sábado, 14 de janeiro de 2023

Guiné 61/74 - P23980: Memória dos lugares (447): Poortugaal, antigo município de origem portuguesa, nos arredores de Roterdão (Valdemar Queiroz)



Poortugaal, hoje município de Albrandswaard (desde 1985), província
de Holanda do Sul. Remonta ao séc- XV. Está situado perto de Roterdão 
(o maior porto marítimo da Europa), entre a zona portuária e o rio Oude Maas. Tem cerca de 9500 habitantes, e ligação, por metro, a Roterdão. A população trabalha na zona portuária.

1. Mensagem do nosso Valdemar Queiroz, com data de 9 do corrente:


Excerto, com a devida vénia, do Blogue Picos de Roseira Brava > segunda-feira, 8 de maio de 2017 > Conhecem Poortugaal? (O blogue é da professor, de Leiria, Graça Sampaio )

Pois eu nem fazia ideia da existência de um lugar com este nome. Quando recebi a informação, pensei que seria (mais) uma brincadeira acerca do nosso belo país.

Poortugaal é uma cidade cujo nome deriva de Portugal situada perto do município de Roterdão.

A história da povoação data do Século XV e tem uma igreja desse período.

A região envolvente de Poortugaal, nos arredores de Roterdão, já era habitada no século IV a.C. 

Cerca de meio milénio depois, os romanos tentaram fixar‐se no território que só viria a ser povoado, de modo estável, a partir do século IX.

Por volta de 1170, os moradores da região começaram a defender‐se do desnível das águas através da construção de diques.

Foi assim que surgiu um primeiro pólder com cerca de cem hectares. No centro desse polder edificaram‐se diversas construções em madeira.

No século XIII, a sul do sistema de diques já existente, foi‐se concentrando alguma população que não dispunha de terra (denominada mais a sul por servos da gleba) e que acabaria por dar origem à atual povoação de nome Poortugaal.

O antigo porto de Poortugaal, ligado ao Rio Maas, foi um dos locais onde os portugueses estabeleceram relações comerciais com os holandeses.

A existência, ainda hoje, de uma família com o nome “Tempelaar” confirma as relações comerciais entre Portugal e a Holanda.

O ramo mais antigo dessa família remonta a 1574, embora haja descendentes com variações desse mesmo apelido, nomeadamente “Tempelar”, “Tempeler”, “Tempelers” ou “Tempelaer”.

O Convento de Cristo de Tomar,  ostentado no brasão de algumas famílias, indica que a genealogia deriva da ligação à ordem portuguesa dos Templários

Não foram encontrados vestígios de origem judaica portuguesa na sequência das perseguições inquisitoriais do século XVI na Península Ibérica.

No início do século XIV, foi construído em
Castelo de Valckesteyn,
demolido no séc. XIX
Poortugaal o castelo de Valckesteyn que, alémde prisão, chegou a ter razoável importância militar em toda a região. 
No século XIX acabaria por ser demolido e no seu lugar encontra‐se hoje o bosque do mesmo nome, o Vasckesteynbos.

Após a transformação de toda a região em pólder, Poortugaal cresceu bastante, sobretudo após a Segunda Grande Guerra Mundial, e passou a rivalizar diretamente com Rhoon, a outra terra do concelho de Albrandswaard, situado a norte do Rio Maas e a sul do grande concelho de Roterdão.

Esta é a bandeira da antiga municipalidade de Poortugaal nos Países Baixos, que foi criada por Klaes Sierksma e adoptada em 3 de Maio de 1965. As armas têm realmente origem portuguesa como está fácil de ver.
 

Imagens de Poortugaal em 1920.








2. Comentário adicional do Valdemar Queiroz. que tem filho (português), nora (neerlandesa) e netos  (luso-neerlandeses) a viver nos Países Baixos 

Também se fala terem sido antigos cruzados que regressaram das Cruzadas e fundaram a localidade com o nome Poortugaal.

Interessante no Brasão da localidade, que eu conheço, ter, em vez das cinco chagas de Cristo, estrelas parecidas com a estrela de David.

