terça-feira, 5 de junho de 2012

Guiné 63/74 - P9999: (In)citações (40): Deixem-me aliviar a angústia das notícias vindas da minha terra (Braima Djaura, ex-sold cond auto, CCaç 19, Gudiaje, 1972/74)

Citação: "Temos orgulho em ti, Pepito!... E parafraseando Italo Calvino, lembraremos aqui aos ditadores e aprendizes de ditadores no mundo que 'não é a voz que a dirige a história, mas sim o ouvido'... Não é a voz dos que gritam mais alto, porque têm momentaneamente o poder de comando, mas sim o ouvido daqueles que tendem a ser tratados como a maioria silenciosa... E já lá vai o tempo em que os ditadores morriam tranquilamente na cama e iam para o céu... LG



1. Mensagem, enviada ontem para o correio interno da Tabanca Grande,  pelo nosso camarada Braima Djaló, ex-sold cond da valorosa CCaç 19 (Guidaje,  1972/74) (*):

Caro Amigos e Camaradas de Tabanca Grande, nomeadamente o nosso amigo Pepito:

Tenho estado permanentemente a ler o Blog Ditadura do Consenso. Na qualidade de guineense,ou natural daquela terra, envergonha-me, por vezes, saber de tantas barbaridades que muitos não percebem.

Recentemente li comentários de ex-embaxadores de Portugal, na Guiné-Bissau, comentários muito interessantes para perceber a realidade que vem de séculos.

A Guiné [sempre foi palco de ] interesses de domínio dos que vivem no Nomadismo, como designou o nosso amigo Pepito, “cafres”, a maioria se não todos vindos de Traves, outrora obrigados a vestirem-se decentemente de acorddo com as etnias onde queriam ser acolhidos… A prova claro disso são os cabecilhas do golpe [de 12 de abril de 2012] ... Injai, Sanha, Sambu, e tantos outros que infelizmente são ignorantes que nem mesmo a
linguagem mais vulgar da Guiné entendem.

Hoje querem ser influentes para ter melhor domínio do tráfico de droga, pelo que só podia ser em Jugudul [o local para] a improvisação de um aeroporto para o efeito.

Bom, meus amigos, sinto-me envergonhado pois a Guiné-Bissau tem 42 etnias, embora alguns comentadores falem em 30 ou 32 (vd. Boletim Oficial da Guiné, 1956 a 1961). Entendo por outro lado que a diminuição de número deve-se à Guerra de Ultramar. E, exactamente devido ao acolhimento acima referido, Injai não é sobrenome da etnia que ele representa, maioritária, com 30% da população, mas cuja condição era bem escondida na Guiné ao longo de anos, nas vestes e noutros costumes tipo 
Chalim-Minde Bissorã (**).

Pois bem, baseando na escrita do nosso camarada e grande amigo, LG, temos orgulho dos que hoje sofrem humilhações pelo amor da nossa Terra, em silêncio, mas por vezes o silêncio é o grito mais alto de uma dor injustificável, que o tempo justificará.

Desejo expressar a todos os amigos da Guiné-Bissau, e aos Bissau Guineenses,  os meus agradecimentos, porque muitas vezes ao ler e conviver com e-mails de tantos amigos, isso faz me aliviar a angústia das notícias vindas da minha Terra.

Bem-haja a todos.

Ibrahim  Djaura

[Lisboa]
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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 18 de maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9922: (In)citações (39): Integrar o Suleimane na Tabanca Grande foi de um grande significado simbólico e de homenagem a todos os guineenes que serviram na guerra da Guiné (Cherno Baldé)




Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > Ponta Brandão > 1970 > Dois velhos balantas. Arquivo pessoal de Humberto Reis (ex-furriel miliciano de operações especiais, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71).
 
Foto: © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados.



(**) A frase tem um sentido obscuro, pedimos ao autor para nos explicar a referência a Chalim-Minde Bissorã... É um topónimo, uma povoação na região de Bissorã ? Se sim, não  conseguimos indentificá-lo, nas nossas velhas cartas... Presumo antes que seja uma expressão idiomática, intraduzível em português...


Explicação posterior dada pelo Braima Djaura, em mail enviado hoje às 13h13:


Caro amigo, LG, realmente é uma linguagem pouco conhecida, mesmo na Guiné, pois é... Antigamente os balantas de Encheia e dos arredores de Bissorã vinham para a cidade de Bissorã seminus, ou seja,  muito mal vestidos, sem pudor. Um Administrador de Circunscrição em Bissorã deu ordem para prender todos os que aparecessem na cidade dessa forma, ou seja, tapando apenas os orgãos genitais. E advertia-os para verem o exemplo dos Mandingas, com vestes razoáveis tipo batinas, de 4 a 5 metros de tecidos.

Foi nesta altura que os gajos começaram a recorrer aos 3 metros de tecido, para os costureiros da cidade, pedindo que as vestes fossem  feitas iguais às dos Mandigas de Bissorã e dos Fulas, pelo que tinham que dizer "Tchalim-Minde-Bissorã"...  Foi nesta altura que os balantas começaram adotar nomes dos mandingas e fulas: por ex., Injai, Cumba, Sanha, e tantos outros sobrenomes, vindos daquelas etnias.

As vestes que até hoje usavam, nota-se ainda na Guiné: apesar das suas batinas, não passavam os joelhos abaixo, diferentes das dos mandingas e fulas; Isto é, uma história tribal da Guiné, significa que são tribos que vieram do nada nos Traves, hoje querem ser fluentes e dominadores. Nota-se que a maioria dos militares são desta tribo, parece ridículo, mas é verdade. Por outras razões,  seria longa a explicação. Mas agora podemos perceber porque o Nino  sempre foi duro com esta gente, ele sabia verdadeiramente quem eles são. 

Espero que o meu amigo tenha percebido, Tchalim-Minde Bissoã significa igual à dos Mandingas de Bissoã, em dialecto dos  batantas, ou "manojos", em mandinga. Cá estou eu, para quaisquer dúvidas.

