COLÓQUIO
Amílcar Cabral e a História do Futuro
13 e 14 de janeiro de 2023
Auditório António de Almeida Santos,
Assembleia da República (Lisboa)
Programa
Sexta-feira, 13 de janeiro
9h00-9h45: Sessão de Abertura
Com Augusto Santos Silva, António Sousa Ribeiro, Fernando Rosas, Joana Dias Pereira, Bruno Sena Martins, Marga Ferré
Intervalo
Mesas de Trabalho
10h00-11h30 - A guerra colonial e as lutas de libertação: memórias e silenciamentos | Miguel Cardina, Carlos Cardoso, Patrícia Godinho Gomes, Cláudia Castelo | Moderação: Inês Nascimento Rodrigues
11h30-13h00: Amílcar Cabral: trajetos de vida e memória viva | Iva Cabral, José Neves, Leonor Pires Martins, Julião Soares Sousa, José Pedro Castanheira | Moderação: Victor Barros
Almoço
14h30-16h00h: Conferência | Pedro Pires
Intervalo
16h30-18h30: Amílcar Cabral: imagem em movimento (com projeção do filme O Regresso de Cabral) | Filipa César, Sana na N’Hada, Diana Andringa | Moderação: Sumaila Jaló
Sábado, 14 de janeiro
Mesas de Trabalho
9h30-11h00: Amílcar Cabral: textos | Ângela Coutinho, Mustafah Dhada, Roberto Vecchi | Moderação: Rita Lucas Narra
Intervalo
11h30-13h00: Amílcar Cabral: dimensões internacionais da luta | Rui Lopes, Aurora Almada Santos, Teresa Almeida Cravo, Vincenzo Russo | Moderação: Pedro Aires Oliveira
Almoço
14h30-16h00: Amílcar Cabral: política, cultura e utopia | Miguel de Barros, Rui Cidra, Sílvia Roque, Redy Wilson Lima | Moderação: João Mineiro
Intervalo
16h30-18h00: Descolonização: significados e desafios | Beatriz Gomes Dias, Bruno Sena Martins | Moderação: Marta Lança
Festa de Encerramento no B.Leza | 22h00 Concerto Prétu | 23h00 Abel Djassi DJ Set
Acesso livre, mas de inscrição obrigatória
Organização: Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (através do projeto CROME, Memórias Cruzadas; Políticas do Silêncio, financiado pelo Conselho Europeu de Investigação, e no âmbito da iniciativa "50 anos de Abril"); Instituto de História Contemporânea (NOVA-FCSH) e laboratório associado in2past; Cultra (associada à rede Transform e no âmbito da iniciativa "Abril é Agora").
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Nota do editor:
18 comentários:
Olá Camaradas
Neste blog estuda-se um fenómeno sociológico que atingiu dois povos.
Não vejo na lista dos participantes no projecto, dos estudiosos desta matéria ex-combatentes que tenham estudado o fenómeno. Sendo assim começo a ter dúvidas sobre a honestidade do projecto.
Terminar dois dias de trabalho e estudo com apresentação com uma "Festa de Encerramento no B.Leza | mana22h00 Concerto Prétu | 23h00 Abel Djassi DJ Set"não será a maneira mais a adequada de o fazer.
Claro que isto não me diz respeito, mas não me parece digno.
Irei, se puder, ouvir o que vai ser dito e porquê e, bem assim o fundamento das comunicações apresentadas.
Um Ab.
António J. P. Costa
É verdade que Amílcar Cabral vai fazer 100 anos em 2024 e as autoridades portuguesas querem associar-se à efeméride. Mas, tanto quanto me apercebo (sem ser, todavia, um "especialista" na vida, obra e pensamento do líder histórico do PAIGC), não é uma figura inteiramente consensual nos nossos países que estiveram em guerra entre 1961 e 1974, nomeadamente em Portugal, na Guiné-Bissau e em Cabo Verde...
Nem nunca o será, enquanto houver, ainda viva, uma geração de combatentes, de um lado e do outro, que infelizmente nunca chegou a fazer o "luto" da guerra nem muito menos a "reconcialiação"... Fez-se a "paz", pela via político-militar, com o 25 de Abril de 1974 e depois os acordos de Argel, mas nunca se fez o "luto" e a "reconciliação" entre combatentes... Nem, num lado e no outro, se pediu alguma vez desculpa pela violência praticada durante a guerra e depois da guerra...
Espero que o colóquio, a que não poderei assitir por estar no Porto até domingo, seja suficientemente plural e crítico nas leituras dos contributos do Amílcar Cabral para a "história do futuro". A formação científica de alguns dos historiadores presentes a isso obriga...
