Prémio Tágides 2023, na categoria "Portugal no Mundo", atribuído na segunda feira, 11 de dezembro de 2023, na Fundação Calouste Gulkenkian. O Prémio (que tem diversas categorias) é uma iniciativa da associação All4Integrity:
"A Edição de 2023 pretende dar continuidade à missão desenvolvida nas edições anteriores, com uma renovada vontade de apelar à sociedade civil para que se envolva no combate à corrupção em Portugal."...
A candidatura de João Crisóstomo foi apresentada por amigos e admiradores luso-americanos. Dos elementos que chegaram às nossas mãos, selecionámos este material informativo com dados biográficos e um resumo das actividades que o nosso camarada tem desenvolvido nos últimos três decénios na defesa de causas nobres, relevantes para Portugal e os portugueses no mundo.
JOÃO CRISÓSTOMO,
UMA VIDA, MUITAS CAUSAS
Vilma e João, "just married": Nova Iorque, 21 de abril de 2o13.
Para ambos, foi o segundo casamento. Vilma, de origem eslovena (nascida na antiga Jugoslávia) vivia em França desde 1979. Profissão; enfermeira. O João, nascido em Portugal, Torres Vedras, vive em Nova Iorque desde 1975, exercendo a profissão de mordomo e empresário (*). Reformou-se, entretanto. há Conhecia a Vilma, de Londres, desde o início dos anos 70. Mas estiveram 40 anos sem saberem do paradeiro um do outro. O casamento, interreligioso, concelebrado com um rabino judeu e um padre católico, teve na altura o devido destaque na coluna social do New York Times e no LusoAmericano.
Quando em 28 de Abril de 2013, o New York Times dedicou uma das suas páginas ao casamento do activista luso-americano João Crisóstomo com Vilma Kracun não o fez por causa de uma proeminência social de excepção dos noivos mas pela força do importante contributo dado por João Crisóstomo a tantas causas que viu concluídas com grande sucesso. (Doc 1, em anexo).
Também não passou sem causa o facto de a cerimónia ter sido presidida pelo rabino Elie Abadie.
No último quarto de século, João Crisóstomo não esteve
ausente de nenhuma das grandes causas que atrairam o interesse geral das
comunidades luso-americanas da costa leste dos Estados Unidos e que, de um modo
ou de outro, também se situavam dentro do círculo alargado dos direitos
humanos ou dos interesses – declarados ou não - do país onde nasceu,
Portugal.
- 1998 - International Rock Art Congress Award (USA)
- 2001 - Angelo Roncalli Medal, International Raoul Wallenberg Foundation;
- 2001 - Outstanding Service to Society Award, Edison State College;
- 2002 - Visas for Life Award;
- 2004 - “Aristides Sousa Mendes Medal” da International Raoul Wallenberg Foundation (IRWF);
- 2005 - Luis Martins de Sousa Dantas Medal, IRWF;
- 2005 - Recognition Certificate, Government of Canada.
O seu envolvimento cívico tem tido estas etapas principais:
1. GRAVURAS DE FOZCOA – 1995 (Doc. 2)
Mercê dos contactos que soube construir no âmbito da sua actividade profissional de serviços à alta sociedade nova-iorquina (foi despenseiro de milionários da sociedade americana, incluindo Jacqueline Kennedy Onassis), João Crisóstomo foi determinante, através do "Times" de Londres, na internacionalização da questão das gravuras pre- históricas de Foz Coa e na suspensão, em 1995, da construção da barragem que as iria submergir.
Pôde contactar pessoalmente
Rupert Murdoch, durante um acontecimento social em Nova Iorque, e este
encaminhou-o para os editores do seu "Times" londrino, começando aí a pressão
internacional para salvar as gravuras de Fozcoa.
Hoje,
o espaço ocupado pelas gravuras está declarado pela UNESCO como Património
Mundial da Humanidade e, como sempre acontece,
esquecido o papel inicial de João Crisóstomo.
Ainda no âmbito deste movimento criou em 1995 o “SAVE THE COA SITE MOVEMENT, USA” e promoveu demonstrações em Nova Iorque e sensibilizou diversos meios de informação internacionais e figuras da política e cultura da Europa, nomedamente a Unesco, e dos Estados Unidos obtendo apoio para a salvaguarda das gravuras de Foz Coa através de artigos publicados na imprensa internacional, sendo os seus esforços creditados pelo "Times", de Londres, o "Le Monde" e outros como o coordenador internacional deste movimento.
2. ARISTIDES SOUSA MENDES - 1996
A acção filantrópica de diplomatas portugueses em relação aos judeus residentes na Europa durante a segunda guerra mundial, muito desconhecida nos Estados Unidos, mereceu-lhe atenção desde 1996, causa que conhecera através da advogada californiana Anne Treseder.