Grande abraço
I. Djaura, ID



Guiné 63/74 - P9998: Em busca de... (191): Pessoal da 26ª CCmds, camaradas do João Gertrudes Luz, natural de Faro, sold cond comando (Brá e Teixeira Pinto, 1970/71), tragicamente desaparecido em 2007 (Anabela Pires, de regresso à Pátria)










Lourinhã > Casal Frade > Biofrade > 2 de junho de 2012 > Duas imagens da visita a uma das maiores empresas agrícolas, portuguesas, em modo biológico. Cicerone, o nosso amigo e conterrâneo Henrique Gomes (na primeira foto de cima, em primeiro plano, com o seu garrano, a esposa - de costas -, a Alice e a Anabela Pires)...


O Henrique Gomes é pai-fundador e líder desta exploração familiar (30 hectares, sendo 1 de estufa; vinte e tal trabalhadores permanentes), que tem, além disso,  uma vertente educacional, proporcionando visitas de estudo e estágios... 


O Henrique Gomes, que formou todos os seus cinco filhos, é também um veterano da guerra colonial (esteve em Moçambique, entre 1963/65, na "acção psicossocial"), um cidadão ativo, um líder associativo e um cristão empenhado que dá o exemplo pela palavra e pela ação... Tanto ele como a família (, incluindo o filho António Gomes, engenheiro agrónomo, dirigente da Louricoop, e um dos sócios da Biofgrade), estão ligados à Fundação João XXIII - Casa do Oeste, que tem uma série de projetos à Guiné-Bissau (dos que falaremos oportunamente, noutro poste). E aos 70 anos, o patrão Henrique ainda trabalha de sol a sol, o mesmo é dizer que trabalha por dois... É esta valorosa gente da nossa geração, bem como os seus filhos, que estão a mudar Portugal...


Ele e a esposa são um casal encantador e hospitaleiro. Afável e bem disposto, o Henrique é um excelente conversador, dando gosto ouvi-lo contar histórias, como a da origem do Casal Frade e da família Gomes...


Fotos (e legendas): © Luis Graça (2012) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados. .



1. A  Anabela Pires, nossa recente grã-tabanqueira, esteve  este fim de semana,na Lourinhã, comigo e com a  Alice (é amiga dela e antiga colega de  trabalho, no Ministério da Agricultura). Fomos-lhes apresentar-lhe uma família de amigos nossos, que têm um exploração de agricultura biológica, um caso de sucesso no oeste (e em Portugal), a Biofrade



Criada em 1991, como empresa familiar, a Biofrade  é  vários títulos pioneira e exemplar. Desde 1998, só produz e comercializa produtos de agricultura biológica, em 30 hectares (sendo um de estufa), para além dos muitos produtores em modo biológico, nacionais e estrangeiros com quem trabalha em parceria... 


A Anabela, que tem estado em Alcobaça, na casa da irmã, ainda esteve para trazer com ela o nosso amigo comum, o JERO. Foi pena ele não estar disponível este sábado: seguramente que ficaria encantado, como eu fiquei, de ouvir contar ao meu amigo Henrique Gomes a história do Casal Frade, fundado por dois franciscanos, a seguir - pelas minhas contas - à extinção das ordens religiosas, em 1834. Fica para a próxima (a visita do JERO e a história dos dois frades que falavam com os lobos, sendo um deles o antepassado mais ilustre da família Gomes). 


Aproveitámos as sugestões da semana gastronómica lourinhanense do polvo, para almoçar à beira mar, no restaurante Foz, na Praia da Areia Branca, com o mar e as Berlengas à vista. Falámos o tempo todo da Guiné, da AD, do Pepito, do projeto do ecoturismo, de Iemberém, do Cantanhez, dos daris (chimpanzés), das cobras, da pesca (a Anabela é uma grande pescadora de linha, andou no Rio Cacine e afluentes, de canoa, a pescar!), da Cadi, da Alicinha, da Anabelinha (também já lá tem uma afilhada, a cujo parto assistiu!), da desgraça atual da Guiné, dos fulas, dos nalus, dos balantas, dos felupes, de São Domingos, da miséria de Dacar e do Senegal (, país de pedintes e crava-turistas!)... e do sonho de voltar a Iemberém em 2013,  se os novos senhores de Bissau...deixarem!


Recorde-se que a Anabela Pires esteve em Iemberém, na Região de Tambali,  desde janeiro de 2012, como voluntária  da AD, a trabalhar no projeto do ecoturismo do Cantanhez. Na  sequência do golpe de estado de 12 de abril, acabou por ir para São Domingos e depois Dacar, no  Senegal, por razões de segurança... Esteve lá mais de um mês, na casa de um amiga casada com um diplomata...  Regressou há uma semana e picos a Portugal, na esperança de voltar à  Guiné, em 2013, depois das "prometidas" (pelos golpistas!) novas eleições presidenciais... 


Entretanto, ela tinha-me falado deste seu amigo, o João  Gertrudes Luz, nosso camarada, tragicamente desaparecido em 2007, e da "dívida" que ela ainda tinha para com ele... Simbolicamente, com a publicação deste poste, fica saldada essa "dívida" em aberto, embora infelizmente tenhamos poucas notícias, no nosso blogue, da 26ª CCmds... Mas contamos, desde já, com os resultados das boas diligências dos nossos leitores, tabanqueiros e não tabanqueiros... Por certo que teremos resposta ao pedido da Anabela.


Um xicoração, Anabela, meu e da Alice. (LG )




 2. Mensagem da Anabela Pires, com data de ontem:

  Data: 4 de Junho de 2012 11:18

Assunto: João Gertrudes Luz, ex-combatente na Guiné

 Luís, olá!

