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sábado, 7 de novembro de 2009

Guiné 63/74 - P5232: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (15): Uma estória de faca e alguidar

1. Mensagem de Fernando Gouveia, ex-Alf Mil Rec e Inf, Bafatá, 1968/70, com data de 3 de Novembro de 2009:

Caro Carlos:
Em anexo mando mais uma estória para a série A Guerra Vista de Bafatá.
Tinha logo no início, prometido ao Luís Graça contá-la; ei-la.

Abraços para todos.
Fernando Gouveia


A Guerra Vista de Bafatá
15 – Uma estória de faca e alguidar

Por Fernando Gouveia

Antes de entrar propriamente na novela refiro que nos finais de 1969 o meu Comandante, Coronel Hélio Felgas, foi apanhado de surpresa. Uma ordem de Bissau, talvez forjada pelo recente Comandante do COP de Nova Lamego e as elites do ar condicionado da capital, transferia-me a mim e mais alguns militares, do Agrupamento para o COP. Quer eu, quer os meus superiores, achámos que foi um golpe baixo.

Confiando no Coronel Felgas que me disse que eu não estaria lá muito tempo. Foi só esperar que aparecesse outro alferes disponível para me substituir e eu regressei. Ao fim de uns quinze dias estava novamente em Bafatá. O Alf Mil Correia substituiu-me em Nova Lamego.

No Gabu, onde não me recordo de fazer o que quer que fosse relacionado com a guerra, conheci o Fur Mil Dinis, (nome fictício), o protagonista desta estória, com quem aliás bebi uns bons whiskys.

Vista geral de Nova Lamego a partir de poente

Nova Lamego. Edifício do comando

Nova Lamego. Na esplanada dum café com um cabo escriturário, que também veio do Agrupamento. A foto foi tirada pelo Fur Mil Dinis.

Nova Lamego. Com um grupo de camaradas que trabalhavam no COP. À esquerda o Capitão das Informações

Fotos e legendas: © Fernando Gouveia (2009). Direitos reservados.


Passado pouco tempo o Coronel Felgas acaba a comissão e o Coronel Neves Cardoso vai substitui-lo no Comando de Agrupamento. Com ele vem todo o pessoal afecto ao COP incluindo o nosso Fur Mil Dinis.

Em princípios de 1970 a guerra ia correndo com mais ataque, menos ataque, mais mina, menos mina e em Bafatá, oásis de paz, a vida corria entre o trabalho no aquartelamento, as idas ao café depois de almoço (quando não se dormia a sesta) e as idas ao cinema.

Tudo isso era propício ao devaneio.

O nosso Fur Mil Dinis, nas suas saídas para a cidade, começou a frequentar mais assiduamente determinada casa comercial. Era perto do quartel, comia-se lá bem, era agradável permanecer na esplanada, mas sobre tudo o senhor Tenório, (nome fictício) e a sua esposa tinham uma filha, a Rosinha, (nome fictício) de uns dezanove anos, que embora cheiinha não era nada de se deitar fora.

O nosso Furriel viu ali uma companhia que o faria esquecer as agruras da guerra.

Penso que um namoro se tinha desencadeado. Naquela altura, há 40 anos, e dado que a Rosinha não saía debaixo das saias da mãe, a coisa não teria ido além de algum beijito trocado num intervalo das idas da mãe à cozinha.

Imagino, naquele clima, que o nosso Furriel devia andar nas nuvens.

Porém o Dinis cometeu um erro grave. Como militar que era não devia ter subestimado o adversário, que neste caso era o pai da Rosinha. O senhor Tenório, raposa velha, homem de pele curtida de trinta anos de Guiné, embora atarracado mas entroncado como um touro de lide, vivido como era, meteu-se ao caminho até ao Comando de Agrupamento.

Não o vi por lá mas logo a seguir, o Ten Cor Teixeira da Silva chama-me e em termos de desabafo diz-me:

- Oh Gouveia sabe quem esteve aqui? Foi o senhor Tenório. Queria saber informações sobre o Furriel Dinis pois ele anda de namoro com a filha, a Rosinha, e era minha obrigação dizer-lhe tudo, nomeadamente que ele era casado…

Faltaria um mês para o Furriel Dinis acabar a comissão, mas à parte final fui assistindo eu diariamente:

O Furriel Dinis nunca mais saiu do quartel até ir embora.

Tudo é real, excepto alguns nomes.

Até para a semana camaradas.
__________

Nota de CV:

Vd. postes da série de:

27 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4254: A Guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (1): Três oficiais: um General, um Coronel, um Alferes - suas personalidades

28 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4256: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia (2): Um alferes desterrado em Madina Xaquili, com um cano de morteiro 60 (I Parte)

8 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4305: A Guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (3): Um alferes desterrado em Madina Xaquili, com um cano de morteiro 60 (II Parte)

21 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4395: A Guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (4): Um alferes desterrado em Madina Xaquili, com um cano de morteiro 60 (III Parte)

28 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4429: A Guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (5): Um alferes desterrado em Madina Xaquili, com um cano de morteiro 60 (IV Parte)

6 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4470: A Guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (6): Um alferes desterrado em Madina Xaquili, com um cano de morteiro 60 (V Parte)

26 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4585: A Guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (7): Um alferes desterrado em Madina Xaquili, com um cano de morteiro (VI Parte)

3 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4637: A Guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (8): À carga no Esquadrão de Cavalaria de Bafatá

12 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4675: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (9): Férias na Metrópole. Não há duas sem três...

19 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4707: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (10): Mina bailarina

26 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4739: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (11): Interrogatórios

3 de Agosto de 2009 > Guiné 63/74 - P4769: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (12): O Mercado de Bafatá

25 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5159: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (13): O Comando de Agrupamento (I Parte)

1 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5190: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (14): O Comando de Agrupamento (II Parte)

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Guiné 63/74 - P6668: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (35): Diário da ida à Guiné - 17/03/2010 - Dia catorze


1. Mensagem de Fernando Gouveia (ex-Alf Mil Rec e Inf, Bafatá, 1968/70), com data de 19 de Junho de 2010:

Caro Carlos:
Cheguei ao fim dos relatos da minha visita à Guiné-Bissau. Este é o último. Não sei se alguma vez terei a oportunidade de passar outros quinze dias tão “cheios”.

Um abraço
FG


A GUERRA VISTA DE BAFATÁ - 35

Diário da Ida à Guiné – Dia Catorze, último dia (17- 03-2010)

Como era costume, levantei-me cedo para ir ver pela última vez…

…última vez… Era o último dia que passava na Guiné. Também agora, ao escrever, estou a sentir sensação idêntica por ser o último relato que faço desta minha viagem à Guiné-Bissau que talvez tenha sido a viagem de que mais gostei em toda a minha vida. As condições que lá se proporcionaram possivelmente não mais se repetirão…

…Como ia dizendo fui pela última vez ver a armadilha. Nada. Recolhi o fio para levar numa próxima ida à Guiné.

