Guiné > Região do Oio > Mapa geral da província da Guiné (1961) / Escala 17500 mil > O possível triângulo Farincó - Fambatã - Hermacono (na linha de fronteira com o Senegal)
Guiné > Região do Oio > Carta de Jumbembem (1953)) / Escala 1/50 mil > O possível triângulo Farincó - Fambatã - Hermacono (na linha de fronteira com o Senegal)
Infogravuras: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2023)
1. Comentário do nosso colaborador permanente Cherno Baldé (Bissau, mais de 270 referências no nosso blogue) ao poste P24107 (*)
Caro amigo Luis Graça,
A informação que consegui obter junto de um antigo guerrilheiro, é que a base de Ermancono ou Hermacono ficava situada perto da fronteira e nas proximidades de 3 aldeias abandonadas (Fambanta-Farinco fula e Farinco mandinga) formando um triângulo quase perfeito se tomarmos como base a estrada Farim-Jumbembem com as duas localidades a servirem de ângulos ou vértices A e C. Visto desta forma, o ângulo de cima (Vértice B) estaria próximo das localidades citadas acima (Fambanta e as duas Farinco).
Esta informação trouxe-me de volta ao livro de Amadu Bailo Djalo no depoimento sobre a sua primeira missão em Farim com o Capitão de uma das companhias sediadas em Farim num camião cujo o motor aquecia e ao qual era preciso pôr água para arrefecer (**). A missão, segundo ele, estava relacionada com a recuperação da populaçao fula da aldeia de Lambã situada mesmo na linha da fronteira e que não se sentia segura devido a infiltração frequente dos guerrilheiros. Estou em crer que o objectivo daquelas manobras na altura estaria ligado à necessidade de conseguir espaços de futuras infiltrações para o interior do território.
De notar que este corredor (de Sambuia ou Lamel?) estava ligado às bases situadas no Oio (Canjambari-Samba-Culo entre outros).
Todavia, o homem grande (antigo combatente) não conseguiu decifrar-me o significado do termo Ermancono / Hermacono) utilizado para designar a base do PAIGC.
Com um abraço amigo,
Cherno Baldé
28 de fevereiro de 2023 às 12:57
Caro amigo Luis Graça,
A informação que consegui obter junto de um antigo guerrilheiro, é que a base de Ermancono ou Hermacono ficava situada perto da fronteira e nas proximidades de 3 aldeias abandonadas (Fambanta-Farinco fula e Farinco mandinga) formando um triângulo quase perfeito se tomarmos como base a estrada Farim-Jumbembem com as duas localidades a servirem de ângulos ou vértices A e C. Visto desta forma, o ângulo de cima (Vértice B) estaria próximo das localidades citadas acima (Fambanta e as duas Farinco).
Esta informação trouxe-me de volta ao livro de Amadu Bailo Djalo no depoimento sobre a sua primeira missão em Farim com o Capitão de uma das companhias sediadas em Farim num camião cujo o motor aquecia e ao qual era preciso pôr água para arrefecer (**). A missão, segundo ele, estava relacionada com a recuperação da populaçao fula da aldeia de Lambã situada mesmo na linha da fronteira e que não se sentia segura devido a infiltração frequente dos guerrilheiros. Estou em crer que o objectivo daquelas manobras na altura estaria ligado à necessidade de conseguir espaços de futuras infiltrações para o interior do território.
De notar que este corredor (de Sambuia ou Lamel?) estava ligado às bases situadas no Oio (Canjambari-Samba-Culo entre outros).
Todavia, o homem grande (antigo combatente) não conseguiu decifrar-me o significado do termo Ermancono / Hermacono) utilizado para designar a base do PAIGC.