Junto envio a foto do meu falecido amigo João Gertrudes Luz, natural  de Bordeira, Faro.  Foi militar na Guiné em 1970/1971, na 26ª Companhia [de Comandos], era condutor
auto, comando, esteve em Brá e em Teixeira Pinto, hoje Canchungo. 


Era casado com a minha saudosa colega Saudade Canteiro Luz e faleceram  ambos em 6 de Agosto de 2007 num trágico acidente de viação. Deixaram  dois filhos, o Cristovão José e o João Paulo e já têm uma netinha que  faz amanhã [, 5 de junho,]  3 anos e que se chama Carolina Saudade. Seria a luz dos  seus olhos se eles estivessem ainda entre nós. 

O João falava-me muito do seu grande desejo de voltar à Guiné. Assim,  quando eu fui para lá,  levei comigo uma foto do João que os filhos me  emprestaram e gostaria de ter ido a Cachungo para aí o recordar. Infelizmente não foi possível. 

Gostaria muito de saber se na Tabanca Grande alguém foi camarada de  armas do João e o que se recordam dele. Era muito divertido e por isso  quem com ele esteve na Guiné deve ter boas recordações. No fundo procuro uma forma de lhe prestar uma singela homenagem e de lhe dizer que de alguma forma ele voltou à Guiné.

Obrigada

Anabela Pires

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Nota do editor:

Último poste desta série > 31 de maio de 2012 >Guiné 63/74 - P9969: Em busca de... (190): Contactos de pessoal da CCAV 1662 (Manuel Fonseca)

Guiné 63/74 - P9997: Parabéns a você (431): Manuel Traquina, ex-fur mil, CCAÇ 2382 (Buba, 1968/70)

Ver aqui mais postes referentes ao Manuel Traquina
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 3 de Junho de 2012 > Guiné 63/74 - P9986: Parabéns a você (427): António Azevedo Rodrigues, ex-1.º Cabo do Agrupamento 2957 (Guiné, 1968/70)

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Guiné 63/74 - P9996: Convívios (446): O XIX Encontro da CCS/BCAÇ 2912 foi no dia 26 de Maio de 2012 no RI14 de Viseu (António Tavares)

1. Mensagem de António Tavares (ex-Fur Mil da CCS/BCAÇ 2912, Galomaro, 1970/72), com data de 31 de Maio de 2012:


XIX CONVÍVIO DA CCS/BCAÇ 2912

Passados 43 anos almocei num refeitório militar. Foi em 26-05-2012, no Regimento de Infantaria n.º 14, em Viseu, no XIX Convívio da CCS/BCaç 2912.

Como fui o segundo elemento a chegar ao quartel tive honras militares, ou seja, a sentinela saiu da Casa da Guarda e abriu a cancela da porta de armas, fez continência, saudou-me, inquiriu-me da minha presença e foi falar com o 1.º Sargento para saber onde estacionar o meu veículo. Recebidas as ordens, foi comigo estacionar o veículo na parada e heliporto do quartel. Depois de ter estacionado o veículo deparei-me com as cerimónias do render da guarda. Toques de clarim, marchas, apresentações ao Oficial de Dia. Todos os militares em sentido e eu sem saber o que fazer, há décadas que sou civil. Imobilizado assisti às cerimónias que há muito não via.

Quando vi os militares do RI 14 a movimentarem-se à vontade também o fiz e fui esperar, à porta de armas, os meus camaradas da CCS/BCaç 2912 e seus familiares. A maioria é repetente, nos convívios, mas este ano teve um “periquito” o ANACLETO, pintor de automóveis e professor na tropa. O RODOLFO, do Pel. Rec., outro dos professores numa das Tabancas da quadrícula do batalhão, sediado em Galomaro, apareceu este ano depois de um longo afastamento destes eventos.

A homenagem aos mortos (foto), com honras militares, visita à unidade, museu (do RI 14) e missa foram relevantes neste convívio guiado por elementos do RI 14.

Vencida a burocracia inicial, com cinco comparências do organizador do convívio, André Rodrigues, ao RI 14, todos os militares da Unidade estão de parabéns pela simpatia que nos dispensaram.

Almoçamos na ala Sul do Refeitório das Praças. Num quartel o RANCHO (Rancho à RI 14) não faltou e estava bom, como aliás todo o menu servido por militares homens e mulheres exemplarmente fardados e com aventais. Refeição ao nível dos melhores restaurantes do país. Os pratos eram em porcelana, impensável nos anos da Guerra Colonial.

Conversas não faltaram… As mulheres na tropa foi um dos muitos comentários ouvidos aos meus camaradas de 1970/72. A tropa actualmente não é obrigatória. É um trabalho bem remunerado!

Foi convidado, de um dos meus camaradas, um amigo que em 1963 fez a recruta no RI 14 e retive a sua afirmação: “ali havia uma maior quantidade de oliveiras… eram os tropas que apanhavam as azeitonas… muitas apanhei… “


António Tavares
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 4 de Junho de 2012 > Guiné 63/74 - P9995: Convívios (263): Encontro da Magnífica Tabanca da Linha (José Manuel M. Dinis)

Guiné 63/74 - P9995: Convívios (445): Encontro da Magnífica Tabanca da Linha (José Manuel M. Dinis)

1. Mensagem do nosso camarada José Manuel Matos Dinis (ex-Fur Mil da CCAÇ 2679, Bajocunda, 1970/71), com data de 31 de Maio de 2012:

Olá Carlos,
Aqui vai uma espécie de reportagem sobre o encontro de hoje da MTL. 
Envio ainda dois lotes de retratos insofismáveis, obras quase verdadeiramente artísticas dos nossos repórteres, Manuel Resende e Jorge Canhão. Façam o favor de deixar campo livre para o caso de algum retrato com retardador não vos apanhar desmaquilhados.
JD


Então como foi?
O nosso Comandante Rosales foi o primeiro a chegar ao local operativo, dando o exemplo de que com coisas sérias não se brinca. Era meio-dia e tocou o telefone, estava eu no 3.º duche, não fosse o cheiro do trabalho forçado provocar algum ambiente desmotivador. Tinha trocado as mãos, não leu a descrição do percurso, porque era superior a três linhas, e estava à frente do hospital, quando fora amplamente divulgado que chegava-se ao sítio por detrás. Invectivou-me com palavrões impróprios deste local, e chantageou sobre a eventualidade de não ir ter com ele. Pus umas roupinhas sobre o corpo húmido, e abalei.