Antes de almoço fomos a Bissau. Pelo caminho fizemos uma visita a um empresário português nosso conhecido. Em Bissau substituíram-nos a mola partida da carrinha (40.000 f) e comprei colorau para, ao jantar, confeccionar um gaspacho andaluz pois a sopa, embora sempre boa, achávamo-la quente demais para aquele clima.

No regresso, junto à ponte sobre o rio Mansoa, mais uma vez comprámos camarão tigre para o almoço, que foi acompanhado com uma salada à base de flor de bananeira. O Xico e também os africanos ficaram surpreendidos com as possibilidades da flor de bananeira.

À tarde fotografei o que considerei uma autêntica instituição nacional guineense: Um fogareiro. Em qualquer estrada por onde se passe há sempre sacos de carvão à venda. É com esse combustível, nada ecológico, pois contribui para a desflorestação do território que, nos tais fogareiros, e não só, fazem muitas das refeições.


Foto 1 > Aquecendo água para o chá no fogareiro de roda de bicicleta.

É sabido que em Moçambique e em Angola os miúdos fazem brinquedos (carrinhos, etc.) de arame, autênticas obras de arte. Por toda a Guiné-Bissau, agora não os miúdos mas os adultos, fazem uns fogareiros tendo por base uma roda velha de bicicleta. Aproveitam só o eixo e os raios. Os raios de um dos lados do eixo são “encordoados” como um cesto, com arame de cobre, formando o corpo principal do fogareiro. Com os raios do outro lado “tecem” a base. Vi-os por toda a Guiné tendo-os achado de uma criatividade fora do comum.

Jantámos o tal gaspacho andaluz e ainda antes do telejornal fui pagar à minha lavadeira, que morava nuns armazéns na periferia do empreendimento. Chegado lá, com uma escuridão total, notei que estavam várias pessoas por ali. Umas estariam a fazer o “cume” e uns miúdos estariam a tomar banho. Perguntei pela Augusta. Disseram-me que estava para Bula. Disse ao que ia e que depois o Sr. Francisco Allen lhe pagaria.

Chegaram-me uma cadeira e comecei a conversar com o pessoal. Em determinada altura ouço uma voz vinda do escuro: What is your name? Por momentos fiquei mudo mas reagindo respondi: - My name is Fernando. Quem me interpelou passou a falar em português… para meu descanso. Perguntei-lhe porque é que falou em inglês tendo-me dito que era por ser gambiano.

Fiquei a saber pela primeira vez, e ali às escuras, que na Gâmbia se falava inglês e não francês como eu supunha. Tinha sido portanto uma colónia inglesa.

Conversámos um pouco tendo-lhe perguntado qual o nível de pobreza da Gâmbia. Também ali fiquei a saber que, para aquele gambiano, dos três países da zona, a Guiné-Bissau era o mais pobre seguido do Senegal e a muita distância, a Gâmbia. Outra surpresa para mim.

Tirei algumas fotos mas na escuridão era complicado enquadrar os vultos.


Foto 2 > Na escuridão total o rapaz mais velho dá banho aos mais novos, não sendo irmãos uns dos outros.


Foto 3 > Só cá em Portugal pude reconhecer os miúdos que tinha fotografado no banho e às escuras. Era a Osenda, de quatro anos, e o Nelson da mesma idade, este filho da Augusta. Costumavam ver televisão connosco à noite.

Depois de fazer contas com o Xico e de me despedir do pessoal seguimos para o aeroporto. Eram cerca de dez da noite e a temperatura rondava os quarenta graus. O Xico deixou-me e aí estava eu no fim da minha ida à Guiné e a caminho de Lisboa.

Como uns dias antes tinha estado na gare de entrada de passageiros, onde tínhamos ido levar uns camaradas, tinha observado os procedimentos da verificação da bagagem, autenticamente de faz de conta. Para abreviar direi que acabei por ir para o avião com a enorme navalha de ponta e mola (que muito jeito me fez lá), uma garrafa de litro e meio de água e umas nozes de cola para mostrar cá ao pessoal.

Em Lisboa e por o aeroporto ser como é, a referida navalha protagonizou uma estória, que só contada. Mas chegou comigo ao Porto.

Para amenizar, ainda direi que durante toda a estadia, uma coisa que sempre me admirou foi o tratamento do cabelo de todas as mulheres guineenses. Há quarenta anos arranjavam-no da forma mais simples possível mas agora era uma delícia ver os arranjos dos cabelos das africanas, especialmente em Bissau. Cá em Portugal ainda não vi o entrançado com o encaracolado nas pontas que lá era vulgar.

Foto 4 > A Elisa e a Missinda, duas bajudas de tabanca (com catorze anos) com os cabelos devidamente tratados.

No aeroporto pedi a um casal que me deixasse tirar uma foto ao cabelo da senhora. Na conversa que se seguiu foi-me dito que lá, o custo de um arranjo semelhante era de 10 euros.

Foto 5 > Na gare do aeroporto. Cabelos tratados deste modo viam-se, em Bissau, a todo o momento.

Muitas estórias ficaram por contar e muitas fotos e filmes ficaram por ver.

Até sempre camaradas.
Fernando Gouveia
__________

Nota de CV:

Vd. postes da ida de Fernando Gouveia à Guiné-Bissau de:

3 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6101: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (24): Diário da ida à Guiné - 04/03/2010 - Dia Um

19 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6185: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (25): Diário da ida à Guiné - 05/03/2010 - Dia dois

27 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6262: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (26): Diário da ida à Guiné - 06/03/2010 - Dia três

30 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6285: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (27): Diário da ida à Guiné - 07/03/2010 - Dia quatro

6 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6330: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (28): Diário da ida à Guiné - 08/03/2010 - Dia cinco

13 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6384: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (29): Diário da ida à Guiné - 09/03/2010 - Dia seis

22 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6451: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (30): Diário da ida à Guiné - 10 e 11/03/2010 - Dias sete e oito

26 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6473: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (31): Diário da ida à Guiné - 12 e 13/03/2010 - Dias nove e dez

3 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6525: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (32): Diário da ida à Guiné - 14/03/2010 - Dia onze

7 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6555: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (33): Diário da ida à Guiné - 15/03/2010 - Dia doze

13 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6584: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (34): Diário da ida à Guiné - 16/03/2010 - Dia treze

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Guiné 63/74 - P5566: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (20): Memórias paralelas

1. Mensagem de Fernando Gouveia (ex-Alf Mil Rec e Inf, Bafatá, 1968/70), com data de 29 de Dezembro de 2009:

Caro Carlos:
Desejo que tenhas tido umas Boas Festas com toda a tua família, estendendo-se estes votos a todos os tertulianos.