Tirando o 'comandante' Pedro Pires, não vejo mais nenhum combatente entre as pessoas convidadas para intervir no colóquio... O cineasta Sana Na N'Hada (n. Enxalé, 26 de maio de 1950), argumentista e realizador de cinema guineense, é ou foi militante do PAIGC, mas não sei se andou de armas na mão a combater os "colonialistas"... O resto são académicos, jornalistas, estudiosos ou personalidades que têm publicamente manifestado a sua admiração e apreço pela figura e o papel de Amílcar Cabral.
Que se pode esperar deste colóquio quando no universo não vão ouvir nenhum dos ex-combatentes mas chamam para comentar um "estoriador".
Olá Camaradas
Que temos nós a ver com o facto do Amílcar Cabral fazer 100 anos em 2024? Estamos em 2023, ainda. As autoridades portuguesas querem associar-se à efeméride. Porquê e como? Disponibilizando o B Leza?
Amílcar Cabral quer se queira, quer se não queira é um inimigo, tivesse tido ele as razões que tivesse. Que eu saiba não celebramos o aniversário de nenhum inimigo (Napoleão, Filipe II, etc.).
Se não é uma figura inteiramente consensual nos "nossos" países que estiveram em guerra entre 1958 e 1974, que temos nós com isso (nomeadamente em Portugal)? Se é ou deveria ser consensual (célebre, popular, etc.) na Guiné-Bissau e em Cabo Verde... não nos diz respeito...
A "reconcialiação" é um problema dos povos da Guiné e dificilmente será resolvido, enquanto houver, ainda viva, uma geração de combatentes, de um lado e do outro, que infelizmente nunca chegou a fazer o "luto"? Sim, mas isso é um problema que não diz respeito ao meu país e não há razão para que se andem a fazer conferências e colóquios sobre o tema.
Mas pedir desculpa de quê? A violência praticada durante a guerra ainda pode ter que ver com "a kriminoso colonialista tuga, salazarista imperialista... o que é que isso melhora? E depois da guerra?... Quem sente que deve pedir desculpa a alguém que o faça. Isto das desculpas é uma moda? Se é não adiro! Assuma culpa quem a tem e de quê! Mas neste campo o meu país não tem nada a ver com o que se passou na Guiné após a independência.
Que me importa que o colóquio, seja suficientemente plural (ou singular) e crítico (ou acrítico) nas leituras dos contributos do Amílcar Cabral para a "história do futuro". Futuro? Qual futuro? Vão ressuscitá-lo? Vai ser difícil, mas podem tentar...
Participe quem participar: 'o comandante' Pedro Pires,o cineasta Sana Na N'Hadaão (argumentista e realizador de cinema guineense) académicos, jornalistas, estudiosos ou personalidades que têm publicamente manifestado a sua admiração e apreço pela figura e o papel de Amílcar Cabral. Que interesse tem isto para o meu país?
Amílcar Cabral é Guineense que conduziu a Guiné e Cabo Verde à independência politica.
É totalmente inadequado que os dois países onde a sua acção se fez sentir venham fazer "celebrações e festejos" para um país terceiro
Um Ab.
António J. P. Costa
PS: A condecoração que o Presidente lhe "concedeu" não é suficiente? Como se dizia mo n/tempo "PORRA"!...
Seria justo que o povo guineense viesse a ter acesso a uma versão em crioulo de todo este colóquio.
Porque foi este povo que teve que lutar por dois países, Guiné e Caboverde, os dois paises de Amílcar Cabral.
E haver uma segunda versão deste colóquio na Cova da Moura também em crioulo, seria objecto de uma enorme audiência.
Claro que a Assembleia da República quer se associar ao evento, mas apenas na sala Almeida Santos, está bem.
Não sejamos mesquinhos nem chauvinistas: todos temos o direito a saber mais sobre a história dos nossos países e sobretudo sobre os períodos em que convivemos, na guerra e na paz...
Os conflitos, que ao longo da história tivemos com a nossa vizinha Espanha, não nos impedem de fazer colóquios sobre as relações luso-espanholas... Bolas, temos uma história de mais de mil anos!...
Curiosamente, continuamos a falar do "domínio dos Filipes", entre 1580 e 1640 (a escola salazarista acicatou-nos o ódio contra os Filipes, e por tabela, contra os espanhóis, ...), enquanto os historiadores preferem falar hoje de uma "monarquia dual" ou de uma "união ibérica", expressão que parece ser mais "politicamente correta", para os dois países e pra os nossos ouvidos... Pelo menos é mais "soft"... É, como na Academia Militar, não se falar em "guerra colonial", mas em "guerra de África"...