Lá estava o Belarmino, muito seguro do seu papel, a recriminar-me por uma coisa que ele não se deu ao trabalho de ler. Seguiu-me, e foi com a manifesta alegria destes dois intervenientes que chegámos ao ponto certo. Com os necessários salamaleques apresentei-me a Sua Excelência o Comandante, que afectuosamente mandou-me ficar à vontade... mas calado. Ainda cumprimentei o pira Rogé, o Humberto e o Resende, que ali acamparam de véspera com justo receio de uma invasão.

E foram chegando os restantes. Já estávamos a ocupar lugar na mesa, quando tocou o telefone: era o Hélder, que por alturas da Coina ficou com a capacidade de decisão evidentemente perturbada. Alô? - berrei para o telemóvel. O gajo respondeu que vinha a caminho, mas não sabia quanto tempo iria atrasar-se. Dei-lhe outra explicação sobre as coordenadas, e pareceu-me ter entendido.

Sentei-me à mesa, comecei a apalpar terreno pelo meio de croquetes e um paté dito de marisco, quando, tocou o telefone; era o Domingos, cascaense de nascimento, que pedia socorro orientativo, pois andava por uma das três ruas do Cabreiro, e não dava connosco. Pudera! Também não tinha lido sobre o percurso, e ainda se queixou do fastio das minhas lengas-lengas. Ainda fui para o exterior, pois o Domingos parecia estar a vir da Terra Santa e não dava sinais de aproximação.

Regressado à mesa e permitida a minha intervenção coloquial, estava numa conversa com o Sr. Comandante, o Manuel Joaquim (que se estreou com brilho, mas sem nos deslumbrar), e o Canhão que, furtivamente, tirava retratos históricos, quando tocou o telefone:
 Saí da autoestrada e virei à direita, e na segunda rotunda voltei também à direita, pelo que estou perto do hospital -  disse o Hélder, com grande fluidez de conversação. Pois devias ter virado duas vezes à esquerda, respondi.

Quando chegou tinha aparelhado uma desculpa técnica: o meu GPS só reconhece um Cabreiro a 50km daqui. Exausto, apoiei-me no ombro robusto e gordo do Sr Comandante, puxei pela cadeira, e deixei cair o corpinho estoirado, já havia meninos a colherar o caldo. Sedento mandei vir tinto, mas deram-me dois copos de sangria, que se apresentou um refresco nim, nem sim, nem sopas. Depois foi comer pela tarde adentro, enquanto os grupinhos se vangloriavam de mais uma vitória iniludível sobre a bianda e os estilhaços.

Dei uma vista de olhos, já meio turvado, e entre os presentes pareceu-me reconhecer as seguintes personalidades para além das já referidas: o Palma e o Encarnação, o Moreira e o Jorge Pinto (o Moreira vinha estafado do cozido de Monte Real, pelo que ficou dispensado de pagar 20 euros), o Marques e a Gina, o Carlos Silva e a tabanqueira sua esposa de que não recordo o nome*, o Pires (que foi seguido até ao restaurante por um angolano do tempo em que fazia reportagens em Luanda, que o reconheceu de carro para carro, e quis dar-lhe um abraço), o Colaço e o Zeca Caetano.

Feitas as contas, uma minoria ainda ficou a resolver graves e pertinentes problemas nacionais, até que a hora do lanche (os ares da serra abrem o apetite) foi chamamento mais forte, e cada um rumou a casa.

Em síntese: foi uma almoço agradável pela quase módica quantia de 15,20 aéreos. Conviveu-se dentro da melhor ordem, e o Sr Comandante não teve que recorrer a métodos coercivos, embora eu me tenha sentido algo pressionado à contensão verbal, e o Sr Comandante, com frequência, fizesse passar o cotovelo em frente do meu nariz. Cimentou-se a amizade, e sem formalidade, fez-se um voto pela harmonia na Guiné-Bissau.

(*) - Nota do editor:
Caro Zé Dinis, a esposa do camarada Carlos Silva, a Germana, sem desprimor para as esposas dos outros nossos camaradas, a minha incluída, além de ser uma simpatia de pessoa tem uma particularidade muito importante, é uma mulher do Norte, carago.


 Foto 1 - Aspecto do sala, bem composta de comedores, desculpem, comensais

 Foto 2 - Nesta foto, a partir da esquerda: Luís Encarnação, Francisco Palma e Hélder Valério

Foto 3 - Nesta foto de blusa azul, a "desconhecida" Germana, esposa do nosso camarada Carlos Silva

Foto 4 - Nesta foto, de azul o Zé Dinis, autor desta suposta reportagem e o Comandante Jorge Rosales, curiosamente uma figura reputadíssima em Matosinhos.

Foto 5 - Porque me pagou bem, uma segunda foto do Zé Dinis, desta vez enquadrado por uma caneca de sangria e pelo camarada Jorge Canhão

 
Foto 6 - Nesta foto, o bonito casal Gina e Marques, frequentadores assíduos dos Encontros da Tabanca Grande.