Desta vez, apesar de enquadrada na série “A Guerra Vista de Bafatá”, não se trata de uma estória propriamente dita, mas antes um convite para uma exposição de fotografias, que fatalmente teria que acontecer.

A exposição abre no dia 04 de Janeiro e eu estarei lá presente nesse dia a partir das 17 horas.

Mais informo, que apesar de inicialmente não haver intenção de vender as fotos, estou a considerar isso (com um preço simbólico), e nesse caso o correspondente aos meus direitos de autor irão integralmente para as crianças da Guiné–Bissau por intermédio da ONGD “Ajuda Amiga”.

Um abraço
Fernando Gouveia


A GUERRA VISTA DE BAFATÁ

20 – Memórias paralelas


Vista da parte principal de Bafatá. No quarteirão, em primeiro plano situava-se a sede do Batalhão
Foto e legenda: © Fernando Gouveia (2009). Direitos reservados



Já em estórias anteriores referi que tive muita sorte na Guiné. Aliás em todo o tempo de tropa, como em estória futura relatarei. Dos cinco alferes, de Reconhecimento e Informações, que fomos mobilizados na mesma altura, dois com destino ao Q.G. e os outros, aos três Comandos de Agrupamento, considero que Bafatá foi o melhor que me podia ter calhado. Depois de ter ouvido os quatro camaradas que ficaram colocados nos outros locais, mais reforçada ficou essa minha ideia.

Bafatá, como todos sabem, era em 1968-70 uma zona de paz. Tive no entanto a minha pequena dose de guerra. Já aqui contei essa história*: Quinze dias em Madina Xaquili com condições inacreditáveis no que diz respeito a armamento e munições, o que me levou a conceber um plano de fuga caso houvesse um ataque e se acabassem as 16 granadas de Morteiro 60, de que dispunha. Esse ataque, com mortos e feridos, deu-se, como já contei, um mês depois de ter saído desse buraco. E por falar em buraco, sempre considerei o buraco da ponte do Rio Udunduma, por onde passei em Abril – 70, bem melhor que o de Madina Xaquili.

Podem crer camaradas, que se não tivesse vivido essa experiência de Madina Xaquili talvez nunca tivesse escrito texto algum para o Blog, apesar de considerar que a minha quota parte de ajuda no Agrupamento foi tão importante como a dos camaradas que todos os dias andavam de G3 nas unhas. Muita ajuda dei ao Coronel Hélio Felgas para delinear as suas Operações. Recordo o trabalho que deu o planeamento da “Lança Afiada” e só lamento a minha falta de coragem, naquela altura, para dizer ao Coronel que a Operação não ia dar em nada pois todo o pessoal IN iria atravessar o Rio Corubal, pondo-se a salvo. Dias depois sobrevoei a zona e o que se via lá em baixo era um frenesim na reconstrução de palhotas…

As minhas memórias de guerra foram deste tipo, mas paralelamente tenho outras que se reportam à minha estadia em Bafatá e mais concretamente à vivência extra quartel.

Por força de trabalhar no Agrupamento todo o dia até às oito da noite, praticamente só aos Domingos, é que me era possível passear a pé ou de jeep pelas tabancas, quer de Bafatá, quer as que ficavam próximas.

Morei cerca de um ano numa casa da tabanca da Rocha o que me ajudou a melhor contactar com a realidade civil africana. Como já anteriormente referi, “muitas fotos tirei (e gravações fiz) mas muitas mais ficaram por tirar”.

São estas últimas memórias, que face às de guerra propriamente dita, considero “Memórias Paralelas”. Assim e depois de um convite para expor algumas dessas fotos surge a concretização da exposição:

***/***/***/***/***


MEMÓRIAS PARALELAS DA GUERRA COLONIAL
GUINÉ 1968 – 70


Com um até para a semana camaradas, segue-se o convite para a exposição que vai estar patente, de 04 de Janeiro a 26 de Fevereiro próximos, no espaço “Vivacidade”, Rua Alves Redol, n.º 364 – B (traseiras do edifício), no Porto.

Fernando Gouveia

__________

Notas de CV:

(*) Postes de:

28 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4256: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia (2): Um alferes desterrado em Madina Xaquili, com um cano de morteiro 60 (I Parte)

8 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4305: A Guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (3): Um alferes desterrado em Madina Xaquili, com um cano de morteiro 60 (II Parte)

21 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4395: A Guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (4): Um alferes desterrado em Madina Xaquili, com um cano de morteiro 60 (III Parte)

28 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4429: A Guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (5): Um alferes desterrado em Madina Xaquili, com um cano de morteiro 60 (IV Parte)

6 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4470: A Guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (6): Um alferes desterrado em Madina Xaquili, com um cano de morteiro 60 (V Parte)
e
26 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4585: A Guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (7): Um alferes desterrado em Madina Xaquili, com um cano de morteiro (VI Parte)

Vd. último poste da série de 21 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5513: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (19): Referências a lugares

terça-feira, 30 de junho de 2009

Guiné 63/74 - P4615: Blogpoesia (52): Telejornal... ou uma viagem no tempo, Bafatá, 1969 (Regina Gouveia)

Guiné > Zona Leste > Bafatá > 1969 > “…foi lá na Ponte Nova, naquela tabanca onde de azul se coloriam panos…”

Guiné > Zona Leste > Bafatá > 1969 > “…o momento em que o dançarino fazia um mortal…”

Guiné > Zona Leste > Bafatá > 1969 > “…o Mamadu mostrando com orgulho o seu menino…”

Guiné > Zona Leste > Bafatá > 1969 > “…iam buscar o cume no fim da refeição"... O Carlos e o Adrião.

Guiné > Zona Leste > Bafatá > 1969 > “…os troncos de poilão, a mesquita…” A mesquita em dia de Ramadão .

Fotos (e legendas): © Regina Gouveia (20o9). Direitos reservados


1. Mensagem que nos chega através do Fernando Gouveia:

Porto: 23JUN09 (noite de S. João)

Caro Luís:

Aí vai em anexo o primeiro escrito da Regina. A meu ver ela tem estórias interessantes sobre factos passados em Bafatá e não só, mas está um pouco relutante...

Um abraço.


2. Mensagem da Regina Gouveia:

Luís Graça:

Começo por agradecer a forma carinhosa como fui recebida no encontro da Ortigosa, destacando em particular a Dina [, esposa do Carlos Vinhal].