Com um abraço amigo,
Cherno Baldé
28 de fevereiro de 2023 às 12:57
Algumas das Bases ao longo da fronteira tinham simultaneamente carácter operacional e logístico, constituindo pontos de apoio à entrada de grupos armados e de colunas de reabastecimento. Assim:
Na Zona Oeste, dispunha fundamentalmente das Bases de M'Pack, Campada, Sikoum, Cumbamory e Hermacono, sediadas na faixa fronteiriça da Rep Senegal, a partir das quais actuava contra as guarnições de S. Domingos, Ingoré, Guidaje, Farim e Cuntima e infiltrando-se pelos "corredores" da Sambuiá e Lamel irradiava para o interior do TO, respectivamente em direcção às áreas fulcrais de:
- Tiligi, Naga-Biambe e Caboiana-Churo, donde ameaçava directamente o "Chão" Manjaco e as povoações e Aquartelamentos ao longo do eixo Có - Bula - Binar - Biambe - Bissorã;
- Bricama, Morés e Sara, donde ameaçava as povoações e aquartelamentso ao longo do eixo Mansoa - Mansabá - Farim, a península de Nhacra e, indirectamente a ilha de Bissau;
Na Zona Oeste, dispunha fundamentalmente das Bases de M'Pack, Campada, Sikoum, Cumbamory e Hermacono, sediadas na faixa fronteiriça da Rep Senegal, a partir das quais actuava contra as guarnições de S. Domingos, Ingoré, Guidaje, Farim e Cuntima e infiltrando-se pelos "corredores" da Sambuiá e Lamel irradiava para o interior do TO, respectivamente em direcção às áreas fulcrais de:
- Tiligi, Naga-Biambe e Caboiana-Churo, donde ameaçava directamente o "Chão" Manjaco e as povoações e Aquartelamentos ao longo do eixo Có - Bula - Binar - Biambe - Bissorã;
- Bricama, Morés e Sara, donde ameaçava as povoações e aquartelamentso ao longo do eixo Mansoa - Mansabá - Farim, a península de Nhacra e, indirectamente a ilha de Bissau;
(Itálicos e negritos nossos: LG)
Senegal > Ziguinchor > PAIGC > 1973 > Organizando um coluna logística que vai levar armas até à base de Hermacono, na fronteira... Na imagem, um camião russo, de marca Gaz (segundo nos parece)... Para ir até à fronteira, devia haver uma estrada entre Ziguinchr e Hermacono (o fotógrafo chama-lhe Hermangono).
Foto: ASC Leiden - Coutinho Collection - G 23 - Life in Ziguinchor, Senegal - Carrying weapons to Hermangono, Guinea-Bissau - 1973 (Com a devia venia... )
Fonte: Wikimedia Commons > Guinea-Bissau and Senegal_1973-1974 (Coutinho Collection) (Com a devida vénia...) . Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2023)
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Notas do editor:
(*) Vd. poste de 28 de fevereiro de 2023 > Guiné 61/74 - P24107: "Una rivoluzione...fotogenica" (8): Roel Coutinho, médico neerlandês, de origem portuguesa sefardita, cooperante, que esteve ao lado do PAIGC, em 1973/74 - Parte VII: A vida em Ziguinchor, Senegal
(*) Vd. poste de 28 de fevereiro de 2023 > Guiné 61/74 - P24107: "Una rivoluzione...fotogenica" (8): Roel Coutinho, médico neerlandês, de origem portuguesa sefardita, cooperante, que esteve ao lado do PAIGC, em 1973/74 - Parte VII: A vida em Ziguinchor, Senegal
(**) Vd. poste de 12 de novembro de 2022 > Guiné 61/74 - P23777: Recordando o Amadu Bailo Djaló (Bafatá, 1940 - Lisboa, 2015), um luso-guineense com duas pátrias amadas, um valoroso combatente, um homem sábio, um bom muçulmano - Parte VII: Em Farim, com o BCAV 490, do ten-cor Fernando Cavaleiro, até meados de 1964... Abatises e emboscadas no itinerário Farim-Jumbembem-Cuntima
11 comentários:
Caros amigos,
Nao acho que o triangulo esboçado no mapa corresponda a descriçao do homem grande, pois na sua opiniao, a base do triangulo (Vertices A e C) deveria corresponder a picada Farim-Jumbembe. Assim o vértice de cima (B) estaria posicionado nas proximidades das aldeias abandonadas de Fambanta, Farinco fula e Faronco. Quando se diz que esta base ou barraca estava situada a distancia de um dia de marcha da linha da fronteira, faz todo o sentido pensar que no minimo seriam 10 ou mais horas de marcha, pelo que faz todo o sentido quando a situa nos arredores das antigas aldeias de Fambanta e as duas Farincos.
Talvez o Carlos Silva possa ajudar-nos a esclarecer esta questao, ja que esteve em Jumbembem antes e depois da guerra e certamente ja ouvira falar desta famosa "barraca" do Paigc.