Foto 1 - Jorge Canhão
Fotos 2 a 6 - Manuel Resende
Legendas da responsabilidade do editor
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 4 de Junho de 2012 > Guiné 63/74 - P9992: Convívios (262): Convívios das CCAV 8350 “Piratas de Guileje” e CCAV 8352 “Águias Negras” (José Casimiro Carvalho)

Guiné 63/74 - P9994: Memórias da minha comissão (João Martins, ex-alf mil art, BAC 1, Bissum, Piche, Bedanda e Guileje, 1967/69): Parte VII: Despedida de Bedanda, a caminho de Gadamael e Guileje, aos 18 meses



Guiné > Região de Tombali > Bedanda > 1969 > Álbum fotográfico do João Martins > Foto nº 159/199 >  "Dizendo adeus a Bedanda, ou chamando os jacarés ou o inimigo...antes de partir para Guilege [via Gadamael Porto].



Guiné > Região de Tombali > Bedanda > 1969 > Álbum fotográfico do João Martins > Foto nº 157/199 > A despedida das autoridades administrativas locais, o chefe de posto e os seus adjuntos....

[Diz o nosso camarada Amaral Bernardo, que foi alf mil médico, e esteve 11 meses em Bedanda, o seguinte a propósito desta foto nº 157/199, 'A despedida das autoridades Administrativas locais,o chefe de posto e os seus adjuntos': "A personagem fardada de branco não é o chefe de posto de então (que era caboverdiano), é (era) o Homem Grande e régulo SAMDA, que era um homem fino e distinto; foi ele que baptizou o alf Alberto Rocha, dos obuses 14, com o nome de...PUM,PUM,BALDÉ. Desta vez a memória não me atraiçoa! Amaral Bernardo, 11meses de Bedanda-1971/72"],



Guiné > Região de Tombali > Bedanda > 1969 > Álbum fotográfico do João Martins > Foto nº 158/199 > "O Matador, viatura de tracção dos obuses, já no cais pronta para o embarque".



Guiné > Região de Tombali > Bedanda > 1969 > Álbum fotográfico do João Martins > Foto nº 160/199 > "Lancha para transporte dos obuses. Momento da partida rumo ao rio Cacine, a Gadamael-Porto e a Guileje, [descendo primeiro o rio Cumbijã]"



Guiné > Região de Tombali > Bedanda > 1969 > Álbum fotográfico do João Martins > Foto nº 161/199 > "Barcaças de transporte de víveres".



Guiné > Região de Tombali > Bedanda > 1969 > Álbum fotográfico do João Martins > Foto nº 162/199 > "Rumando a novas aventuras"...



Guiné > Região de Tombali > Bedanda > 1969 > Álbum fotográfico do João Martins > Foto nº 163/199 > "Já no rio Cacine [?], em Gadamael Porto na maré vazia".



Guiné > Região de Tombali > Bedanda > 1969 > Álbum fotográfico do João Martins > Foto nº172/199 > "O quartel de Gadamael-Porto com o rio Cacine [?], ao fundo". [Em rigor, não é o Cacine, mas um dos seus múltiplos braços ou afluentes.]

Fotos (e legendas): © João José Alves Martins (2012) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados. [Fotos editadas e parcialmente legendadas por L.G.]. 



ÍNDICE

1. Curso de Oficiais Milicianos
1.1. Mafra – Escola Prática de Infantaria
1.2. Vendas Novas – Escola Prática de Artilharia – Especialidade: PCT (Posto de Controlo de Tiro)
2. Figueira da Foz – RAP 3 - Instrução a recrutas do CICA 2
3. Viagem para a Guiné (10 de Dezembro de 1967)
4. Chegada à Bateria de Artilharia de Campanha nº 1 (BAC 1) e partida para Bissum
5. Bissum-Naga
6. Regresso a Bissau para gozar férias na Metrópole (Julho de 1968)
7. Piche
8. Bissau, BAC 1
9. Bedanda
10. Gadamael-Porto
11. Guilege
12. Bigene e Ingoré .


Memórias da minha comissão na Província Ultramarina da Guiné - Parte VII (*)

por João Martins (ex-Alf Mil Art, BAC1, Bissum, Piche, Bedanda, Gadamael e Guileje, 1967/69)

10 – Gadamael (Parte I)

Já estava relativamente bem inserido na comunidade de Bedanda, quando recebo a bombástica informação que tinha que rumar a Guileje. 

Sabia que não podia ser coisa boa pois fica a pouca distância da República da Guiné onde o IN tinha as suas bases e os seus apoios. Embarcámos os obuses em três LDM, descemos o rio Cumbijã e subimos o rio Cacine que achei espectacular com as suas águas estanhadas refletindo a beleza das margens e desembarcámos em Gadamael Porto, onde passei a melhor semana [de todo o tempo] em que estive na Guiné. (...)

(Continua)



Guiné > Região de Tombali > Mapa de Cacoca > 1960 > Escala 1/50 mil > Posição relativa de Gadamael Porto

Guiné 63/74 - P9993: Notas de leitura (366): "Portugal's Guerrilla War - The Campaign For Africa" por Al J. Venter (Mário Beja Santos)

1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70) com data de 19 de Abril de 2012:

Queridos amigos,
Al Venter é um jornalista que cobriu importantes conflitos africanos desde a década de 1960. É autor de mais de 20 livros, parece que a Guiné o impressionou muitíssimo.
No ano passado escreveu um volume sobre histórias de guerras e mais uma vez exaltou os feitos do capitão João Bacar Djaló, morto em Abril de 1971. Terá ficado muito marcado por este herói com quem fez uma patrulha a leste de Tite.
Al Venter devia fazer parte da bibliografia obrigatória da guerra da Guiné, os números adiantados, sabe-se hoje, andavam próximo da realidade. E terá sido o correspondente de guerra que conversou com Spínola e Amílcar Cabral, sem venerações.

Um abraço do
Mário


Reler um clássico: Portugal´s Guerrilla War, por Al J. Venter

Beja Santos

Em 1973, na Cidade do Cabo, o repórter e correspondente Al Venter publicava uma obra exclusivamente dedicada à Guiné e à sua guerra de guerrilhas. Em seu entender, era a última das grandes guerrilhas clássicas em África, na máxima abrangência da brutalidade e nas melhores tradições dos ensinamentos de Guevara e Vo Nguyen Giap: Portugal´s Guerrilla War. Os acontecimentos posteriores à sua publicação certamente que contribuíram para que o livro não fosse traduzido em português, Al Venter fora convidado pelas autoridades portuguesas, terá havido alguma desconfiança de que se tratava de propaganda requentada.