Face ao desafio que me colocou, começo por enviar um poema que consta de um livro publicado já em 2002 (
Reflexões e Interferências, editora Palavra em Mutação). O título do poema é “Telejornal” mas poderia ser “Memórias de Bafatá”.

Este texto, como disse, já estava escrito. Futuros textos terão que ser ainda pensados e escritos. A ver vamos…

Um abraço

Regina Gouveia



Telejornal
por Regina Gouveia


Vejo o Telejornal no canal dois.
A apresentadora fala da BSE, de clonagem, do Kosovo
e, logo depois, de um acidente no Cais do Sodré e da instabilidade na Guiné.
E eu empreendo no tempo uma viagem...
O Braima, a Binta, o Adrião, onde andarão neste momento?
Conheci-os em Bafatá, há muito tempo, iam buscar o cume no fim da refeição.
Recordo os seus olhos vivos de crianças, pele negra, dentes alvos, sem igual,
os passos apressados quando o vento anunciava em breve um temporal.
Eu era aluna e eles mestres do crioulo de que mal guardo lembranças.
Das mulheres, recordo as suas vestes, fossem mulheres grandes ou bajudas
no tronco, eram em geral desnudas,
presos na cinta panos coloridos que, de compridos, chegavam quase ao chão.
Algumas eram de tal modo belas que pareciam extraídas de telas.
Recordo, servindo-me o café, o Infali com aquele seu olhar tão doce e triste,
talvez o ar mais triste que eu já vi. Será que o café ainda existe?
Recordo aquele condutor, o Mamadu, mostrando com orgulho o seu menino.
Que terá feito deles o destino?
Recordo os passeios na estrada do Gabu, os mangueiros, os troncos de poilão,
a mesquita, o mercado, a sensação de paz que tudo irradiava,
apesar do obus de Piche que atroava, apesar da maldição da guerra
cujo espectro por cima pairava.
Recordo ainda o cheiro e a cor da terra,
o Colufe e o Geba sinuosos onde canoas esguias deslizavam,
recordo macaquitos numerosos que entre os ramos das árvores saltavam
enquanto que lagartos, preguiçosos, ao sol, pelos caminhos se espraiavam
e uma miríade de insectos buliçosos ao nosso redor sempre volteavam.
Recordo o batuque daquele casamento.
Na foto ficou bem impresso o momento em que o dançarino fazia um mortal
numa fantástica expressão corporal.
Foi lá na Ponte Nova, naquela tabanca onde de azul se coloriam panos
que as mulheres usavam em volta da anca e que desciam quase até ao chão.
Tudo isto se passou há muitos anos.
A apresentadora fala agora em danos causados por uma longa estiagem
e mostra uma desértica paisagem.
Eu regresso da minha viagem e tento organizar o pensamento.
O telejornal está quase no final. Deve seguir-se a previsão do tempo.

Regina Gouveia


Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > Os novos membros da nossa Tabanca Grande, Regina e Fernando Gouveia, um adorável casal, transmontano, do Porto, que fez uma comissão na Guiné (Bafatá, 1968/70). O Fernando foi Alf Mil Pel Rec Inf, Comando de Agrupamento 2957, Bafatá (1968/70) na altura em que era comandado pelo Cor Hélio Felgas, já falecido.

Foto (e legenda): © Luís Graça (2009). Direitos reservados.

3. Comentário de L.G.:

Durante o nosso encontro, na Ortigosa, tive a oportunidade de falar um pouco com o Fernando Gouveia (ex-arquitecto na Câmara Municipal do Porto), e pô-lo em contacto com a malta de Bambadinca do seu tempo (caso do Fernando Calado e do Ismael Augusto, da CCS do BCAÇ 2852, 1968/70)...
Falei também com a simpatiquíssima esposa, Regina, que me disse já conhecer-me, das minhas blogpoesias... Fiquei agradavelmente surpreendido... Desafiei a Regina, que viveu em Bafatá ao lado do seu marido (1968/70), a escrever, para o nosso blogue, histórias desse tempo... Respondeu-me que sim, mas... Não sabia, todavia, que ela era uma escritora com obra feita e publicada (!)...

Recordo o que aqui escreveu o Fernando, no seu poste de apresentação: "Começo por dizer que, tendo em conta tudo quanto vi, ouvi e me foi relatado por outros e, independentemente dos seus defeitos (quem os não tem?), se tivesse que escolher com quem trabalhar não teria dúvidas nas escolhas. Para meu comandante chefe não hesitava, escolheria o Gen Spínola e para meu comandante directo escolheria o Cor Felgas. Acrescento ainda que, como alferes miliciano que fui, gostaria de ter trabalhado ao lado do Beja Santos, pelos motivos que mais tarde explanarei"...

O Fernando chegou a Bafatá em 18 de Julho de 1968 (não tenho a certeza se já casado com - e acompanhado de - a Regina). Bafatá era uma bonita vila colonial (será elevada a cidade mais tarde, em Março de 1970), sendo a periferia indígena constituída por três tabancas: Ponte Nova, Rocha e Nema.
Vindo de Tite, chegaria uns dias mais tarde o novo Comandante do futuro Agrupamento 2957, o Cor Hélio Felgas. "Era um verdadeiro militarista e muito duro, só que com ele sabia-se com o que se contava, o que eu achava uma qualidade". O Cor Felgas esteve à frente do Agrupamento até Outubro de 1969.

O Fernando disse-me que só foi uma vez a Bambadinca, em Junho de 1969, quinze dias do ataque ao aquartelamento, em 28 de Maio de 1969. (A CCAÇ 12 foi colocada em Bambadinca, na 3ª semana de Julho de 1969, depois de mês e meio em Contuboel)... Em contrapartida, conheceu Madina Xaquili uma semana antes de esta ser, para a nossa CCAÇ 12, em farda nº 3 (!), o local do seu baptismo de fogo...

Serve todo este blá-blá para justificar a entrada, por via directa, da Regina Gouveia para a nossa Tabanca Grande. Poucas mulheres acompanharam camaradas nossos na aventura guineense. E, muito menos ainda, nem todas essas mulheres tinham/têm o talento literário e a sensibilidade estética e poética da Regina. Sê bem vinda, amiga, à nossa caserna virtual... Senta-me debaixo do grande poilão que nos dá sombra a todos e cujos irãs nos protegem, e por favor conta-nos as tuas estórias/histórias... Como só tu sabes contar...