Poortugaal, com as vogais oo e aa dobradas para se ler/dizer como os portugueses.

A propósito de portugueses, e num dos e habituais brunchs de domingo, quando apareceu um casal de jovens a minha nora disse para o meu filho 'die kwamen it Poortugaal' (vieram de Poortugaal) e o meu filho disse 'eu sou do Cacém-Sintra e vocês são donde?'. 

Sem perceberem o que ele dizia, eles e toda a gente ficou em silêncio apenas com um 'begrijp het niet' (não entendo). E assim ficamos a saber que havia nos Paises Baixos uma localidade chamada Poortugaal.

Valdemar Queiroz

Brasão de Poortugaal



Antigo município de Poortugaal (1277-1985). Fundiu-se com Em 1 de Janeiro de 1985 
com Rhoon para formar o município de Albrandswaard. (Fonte: Wikipedia > Poortugaal)


Clube Desportivo de Poortugaal 



Carimbo dos correios dos Países Baixos > 1984, Hoogvliet 50 years part of Rotterdam, Marathon.



Igreja, reformada,  de Poortugaal


Edifício do antigo município de Poortugaal (2017)


Fotos (e legendas): ©  Valdemar Queiroz  (2023). Todos os direitos reservados.
[Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


__________

Nota do editor:

Último poste da série > 13 de janeiro de 2023 > Guiné 61/74 - P23978: Memória dos lugares (446): Sinchã Alfa, na estrada Cabuca-Nova Lamego (hoje Gabu): interessante, 52 anos depois, constrói-se uma escola no local de um antiga rampa de lançamento de foguetões 122 mm

4 comentários:

Anónimo disse...

Amigo Valdemar,
Estamos sempre a aprender contigo.
Eu já que desconfiava.
Na minha visita Amesterdão na chegada apanhei um táxi conduzido por um Português, chegado ao Hotel sou recebido por uma rececionista portuguesa, tomei uma bebida no bar servida por um empregado português e ao pequeno almoço fui servido por um casal de portugueses, mais parecia que estava em POORTUGAAL.
Um grande abraço com um cheirinho daquilo com que se calafetava as portas dos fornos onde se cosia o pão para que não percas os cheiros do nosso maravilhoso Minho.
Joaquim Costa

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Nos Países Baixos há também uma importante comunidade cabo-verdiana...com destaque para Roterdão:

https://www.conscv.nl/pt/comunidade/organizacoes-caboverdianas

Tabanca Grande Luís Graça disse...

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https://www.publico.pt/2022/01/16/culturaipsilon/reportagem/partir-roterdao-djunga-biluca-revelou-musica-cabo-verde-mundo-1991424

Na segunda maior cidade dos Países Baixos escreveu-se um capítulo desconhecido da história musical das ilhas. Foi aqui que Djunga de Biluca, electricista nascido no Mindelo, fundou a primeira editora cabo-verdiana em 1965 — internacionalizando nomes como Cesária Évora ou Bana. Memória dos dias em que Roterdão se tornou uma improvável metrópole crioula.

Ricardo J. Rodrigues(texto) e Guillaume Pazat(fotografia)
16 de Janeiro de 2022, 7:21

Valdemar Silva disse...

Oh meu caro amigo Costa, cheiro não me falta.
O da estrada, quando passava a vermelha e apanhado com folhas de videira, ainda a fumar, é que nunca mais.

Os duchts (dótxx) não vão muito à nossa pala por sermos muito "fazem de tudo", a cada um sua profissão, dizem.
Uma vez, atirei-lhes com um simples coelho à caçador de Avenida, com muita cebola, alhos, colorau, azeite e vinho branco, deitado abaixo com um arroz dos miúdos (coração e fígado) e um tintol do Dão, e no fim uma das cunhadas do meu filho disse 'Ik ga zwanger worden' (vou ficar grávida). Ainda por cima coelho em neerlandês é konijn (conaine).
Kinderen eten geen konijn (crianças não comem coelho).

Abraço e saúde da boa
Valdemar Queiroz