Por engano. Al Venter, ao tempo, era seguramente um dos nomes mais conceituados nas reportagens sobre eventos político-militares no continente africano. Era correspondente para o Daily Expressa e Sunday Express, cadeia da NBC e a International Defense Review. Usava de uma comunicação precisa, direta e pouco tranquila para os regimes coloniais ou racistas. Neste livro diz sem papas na língua que a guerra da Guiné teria consequências fulcrais para toda a África Austral, a estabilidade desta região estava completamente dependente do desfecho da Guiné. Recorda que o General Yakubu Gowon, da Nigéria, tinha alertado que a independência da Guiné iria acarretar o fim do racismo e do colonialismo em toda a África. Declaração feita em Adis Abeba, em 1971.

É um livro muitíssimo bem escrito. Começa logo com a referência ao assassinato de Amílcar Cabral e não ilude os factos: estalara uma guerra sem quartel entre as duas fações do PAIGC. Refere a ascensão de Vítor Monteiro neste partido, o que não veio a acontecer. Não exclui uma possível ligação entre Sékou Touré e os conspiradores guineenses. Enquanto o Vietnam ia conhecer uma fase de agudização, o mesmo seria passar na Guiné com a chegada dos mísseis terra-ar. Al Venter recorda na introdução que a África do Sul tinha muito a aprender com o conflito guineense sobretudo ao nível dos fatores psicológicos que pautam a condição deste guerrilheiro altamente combativo.

Começa o seu livro para uma homenagem a um homem de quem ele não esconde a admiração, o capitão de 2ª linha, João Bacar Djaló, um verdadeiro herói que acabou vítima de um estúpido acidente com uma granada. Fala da energia deste fula que conhecia a floresta como poucos, a sua capacidade de responder ao inimigo, os seus encontros em Tite e a consternação que a sua morte provocou, por um lado, entre as tropas portuguesas e a alegria entre as hostes do PAIGC que se regozijaram em Conacri, Boké, Koundara e Ziguinchor quando se soube da sua morte. Depois, tece um enquadramento para os acontecimentos precedentes à luta pela independência, dando ênfase aos acontecimentos do Pidjiquiti de 3 de Agosto 1959. Refere os diferentes movimentos de libertação associados à África portuguesa, a existência da FLING e do PAIGC, o tecido económico colonial guineense centrado no Banco Nacional Ultramarino e na CUF. Depois refere os apoios do PAIGC, China, Marrocos, Cuba, Argélia e URSS e seus satélites. Descreve cuidadosamente o armamento de ambas as partes e revela que os MIG 17 estacionados em Conacri eram pilotados por nigerianos, havia a previsão, ainda sem data, de entrarem no conflito. Descreve a evolução da guerrilha e como Schulz foi incapaz de suster o ímpeto do PAIGC e de defender convenientemente as populações martirizadas pela guerrilha. Dá uma bela água-forte da cidade de Bissau dizendo que se assemelha a Bathurst, a capital da antiga colónia britânica da Gâmbia. Capta o pitoresco dos mercados, sente-se impressionado com a fortaleza da Amura, visita detalhadamente o aeroporto de Bissalanca, compara os preços em Bissau com os de Luanda ou Lourenço Marques.

Entrevista longamente o tenente-coronel Lemos Pires, este dá-lhe conta de como Spínola inspira confiança às populações, mostra-lhe no mapa onde estão os apoios do PAIGC tanto no Senegal como na Guiné-Conacri, a natureza dos apoios do PAIGC, onde estão as suas bases no interior, faz estimativas das populações que apoiam os guerrilheiros, das populações que preferiram fugir tanto para o Senegal como para a Guiné-Conacri, deteta durante a conversa que a colónia teve sempre uma escassa presença dos portugueses e considera que historicamente a colónia teve uma ínfima importância na política de Lisboa. Lemos Pires pareceu-lhe altamente informado, capaz de comentar a evolução estratégica de Cabral e como fora obrigado a grandes inflexões face às estratégias de Spínola.

E parte para a região Sul, quer conhecer com os seus próprios olhos a zona de guerrilha mais conflituosa. Refere o uso de garrafas de cerveja vazias como elemento dissuasor dos ataques diretos da guerrilha aos destacamentos, fala na pica e no seu papel de detetor de minas e descreve os aldeamentos. A visita começa em Gadamael. De Gadamael seguem para Cacine, toma nota do que dizem os letreiros, conversa com oficiais, vai ver o armamento e onde ele está implantado; e depois parte para Cameconde em coluna, regista cuidadosamente as conversas. E salta para a africanização da guerra, fala com oficiais dos comandos africanos, compara-os com os de outras regiões de África que ele conhece. Mostra curiosidade em saber os usos e costumes de fulas e balantas, até nota em que consiste o fanado de homens e mulheres. Inteira-se da forma como as tropas ocupam zonas que durante anos tinham estado sob o absoluto controlo do PAIGC, caso de Bissássema. De acordo com a sua descrição, o PAIGC age sem contemplações, intimida e aterroriza as populações, pretende o desmantelamento das vias económicas, como escreve: “The guerrilla offensive is directed not only against the Portuguese forces but also against unarmed civilians, the public services, lines of communication, transport, commerce, industry and agriculture – the warp and the woof of the economic, political and social order. Such operations as the rebels conduct against their enemy are directed to the attainment of greater freedom of action as regards the real objective – the destruction of the fabric of the nation. The guerrilla strategy is neither offensive nor defensive. It is evasive. For example in areas where it was felt government control was relatively weak, it went on the offensive, but that rarely happened. It was mostly a case of seeking out the soft spots and Bissassema, on account of difficult jungle terrain, was one of this, but only while the project was being developed. Once it was finished and had been settle the centre would easily be able to hold its own”. A seguir, descreve os patrulhamentos em torno dos quarteis e depois apresenta os contingentes do PAIGC.