PS - Fernando / Regina: Não tenho a certeza de quem são as fotos... De um ou do outro, tanto faz, fica tudo em casa... O que tenho a dizer é que o vosso álbum fotográfico sobre Bafatá (incluindo Madina Xaquili) é simplesmente fabuloso... Obrigado, por quererem partilhá-lo com os Amigos & Camaradas da Guiné...
_____________

Notas de L.G.:

(*) Regina Gouveia:

(i) Nasceu em 1945 (em Santo André, Estado de S. Paulo, Brasil, onde vivei até aos dois anos de idade);

(ii) Passou a sua infância e adolescência no Nordeste Transmontano, em Portugal, de onde tem raízes pelo lado paterno;

(iii) casada com Fernando Gouveia, arquitecto, aposentado da CM Porto; acompanmhou o marido, em Bafatá, durante a sua comissão militar (1968/70);

(iv) É Licenciada em Físico-Químicas (Universidade do Porto) e Mestre em Supervisão (Universidade de Aveiro).

(v) Professora do Ensino Secundário, aposentada, dedicou muito do seu tempo à formação de professores (foi orientadora de estágios durante 22 anos);

(vi) Colaborou com o Ensino Superior, nomeadamente com o Departamento de Física da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

(vii) Actualmente lecciona na Universidade Popular do Porto e colabora, a título voluntário, com a Biblioteca Almeida Garrett no Porto, divulgando a ciência e a poesia, junto dos mais pequenos.

(viii) Em 2005, no âmbito do Ano Internacional da Física, foi agraciada com a comenda da Ordem da Instrução Pública e premiada com o prémio Rómulo de Carvalho.

(ix) É autora do livro de didáctica Se eu não fosse professora de Física. Algumas reflexões sobre práticas lectivas e do livro de ficção Estórias com sabor a Nordeste.

(x) No âmbito da poesia, tem poemas dispersos em algumas publicações,além de prémios; é autora de dois livros de poesia Reflexões e Interferências e Magnetismo Terrestre;

(xi) António Gedeão (pseudónimo lietrário de Rómulo de Carvalho) é um dos seus poetas favoritos. Recorde-se que é o autor do célebre poema Pedra Filosofial (Eles não sabem que o sonho /é uma constante da vida...) , transformado em canção de contestação, na voz de Manuel Freire, e nas vozes de alguns de nós,em Bambadinca (1969/71)...

(xii) Em 2006, publicou o seu primeiro livro para crianças: Era uma vez… ciência e poesia no reino da fantasia...

Título: Era Uma Vez... Ciência e Poesia no Reino da Fantasia
Autor: Regina Gouveia
Ilustração: Nuno Gouveia
Ano de edição: 2006
Páginas: 72
Editor: Campo das Letras
ISBN: 9789896250430
Colecção: Palmo e Meio

(**) Vd. postes de:

27 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4254: A Guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (1): Três oficiais: um General, um Coronel, um Alferes - suas personalidades

28 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4256: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia (2): Um alferes desterrado em Madina Xaquili, com um cano de morteiro 60 (I Parte)

8 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4305: A Guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (3): Um alferes desterrado em Madina Xaquili, com um cano de morteiro 60 (II Parte)

21 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4395: A Guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (4): Um alferes desterrado em Madina Xaquili, com um cano de morteiro 60 (III Parte)

28 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4429: A Guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (5): Um alferes desterrado em Madina Xaquili, com um cano de morteiro 60 (IV Parte)

6 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4470: A Guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (6): Um alferes desterrado em Madina Xaquili, com um cano de morteiro 60 (V Parte)

26 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4585: A Guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (7): Um alferes desterrado em Madina Xaquili, com um cano de morteiro (VI Parte)

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Guiné 63/74 - P12595: Roteiro de Bafatá, a doce, tranquila e bela princesa do Geba (Fernando Gouveia) (15): O cinema local e a figura lendária do seu guardião, o Canjajá Mané... E, a propósito, relembre-se o documentário, já em DVD, "Bafatá Filme Clube", do realizador Silas Tiny, com fotografia de Marta Pessoa (Lisboa, Real Ficção, 2012, 78')


Foto nº 1 


Foto nº 2


Foto nº 3


Foto nº 4


Foto nº 5



Foto nº 6



Foto 7

Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 2010 > O regresso do Fernando Gouveia, 40 anos depois... O nosso blogue e sobretudo o Fernando Gouveia acabaram por estar também na origiem de um filme, estreado em 2013, do realizador português, de origem s


Fotos (e legendas): © Fernando Gouveia (2014).Todos os direitos reservados


1. Continuação da publicação do  "roteiro de Bafatá", organizado pelo  Fernando Gouveia [, ex-alf mil rec inf,  Cmd Agr 2957, Bafatá, 1968/70;
autor do romance Na Kontra Ka Kontra, Porto, edição de autor, 2011; arquiteto, residente no Porto]

[Fernando Gouveia, foto atual à direita]

Mensagem do Fernando Gouveia:

 Data: 17 de Janeiro de 2014 às 02:09

Assunto: Cinema de Bafata

 Luís:

Como há dias, a propósito do Cinema de Bafata (*), referiste com uma certa imprecisão a existência de um homem que toma conta do edifício, mando-te algumas fotos que esclarecem melhor esse assunto. Assim, quando fui lá em 2010 estive com o tal homem, chamado Canjajá [Mané] que, sem receber nada, guarda o cinema. Em tempos foi o operador da máquina de projecção. Também lá me disseram que ainda hoje ele limpa regularmente a máquina apesar de já não funcionar. (**)

Legendas das fotos:

1 – Vista do edifício em 2010.
2 – Átrio de entrada.
3 – Corredor lateral.
4 – Sala de espectáculos e palco.
5 – Sala de espectáculos e balcão.
6 – Canjajá.
7 – Canjajá admirando o meu cartão de sócio do Sport Club de Bafata, à porta da sede do PAIGC, edifício que penso ter sido a casa de um tal Camilo que costumava dar umas jantaradas a todos os oficiais.

Ab
Fernando Gouveia
______________________

Notas do editor:

 (*) Vd. poste de 14 de janeiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12585: Roteiro de Bafatá, a doce, tranquila e bela princesa do Geba (Fernando Gouveia) (14): Foto aérea, nº 3 (Humberto Reis)


(**) Sobre esta figura, Canjajá Mané e a sua história, há um filme documental, Bafatá Filme Clube, do realizador português, Silas Tiny [Lisboa, Real Ficção, 2012, 78' ( fotografama à direita), reproduzido com a devdia vénia]...  Já aqui foi notícia, há meio ano atrás, em poste do Fernando Gouveia (***)

Também, foi referido pela página do Facebook, de uma jornalista portuguesa que vive na Alemangha, "com um pé em África e outro no Brasil... Tomo a liberdade de reproduzir um poste de 8 de abril passado, com a devida vénia:

 Domadora de Camaleões  > 8 de Abril de 2013 às 11:50 ·


A história do projecionista que tomou conta do cinema de Bafatá, na Guiné-Bissau, mesmo quando já não havia espectadores, foi filmada pelo realizador são-tomense Silas e vai ser exibida hoje, em Lisboa, no cinema São Jorge às 15.30.