Mas sabemos pouco, afinal, sobre esses períodos (a "União Ibérica", as "invasões napoleónicas", a "guerra de África" ou as "guerras de África" (que começaram por ser "campanhas de pacificação"!)...
Os portugueses sabem, pouco da sua história, sabem pouco sobre as invasões napoleónicas, as deserções em massa dos nossos soldados, dos portugueses que colaboraram com o invasor, das chacinas de lado e do outro, da "guerrilha popular" (com papel ativo do clero), etc., etc.
Os colóquios devem servir para trazer, a um público mais vasto, a investigação feita pelos académicos, os historiadores, os estudiosos, etc. E aqui a produção de conhecimento tem regras próprias... Isto não é desculpar, antes pelo contrário, o "enviesamento ideológico" que pode existir (e existe) nas abordagens da história...
Boa piada Rosinha!
Uma versão em crioulo na Cova da Moura faz imensa falta.
E em sueco também. A Suécia foi uma das grande apoiantes do PAIGC.
Por isso, porque não um colóquio em Estocolmo?
Assim os suecos conheceriam melhor o Amílcar que é alguém hoje completamente esquecido e, de caminho podiam pedir desculpa a Portugal por terem apoiado o PAIGC.
Era uma ideia...
Um Ab.
António J. P. Costa
Espero que os nossos jovens investigadores (que não foram à guerra, felizmente para eles...) fazem um bom trabalho, no âmbito do projeto CROME... Para isso, têm competências e muita massa (que também é dos nossos contribuintes)...
O que é o CROME ?
(...) "é um projeto de investigação de seis anos (2017-2023), que visa produzir uma análise das memórias da guerra colonial e das lutas de libertação em PORTUGAL, ANGOLA, MOÇAMBIQUE, GUINÉ-BISSAU, CABO VERDE e SÃO TOMÉ e PRÍNCIPE, financiado pelo Conselho Europeu de Investigação (ERC) e coordenado por Miguel Cardina, tendo como instituição de acolhimento o Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra"
https://crome.ces.uc.pt/
Há acesso aberto a alguns trabalhos já produzidos (se bem que virados para um público muito especializado, os académicos não têm muita vocação nem jeito nem pachorra para escrever para o "povo", porque isso não dá "pontos" nem traz massa para novos projetos):
https://www.taylorfrancis.com/books/oa-mono/10.4324/9781003265535/remembering-liberation-struggles-cape-verde-miguel-cardina-in%C3%AAs-nascimento-rodrigues
https://cultureandhistory.revistas.csic.es/index.php/cultureandhistory/issue/view/21
https://journals.sagepub.com/doi/10.1177/17506980211053983
O Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra é bem conhecido. Mais o CROME onde pontificam cromos como o Boaventura Sousa Santos ( o Chomsky do Mondego), Miguel Cardina, a Diana Andringa e mais uma pleiâde de ilustres esquerdistas que entram de lado como o Fernando Rosas, etc. Fazem a História à sua maneira, inclinam a balança para o lado que lhes interessa. E assim fazem História. Entortam os factos, douram as utopias, endeusam os ditadores de esquerda, vivos ou mortos. Não me merecem respeito. Não pertencem ao meu mundo.
Abraço,
António Graça de Abreu
Querem vender-nos "o pacote histórico" deles à `força toda.E o desplante é tal, que vai ser na assembleia, que é mesmo uma res pública.
O António Pereira da Costa e o António Graça de Abreu já disseram tudo e bem.O espectaculo continua com os actores sobejamente conhecidos.
Um abraço
Carlos Gaspar
Pronto, Camaradas!
Já está!
O "insidioso, caviloso, horroroso e mauzinho" In já nos pôs à bulha uns com os outros. Para tal veio fazer uma "crome" (cómico) para o nosso país. E com um espectáculo pelo cá pelo contribuinte no BêLêza. Não podemos aceitar estas provocações que, se calhar não passam de um método de ganhar uns € e uma viagem ou duas e dois dias ou mais passeando na "Capital do Império". Querem celebrar os 100 anos do Amílcar porque não foram para a terra natal dele? Era chato e não mandava divulgação e êxito. Ninguém ligava nenhuma ao espectáculo (debates incluídos) e ficavam muito mais a recolhidinhos a dizer mal "da kriminoso colonialista tuga, salazarista imperialista"... Só que ninguém ouvia. E em Bafatá não há(?) discotecas tropicais e isso tira o brilho ao evento.
Querem pedir desculpa? "Peidam", mas uns aos outros. Não me metam na série. Isto das desculpas é uma atitude ridícula, mas descarrega o espírito e dá notícias nos jornais e TV. Já que estamos a pedir desculpa deveríamos exigir desculpas à ex-URSS, à China, à Séquia + Eslovénia (ex-Checoslováquia) por terem oferecido material de guerra ao PAIGC; à Alemanha, à França à Itália e aos EUA por não ter apoiado Portugal com a devida intensidade e obrigando a pagar os materiais usados. Enfim um comboio de pedido de desculpas.