Mesmo nos meios judeus que contactou, o único que conhecia bem a história do cônsul português em Bordeus era o Nobel e sobrevivente do holocausto Professor Elie Wiesel.
Depois de se elucidar sobre o assunto, esteve em 1999 directamente envolvido na preparação da exposição aberta na sede da ONU em Nova Iorque em 3 de Abril (data da morte de Sousa Mendes em 1954) de 2000 e que, entre 52 diplomatas de 18 países, referiria o papel desempenhado na concessão de vistos a judeus pelos diplomatas portugueses Aristides de Sousa Mendes, Carlos Almeida Sampaio Garrido, Carlos Teixeira Branquinho e Carvalho da Silva.
Esta exposição “Visas for Life”, promovida pelo activista judeu Eric Saul e patrocinada por cinco das maiores organizações judaicas nos Estados Unidos, abriu deliberadamente no dia em que passavam 45 anos sobre a morte do diplomata português Aristides de Sousa Mendes que poupou a vida a pelo menos 10 mil judeus incluídos nos 30.000 livres trânsitos passados a partir de Bordéus, onde era cônsul de Portugal durante a segunda guerra mundial.
A acção de Sousa Mendes seria aquela que lhe mereceria mais atenção. Em 2004, no quinquagésimo aniversário da morte do ex-cônsul português em Bordéus, em colaboração com a Raoul Wallenberg Foundation International, da qual era vice- presidente, esteve na organização de mais de 80 acontecimentos em 22 países.
Assinale-se que, com acções que nunca foram além dos gabinetes e notas diplomáticas, os congressistas americanos Tony Coelho, Barney Frank e outros enviaram carta a Mário Soares em 1 de Agosto de 1986, pedindo reconhecimento da acção de Sousa Mendes.
O Portuguese-American
Congress od New Jersey promoveu jantar de homenagem a Sousa Mendes no antigo
Portuguese Pavilion da Monroe St., Newark, em Maio de 1987. João Crisóstomo,
associando-se a organizações judias, elevou o patamar da campanha com
acontecimentos na ONU e exposições lembrando a acção do cônsul Sousa
Mendes.
Neste âmbito e enquanto o movimento de reconhecimento não
se universalizava, João Crisóstomo esteve envolvido em:
- 1996 (e seguintes): Publicação de vários artigos ( português e inglês) com a finalidade de dar a conhecer e promover o reconhecimento nos USA e no mundo em geral de Aristides de Sousa Mendes:
- 2000, Abril: Coordenador da exposição “Visas for Life Exhibit” que abriu nas Nações Unidas em 3 Abril de 2000 em honra de Aristides Sousa Mendes; diligências para a inclusão de Aristides Sousa Mendes no filme- documentário “Diplomats for the Damned" do “History Channel”;
- 2000: Nomeado vice-presidente da International Raoul Wallenberg Foundation;
- 2000, Setembro: Grande cerimónia na sede do “Permanent Observer of Vatican to UN” em honra de João XXIII, com a presença do Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Angelo Sodano;
- 2001: Abril 3: lançamento do livro “A good Man in Evil Times”, na Sede da ICEP, em Nova Iorque;
- 2002: April : Museu de Newark, NJ: Sessão em honra de Aristides Sousa Mendes;
- 2003 Junho 17: diligências para a exibição do filme sobre Aristides Sousa Mendes no National Arts Club “ em Nova Iorque “;
- 2004, Abril 4: Homenagem a Sousa Mendes com a Exposição In Time of War e palestras , em colaboração com a Câmara de Cascais na Jewish Federation of Greater Metrowest (Whippany, NJ ), na Seton Hall University (West Orange, NJ) e, depois, no Sport Clube Português, em Newark;
- 2004 Setembro: Primeira intervenção/reparação no telhado da Casa de Aristides Sousa Mendes (juntamente com António Rodrigues, outro antogo mordomo de origem portuguesa) consequente descoberta de muitos documentos aí soterrados desde os tempos em que o consul aí habitava;
- 2005: Homenagem a Aristides Sousa Mendes no “Museum of Jewish Heritage”, Nova Iorque, com a introdução do “Livro de Registos de Bordéus”, cerimónia que foi motivo de um artigo editorial ( OPED) no New York Times;
- 2006, Abril 5: Visita de estudo de alunos de várias escolas portuguesas à “Galeria dos Heróis” ( i.e. ASM) do "Museum of Jewish Heritage”;
- Abril 2006: Exposição e Conferência no Consulado Brasileiro sobre os diplomatas de língua portuguesa: os portugueses Aristides Sousa Mendes, Sampaio Garrido, Branquinho, e os brasileiros Sousa Dantas e Rosa Guimarães;
- 2007, Fevereiro: Participação, com a inclusão das acções de Aristides Sousa Mendes e Sousa Dantas, na exposição “Diplomats of Mercy” no Holocaust Center, Queensborough Community College ( Bayside, New york);
- 2007, Abril: Sensibiliza e acompanha familiares de Aristides Sousa Mendes a participar no Boston Festival, organizado naquela cidade pela então cônsul geral de Portugal Manuela Bairos;
- 2010; participação na criação da Aristides Sousa Mendes Foundation nos Estados Unidos e mais tarde membro da direcção.
SELO HOMENAGEIA CRISÓSTOMO (Doc. 8)
- 2017, 20 Novembro. Sob proposta da International Raoul Wallenberg Foundation (IRWF), a Autoridade Postal israelita emitiu em 20 de Novembro de 2017 um selo que consagra o papel do activista luso- americano João Crisóstomo na divulgação da acção humanitária do cônsul português em Bordéus Sousa Mendes e outros diplomatas na defesa da vida de refugiados judeus durante a segunda guerra mundial.
A IRWF quis também salientar o contributo do activista para o diálogo inter-religioso na área metropolitana de Nova Iorque.
A emissão é feita em 5 folhas de 12 selos, tendo cada um o valor facial de 2.40 NIS (New Israeli Sheqel), o custo de uma carta normal dentro do território israelita. O valor facial de 2.40 NIS corresponde a $0.70 em moeda americana, mas estes selos comemorativos de pequena circulação têm um valor superior no mercado filatélico.
A International Raoul Wallenberg Foundation é uma organização não governamental que advoga o reconhecimento de todos os que contribuiram para a protecção dos judeus durante a segunda guerra mundial. Foi criada por Baruch Tenembaum e tem escritórios em Nova Iorque, Buenos Aires, Berlim, Roma, Londres, Rio de Janeiro e Jerusalém.
O nome de João Crisóstomo juntou- se assim ao de outras figuras que o estado de Israel já homenageou com a emissão de selo comemorativo das suas acções de apoio ao povo judeu, sobretudo, durante a segunda guerra mundial. ~Estão entre essas figuras o Papa João XXIII (quando delegado apostólico em Istambul); Mischa e Knar Aznavour, pais do cantor Charles Asnavour (recolheram judeus vítimas de perseguição nazi); e os diplomatas Raoul Wallenberg (embaixador sueco em Budapeste); Aristides Sousa Mendes (cônsul de Portugal em Bordéus); e Luiz Martins de Sousa Dantas (embaixador brasileiro em França), entre outros.
(Continua)
Anexos:
5 comentários:
João, tu mereces. Tu, o António Rodrigues e tantos outros luso-americanos que nunca esqueceram a terra que vos viu nascer.
Por certo que o júri (constituído por por personalidades que venceram o prémio nas duas edições anteriores) ficou impressionado não só com a competência, o empenhamento e a determinação que tens posto na defesa destas nobres causas, como também com a tua capacidade de mobilização e trabalho de equipa... Isto é liderança... Nada se faz sozinho, ninguém é herói solitário.
Fíco contente também por ti e pelos Crisóstomos & Crispins que te inspiram, e te deram exemplos e valores...
Afinal, quem disse que ninguém é profeta na sua terra ? Claro que Paradas, A-dos-Cunhados, Torres Vedras, não tem a mesma visibilidade de Queens, Nova Iorque...
Tenho muito orgulho em saber que tenho entre os camaradas da Tabanca Grande e combatente da guerra da Guiné um camarada com estes grandes méritos aqui referidos, entre outros que também terá. Parabéns, Crisóstomo, pelo que tens feito de extraordinário, nomeadamente pela causa das Gravuras do Coa e pela reabilitação e nobilitação da memória de Aristides de Sousa Mendes.
Um grande abraço.
Carvalho de Mampatá
Parabéns meu bom amigo João Crisóstomo.
O João Crisóstomo é um bom homem, e fico com grande orgulho de ter como amigo o nosso camarada da guerra da Guiné que se tem dedicado a grandes e meritórias obras que muito enaltece todos os portugueses.
Um grande abraço
Valdemar Queiroz
Caros amigos
Todas as palavras elogiosas do João Crisóstomo e das suas obras não são demais.
É com grande satisfação (e orgulho "por conta") que lhe reservo toda a consideração e estima.
É verdadeiramente um "bom homem" e um "homem bom".
Abraço
Hélder Sousa
Felicitações ao João Crisóstomo, por mais esta distinção. Grande honra nossa de ter e privar com camarada desta dimensão.
Abraço
Manuel Luís Lomba
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