Integrado na maratona de documentários do FESTin, festival de cinema da língua portuguesa, que decorre até quarta-feira, no Cinema S. Jorge, "Bafatá Filme Clube" conta a história de Canjajá Mané.

O realizador Silas Tiny, nascido em São Tomé, mas que vive em Portugal desde os cinco anos, contou à agência Lusa que tropeçou por "sorte" e "acaso" na história do antigo projecionista de cinema.

"A pessoa cativou-me", justificou, recordando a beleza de traços coloniais da cidade guineense de Bafatá, apesar das "atuais condições".

Canjajá Mané trabalhava como projecionista em Bafatá "desde a altura dos portugueses" e "ficou tempos a cuidar" do cinema local, quando já nem espectadores havia, até ter "que se ir embora, porque não tinha condições para estar lá, porque ninguém lhe pagava", relatou Silas Tiny.

Não há atualmente nenhum cinema a funcionar na Guiné-Bissau, onde os cortes de eletricidade são recorrentes.

Canjajá Mané - que esteve no cinema de Bafatá "anos e anos sem receber qualquer salário" - ainda não viu o filme, "infelizmente", mas Silas Tiny e a produtora portuguesa Real Ficção estão "a fazer tudo" para que isso aconteça.

Apesar de "as condições na Guiné-Bissau" não serem "muito boas neste momento", estão a avaliar a possibilidade de "fazer uma projeção do filme".

Vd. Também aqui o sítio da produtora Real Ficção > O filme está agora disponível em DVD [, à venda na FNAC, por exemplo].ao,

Sinopse >  "Em Bafatá na Guiné-Bissau, Canjajá Mané, antigo operador de cinema e guarda do clube da cidade, repete os mesmos gestos há cinquenta anos. Mas actualmente o cinema está fechado e não existem espectadores. Dos seus tempos como trabalhador do clube até aos nossos dias, restam apenas recordações. Na cidade, somente as pedras, árvores e o rio resistiram à erosão do tempo. E com eles, algumas pessoas, que ficaram para perpetuar na memória do mundo e dos homens, que ali já viveu gente. São essas pessoas por quem Canjajá procura e espera pacientemente até hoje".

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Guiné 63/74 - P7453: Parabéns a você (190): Fernando Gouveia, ex-Alf Mil Rec Inf, Bafatá, 1968/70 (Tertúlia / Editores)


Em 17 de Dezembro de um ano da década de quarenta (Sec. XX), nascia o nosso camarigo Fernando Gouveia.

Fernando Gouveia (ex-Alf Mil Rec e Inf, Bafatá, 1968/70), foi militar operacional, mesmo só com um morteiro 60 sem prato.

O nosso aniversariante é arquitecto de formação e exerceu a função na Câmara Municipal do Porto, mesmo ali em frente à estátua do nosso Almeida Garrett.

Marido de uma esposa corajosa que duas vezes lhe fez companhia no Resort de Bafatá, a nossa tertuliana Regina, que nos presenteou com lidas prosas e versos, não exercesse ela a nobre função de escrever, especialmente para os mais novos.

Fernando Gouveia, que está connosco desde Abril de 2009, presenteou o espólio do nosso Blogue com textos da sua vivência pelas matas de Bafatá e arredores, ilustrados com as mais belas fotos. Destaca-se a série "A guerra vista de Bafatá" que além das histórias do tempo de campanha, teve de permeio o relato da sua ida à Guiné-Bissau actual, experiência que quer repetir.
Esperamos que a série venha a ter continuidade, após acabar  uma novela que tem em mãos, que um dia poderá ver a luz do dia, cuja ficção é baseada em pessoas e factos ocorridos lá na Guiné dos nossos tempos.

A melhor maneira de conhecermos o Fernando, é apreciar as suas fotos, quer as do tempo de comissão, quer as da sua última visita à Guiné-Bissau, verdadeiras maravilhas.

Deixo este aperitivo. Se quiserem mais, consultem a série "A guerra vista de Bafatá". Vale a pena.


Fotos: © Fernando Gouveia (2010). Direitos reservados.

Vamos terminar como costumamos começar, apresentando ao nosso camarada Fernando Gouveia os nossos parabéns pela passagem de mais este aniversário, e formular os nossos votos para que esta data seja festejada por muitos anos, junto da sua companheira de vida, Regina, filhos, netos e demais familiares.

Amigos seus não faltarão que se queiram associar à alegria sentida nesta data festiva, pelo que a tertúlia do nosso Blogue quer formar na fila da frente.


Até ao ano camarada
Tertúlia e Editores

__________

Notas de CV:

- Postal de aniversário do nosso camarada Miguel Pessoa

(*) Vd. poste de 9 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4163: Tabanca Grande (132): Fernando Gouveia, ex-Alf Mil de Rec e Inf (Bafatá, 1968/70)

Vd. último poste da série de 16 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7444: Parabéns a você (189): António Paiva, ex-Soldado Condutor, HM 241, 1968/70 (Tertúlia / Editores)

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Guiné 61/74 - P21538: Casos: a verdade sobre... (15): A retirada de Madina do Boé e o enfraquecimento do flanco sul / sudeste do território (regiões de Gabu e Bafatá) (Valdemar Queiroz / Cherno Baldé / António Rosinha / Fernando Gouveia)


Foto nº 4

Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Subsector de Galomaro > 21 de junho de 1969 > A antiga tabanca de Padada, a 12 km a sul de Madina Xaquili, na direcção do Rio Corubal.


Foto nº 1 > Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Subsector de Galomaro > 21 de junho de 1969 > Restos, carboizados, da antiga tabanca de Padada, a 12 km a sul de Madina Xaquili, na direcção do Rio Corubal. 


Foto nº 2 > Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Subsector de Galomaro > 21 de junho de 1969 > O grupo de combate do Fernando Gouveia, progredindo nas proximidades da antiga tabanca de Padada,   


Foto nº 3 > Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Subsector de Galomaro > 21 de junho de 1969 > O Fernando Gouveia, nas proximidades da antiga tabanca de Padada,   



Foto nº 5 > Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Subsector de Galomaro > 21 de Junho de 1969 t > Uma pausa para retemperar as forças, a caminho de Madina Xaquili que, tal como Padada antes, viri a ser abandonada em outubro de 1969. 
  

