Fernando José Machado Gouveia (1945 - 2022).
Era natural de (ou morador em) Crato,
distrito de Portalegre.
Foi militar da FAP,
tendo estado no TO da Guiné.
Imagem: Cortesia da sua sobrinha SS
1. Mensagem de uma nossa leitora, sábado, 10/12, 01:38, sobrinha de um camarada nosso da FAP:
Nas minhas andanças na Net encontrei este vosso blog (andava à procura de um determinado livro RTP, um da colecção dos que chamavam "livros brancos", segundo entendi da leitura do post no vosso blog para onde fui direccionada).
Filha de militar (dessa guerra), já falecido, sou muito sensível a esta temática do ponto de vista humano, tendo um respeito enorme para com todos os que passaram por essa experiência de vida.
O que me leva a escrever-vos é notícia triste e uma pergunta.
Meu tio, Fernando José Machado Gouveia, faleceu no passado dia 9 de Novembro de 2022 (n. 19 Outubro 1945). Era tio querido e muito sofreu nos seus últimos anos devido a um estado de saúde débil (muitos problemas por sequelas de enfermidade tropical aquando da sua passagem pela Guiné), agravado por faculdades cognitivas em sucessiva perda.
Praticamente nada sei da sua vida militar, mas julgo saber que foi furriel (se não estou equivocada no posto) da força aérea, e que esteve na Guiné, embora não saiba onde nem em que anos ou funções e muito menos o seu nº mecanográfico.
Supondo ser informação escassa, daqui surge a minha pergunta:
Quem se lembra dele, quem pode dar-me um eco, uma imagem, uma descrição, algo da sua juventude e do sacrifício na comissão que foi obrigado a cumprir? (*)
Um grande abraço com desejos de um feliz Natal a todos vós e vossas famílias.
SS
2. Resposta do editor Luís Graça, sábado, 10/12/2022, 10:56 :
Sinto muito, querida, a morte do seu pai e do seu tio, nossos camaradas... Veja se nos consegue dar mais dados sobre o tio Gouveia, que em princípio seria da Força Aérea: piloto ? especialista ? paraquedista ?...
Um grande abraço com desejos de um feliz Natal a todos vós e vossas famílias.
SS
2. Resposta do editor Luís Graça, sábado, 10/12/2022, 10:56 :
Sinto muito, querida, a morte do seu pai e do seu tio, nossos camaradas... Veja se nos consegue dar mais dados sobre o tio Gouveia, que em princípio seria da Força Aérea: piloto ? especialista ? paraquedista ?...
Veja a sua caderneta militar... se a conseguir encontrar. Contacte também este blogue dos
http://especialistasdaba12.blogspot.com/
Endereço de email:especialistasdaba12@gmail.com
Um bom Natal e um melhor Ano Novo,
Luís Graça, editor
Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné
3. Nova mensagem da nossa leitora que se assinada apenas pelas iniciais SS;
3. Nova mensagem da nossa leitora que se assinada apenas pelas iniciais SS;
Data - 12 dez 2022 02:16
Sr. Luis Graça,
Obrigada pelo acolhimento a esta visitante, caída no vosso blog por acaso (pára-quedas seria mais apropriado?).
Quanto a informações mais detalhadas sobre o meu tio, sei que não foi piloto, mas também que não esteve em sítio "bom".
Sr. Luis Graça,
Obrigada pelo acolhimento a esta visitante, caída no vosso blog por acaso (pára-quedas seria mais apropriado?).
Quanto a informações mais detalhadas sobre o meu tio, sei que não foi piloto, mas também que não esteve em sítio "bom".
Sei que esteve na Ota (ou Tancos?) antes da partida para a Guiné, era eu pré-adolescente na altura e ele vinha para nossa casa (de sua irmã, minha Mãe) nas folgas com sua farda azul (blusão tipo dólman de fazenda).
Quanto a mais referências, teria de perguntar à minha tia, sua viúva. No entanto, sendo tão recente o falecimento, não quero estar-lhe a provocar mais perturbação. Ela culpa intensamente a ida de meu tio para a Guiné na juventude pelos tantos problemas de saúde física e mental, que ele teve durante a sua vida adulta, como igualmente nutre revolta pela falta de respeito, de responsabilidade do Estado ao não ter desenvolvido cuidados de acompanhamento psicológico e médico aos ex-combatentes, pelo que falar-lhe só iria infligir mais mágoa. Quando (e se) sentir o momento próprio, poderei perguntar-lhe, agora ainda não.
Esta é também a razão por que não posso recorrer aos canais oficiais de arquivos, porque só ela os poderia demandar e tal não lhe vou pedir.
