Guiné-Bissau > s/l > 1974 > PAIGC > Escola para adultos / Foto: ASC Leiden - Coutinho Collection - 6 24 - School for adults in Guinea-Bissau - 1974
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Guiné-Bissau > s/l > 1974 > PAIGC > Escola para adultos / Foto: ASC Leiden - Coutinho Collection - 6 29 - School for adults in Guinea-Bissau - 1974. (Tudo indica que a aluna seja guineense, e que a aula seja de português... Pormenor: tanto quanto se consegue ler: "Sumário, 29-3-74 (,,,) Eu quero ser primeiro (?) professora. Eu quero ser (...)".
Fonte: Wikimedia Commons > Guinea-Bissau and Senegal_1973-1974 (Coutinho Collection) (Com a devida vénia...) . Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2023)
1. O jovem médico Roel Coutinho (*), então com os seus 26/27 anos, passou uma temporada na Guiné-Bissau e no Senegal, ainda antes do 25 de Abril de 1974, altura em que voltou ao seu país natal, os Países Baixos.
A gente às vezes esquece-se que a Holanda / Países Baixos foi também uma grande potência colonial e que a descolonização desses territórios também não foi pacífica.... (Veja-se, por exemplo, o caso da Indonésia que foi o primeiro país após a Segunda Guerra Mundial a lutar pela independência e a ser reconhecido pelas Nações Unidas, mas só em 1949 pela potência colonizadora... E só agora, ao fim de muitos anos, os Países Baixos pedem desculpa pela violência contra os indonésios e outros povos que estiveram sob o seu domínio.)
Alguns excelentes fotojornalistas (como Bruna Amico ou Uliano Lucas) mas também cineastas, médicos e escritores foram às florestas e bolanhas da Guiné para se documentar "in loco" sobre o progresso da "luta de libertação" dos guineenses contra o colonialismo português. Pode-se dizer que criaram ou ajudaram a criar uma "estética da guerra de libertação" (**).
No seu livro de memórias, "Crónica da Libertação" (Lisboa, "O Jornal", 1984, 464 pp.), Luís Cabral (Bissau, 1931- Torres Vedras, 2009), o primeiro presidente da República da Guiné-Bissau (1973-1980), derrubado pelo golpe de Estado do 'Nino' Veira (em 14 de novembro de 1980), cita o nome do "dr. Raul Coutinho" (sic), a propósito do apoio ao PAIGC, ainda na fase da luta pela independência, de diferentes países e organizações no domínio médico-sanitário. Escreveu ele, na página 337:
"O comité da Holanda, como a Fundação Eduardo Mondlane, destacou-se por uma solidariedde contínua com as nossas formações sanitárias também concretizada pelo envio de pessoal médico. Os drs. To, Raul Coutinho e Yob trabalharam sucessivamente no nosso Lar do Combatente de Ziguinchor".
Não são referidas datas, maas sabe-se que as fotos do Roel Coutinho tªem dieferentes datas: (i) março-abril de 1973; (ii) 1974; (iii) março-abril de 1974... Umas foram toradas no Senegal (Ziguinchor), outras na Guiné-Bissau, em "áreas libertadas", junto à fronteira norte ou a sul do Morés (em Sara). Não parece haver fotos tiradas no sul do território, ou em bases do PAIGC em território da Guiné-Conacri, como Boké (onde também havia um hospital tal como em Ziguinchor, no Senegal).
2. E a propósito da Fundação Eduardo Mondlane (Eduardo Mondlane Stichting) sabemos que se fundiu mais tarde, em 1997, com outras duas organizações, o Comitê Holandês sobre a África Austral, antigamente denominado Angola Comité (Komitee Zuidelijk Afrika) e o Movimento Holandês de Oposição ao Apartheid (Anti-Apartheids
Beweging Nederland) , dando origem ao Nederlands instituut voor Zuidelijk Afrika (NiZA).
O NiZA (http://www.niza.nl) focava-se então nas questões relativos ao desenvolvimento e aos direitos humanos na
África Austral, mantendo os arquivos com os materiais de suas organizações-mãe:
Numa folheto, de duas páginas, do NiZA, disponível em formato pdf, em português pode ler-se:
(...) "A colonização inicial holandesa da África do Sul, suas conexões religiosas
tradicionais, ligações com o idioma falado pelos afrikaners, e o número relativamente
alto de imigrantes holandeses na África do Sul contribuíram para o alto interesse da
sociedade holandesa pelos assuntos relativos à África do Sul, inclusive a luta contra o
apartheid.
A experiência dos holandeses durante a ocupação nazi na Segunda
Guerra Mundial e a descolonização na Indonésia também contribuíram para o apoio
de movimentos de libertação na África Austral.
Todos esses fatores resultaram na
ampla cobertura da imprensa e no surgimento de um forte movimento contra o
apartheid e em prol da libertação africana na Holanda.
Um dos primeiros grupos se
concentrou na libertação de Angola e das outras colônias portuguesas, o que ajudou a dar ao movimento uma perspectiva ampla sobre a região da África Austral.
Em três ocasiões distintas, desentendimentos graves sobre as sanções contra a África
do Sul entre a maioria parlamentar e a administração incumbente ameaçaram derrubar o governo. Os sindicatos, as igrejas, os governos locais e as organizações de
desenvolvimento agiram ativamente nesse sentido, assim como as organizações cujo
enfoque específico era a solidariedade com a luta na África Austral.
Os grupos
holandeses agiam não só ao fazer pressão para transformar as políticas ocidentais e
isolar a África do Sul, como também para apoiar diretamente os movimentos de
libertação da África Austral. Os grupos normalmente trabalhavam juntos em
coligações, apesar de rivalidades e discórdias estratégicas entre si. Juntos, atingiram
todos os setores da sociedade holandesa, exercendo forte influência na opinião
pública." (...)
A gente às vezes esquece-se que a Holanda / Países Baixos foi também uma grande potência colonial e que a descolonização desses territórios também não foi pacífica.... (Veja-se, por exemplo, o caso da Indonésia que foi o primeiro país após a Segunda Guerra Mundial a lutar pela independência e a ser reconhecido pelas Nações Unidas, mas só em 1949 pela potência colonizadora... E só agora, ao fim de muitos anos, os Países Baixos pedem desculpa pela violência contra os indonésios e outros povos que estiveram sob o seu domínio.)
3. Chamámos a este série "Una rivoluzione... fotogenica". Destina-se a divulgar algumas imagens "do outro lado do combate"... Na realidade, o PAIGC e sobretudo o seu líder histórico, Amílcar Cabral (Bafatá. 1924- Conacri, 1973) sempre beneficiou de uma "boa imprensa", a nível internacional, e nomeadamente nalguns países europeus, como a Suécia, a Holanda, a Itália ou até a França.
Alguns excelentes fotojornalistas (como Bruna Amico ou Uliano Lucas) mas também cineastas, médicos e escritores foram às florestas e bolanhas da Guiné para se documentar "in loco" sobre o progresso da "luta de libertação" dos guineenses contra o colonialismo português. Pode-se dizer que criaram ou ajudaram a criar uma "estética da guerra de libertação" (**).
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Notas do editor:
(*) Vd. poste de 8 de janeiro de 2023 > Guiné 61/74 - P23962: "Una rivoluzione...fotogenica" (4): Roel Coutinho, médico neerlandês, de origem portuguesa sefardita, cooperante, que esteve ao lado do PAIGC, em 1973/74 - Parte III: Cambança(s)
(*) Vd. poste de 8 de janeiro de 2023 > Guiné 61/74 - P23962: "Una rivoluzione...fotogenica" (4): Roel Coutinho, médico neerlandês, de origem portuguesa sefardita, cooperante, que esteve ao lado do PAIGC, em 1973/74 - Parte III: Cambança(s)
1 comentário:
Estas fotos nunca se sabem onde foram tiradas ao certo... Admitamos que foram na Guiné-Bissau, em áreas onde o PAIGC tinha alguma população sob o seu controlo, com pequenas escolas e até "hospitais de campanha" (nome pomposo...).
Na última foto que publicamos da autoria do Roel Coutinho, tivemos curiosidade em saber o que a jovem estava a escrever... Podia ser uma senegalesa, a escrever em francês...Mas não, tudo indica que a aluna seja guineense, e que a aula seja de português... Pormenor: tanto quanto se consegue ler: "Sumário, 29-3-74 (...) Eu quero ser primeiro (?) professora. Eu quero ser (...)".
Era uma verdadeira obsessão do Amílcar Cabral (que já estava morto naquela data): ensinar os jovens guineenses a ler e a escrever... em português. Era a única maneira de o entenderem, de perceberem o seu pensamento político... e com isso ajudar a criar um país, uma nação... Claro que é impossível saber o que é que estas "pequenas escolas do mato" fizeram, ao longo dos anos, no domínio da alfabetização... Tal como não sabemos, com rigor, qual foi o contributo das nossos "Postos Escolares Militares" para a educação dos jovens guineenses... Foi um esforço tardio (Spínola fez uma aposta forte, na educação e na saúde), com militares, cheios de boa vontade, mas em geral sem qualquer preparação pedagógica, tal com os agentes de ensino do PAIGC... Conheci em Bambadinca uma professora do ensino básico, cabo-verdiana, mas nunca soube quantos alunos tinha: devia ter turmas dos 4 anos ou classes... E liceu, só havia um, em Bissau...por onde passaram alguns futuros quadros e dirigentes do PAIGC...
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