Um Ab.
António J. P. Costa
Pereira da Costa, estamos perante um assunto complicado, mas até nestes casos:
"Amílcar Cabral quer se queira, quer se não queira é um inimigo, tivesse tido ele as razões que tivesse. Que eu saiba não celebramos o aniversário de nenhum inimigo (Napoleão, Filipe II, etc.)."
houve por cá muitos simpatizantes monárquicos da unificação das coroas Ibéricas e da Revolução Francesa nem se fala, até eram presos pelo Pina Manique.
Até já temos para por aqui uma comparação com o filho da puta do Hitler e os nazis que criou.
Mas, sem eu ter uma especial simpatia, Amílcar Cabral ká muri/mori, tem nome de ruas em várias localidades do país e os seus milhares de simpatizantes caboverdianos estão todos os dias a trabalhar em várias profissões ao nosso lado sem ninguém a apontar 'aquele é um arruaceiro do Amílcar', antes, eles, sentirão uma grande admiração pelo homem que, quer queiramos ou não, teve grande influência na história de África.
Saúde da boa
Valdemar Queiroz
Parabéns, Caro AGA, pelo resumo.
Vai um abraço.
Olá Camaradas
Estamos perante um assunto complicado? Nem por isso.
Amanhã terminarão com todo o brilhantismo as festividades da celebração dos 99 anos do Amílcar Cabral, o que quer dizer que estivemos para aqui a discutir para o boneco.
Por outras palavras: dois países - (ou será só um?) - resolveram vir fazer celebrações e festividades no meu país que nada tinha a ver com elas.
Terei de celebrar o século do Amílcar porque "Amílcar Cabral ká muri/mori", e porque no meu país "há muitos seus milhares de simpatizantes caboverdianos todos os dias a trabalhar em várias profissões ao nosso lado[...]"? Obviamente que não. Que tem isso com o Amílcar. Eles vêm para cá melhorar a sua qualidade de vida e se lhes surgir o fluxo migratório muda e lá se vão as celebrações e recordações...
Que tenho eu que sintam ou não uma grande admiração pelo homem que, quer queiramos ou não, teve grande influência na história de África? Qualquer de nós pode honestamente estudar a personalidade e actuação do Amílcar Cabral. Gostará ou não... mas isso é uma questão pessoal.
Todos sabemos que o nome de ruas implantado em várias localidades do país correspondeu a um período da vida nacional que não enjeitamos, mas que hoje tem cada vez menos significado.
Quer se queira quer não isto foi um abuso e o governo português não deveria ter alinhado numa cóboiada destas. Mas... tirando hoje é sempre assim...
Um Ab.
António J. P. Costa
Os cabo verdianos que tem que fazer a sua vida em Portugal não entram nestas comemorações (porque tem que tratar da sua vida e mandar dinheiro para os seus familiares) engendradas por alguns intelectuais.E estes eventos como diz o António Pereira da Costa, a serem faitos em Cabo Verde ou na Guiné, não seriam o mesmo.E agora acrescento eu não teria o "brilhantismo que lhe querem dar".
E para terminar já não me lembro se era escritor ou jornalista o cabo verdiano que disse que tinham que se libertar dos libertadores, pois a cultura dos cabos verdianos não tem nada a ver com modelos copiados dos paises do leste no passado recente.
Abraço
Carlos Gaspar
Havia tantos caboverdeanos em Angola que numa digressão de Bana por Angola, (1969?)esgotou 3 noites sexta, sabado e dpmingo o cinema Avis ao ar livre em Luanda, e arrancou para Nova Lisboa com as suas mornas e coladeras, e esgota o cine Ruacaná, e testemunhava-se que eram tantos ou mais caboverdeanos que ficaram a porta sem bilhete do que os que entraram.
Os caboverdeanos espalhados pelas diversas colónias viviam felizes, nenhum se mostrava descontente com a situação, espectantes talvez, mas nunca pensando naquele final.
Sentiam-se portugueses há 500 anos.
E muitos milhares continuaram, já vão em 540 anos.
Pessoal!
Bora assistir ao espectáculo do Bê-Lêza? Bora?
É o encerrar das celebrações, não podemos faltar.
Quem faltar é colonialista, salazarista, imperialista e lacaio do tuga, pelo menos...
Bom dia e um Ab.
António J. P. Costa
PS: As TV portuguesas não deram relevo ao "invento". Que se terá passado?
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