O querer saber é meu, porque quero compreender o meu tio em todas as suas dimensões, as que puder encontrar e conseguir assimilar. Julgo ser uma forma de o homenagear ao sentir-me mais próxima dele, é necessidade minha no meu luto.
Quanto a mais referências, teria de perguntar à minha tia, sua viúva. No entanto, sendo tão recente o falecimento, não quero estar-lhe a provocar mais perturbação. Ela culpa intensamente a ida de meu tio para a Guiné na juventude pelos tantos problemas de saúde física e mental, que ele teve durante a sua vida adulta, como igualmente nutre revolta pela falta de respeito, de responsabilidade do Estado ao não ter desenvolvido cuidados de acompanhamento psicológico e médico aos ex-combatentes, pelo que falar-lhe só iria infligir mais mágoa. Quando (e se) sentir o momento próprio, poderei perguntar-lhe, agora ainda não.
Esta é também a razão por que não posso recorrer aos canais oficiais de arquivos, porque só ela os poderia demandar e tal não lhe vou pedir.
O querer saber é meu, porque quero compreender o meu tio em todas as suas dimensões, as que puder encontrar e conseguir assimilar. Julgo ser uma forma de o homenagear ao sentir-me mais próxima dele, é necessidade minha no meu luto.
Não sou uma "menina", tenho conhecimento e maturidade, sei que poderei encontrar elementos sensíveis ou perturbadores, mas o confronto com essa realidade dá-me força (e calo) para ser valente nesta vida (com o exemplo desses valentes), porque não quero andar alienada a fingir estar num mundo de fantasia e rosas.
Assim fiz aquando do falecimento do meu Pai (oficial do exército, que também "infernou" em várias comissões sucessivas, em Angola e principalmente repetindo em Moçambique ), falando com alguns dos seus companheiros chegados que eu conhecia, e isso ajudou-me muito a tê-lo mais inteiro no meu coração.
Ja corri o blog que me indicou, quase de fio a pavio, mas nada encontrei. Entretanto, tomei a liberdade de ler alguns posts do vosso blog, na procura de alguma referência ou foto. Ainda não encontrei nada de efectivo, mas pelo menos posso confirmar que, apesar de homónimo, o meu tío não é este sr. Fernando Gouveia [que foi alf mil rec e inf, Cmd Agr 2957, Bafatá, 1968/70, e é arquiteto da CM Porto, reformado; e membro da Tabanca Grande desde 9/4/2009].
Por outro lado, pareceu-me reconhecê-lo (sem certeza) na foto em anexo. O rapazito de óculos no canto superior esquerdo (céus, alguns eram tão novos, umas crianças). Será ele? Algum ex-camarada poderá esclarecer?
Ja corri o blog que me indicou, quase de fio a pavio, mas nada encontrei. Entretanto, tomei a liberdade de ler alguns posts do vosso blog, na procura de alguma referência ou foto. Ainda não encontrei nada de efectivo, mas pelo menos posso confirmar que, apesar de homónimo, o meu tío não é este sr. Fernando Gouveia [que foi alf mil rec e inf, Cmd Agr 2957, Bafatá, 1968/70, e é arquiteto da CM Porto, reformado; e membro da Tabanca Grande desde 9/4/2009].
Por outro lado, pareceu-me reconhecê-lo (sem certeza) na foto em anexo. O rapazito de óculos no canto superior esquerdo (céus, alguns eram tão novos, umas crianças). Será ele? Algum ex-camarada poderá esclarecer?
[ Foto: David Duimarães, 2005].
Desculpe se o aborreço ou se estou a fazê-lo sentir-se meu sofá de psiquiatra (pensará o senhor, suponho), sinceramente, não quero pesar com esta insistência, mas se for possível ter um vislumbre do que se terá passado com meu tio na Guiné, fico muito agradecida.
Meus melhores cumprimentos. SS
4. Comentário do editor LG:Desculpe se o aborreço ou se estou a fazê-lo sentir-se meu sofá de psiquiatra (pensará o senhor, suponho), sinceramente, não quero pesar com esta insistência, mas se for possível ter um vislumbre do que se terá passado com meu tio na Guiné, fico muito agradecida.
Meus melhores cumprimentos. SS
Amiga, não aborrece nada. O nosso blogue também esta missão, de "serviço público", de localizar antigos combatentes, que passaram pelo teatro de operações da Guiné, seja a pedido de familiares seja de amigos e camaradas.
Se o o seu tio era da Força Aérea, e passou pela OTA, e não era piloto, e usava farda azul, é mais provável que tenha sido 1º cabo especialista...Se sim, e passou pela Guiné, deve ter estado na Base Áérea, nº 12, em Bissalanca, talvez por volta de 1965. É uma pista... Se me diz que o seu posto era furriel (miliciano), é mais provável que tenha sido paraquedista e neste caso no Batalhão de Caçadores Paraquedistas nº 12 (BCP 12), cujo regimento (RCP) estava sediado em Tancos... É outra pista.