Cdte,
Cherno Baldé
Cherno Baldé disse...
Caro Luís Graça,
O nome da barraca Ermangono ou Ermankono foi muito badalado no período pós-independência, mas não sei ao certo onde se situava, pensava que era na zona de Biambe, entre Binar e Bissorã, agora quando dizes que era na fronteira Norte, a um dia de marcha para o interior, fiquei ainda mais perdido. Vou procurar saber junto de antigos guerrilheiros.
28 de janeiro de 2023 às 11:43
Guiné 61/74 - P24014: "Una rivoluzione...fotogenica" (7): Roel Coutinho, médico neerlandês, de origem portuguesa sefardita, cooperante, que esteve ao lado do PAIGC, em 1973/74 - Parte VI: O quotidiano dos guerrilheiros na base de Hermacono (Senegal)...
2. Não conseguimos, até hoje, localizar este lugar, Hermangono (ou Hermacono, segindo a 2ª Rep QG/CC/FAG.
Segundo a instituição a quem foi doada a coleção de mais de um milhar de fotos e "slides", o African Studies Centre (ASC), Leiden, Hermangono seria "uma pequena aldeia na Guiné-Bissau, a um dia de distância da fronteira senegalesa", mas não se sabe a sua exata localização...
Também não encontrámos este topónimo, nem na "Crónica da Libertação", do Luís Cabral (Lisboa, O Jornal, 1984), nem no Arquivo Amílcar Cabral / Casa Comum, nem nas nossas antigas cartas militares.
Pergunta-se a quem sabe: Hermangono (ou Hermacono) seria no corredor de Sambuíá, que tinha início em Cumbamori?
Cherno, obrigado pelos teus reparos. Vou fazer outra infografia. A "barraca" de Ermacono (dos fibais da guera) deveria ser bem servida de transportes... Deveria por isso situar-se em território senegalês. Só em 1967 o Senghor passou a autorizar o trânsito de homens e mercadorias, incluindo armas e munições, nomeadamente vindos do país vizinho (com quem não tinha boas relações). Transito mas nao permanência...De facto, ainda não autorizava a instalação de bases operacionais ou logísticas com depósitos de armas e munições (como depois irá ter: Cumbamori, por exemplo).
O governo português foi muito estúpido ao alienar este importantissimo potencial aliado, que era o Senghor... Podia ter feito uma ponte para uma solução negociada do conflito... Marcelo Caetano perdeu aqui uma oportunidade histórica, desautorizando Spinola...
Conheço mal a geografia do Norte da Guine e Sul do Senegal... Mas há/havia a estrada que vinha de Ziguinchor e seguia paralela à fronteira seguindo depois para Kolda (ou Colda) e Dacar.
... Hermacono devia ficar perto dessa estrada... E a localização da "barraca" teria a ver com as facilidades logisticas, acessibilidades, etc. Foguetões 122 mm, granadas de morteiro 120, mísseis Strela,etc. é material que já não dá para levar à cabeça... Isso é para os camiões Gaz "oferecidos" pelos heróicos camaradas russos, herdeiros da gloriosa revolução de Outubro... (Quem, meu pobre Cabral, pagou a maldita factura no fim ?)
Olá camaradas boa noite!!
Desde Novembro de 1969 a Março de 1971, andei pelo chão que vai de Farim a Cuntima. Nunca ouvi falar duma base (ou barraca) do PAIGC com o nome Hermacono. Tanto a malta de Jumbembem como a de Cuntima, fomos algumas vezes efectuar golpes de mão a Galo Gega, onde os guerrilheiros permaneciam de vez em quando, por alguns dias.
Presumo que o Carlos Silva também nunca tenha ouvido falar nesse topónimo.
Abraço
Eduardo Estrela
Obrigado, Eduardo, era o teu "chão"... Vamos continuar a pesquisar... Boa noite. Luis
Meus caros amigos e camaradas,
Conheci bem o nosso Sector de Farim e principalmente o nosso subsector de Jumbembem onde estivemos de 2/01/1969 a 16/6/1971.
Quando estivemos em Farim chegámos a fazer uma operação ao Dungal que fica na fronteira na qual eu não participei.
Fomos a Lambã 2 vezes, onde se dizia haver por lá uma base, andamos para diabo e nada.