Fotos tiradas pelo nosso camarada Fernando Gouveia (ex-Alf Mil Rec e Inf, Bafatá, 1968/70), no decurso de um patrulhamento ofensivo àquiela tabanca abandonada, com o seu grupo de combate (20 milícias e 10 soldados metropolitanos). Em Padada reencontar-se-ia com forças da CCAÇ 2405 (Galomaro / Dulombi, 1968/70), comandadas pelo Cap Mil Jerónimo. Foram encontrados vestígios recentíssimos da guerrilha do PAIGC.


otos (e legendas): © Fernando Gouveia (2009. Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Comentários de Valdemar Queiroz, Cherno Baldé e António Rosinha ao poste P21531 (*)

(i) Valdemar Queiroz

A questão do abandono de Madina e toda aquela região da zona além Corubal,  é estranha em termos de estratégia da ocupação do terreno, para, inclusivamente, não dar azo a "zona libertada".

Vejamos nos mapas existentes no blogue de toda essa região à data em que foram elaborados. Vejamos, depois, como era a ocupação/fixação da população e presença da NT a partir do início do ano de 1969. 

Verificamos que apenas Canjadude e mais acima Cabuca eram as únicas tabancas existentes a fazer tampão a incursões a Nova Lamego, Dara e Piche, que a partir daquela data começaram a ser atacadas mais frequentemente. 

Em toda aquela área a leste da linha (estrada) Buruntuma - Nova Lamego, só existam Cabuca e Canjadude com pouca população e praticamente só ocupação militar. 

Não sei o que entretanto foi acontecendo (vim para a peluda em dezembro de 1970) com flagelações a estas duas tabancas. O facto de cada vez mais população abandonar essas tabancas da região, concentrando-se nas grandes localidades de Nova Lamego e Bafatá,  fazia com que apenas a NT resistisse nesses locais, não tardando, sabe-se lá, tambéma serem consideradas para retiradas estratégicas formando, assim, mais "zonas libertadas".


(ii) Cherno Baldé: 

Antes do início da guerra, o Sudeste da Guiné, que inclui a parte sul da região de Bafatá (Galomaro Cossé) e da região de Gabu (Boé), não eram zonas desabitadas,  como se pode pensar. 

O seu despovoamento foi gradual e aconteceu nos primeiros anos da Guerra e, em 1968 quando chega o Gen Spinola, a situação ja era irreversível. 

O Galomaro, como diz o nome,  era uma zona habitada por ricos ganadeiros fulas e com arrozais nas bolanhas a perder de vista. Foram abandonadas com o recrudescer da guerra. 

Se depois o abandono do terreno se justificava devido à inexistência da população, é caso para dizer que sempre existiu e existe uma grande diferença entre a teoria e prática, entre os sonhos e a realidade, como podemos perecber no excertodo discurso em baixo, é pena que o homem [. o António Oliveira Salazar,]  nunca tenha vindo ao terreno para constatar a realidade "in loco". 

“As terras coloniais, ricas, extensas e de fraquíssima densidade populacional são o natural complemento da agricultura metropolitana, nos géneros pobres sobretudo, e das matérias-primas para a indústria, além de fixadores de uma população em excesso daquilo que a metrópole ainda comporte e o Brasil não deseje receber. (...) 

"Nós cremos que há raças decadentes ou atrasadas, como se queira, em relação as quais perfilhamos o dever de chamá-las à civilização. Que assim o entendemos e praticamos, comprova-se pelo facto de não existir qualquer teia de rancores ou de organizações subversivas que neguem ou que pretendam substituir a soberania portuguesa. (...)"

Fonte:  António Oliveira Salazar. Discursos e Notas politicas, vols. III e V (1943 e 1957). Coimbra, Coimbra editora, sem data. 

(iii) António Rosinha:

Amigo Cherno: "as terras coloniais, ricas, extensas e de fraquíssima densidade" a que o Salazar se referia, foram os tais colonatos que foram construidos em Moçambique e principalmente Angola. 

Na Guiné não havia extensões agrícolas desabitadas, para albergar tantas famílias, como as que foram para Angola e Moçambique, principalmente transmontanos e açoreanos. Os colonatos de Angola conheci-os relativamente bem. 

Cherno, ainda hoje estou convencido que continua a haver maiores extensões desabitadas em Angola do que as que existem na Guiné, mesmo considerando que a região de Madina do Boé continue pouco habitada. Só que as grandes extensões desabitadas em Angola, hoje já está tudo demarcado e aramado pelos "novos senhores" de Angola. 

A Guiné, tirando a região de Madina, sempre deve ter tido uma densidade populacional muito maior que Angola, que conheci bastante bem. Salazar não ia ao terreno, mas estava bem informado. 

PS- Onde parece que está a ficar muito despovoado é o norte de Moçambique, com decapitações e fugas da população e nem a ONU nem Portugal nem a Inglaterra (aquilo já se passou para a Commonuelth) fazem frente à Jihad ou o que aquilo é. A Europa já não pode com uma gata pelo rabo! 

2. O caso do abandono  de Madina Xaquili em outubro de 1969:

Num dos postes da sua série A Guerra Vista de Bafatá, o nosso camarada e amigo Fernando Gouveia (ex-Allf Mil Rec e Inf, Comando de Agrupamento nº 2957,  Bafatá, 1968/70)  explica o porquê da sua ida intempestiva para Madina Xaquili,lá  no "cu de Judas":

"(...) Com a retirada das NT de Madina do Boé a 05/06 de fevereiro de 1969 e na sequência do fracasso da Op Lança Afiada em Março de 69 [,  de 8 a 21],  era de prever (...) que o IN progrediria no terreno, para Norte, ameaçando as zonas povoadas do Cossé, aproximando-se de Bafatá.

"Em princípios de Junho de 1969 chega ao Agrupamento [de Bafatá] uma ordem do Comando Chefe que determinava o envio de oficiais disponíveis, enquadrando grupos de militares, para as tabancas da periferia da zona habitada, no intuito de segurar lá as populações. Sabia-se que a região do Cossé era habitada predominantemente por fulas e que estes, ao mínimo pressentimento de problemas, se deslocavam aproximando-se de Bafatá.

"É neste contexto que o Cor  Hélio Felgas, meu Comandante (, Cmando de Agrupamento nº 2957), determina que eu vá para Madina Xaqili, sendo a Companhia sediada em Galomaro [, a CCAÇ 2405,] que me asseguraria a logística. (....) O Capitão, pessoa afável que gostaria agora de identificar [, cap inf José Miguel Novais Jerónimo,], deu-me todas as indicações sobre o que iria encontrar em Madina Xaquili.

"Sobre os 7 militares metropolitanos que me acompanhariam, escolheu um que sabia cozinhar, um que sabia fazer pão, outro que sabia de enfermagem e um rádio-telegrafista. Quanto ao armamento que me iria fornecer, fiquei alarmado: Além das G3 e de algumas granadas, só tinha o cano (só o cano e um cepo de madeira a servir de prato) de um morteiro 60, e 16 (dezasseis) granadas" (...).

"(...) Chegámos a Madina Xaquili a meio da manhã [ do dia 14 de Junho de 1969]. Era uma tabanca com umas 20 palhotas. Estava em auto-defesa, com cerca de 40 milícias, comandados pelo também africano João Vieira (sem Bernardo). Havia uma razoável cerca de arame farpado e abrigos construídos recentemente. A população civil (2 ou 3 famílias) e as mulheres dos milícias não tinham abrigos" (...). (**)




Guiné > Carta geral da província (1961) (Escala 1/500 mil) >  Posição relativa de Madina Xaquili (rectângulo a verde)  em plena zona leste, tendo a sul o Rio Corubal e a norte a estrada Bafatá-Gabu. Madina Xaquili fazia parte do mapa de Cansissé (1/50 mil). 

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2010)


3. Com a retirada de Béli (em julho de 1968), Madina do Boé e Cheche (em fevereiro de 1969), passou a haver um corredor, com "via verde", por onde o PAIGC se infiltrava mais facilmente na parte sul / sudeste do chão fula, a norte do Rio Corubal. 

Apesar do reforço temporário de tropas paraquedistas do BCP 12, ao sector de Galomaro (a partir de agosto de 1969, COP 7), bem como da CCAÇ 12 (que vai ter a sua estreia e batismo de fogo logo em Julho de 1969, em plena época das chuvas), Madina Xaquili,  guarnecida Pel Mil 147.  tornar-se-ia insustentável, sendo abandonada pela população e depois pelas NT logo em outubro de 1969. Padada, mais a sul, também já tinha sido abandonada (não posso precisar em que altura). O PAIGC apertava o cerco ao chão fula, e nomeadamente o Cossé donde eram originários, juntamente com Badora,  os soldados da CCAÇ 12.

O Pel Mil 147 (Madina Xaquili) fazia parte, em finais de setembro de 1968 (data em que o BCAÇ 2852 passou a tomar conta do Sector L1), da Companhia de Milícias nº 14 que tinhas pelotões e secções espalhados por Quirafo e Cansamange (Pel Mil 144), Dulombi e Cansamange (Pel Mil 145), Madina Bonco e Galomaro (Pel Mil 144). Nesta data já não há referência a Padada, presumindo-se que tenha sido abandonada anteriormente.

Em agosto de 1969, Madina Xaquili e o Pel Mil 147 já constam no dispositivo das unidades combatentes do BCAÇ 2852, em virtude de se passado a constituir um novo Sector, o L5, com sede em Galomaro (onde já estava de resto a CCAÇ 2405, com forças espalhadas por Imilo, Cantacunda, Mondajane, Fá, Dulo Gengele), integrado no CO7 (Bafatá).


(***) Sobre Madina Xaquili ler as venturas e desventuras do Fernando Gouveia em kunho de 1969... Foram 13 dias surreais, de 12 a 24 de Junho de 1969, contados e fotografados como só ele sabe.

26 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4585: A Guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (7): Um alferes desterrado em Madina Xaquili, com um cano de morteiro (VI Parte)

6 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4470: A Guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (6): Um alferes desterrado em Madina Xaquili, com um cano de morteiro 60 (V Parte)

28 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4429: A Guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (5): Um alferes desterrado em Madina Xaquili, com um cano de morteiro 60 (IV Parte)

21 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4395: A Guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (4): Um alferes desterrado em Madina Xaquili, com um cano de morteiro 60 (III Parte)

8 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4305: A Guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (3): Um alferes desterrado em Madina Xaquili, com um cano de morteiro 60 (II Parte)

27 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4254: A Guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (1): Três oficiais: um General, um Coronel, um Alferes - suas personalidades

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Guiné 63/74 - P12585: Roteiro de Bafatá, a doce, tranquila e bela princesa do Geba (Fernando Gouveia) (14): Foto aérea, nº 3 (Humberto Reis)






Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Bafatá > c. 1969/71 > Foto nº 3 > Vista aérea, do álbum do fur mil op esp Humberto Reis, CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71). Foto tirada de helicóptero.


Foto aérea nº 3 (Humberto Reis) > Legendas de Fernando Gouveia

1 – Rio Geba.

2 – Rio Colufe.

3 – Piscina.

4 – Parque infantil e estátua de Muzanty.

5 – Estrada para Bambadinca.

6 – Mercado.

7 – Casa do cinema em construção.


Guiné > Zona leste > Bafatá > c. 1968/70 > Foto nº 12, do álbum do Fernando Gouveia  > Porto fluvial e ponto de encontro das lavadeiras, na margem esquerda do Rio Geba. Ao fundo veem-se três canoas de pescadores. O rio era navegável até aqui. Na foto de cima veem-se três embarcações que regressam a Bissau, via Bambadinca e Xime.

Legendas: 1. Estátua de Muzanty; 2. Piscina.

Foto (e legenda): © Fernando Gouveia (2013). Todos os direitos reservados.


Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 15 de Dezembro de 2009 > 18h06 > Ao fundo, a fach velho cinema de Bafatá, parado há muitos anos.. Dizem que há um homem que toma conta do velho cinema, abandonado... Da esquerda para a direita: um habitante local, surdo-mudo, fotografado com o João Graça, médico e músico, membro da nossa Tabanca Grande, e o Antero, seu motorista...


Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 15 de Dezembro de 2009 > 15h22 > Restos do passado colonial: ao fundo, a antiga Casa Giuveia, hoje, sede do Tribunal Regional de Bafatá; e  antigo  parque infantil com a estátua de Muzante, hoje uma rotunda, ajardinada, tendo ao centro ae estátua de Amílcar Cabral, que é filho de Bafatá...

Fotos: © João Graça  (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: L.G.]


Foto aérea (em cima): © Humberto Reis (2006).Todos os direitos reservados [Edição: L.G.]  

[Humberto Reis, foto atual à esquerda]

1. Continuação da publicação do 
"roteiro de Bafatá", organizado pelo
 Fernando Gouveia [, ex-alf mil rec inf, 
 Cmd Agr 2957, Bafatá, 1968/70; 
autor do romance Na Kontra Ka Kontra,
Porto, edição de  autor, 2011; arquiteto, residente no Porto]

[Fernando Gouveia, foto atual à direita]

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Nota do editor: