Mostrar mensagens com a etiqueta imaginário. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta imaginário. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

Guiné 61/74 - P26456: Os 50 Anos do 25 de Abril (35): Lisboa, Belém, Museu de Etnologia, até 2/11/2025: Exposição "Desconstruir o Colonialismo, Descolonizar o Imaginário. O Colonialismo Português em África: Mitos e Realidades" - Parte I





Exposição > “Desconstruir o Colonialismo, Descolonizar o Imaginário. O Colonialismo Português em África: Mitos e Realidades”


Museu Nacional de Etnologia, Lisboa, Belém,
30 out 2024 / 2 nov 2025 (*)



1."Dois eixos centrais estruturam a narrativa da exposição" (citando a organização) (*):

(i) "O primeiro eixo organiza-se em painéis temáticos, nos quais texto e imagem se articulam, pondo em evidência as linhas de força do colonialismo português dos séculos XIX e XX, e dando a palavra ao conhecimento histórico."

(ii) "O segundo eixo pretende 'fazer falar' as   [139] obras de arte africanas, como evidências materiais do pensamento e da cultura africanas, evidenciando a complexidade organizativa dos sistemas sociais e culturais destas sociedades, permitindo mostrar a criatividade, a vitalidade, a sabedoria, a racionalidade, a diversidade identitária e as competências africanas e contribuindo para evidenciar e desconstruir a natureza falsificadora dos mitos coloniais portugueses."

Realizada no âmbito das Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril (**), a exposição é um  projeto que "resulta das pesquisas desenvolvidas pela equipa de cerca de trinta investigadores que nele colaboraram, tendo igualmente contado com o indispensável contributo de muitas entidades, nacionais e estrangeiras, que cederam a profusa documentação iconográfica apresentada nos painéis explicativos em torno dos quais se desenvolve a narrativa da exposição." (...).

2. Fomos no sábado passado fazer uma primeira visita à exposição (que vai estar patente ao público até ao próximo dia 2/11/2025).  Infelizmente, ela não vai "deambular" pelo país inteiro, embora esteja prevista "a realização de exposição itinerante, de caráter exclusivamente documental, que circulará por escolas e centros culturais em Portugal, assim como em diversos espaços de língua portuguesa, em África e no Brasil".

Farei em breve uma segunda ou até terceira visita, mais atenta e demorada, até por que há vídeos para ver. Para já, apresento algumas imagens que tirei com a minha Nikon (em menos de 2 horas, tirei 230 fotos, o que com duas canadianas é obra!), a cada um dos painéis temáticos (cada um com a sua cor, e sucessivos desdobramentos, seguindo um lógica cronológica, ou seja da colonização à descololonização, independências e legados do colonialismo), mas também a alguns dos objetos expostos (em vitrines, o que dificulta o trabalho do fotógrafo)...

 Claro que não conseguiu chegar ao fim, mas deu para ficar com uma ideia do conjunto, e da riqueza dos materiais expostos, a começar pelas peças da arte popular africana). Pareceu-me que, relativamente à Guiné, peca por defeito: afinal, nunca foi uma colónia de povoamento como Angola e Moçambique... 

Apesar de ser trabalho de uma vasta equipa, tem um cunho pessoal da professora Isabel Castro Henriques, sua curadora, e  cujas principais áreas de investigação são justamente: (i) História de África – Angola, África central, São Tomé e Príncipe; (i) História das relações afro-portuguesas (séculos XV-XX); (iii) História do Colonialismo Português; (iv) História da Escravatura e do Comércio de Escravos; (v) História da construção dos territórios e identidades; (vi) História das representações iconográficas; (vii) História dos Africanos em Portugal.

O primeiro painel é dedicado ao tema, recorrente,  da propaganda que veio da Monarquia Constitucional ao Estado Novo, passando pela  República, e que chegou aos nossos dias;  "Estamos em África Há 500 Anos" (disseram-nos logo na escola primária e repetiram-nos  "ad nauseam" na tropa e na guerra).

Seria uma pena o leitor perder esta exposição "in  situ", no 1º piso, no maior sala de exposições do  Museu.  (Acrescente-se quer o Museu Nacional de Etnologia tem belíssimas coleções, representando mais de 380 culturas do mundo, de 80 países, de 5 continentes: são muitas dezenas de milhares de peças, que celebram as culturas africanas, asiáticas e ameríndias, além da cultura tradicional portuguesa; a coleçãpo africana, inclusive, é considerada uma das melhores do mundo; o meu amigo e professor Pais de Brito foi lá diretor de 1993 a 2015; tenho um especial carinho por este museu, até por que tive um ano de aulas apaixonantes, no ISCTE,  com o Pais de Brito). 

De qualquer modo, as edições Colibri editaram em livro, em português e inglês, o catálogo desta exposição, profusamente ilustrado. As suas 342 pp. e os seus cerca de 30 autores merecem bem o preço de capa (40,00 euros).

Acrescente-se que a exposição é organizada pelo CEsA Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento (do ISEG / UL)  e pelo Museu Nacional de Etnologia, com curadoria de historiadora Isabel Castro Henriques,  e integra as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril

O objetivo da exposição, além de cultural,  é pedagógico e didático, "expor e desconstruir os mitos da ideologia colonial, promovendo a descolonização do imaginário português e oferecendo um conhecimento renovado e acessível sobre a questão colonial".












Caricatura do imperialismo britânico, por Rafael Bordalo Pinheiro > "Pater Familias":"deixai vir a mim os pequeninos" ("A Paródia", 23 abril 1903, pp. 4-5. Biblioteca Nacional de Portugal, Lisboa.)



O "mapa cor de rosa"...


(Imagens obtidas da exposição "in situ",  sem flash, com a devida vénia...)

(Continua)

___________________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 14 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26154: Agenda cultural (870): Museu Nacional de Etnologia, 30 out 2024 / 2 nov 2025 > Exposição: “Desconstruir o Colonialismo, Descolonizar o Imaginário. O Colonialismo Português em África: Mitos e Realidades”