem descrito no Blog pelo camarada Abílio Magro com o titulo – "Bomba" no Clube de Oficiais do CTIG”.
GUINÉ: (D)O OUTRO LADO DO COMBATE
- AS SABOTAGENS DO PAIGC EM BISSAU NO INÍCIO DE 1974 -
► ADENDA AO P22202 (15.05.21) (*)
1. - INTRODUÇÃO
A elaboração da presente adenda ao poste P22202 (15.05.21) pretende ser um contributo para clarificar algumas das dúvidas que teimosamente persistem na historiografia dos "factos" ocorridos durante a "guerra" no CTIG. Estão neste caso os episódios relacionados com os "atentados" ou as "sabotagens" verificados (as) em 21 de Janeiro e em 22 de Fevereiro de 1974, em Bissau, e que "continuam a suscitar grande confusão", segundo a narrativa do camarada Abílio Magro, autor do poste sobredito.
Com efeito, de acordo com a "curta" investigação efectuada ao espólio disponível na CasaComum, Fundação Mário Soares, em particular nos arquivos de Mário Pinto de Andrade, recuperámos ("do outro lado") informação relevante em dois comunicados elaborados pelos «Serviços de Informação e Propaganda do PAIGC», escritos na língua francesa, e que abaixo reproduzimos, acompanhados da respectiva tradução da nossa responsabilidade.
◙ O "CASO" OCORRIDO EM 21 DE JANEIRO DE 1974 (2.ª FEIRA)
A descrição deste episódio foi publicada em Comunicado do PAIGC, datado de 09 de Fevereiro de 1974, dezoito dias após a sua ocorrência, com a seguinte justificação:
"No coração da capital, os nossos militantes da cidade de Bissau assinalaram o primeiro aniversário do cobarde assassinato do camarada Amílcar Cabral [1924-1973], fundador, Secretário-Geral e activista n.º 1 do nosso Partido, por acções directas contra a presença de tropas de agressão portuguesas no nosso país.
Assim, no dia 21 de Janeiro [de 1974, 2.ª feira], pelas 20h45, junto ao Clube dos Sargentos do Exército colonialista, na rua Sá Carneiro [actual rua Eduardo Mondlane], dois autocarros Mercedes da Força Aérea Portuguesa foram totalmente destruídos pela explosão de engenhos colocados pelos militantes do nosso Partido. Na mesma noite, um carro da Polícia Política Portuguesa (PIDE/DGS) foi também destruído pela explosão de outro engenho, em frente à residência de um dos seus agentes, na avenida Gago Coutinho. Este carro tinha o número de matrícula - BI 7598 - e os dois autocarros os números AM-19-03 e AM-19-30."
Citação: (1974), "Communiqué (PAIGC)", Fundação Mário Soares / Arquivo Mário Pinto de Andrade, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_83995, com a devida vénia.
◙ O "CASO" OCORRIDO EM 22 DE FEVEREIRO DE 1974 (6.ª FEIRA)
A descrição deste episódio foi publicada em Comunicado do PAIGC, datado de 27 de Fevereiro de 1974, cinco dias após a sua ocorrência, com a seguinte justificação:
"Os militantes do nosso Partido, cumprindo estritamente a "palavra de ordem" da Direcção Superior do PAIGC de intensificar a nossa acção directa nos centros urbanos e em particular na cidade de Bissau, contra as tropas de agressão portuguesas, voltaram a atacar o inimigo com força:
No dia 22 de Fevereiro [de 1974, 6.ª feira], por volta das 19 horas, explosivos instalados pelos nossos combatentes explodiram dentro do edifício principal do Quartel-General da tropa de agressão portuguesa, em Bissau. As instalações e arquivos deste edifício, que albergava o Estado-Maior, o comando operacional e uma secção de justiça militar, sofreram enormes prejuízos.
As acções dos nossos combatentes nos centros urbanos são realizadas principalmente contra a infraestrutura militar do inimigo e contra os criminosos de guerra. Temos uma preocupação óbvia em salvar vidas humanas e direccionar sempre a nossa luta de libertação contra o principal inimigo: os colonialistas portugueses e as suas tropas de ocupação.
Esta acção de sabotagem contra o centro vital da agressão portuguesa na Guiné, a poucas centenas de metros do Palácio do Governador e Comandante-em-Chefe das forças colonialistas, aumenta a desmoralização que há muito se apodera dos soldados portugueses nas camadas dominantes do regime colonial na sua desastrosa aventura no nosso país."
Citação: (1974), "Communiqué (PAIGC)", Fundação Mário Soares / Arquivo Mário Pinto de Andrade, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_83995, com a devida vénia.
● QUESTÃO DE PARTIDA:
– CONFLITO DE DATAS APRESENTADAS PELO ABÍLIO MAGRO:
► Fontes consultadas:
Ø (1) Instituição: Fundação Mário Soares. Pasta: 04315.002.026. Título: Communiqué (PAIGC). Assunto: Comunicado do PAIGC. Comemoração pelos militantes do PAIGC no coração de Bissau do 1.º Aniversário do assassinato de Amílcar Cabral, fundador, Secretário-Geral e militante n.º 1 do PAIGC, com acções directas contra a presença de tropas portuguesas, nomeadamente destruição de dois autocarros Mercedes da Força Aérea e um carro da Pide/DGS. Acções noutras zonas da Guiné. Data: Sábado, 9 de Fevereiro de 1974. Fundo: Arquivo Mário Pinto de Andrade. Tipo Documental:
Documentos.
Ø (2) Instituição: Fundação Mário Soares. Pasta: 04315.002.028. Título: Communiqué (PAIGC). Assunto: Comunicado do PAIGC. Palavra de Ordem da Direcção Superior do PAIGC de intensificação da acção directa nos centros urbanos, nomeadamente na cidade de Bissau, contra as tropas portuguesas de agressão, continua a ser posta em prática. Alvo: infraestruturas militares do inimigo e criminosos de guerra. Ataque, 22 FEV1974, ao quartel-general em Bissau. Data: Quarta, 27 de Fevereiro de 1974. Fundo: Arquivo Mário Pinto de Andrade. Tipo Documental: Documentos.
Com um forte abraço de amizade e votos de boa saúde.
Jorge Araújo.
16Mai2021
Nota do editor:
11 comentários:
Quartel General em Stª. Luzia, Bissau...
Também andei por aqui, perto de uma semana, quando fui evacuado, para o Hospital,, com uma infeção.
Tinha que ir ao Hospital e depois aos adidos, para apresentação e possível serviços, mas como apresentava a baixa, regressava ao meu quarto, por gentileza de um amigo, que lá estava, e me dava guarida. E depois ia ao banho, e vinha jantar, á baixa de Bissau.
Felizmente, tive muita sorte, pois apesar de estar numa Companhia de Intervenção a C.ART.11,aonde fosse parar, tinha sempre amigos e conhecidos, que me deram guarida, de Bambadinca, a Pirada ou Canquelifá, ou Bafatá e Bissau, quer no Serviço de Material, quer no QG, tinha sempre uma cama, com lençóis lavados e mosquiteiro. Nisso fui um privilegiado.
A todos que ,ainda por cá me acompanham, o meu agradecimento, e nunca esquecerei.
C. Martins, salvo melhor opinião, e respeitando a tua, eu não daria tanta importância assim às acções das Brigadas Revolucionárias… (Enfim, acaba de morrer, vítima de Covid-19, um dos seus cofundadores e líder, o Carlos Antunes).
Leia-se, em todo o caso, com atenção eeste excerto da tese de doutoramento em História, já aqui citada po mim, a propósito do assalto aos serviços cartográficos do exército, em dezembro de 1972, pp. 289/290:
Fonte: Ana Sofia de Matos Ferreira - Luta Armada em Portugal (1970-1974): Tese de Doutoramento em História, Especialidade em História Contemporânea. Lisboa: Universidade NOVA d4e Lisboa, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Maio de 2015, 331 pp. (Tese apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor em História, realizada sob a orientação do Professor Doutor Fernando Rosa, com o apoio financeiro da FCT - Fundação para a Ciência e Tecnologia.)
Disponível aqui em formato pdf:
https://run.unl.pt/bitstream/10362/16326/1/Tese%20Doutoramento%20Luta%20Armada%20em%20Portugal.pdf
"(…) 4.2.7. Assalto aos serviços cartográficos do exército
Em Dezembro de 1972, as Brigadas Revolucionárias realizam um assalto aos Serviços
Cartográficos do Exército e apoderaram-se de cartas militares de Angola, Guiné, Cabo Verde e Moçambique que seriam, posteriormente, entregues aos movimentos de libertação das colónias.
Eram mapas secretos, que registavam o posicionamento das tropas portuguesas no terreno e planos de ataque aos movimentos de libertação.
Os planos desta acção foram sofrendo várias alterações, pois parecia difícíl entrar nos
Serviços Cartográficos. Por fim, prevaleceu a ideia de fazer o assalto através do Laboratório de Engenharia Civil, por haver ligações entre as duas instituições e porque um dos elementos das BR, Maria Elisa da Costa, trabalhava aí. Maria Elisa confirmou a existência de mapas, mas não sabia como chegar a eles, nem tão pouco de que tipo de mapas se tratava. Porém, conhecia um funcionário dos Serviços Cartográficos que, na altura prestava serviço militar no Laboratório.
Reuniram com ele diversas vezes ao longo de várias semanas e compreenderam que a melhor forma de entrar nos Serviços Cartográficos seria de noite, de modo a retirar os mapas de madrugada. José Paulo Viana ficou encarregado de executar a acção, entrou disfarçado no edifício, escondeu-se, e às duas da manhã abriu a porta aos restantes elementos das Brigadas, que retiraram os mapas. Mais tarde, José Paulo Viana levou-os para Paris, de onde seguiram para Argel e foram aí entregues aos representantes do MPLA, PAIGC e FRELIMO na capital argelina (…) . Agostinho Neto, presidente do MPLA, chegou a enviar uma carta de agradecimento às Brigadas Revolucionárias pelo resgate das cartas militares de Angola (..)
No total foram retirados cerca de 200 mapas que, de acordo com os movimentos de
libertação, constituíram um instrumento importante para a intensificação da luta, pois permitiram planear de modo mais eficaz a movimentação das tropas africanas no terreno.
A acção expressava a solidariedade e entreajuda entre os movimentos de libertação e as BR, traço fundamental da sua orientação, no sentido de articular a luta nas colónias com a luta nointerior, já que defendiam que o fim da guerra colonial dependia do fim do regime.
A partir desta acção verificaram-se excepcionais medidas de segurança em todas as
instalações militares796, não impedindo, porém, que as BR viessem a realizar novas acções dentro da nstituição militar, como se verificou em 1973. (,,,)"
Ainda voltando à carga...
Meu querido amigo e camarada C. Martins, pergunto:
(i)em 200 cartas ou mapas que teriam sido roubadas dos serviços cartográficos do exército pelas Brigadas Revolucionárias, em dezembro de 1972 (e posteriormente entergues ao OAIGC, MPKA e FRELIMO), quantas seraim as respeitantes à Guiné ? (Só as da Guiné eram mais de 70, no total)...
(ii) a nossa doutora (e seguraente o seu orientador) não sabia do que estava a falar quando escreveu esta enormidade: "Eram mapas secretos, que registavam o posicionamento das tropas portuguesas no terreno e planos de ataque aos movimentos de libertação." (!!!)
(iii) recorde-se que as cartas ou mapas da Guiné estão publicadas no nosso blogue, desde 2005, por cortesia do nosso camarada Humberto Reis: "Quando voltou à Guiné-Bissau, em 1996, em viagem de negócios (mas também em romagem de saudade), o Eng. Humberto Reis (ex-furriel miliciano da CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71) já tinha adquirido as 72 cartas da antiga província portuguesa, à escala de 1/50.000. "Em Dezembro de 94 já me custaram 450$00 cada uma". O mapa geral custou 600$00."
(iv) by tthe way, o Humberto gastou, em 2005, 33 contos pela aquisição das 73 cartas (, com a devida autorização da embaixada da República da Guiné-Bisau!), o que, a preços de hoje, equivaleria a cerca de... 200 euros (!);
(v) deixámos logo expressa, em 2005, a nossa homenagem aos nossos cartógrafos militares:
(...) "Fica também aqui a nossa homenagem aos valorosos cartógrafos militares portugueses. Esta (a de Bambadinca) e outras cartas da Guiné resultam do levantamento efectuado em 1955 pela missão geo-hidrográfica da Guiné – Comandante e oficiais do N.H. Mandovi. A fotografia aérea é da aviação naval (Março de 1953). Restituição dos Serviços Cartográficos do Exército. Fotolitografia e impressão: Arnaldo F. Silva. A edição é do da Junta das Missões Geográficas e de Investigações do Ultramar, do antigo Ministério do Ultramar, s/d. Digitalização efectuada na Rank Xerox (2005)."
(vi) se fosse no princípio da luta armada, talvez as cartas ou mapas fossem uma boa akuda e tivessem alguma mais valia para o PAIGC... Mas em 1973...(, não sabemos quando chegaram às mais dos operacionais dos 3 movimentos nacionalistas);
(vii) tirando um ou outro artilheiro, cabo-verdiano ou cubano, quem eram os)comandantes da guerrilha que sabiam utlizar as nossas cartas ?... Tenho muitas dúvidas..
Quanto a "comunicados do IN": não deixando de elogiar os trabalhos de pesquisa do co-editor Araújo, certo é que os "Communiqué (PAIGC)" valiam/valem o que valiam/valem...
Quanto ao mais, a título de eventuais contributos para o tópico dos p11164/22191/22202/22208 e subsequentes comentários, partilho algumas infos.
05Mar1973:
– «As medidas que tomei relativamente a Bissau foram a título preventivo face à carência de direcção do PAIGC, motivada pela morte do A.C., o que abriu campo à entrada do terrorismo urbano a que ele se opunha. Amplia ainda tal probabilidade o facto de Sekou Touré ter aproveitado o momento para praticamente comandar [indirectamente] o PAIGC. Aqui tem uma breve síntese da situação presente.» (CCFAG, cartão pessoal ao seu anterior chefe-de-gabinete cap grd João Diogo Nunes Barata).
22Fev1974:
Enquanto em Lisboa circulam notícias sobre o livro "Portugal e o Futuro", em Bissau um alferes miliciano (militante clandestino das BR/FPLN e recém-regressado de férias em Lisboa), faz detonar no QG uma bomba plástica que causa destruição parcial de instalações, ferindo ligeiramente o cmdt do COMBIS e 2º cmdt do CTIG brigadeiro Octávio de Carvalho Galvão de Figueiredo.
– «1974, 22 de Fevereiro - Sabotagem do quartel-general da Guiné, em Bissau.» (cfr Carlos Antunes e Isabel do Carmo, in 'A Guerra de África');
– «A posição de Aristides Pereira era continuar os contactos com Moscovo e com o PCP. Decidimos chamar [semanas antes a Lisboa] um camarada, oficial miliciano dentro do quartel-general de Bissau. Ensinámo-lo a fazer uma bomba e ele partiu [de regresso a Bissau] com vários queijos da serra que não eram mais do que a casca do queijo da serra, que levava dentro plástico [detonante] de densidade semelhante. Levou os detonadores noutro sítio, em maços de cigarros, e levou pilhas. Foi assim que ele fez saltar o quartel-general de Bissau, sem matar ninguém porque ele estava lá dentro. Houve dois generais [i.e, um brigadeiro e um coronel] feridos. O PAIGC fez um comunicado onde disse que tinha destruído o quartel-general das tropas portuguesas em Bissau. Horas depois nós dissémos em Lisboa [i.e, em Argel através da "Rádio Voz da Liberdade"] que tínhamos sido nós [BR/FPLN] a destruir o quartel. Eram contradições do movimento anticolonial. Esta acção teve uma enorme repercussão no interior do Movimento das Forças Armadas (MFA).» (cfr Carlos Antunes, em Dez1994 a Freire Antunes);
– «Este último ataque teve uma surpreendente originalidade: a de "terem sido elementos das Brigadas Revolucionárias, incorporados no Exército português, a efectuar essa acção classificada de alta traição. As brigadas, lideradas por Carlos Antunes, praticaram uma série de ataques, pela retaguarda, às Forças Armadas portuguesas"; (Rui de Azevedo Teixeira, que cita Adelino Gomes in 'Histórias do Bloqueio', Público 12Abr1995). Cita-o ainda para acrescentar que "é com as Brigadas Revolucionárias que o PAIGC adquire, objectivamente e sem esforço, uma dimensão urbana"...» (cfr António de Almeida Santos, in 'Quase Memórias - vol.II', Círculo de Leitores Set2006).
1/3 (continua)
2/3 (continuado)
26Fev1974 (3ªfeira de Carnaval):
– «Perpetrou-se um atentado com a explosão de uma granada num café de Bissau, a 26 de Fevereiro de 1974, que causou 1 morto e mais de 60 feridos, entre os quais muitos brancos.»; (cfr Luís Queba Sambú, in 'Ordem para Matar', ed. Referendo 1989)
– «Um instrumentista do Conjunto Cobiana Jazz, de nome Januário, chega a avisar camaradas e amigos "que o PAIGC está a trabalhar ingloriamente em Bissau, porque a DGS tem conhecimento de tudo quanto se passa". [...] Grupo musical liderado por José Carlos Schwarz e ligado ao PAIGC que actuava em Bissau. Luís Cabral diz que Schwarz "foi o autor das primeiras sabotagens feitas com explosivos no centro de Bissau". [...] 'O Coxo' [Rafael Barbosa] volta a ser preso pela PIDE [DGS]. O pretexto é o rebentamento de algumas bombas em Bissau: "Voltei à 2ª Esquadra e a ser torturado, nomeadamente pelo inspector Ferreira da Silva".» (cfr José Pedro Castanheira, in 'Quem mandou matar Amílcar Cabral?'; ed. Relógio d'Água 18Abr1995)
01Mar1974:
Ler (ou reler) notícia 'O atentado à bomba num café de Bissau', na edição nº 18384 do vespertino 'Diário de Lisboa'; naquele texto, ficaram ausentes os nomes dos praças 'comando' Amândio da Silva Carvalho, António Vilaça Gonçalves e José da Silva Ferreira (todos da 38ªCCmds)
Adenda: não há conhecimento/registo de algum "furriel miliciano Romão" que tenha servido no CTIG e falecido em consequência de qualquer ocorrência havida naquele teatro-de-operações; de facto, o único militar que veio a falecer, em 10Mai1974, no HM241, em consequência do atentado bombista perpetrado no Café Ronda, foi o 1Cb CMD Amândio da Silva Carvalho da 38ªCCmds; (proponho leitura do testemunho que se segue).
2/3 (continua)
3/3
Testemunho de Amílcar Felício Pereira Mendes (1Cb cmd da 38ªCCMds)
facebook.com/mikasmendez/posts/5340167209357504
Caro Luís Graça
Espero que estejas melhor e a recuperar da quimio.
Quanto aos comunicados do PAIGC, valem o que valem, que é zero, aliás com o exagero e aproveitamento de sempre.
Quem colocou os engenhos explosivos foram as BR.
Cada um pense o que quiser.
No mato gozamos com a situação caricata na piscina do QG.
Quanto a doutoramentos sobre a guerra colonial, de alguns só dá vontade de rir da ignorância tanto dos doutorandos como dos avaliadores.
Sobre as cartas militares se soubessem utilizá-las, nomeadamente para fazerem fogo com a artilharia seria muito complicado para as NT.
Senti isso em Março de 74 quando fomos flagelados com granadas incendiárias caindo todas na orla da mata em frente aos obuses. Mais tarde soube que os cálculos de tiro foram feitos por oficiais cubanos, e mesmo estes, felizmente para nós, não eram muito eficazes, provavelmente porque tinham que mudar constantemente a base de fogos.
AB
C.Martins
PS.
Caro Luís
Quando escrevi quimio queria dizer radioterapia.
C.Martins
Jorge Araújo, com a tua pesquisa ainda mais se adensa o mistério dos autores da sabotagem urbana. É pena não haver um "estudo/classificação" sobre a veridicidade dos documentos.
Aquela de levar explosivos dentro de queijos da serra e detonadores em maços de cigarros é obra. Vá que ninguém pediu 'dá aí um bocado de queijo e um cigarro', se bem que da parte do amanteigado e do tabaco já tinha marchado, mas haveria sempre essa possibilidade.
Também deveria ser interessante cá por Lisboa, ao terem conhecimento do Communiqué e da transmissão da rádio Argel, o que dizer no habitual 'a rádio Moscovo não fala verdade'.
E ao Luís, sem vir a propósito, desejo as tuas melhoras e boa recuperação por aí na Tabanca de Candoz.
Abraços
Valdemar Queiroz
Martins e Queiroz, obrigado pelo vosso cuidado. Aqui, em plena natureza, vou recuperar melhor. Ab Luis
Olá Camaradas
Os "mapas" (cartas 1/50.000) eram classificados de "reservado". Obviamente que o trabalho de localização dos quartéis era um trabalho a fazer pelos guerrilheiros, o que não seria difícil. As nossas posições eram mais "conhecidas do que o peixe frito" e ninguém assinalaria a posição dos quartéis nos mapas em depósito no SCE. Devo esclarecer que as cartas do SCE - em 1/25.000 ou em 1/50.000 - eram muito perfeitas.
As cartas 1/25.000 (em uso na Metrópole) eram muito parecidas com pranchetas de tiro e durante muitos anos eram a única carta de fomento que existia no nosso país.
Sempre me surpreendeu que o PAIGC não se tivesse envolvido mais cedo em acções de terrorismo urbano. Tinha todas as condições para isso. Ter-se-á limitado a colectar informação junto da estrutura militar ou civil (entre os habitantes da cidade). Lembro o ataque a todos os quartéis da área de Bissau no noite de 09/10JUN71, assim como as flagelações à BA 12, que só pode ter sido levado a efeito com uma estrutura deste tipo.
A BA 12 considerava como ponto muito sensível a enfermaria que ficava junto da casa da guarda e a cerca de 5 metros da estrada. O pessoal da BAA 3434 tinha ali um posto de sentinela guarnecido por 3 homens e uma metralhadora quádrupla.
Dá-me a impressão de que os guerrilheiros tinham um certo receio que lhes tolhia(?) a eficácia.
Um Ab.
António J. P. Costa
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