(Continua)
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 1 de Junho de 2012 > Guiné 63/74 - P9974: Notas de leitura (365): Guiné e Cabo Verde: elementos para a sua unidade (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P9992: Convívios (444): Convívios das CCAV 8350 “Piratas de Guileje” e CCAV 8352 “Águias Negras” (José Casimiro Carvalho)


 

1. O nosso Camarada José Casimiro Carvalho, ex-Fur Mil Op Esp / RANGER da CCAV 8350 “Piratas de Guileje”, (1972/74), enviou-nos algumas da festa que juntou duas companhias de cavalaria.

Convívios das CCAV 8350 & CCVA 8352


No passado dia 2 de Junho de 2012, decorreu em Pedronhe, em plena Serra do Caramulo o convívio que este ano, juntou duas companhias de cavalaria, a CCAV 8350 e CCAV 8352, cujo comandante foi o hoje civil, Capitão Miliciano Rui Pedro e Silva.

Foi um excelente encontro com muita “munição” comestível à mistura, música, fotos, etc.

Seguem-se algumas imagens que atestam bem a boa disposição e a alegria do pessoal presente, que ultrapassou a centena e meia de pessoas.  

 O pessoal das duas CCAV
 O pessoal da CCAV 8350
 O pessoal da CCAV 8352
 Alf Mil Nobre de Almeida, Cap Mil Pedro e Silva, Fur Mil José Bilhau, Major Coutinho e Lima (hoje Cor. reformado), Fur Mil Casimiro Carvalho e Alf Mil Pratas e Sousa

  Em cima: Alf Mil Pratas e Sousa e Alf Mil Nobre de Almeida. Em baixo: Cap Mil Pedro e Silva, Major Coutinho e Lima (hoje Cor. reformado), e Alf Mil Manuel Reis

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Nota de M.R.: 

Vd. último poste desta série em: 

3 DE JUNHO DE 2012 > Guiné 63/74 - P9990: Convívios (261): 24º Almoço-Convívio do pessoal do BCAÇ 2884 (José Firmino) 


domingo, 3 de junho de 2012

Guiné 63/74 - P9991: (Ex)citações (183): Comparandos os dois G, Guidaje e Guileje... (António Martins de Matos, ex-ten pilav, BA 12, Bissalanca, 1972/74)

1. Comentário, de 31 de maio último, colocado por António Martins Matos no poste P9966:

Entrei para este blogue com o poste 3737, {em 14 de janeiro de 2009,] quando rebati o conteúdo do livro do Sr Maj Art Coutinho e Lima referente a Guileje.

Nessa data afirmei que, havendo apenas 6 pilotos de FIAT-G91 a acudirem aos pedidos de apoio de toda a Guiné, a comparação dos números de mortos e feridos em Guileje e Guidaje era, por si só, clarificadora do que efectivamente tinha ocorrido nesse período e de quem mais necessitava de apoio.

Com tantos escritos sobre Guileje, sempre fiquei à espera que, um dia, aparecessem os testemunhos sobre Guidaje, demorou mas finalmente...ei-los.

Mais uma vez volto às minhas convicções, os ataques ao Guileje destinavam-se apenas a tentar desviar as saídas da Força Aérea do Guidaje, o que em parte foi conseguido, visto que entre 19 e 21 de Maio a FAP foi obrigada a dividir o apoio, com 16 missões no Guidage e 14 em Guileje, 8 das quais no dia 21.

Em Guidaje travava-se uma batalha, em Guileje era mais... tiro ao alvo. Comparar os dois Gs, Guidage e Guileje, é um exercício de mau gosto, especialmente para quem andou por Ujeque, Cufeu e Genicó.

Mais uma vez e nunca me calarei, a minha homenagem a todos os que apoiaram o Guidaje, em especial os Paras da [CCP] 121.

Guiné 63/74 - P9990: Convívios (443): 24º Almoço-Convívio do pessoal do BCAÇ 2884 (José Firmino)


1. Por intermédio do nosso camarada Sousa de Castro, José Rodrigues Firmino (Ex-Soldado Atirador da Companhia de Caçadores 2585/BCAÇ 2884 Jolmete, 1969/1971) pede que seja publiquemos a notícia do Almoço/Convívio do seu BCAÇ 2884: 

24º Almoço convívio 
BCAÇ 2884 

Teve lugar no passado dia 26 de Maio de 2012 em FÁTIMA o XXIV almoço anual do Batalhão de Caçadores 2884 (MAIS ALTO). 

Composto pelas seguintes companhias: 2584 (CÓ), 2585 (Jolmete), 2586, e CCS (Pelundo) período entre 07 de Maio de 1969 a 02 de Março de 1971. 

Assim bem cedo com alguma ansiedade à mistura pois passados longos anos ou seja desde a nossa chegada que não via alguns ex. camaradas. 

Tais como ex. Furriel Cristo, ex. Furriel Pargana, Ex. Furriel Alves e Ex. Furriel Matias (Rodinhas), chegados FÁTIMA após apresentação revista e chamada, lugar à missa em memória dos camaradas já falecidos: segue-se o apanhar do trilho que nos levaria até ao Restaurante D.NUNO, primeiro contacto reconhecimento da zona surge o primeiro sinal de que algo estaria para acontecer, pois é verdade uma máquina com duas torneiras que após manejadas deitavam cá para fora assim um líquido de cor amarelada (cerveja) a outra uma cor mais escura (sangria) acompanhava um pouco de mancarra e segundo diziam por lá batata frita de milho, seguidamente e porque não havia tempo a perder pois os objetivos estavam traçados e a operação tinha de ser levada a cabo com êxito. 