Estivemos destacados no K3, Saliqunhedim e fizemos operações para esse lado para a bem conhecida Fátima onde tivemos contacto com IN e todas as Companhias por lá andaram.
Picagens para Lamel ponto de encontro de Farim/Jumbembem.
Patrulhas e op. nessa área até ao rio Jumbembem/Frarim/Cacheu.
Em Novembro de 1969, estava o meu 4º Pelotão destacado no K3 e a minha CCaç 2548 foi fazer nomadização para a fronteira norte SITATÓ/CUNTIMA onde tivemos o 1º morto a 28 de Novembro.
Palmilhamos todo o subsector de Farim enquanto ali permanecemos.
A partir de Janeiro/69 até ao nosso regresso palmilhamos todo o nosso subsctor de Jumbembem que ia da picada Farim>Jumbembem>Cuntima até ao Senegal.
Fui diversas vezes emboscar para Farincó Mandiga; Fanbamta; Sare Soriã que fica a oeste de Jumbembem.
Muitas vezes para Sare Mancamã, Saman que fica a norte e fomos fazer operações para a fronteira para os Marcos 109 e 110 Sare Sofi onde tivemos contactos com IN, bem como fomos lá 2 ou 3 vezes buscar população.
Palmilhamos em picagens, patrulhas Jumbembem/Lamel; Jumbembem/Sare Tenem/Canjambari; Jumbembem/Norobanta, e em todos estes percursos levantámos muitas minas e tivémos azar com 2 camaradas, um ficou sem o pé no percurso Jumbembem/Sare Tenem/Canjambari e outro já a chegar ao termo da picagem Jumbembem/Norobanta.
Das operações à fronteira aos marcos, saímos de Jumbembem via Sare Mancamã, Saman e regressávamos via Galgega e apanhávamos as viaturas em Norabanta de regreeso a Jumbembem.
Tivémos contactos Fanbamtâ e Sare Soriâ bem como ao longo das picadas, principalmente Jumbembem/Lamel.
Nunca ouvi falar em Hermacono / Hermangono, mas perguntei aos meus amigos de Jumbembem que me disseram que existe no Senegal próximo da fronteira uma tabanca com esse nome, que não aparece nos mapas.
Como disse fomos a Lambã 2 vezes e não ouvi falar dessa tabanca. Para mim, Lambã ficou-me na memória porque da 2ª vez que lá fomos o meu camarada Furriel Enfermeiro já falecido, quando da retirada perdeu a pistola na bolanha e andamos a pisar o terreno até encontrá-la.
Abraço
Já agora Luís,
Este não era o chão do Estrela da CCaç 14, mas sim do subsector de Jumbembem.
Cherno
Cumbamori fica a uma dúzia de kilómetros a noroeste de Guidage
Sambuiá ( corredor de Sambuiá ) fica a oeste de Bigene e a sul de Talicó, na picada de Farim>Bigene>Barro>Ingoré
Já fiz esta picada 2 vezes em férias, a primeira em 1997 ainda não havia a ponde de S Vicente e a 2ª vez já atravessei a ponte.
Abraço
Carlos Silva
Cherno
Cumbamori fica a uma dúzia de kilómetros a noroeste de Guidage
Sambuiá ( corredor de Sambuiá ) fica a oeste de Bigene e a sul de Talicó, na picada de Farim>Bigene>Barro>Ingoré
Já fiz esta picada 2 vezes em férias, a primeira em 1997 ainda não havia a ponde de S Vicente e a 2ª vez já atravessei a ponte.
Abraço
Carlos Silva
Luís
Em cima, onde está 2/1/1969 é 2/1/1970
No nosso Sector de Farim enfrentávamos os Corredores de Lamel e Sitató
Em Lamel no meu tempo ficava lá emboscado e patrulhava a zona diáriamente e alternadamente um pelotão de Farim; Nema ou Jumbembem.
Colunas e picagens desde 1970 até regressarmos fazia-se colunas diárias para abastecimentos alimentares, transporte de cibes e materiais para a construção das tabancas.
De Jumbembem saíam 3 pelotões para picagens para sul Lamel/Farim; para norte Norobanta/Cuntima e para este Sare Tenem/ Canjambari.
Para além desta actividade das picagens, patrulhas, operações etc, ainda tivemos a tarefa de construir um aldeamento completo, demolição das tabancas velhas e construção de tabancas novas.
Abraço
Carlos Silva
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