O seu tio nunca poderia ser o jovem retratado na foto acima: esse, morreu à minha beira, em 26 de novembro de 1970, no subsetor do Xime, no decurso da Op Abencerragem Candente, era furriel miliciano do exército (CART 2715, Xime, 1970/72), chamava-se Joaquim de Araújo Cunha, natural de Barcelos (**).
Tanto quanto consegui apurar, o seu tio (e nosso camarada) Fernando José Machado Gouveia seria natural do (ou morador no) Crato, distrito de Portalegre.
Veja se consegue apurar mais alguns elementos sobre a sua passagem pela FAP e pela Guiné. Um santo Natal. Luís Graça
___________
Notas do editor:
(*) Último poste da série > 15 de abril de 2022 > Guiné 61/74 - P23172: Em busca de... (317): Camaradas de armas de João Carvalheiro, falecido há cerca de 2 anos no Porto e que pertenceu à 3.ª CCAÇ/BCAÇ 4512/72 (Cuntima, 1973/74). Procura a sua sobrinha, Sílvia Zayas Serra
(*) Último poste da série > 15 de abril de 2022 > Guiné 61/74 - P23172: Em busca de... (317): Camaradas de armas de João Carvalheiro, falecido há cerca de 2 anos no Porto e que pertenceu à 3.ª CCAÇ/BCAÇ 4512/72 (Cuntima, 1973/74). Procura a sua sobrinha, Sílvia Zayas Serra
3 comentários:
Boa tarde. Muito obrigada pela atenção e seu cuidado em seguir com esta demanda. Clarifico que meu querido tio era morador em Nisa (nao sei se a naturalidade averbada na sua identificação é Lisboa ou Nisa). Também esclareço que não era para-quedista. Pelo que me diz, é provavel então ter sido cabo especialista (não furriel miliciano), não sei. Na foto referia me ao rapaz dos óculos, não o malogrado Cunha (que Deus o tenha em bom descanso). Sei que, em determinada altura da comissão, veio evacuado para Lisboa doente, mas depois foi obrigado a ir de volta, com grande tristeza. Era alegre, adorava música da época (francesa, italiana, a moderna "yé-yé" como se chamava então. Não me esqueço do seu gravador/rádio de bobines de fita, dos bailarico com seus amigos, foi ele que me ensinou a dançar e a apreciar música (deu-me os seus singles 45 rotações de Rita Pavone, Françoise Hardy, Gianni Morandi, Adamo, entre outros, os que eu gostava mais e que ainda os guardo). Tinha paciência infinita com os 6 sobrinhos metediços e era muito brincalhão conosco. O jogo do "bom dia filipina" para quem encontrasse os gomos pequeninos nas laranjas era um desafio que nos ganhava sempre (ou às vezes perdia de propósito). Bom mas isto não interessa nada aqui e agora. Desculpem os devaneios. Um bom Natal para todos. Sofia S.(SS)
Fiquei extremamente emocionado e comovido com a demonstração de amor e carinho da sobrinha do camarada Fernando Gouveia.
Mas igualmente uma mágoa e revolta interior tomou conta de mim.
Como é possível que o Estado continue assobiando para o lado e não promova o acompanhamento dos cidadãos que deram os melhores anos da sua vida, numa guerra que nunca devia ter começado.
Era na defesa da Pátria diziam.
Somos nós os europeus votados ao ostracismo e são igualmente os camaradas africanos, abandonados e ignorados pelo Poder.
Um homem do meu grupo de combate da CCaç 14 só ao fim de muitos anos conseguiu a cidadania portuguesa, numa luta de burocracia administrativa digna dum filme de terror.
Não obstante, para gente com dinheiro e bem instalados na vida, este mesmo Estado criou condições de fácil acesso à cidadania.
Para a família do camarada Fernando Gouveia os meus sinceros votos de Boas Festas.
Abraço fraterno
Eduardo Estrela
Sofia S (by email)
13 dez 2022 18:45
Sr Luis Graça
Muito obrigada por toda a sua atenção e consideração.
Acrescentei umas poucas informações num "comentário" no post que colocou sobre o meu tio e nossa troca de mensagens, mas acho que não adiantarao muito na identificação.
Quanto à agência funerária, ela encontra-se quase ao lado da minha porta, aqui em Nisa. Não sei se Sr. Heitor poderá dar maiores esclarecimentos e espero não vá incomodar minha tia. Mas falarei com ele a pedir-lhe discrição.
Desejo-lhe todas as venturas pois percebo ser um homem generoso e bom. Meus cumprimentos agradecidos.
Sofia S./
Enviar um comentário