Assim foi como planeado acontece manga de ronco mesas bem preenchidas os estômagos a necessitarem de algum aconchego sem muita demora olhando o que parava em cima das mesas quase desafiando os apetites, o confronto é mais que certo mais uma vez saímos vencedores pois tudo quando estava em cima das mesas sofreram um duro golpe, não satisfeitos desde águas poucas, mas sim vinho maduro tinto branco ao verde não faltando por aqui e ali muito mais variedade de bebidas. 

Porque o lema da nossa tropa é deixar o local de embate completamente limpo com o bornal já mais cheio, felizmente vitoriosos e ainda sem baixas, segue-se a ordem de comando para aquela que seria o aniquilar totalmente e mais uma vez com total êxito do final da operação ai já o inimigo não demonstrava qualquer reação, já bem sentados com a conversa passada em revista é servido o almoço que quer em qualidade e quantidade é de facto de realçar passando pelo pessoal de serviço, competente e simpático está de parabéns a organização bem assim o Restaurante D. Nuno as bebidas em abundância mas como o lema do nosso batalhão é (MAIS ALTO) também todos nos soubemos estar e sair com dignidade. 

Segue-se o bolo comemorativo, o champanhe mais uma ou outra foto para mais tarde recordar, missão cumprida inicia-se a debandada aos poucos com a certeza que vale a pena estar a partilhar aquilo que faz de nós verdadeiros amigos, parte final com a escolha do próximo local do que será o XXV almoço anual, desta vez no (Fundão) com votos de que todos nós possamos pelo menos ainda por cá andar. 

Aquele abraço ao Pinto da Cota esteve impecável na organização. 

De minha parte um até sempre Firmino (Régua). 


CCAÇ 2586 e CCS > Pelundo

CCAÇ 2584 > Có 
CCAÇ 2585  
Pargana, Firmino, Cristo, Pascoal e Alves. 

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Nota de M.R.: 

Vd. último poste desta série em: 


Guiné 63/74 - P9989: Convívios (442): 6º Encontro-Convívio do pessoal das seguintes unidades: CART 2714; CART 2715; CART 2716; CCAÇ 12 / CCAÇ 2590; PEL CAÇ NAT 52; PEL CAÇ NAT 54; PEL CAÇ NAT 63; PEL REC DAIMLER 2206; PEL REC DAIMLER 3085; PIAD 2189; PIAD 3050; PEL MORT 2106; PEL MORT 2268; 20º PEL ART – GA 7 e PEL ENG do BENG 447 (Benjamim Durães)



1. O nosso Camarada Benjamim Durães (ex-Fur Mil Op Esp/RANGER do Pel Rec Inf, CCS/BART 2917 – Bambadinca -, 1970/72), solicita-nos a divulgação do próximo convívio anual das seguintes unidades: 



6º ENCONTRO-CONVÍVIO
GUIMARÃES - 23 de Junho de 2012

Camarada de armas e Amigo, 



O 6º ENCONTRO-CONVÍVIO da CCS do BART 2917, extensivo a familiares, amigos e às unidades militares que estiveram sob o comando do BART 2917, entre Maio de 1970 e Fevereiro de 1972, designadamente a CART 2714; CART 2715; CART 2716; CCAÇ 12 / CCAÇ 2590; PEL CAÇ NAT 52; PEL CAÇ NAT 54; PEL CAÇ NAT 63; PEL REC DAIMLER 2206; PEL REC DAIMLER 3085; PIAD 2189; PIAD 3050; PEL MORT 2106; PEL MORT 2268; 20º PEL ART – GA 7 e PEL ENG do BENG 447 (este destacado no cais de Bambadinca), realiza-se este ano na cidade de Guimarães no próximo dia 23 DE JUNHO DE 2012. 

A concentração está marcada para a Penha a partir das 09,00 horas e a deslocação para o “Restaurante da Montanha” sito na Estrada Nacional 101-2, na Penha será por volta das 12,30 horas. 

O custo deste nosso 6º Encontro-Convívio é de 37,00 Euros por adulto e de 20,00 Euros por crianças. 


A inscrição deverá ser efectuada até 14 de Junho, para:
  • BENJAMIM DURÃES 
  • RUA AUGUSTO CARDOSO, Nº 6 – 1º 
  • 2900-255 SETÚBAL 
  • Telemóvel – 93 93 93 315. 
Para pernoitar sugerimos: 

HOTEL IBIS 
Avenida Conde Margeride, nº 12 – Creixomil 
4810-537 GUIMARÃES 
Telefone – 253 424 900 
Preço – 42,00 euros sem pequeno almoço 

HOTEL FUNDADOR 
Avenida D. Afonso Henriques, nº 740 
4810-912 GUIMARÃES 
Telefone – 253 422 640

HOTEL GUIMARÃES 
Rua Eduardo Manuel de Almeida 
4810-911 GUIMARÃES 
Telefone - 253 424 800 
Contactar D. Ana Costa (Departamento Comercial) da parte de Manuel Ribeiro “Pechincha” 
Preço – quarto single – 65,00 Euros com pequeno almoço 
Preço – quarto duplo – 70,00 Euros com pequeno almoço 

HOTEL DA PENHA 
(17 quartos de 3ª categoria) 
Rua Nossa Senhora da Penha 
Costa / Guimarães 
4810-038 GUIMARÃES 
Telefone – 253 414 245 

A Organização está este ano a cargo de 

- Benjamim Durães 
- E-Mail - duraes2900@hotmail.com
– Telemóvel 93 93 93 315 

- Manuel Ribeiro “Pechincha” 
– Telemóvel 96 549 58 14 
- Telefone 253 522 087, e 

- Mário Teixeira “Sacristão” 
- E-Mail – mario.augusto@petrotec.pt
– Telemóvel 96 761 50 92. 
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Nota de M.R.: 

Vd. último poste desta série em: